Nothing at all - Cato & Clove escrita por catniplovegood


Capítulo 3
Capitulo 3 - CATO'S P.O.V.


Notas iniciais do capítulo

Bom gente, esse é o primeiro capitulo no ponto de vista do Cato ! Esperem mais algumas coisas dele por ai ! Obrigada mesmo a quem tem acompanhado a fic e espero que estejam gostando ! Comentem suas opiniões !



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/478933/chapter/3

Acordei atordoado naquela manhã. Tive sonhos desconfortáveis, onde imaginava meu pai parado em uma campina esperando de braços abertos. Por mais
lo. Balancei a cabeça rapidamente para espantar as imagens. Ele não se importava e nunca iria. Não adiantava pensar muito nele. Levantei, arrumei minha cama e depois me dirigi ao outro lado do quarto onde minha mãe dormia em um fino colchão. Dividíamos o mesmo quarto e morávamos em uma pequena casa, com poucos móveis. Nunca tinha passado fome, mas sabia que minha mãe nos alimentava com muito sacrifício após ser deixada. Ela trabalhava em uma fábrica de bombas, onde era responsável pela montagem daquelas que iriam para os pedestais dos tributos nos Jogos Vorazes. Um dia eu esperava participar daqueles jogos. Daria o melhor de mim e seria vitorioso, podendo viver para sempre confortável e rico. Nada me impediria de atingir esse objetivo. Sentei no colchão e cutuquei suavemente os pés da minha mãe.

– Mamãe, acorde ! Hora de me levar para a escola.
Ela relutou por alguns instantes na cama, mas depois finalmente abriu os olhos. Ela me deu um sorriso mesmo com sua expressão cansada e finalmente falou.
– Bom dia filho, espere só um instante enquanto eu preparo alguma coisa para você comer.
– Tudo bem, eu vou logo me vestindo.
manhã e me dar um pouco de privacidade. Procurei minha calça azulada com o símbolo do Distrito 2 e minha camisa branca de botões. Percebi de imediato que a camisa já não estava tão branca assim. Uma pequena mancha de sangue ocupava a lateral dela. Sorri e pensei em uma coisa : Clove. Que garotinha desastrada aquela ! Mas esse jeito meio destrambelhado de ser a deixava adorável e fazia com que eu não la de novo e poder dividir mais algumas horas do dia com ela.

Quando finalmente sai do quarto percebi que minha mãe encarava tristemente uma maçã e um copo de leite em cima da mesa. Ela me olhou com pesar nos olhos e declarou:
– Me desculpe querido mas acho que só temos isso pro dia inteiro. Tente fazer um lanche reforçado na escola. O dia do pagamento é amanhã e vou poder
ir a feira comprar mais coisas, mas por enquanto ...
Olhei pra ela e tentei demonstrar confiança.
– Tudo bem mamãe, eu nem preciso comer tudo isso.
Ela riu e apena me olhou enquanto eu comia. Guardei metade da maçã no armário e tomei todo o leite. Minha mãe saiu para vestir o uniforme do serviço e eu fui para o lado de fora esperar sentado na grama. Ela não demorou muito e logo estávamos caminhando na saída da casa. Quando estávamos na metade do caminho passamos em frente da Vila dos Vitoriosos e percebi uma menina pequena e de cabelos muito negros saindo de mãos dadas com um homem alto, corpulento e de aparência familiar para a maioria dos habitantes do 2. Era Brutus, um dos vitoriosos, e ao seu lado era Clove.
– Ei ! Clove ! - Gritei sem pensar e corri ao seu encontro. Minha mãe me olhou curioso e o acompanhante de Clove me olhava com desaprovação. Ela pareceu
um pouco desconcertada ao me ver mas logo deu um largo sorriso.
– Oi Cato ... ham, o que faz por aqui ?
– Indo para escola, e você ?
Ela olhou pros lados e falou em um tom de voz mais baixo :
– Eu ... eu moro aqui. Esse é meu irmão Brutus.
– Eu conheço ele - e me virando para Brutus estendi a mão direita - Sou um grande fã senhor, será que poderia assinar meu caderno ?
Ele me encarou da cabeça até o dedão do pé e não tocou minha mão. Não entendi de imediato e fiquei um pouco constrangido.
– Qualquer hora dessas baixinho, mas se não se importa, preciso deixar Clove na escola e correr para pegar o trem para a Capital.
Eu concordei e percebi que Clove parecia um pouco envergonhada com a colocação do irmão.
– Bem Clove te vejo na escola !
E sai de perto dos dois voltando para o lado da minha mãe que permanecia em silêncio. Desde os três anos ,quando aprendi a ter consciência do mundo ao percebi que era porque minha mãe fora largada pelo marido e vivia em situação de quase pobreza. A maioria da população conservadora do distrito não entendia muito bem.

