As Borboletas Negras escrita por Messer


Capítulo 9
Corredores de Helheim




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Lençóis leves e quentes aqueciam seu corpo. Kate sentia seu rosto gelado, mas estava confortável. Um travesseiro macio, uma cama confortável. Ela se espreguiçou com preguiça, então estancou. Fora atacada em Las Vegas. Sua perna estava quebrada. Ela se sentou, ignorando a horrível dor que se espalhava por seu corpo. Olhou para os lados, mas nada viu além de paredes brancas. O quarto estava claro, mas não havia nenhum lustre. Assustada, jogou os lençóis brancos para longe e saiu da cama, mas caiu no chão. Sua perna dois muito, pontos negros dançavam na sua visão de tanta dor que sentia.

Ela trincou os dentes para não gritar e chamar atenção. Se arrastando, tentou abrir a porta, mas esta estava fechada. Ela escorregou até o chão, encostada na porta.

Na sua frente estava sentada alguém com uma pele branca e levemente azulada, parecendo que estava congelada. Seus olhos eram brancos. Tinha cabelos compridos, brancos e encaracolados. Vestia um vestido branco-gelo e olhava para Kate. Ela arregalou os olhos e a criatura vez o mesmo. Kate tentou ir para trás e a outra pessoa fez o mesmo. Tremendo, olhou para as próprias mãos. Elas eram brancas e levemente azuladas - parecia que estavam congeladas.

Kate gritou.

O ar era frio, mas isso não a incomodava, mesmo apreciando o calor. Concentrando-se, estendeu a mão, coberta de chamas, para a perna machucada. Onde o fogo ardia, sua pele voltava a ser morena, cor de chocolate. Sua perna foi enrolada pelas chamas e se curou.

Porém, no momento que estas se extinguiram, ela voltou a parecer uma estátua de gelo. Ela fechou os olhos, tentando segurar as lágrimas que teimavam