Quando chegamos perto do portão da escola minha mãe se despediu de mim com um beijo na cabeça e saiu andando na direção oposta, que levava até as fábricas. Esperei Clove se despedir do irmão e finalmente a encontrei de novo.
– Oi Clove. Pode falar agora ?
– Ah ... sim, claro ! Desculpe pelo Brutus, ele é legal, só está muito apressado.
Obviamente ela se sentia culpada pela atitude do irmão, mas eu sinceramente nem liguei. Já estava acostumado.
– Está tudo tranquilo. Quer ir no parquinho enquanto esperamos a primeira aula ?
Ela sorriu em confirmação e me acompanhou pelo corredor até a área livre. Clove não era muito de falar, isso já tinha ficado bem claro. Ela nem sempre respondia e por muitas vezes encarava desconfiada mas sua companhia era agradável. Ao chegar no parque, sentamos nos balanços e começamos a sacudir os corpos para frente e para trás, para pegar impulso.
– Então, você é irmã do grandão heim ? - perguntei em um tom irônico.
– É, sim. Eu não queria que ninguém soubesse. Por favor,não comente tá ?
– Tudo bem mas ... porque ?
Ela não respondeu. Apenas sacudia cada vez mais alto em sua cadeirinha até que meu peso não me permitia alcançar a mesma altura que a dela. Fiquei em silêncio por um tempo até pensar em outro assunto mais divertido.
– Qual seu vitorioso favorito Clove ? Tirando o Brutus.
Era comum admirarmos os vitoriosos como algum tipo de hérois, e de fato, eles eram mesmo.
Cashmere, do Distrito 1, minha mãe conta que ela venceu os jogos fazendo todos os garotos se apaixonarem por ela e depois que todos a defenderam das piores ameaças ela os matou. Ela era um menina forte, não acha ?
Eu sorri mas não sabia muito bem do que ela estava falando. Só conhecia uns poucos vitoriosos recentes porque minha mãe não gostava de falar dos Jogos e não tinhamos as fitas em casa para rever.Clove me encarou, até perguntar :
– E você, qual seu vitorioso preferido ?
A última edição que eu havia assistido era de Johanna Mason então pensei nela.
– Johanna Mason, Distrito 7. É uma garota forte também não acha ?
– Não, ela foi falsa ! Fingiu ser uma princesa mas na verdade ela era uma bruxa !
Eu sorri das comparações de Clove, percebendo que ela sim parecia uma menina de seis anos de idade, diferente de mim, que parecia muito mais maduro. Mas sua resposta me deixou intrigado.
– Mas Clove ... Cashmere fez uma coisa parecida. Você não acha ?
Ela sacudiu a cabeça em reprovação e então rebateu.
– Cashmere nunca fingiu ser boazinha sabe. Ela sempre foi meio má, ela não tinha culpa de ser linda !
– É ... você me convenceu. Acho que essa Cashmere aí deve ter sido uma boa concorrente.

Nós dois rimos e ouvimos a sirene que indicava que devíamos nos deslocar para as salas de aula. Fomos aos nossos armários e quando estávamos quase chegando na sala, a garota que empurrou Clove ontem apareceu e mostrou a língua pra ela ao passar. Clove se encolheu e eu percebi que ela ficou muito desconfortável. Parei por um instante e gritei a menina.
– Ei você ! Já percebeu que parece um bestante ? Procure se olhar no espelho de manhã cedo !
Ela fez uma cara emburrada e saiu andando rapidamente para a sala de aula. Clove me olhava pasma, e falou.
– Você não precisa ficar me defendendo !
Então lembrei do desenho e sorri pra ela dizendo :
– Você sabe que precisa.
Ela não respondeu e seguimos em silêncio para a sala onde fomos divididos pela professora em dois grupos : Meninos para um lado e meninas para o outro. A professora de História começou a nos contar a história os Jogos de maneira divertida e deixou todos nós animados por saber mais. Todos, menos Clove. Percebi que ela se sentia desconfortável quando tocavam no assunto. A professora nos fazia perguntas, anotando em sua caderneta sempre os melhores resultados. Recebi alguns pontos naquela aula, pois respondi muitas delas corretamente. Clove pelo contrário, se encolheu e não teve nenhuma anotação em sua ficha. Quando saimos daquela aula em direção à quadra, perguntei a ela o porquê de tanta quietude. Ela provavelmente sabia muito dos jogos.
– Eu ... eu esqueci - foi a resposta que me dera, mas eu não fiquei muito convencido.
– Clove, amigos ... lembra ?
– Se quer saber, eu não quero ir pros Jogos Vorazes. Não quero ser escolhida ok ?
E saiu andando, sem nem olhar pra trás. Me arrependi da pergunta pois ela não falou mais comigo o dia todo. Mesmo no intervalo preferiu ficar brincando la, ela saiu andando. Que garota emburrada ! Decidi seguir meu dia sem prestar atenção nisso e quando chegou ao final do dia e precisávamos ir para o portão ela finalmente me procurou.

– Cato ... desculpa ? Eu só fiquei meio nervosa. Não sei como explicar.
Suas mãos tremiam um pouco e eu percebi que o pedido era sincero. Sorri e dei um forte abraço nela, que ainda parecia desconfortável com muitos toques.
– Ah tudo bem ! Nos vemos amanhã ?
Percebi que o pacificador vinha em sua direção para levá-la para fora. Eu sempre era o último a sair portanto reconhecia bem o procedimento. Ao perceber que tinha que ir embora ela acenou com a mão e seguiu o pacificador. Quando já estava no meio do caminho e eu já me preparava para voltar para o parque ela olhou para trás e gritou :
– Cato ! Cato espera ! - Ela correu na minha direção, irritanto um pouco o pacificador e perguntou : - Quer ir brincar na minha casa mais tarde ?
Eu sorri e pensei por um tempo. Será que minha mãe concordaria ? Não tinha muitos amigos antes, apenas falava com uns poucos vizinhos e não frequentava a casa de ninguém. Não sabia qual seria a reação dela. Mas mesmo assim, resolvi aceitar o convite.
– Claro, eu estarei lá as quatro tudo bem ?
– Está ótimo, vou pedir pra minha mãe fazer lanche pra gente.
Eu sorri e ela me abraçou subitamente. Dessa vez eu que fiquei surpreso pela sua iniciativa mas retribui o abraço. Ela era uma menina muito legal mesmo. Fiquei parado no corredor olhando ela se afastar enquanto pensava que finalmente uma amizade duradoura poderia estar se formando.

FIM DO CAPITULO 3


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nothing at all - Cato & Clove" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.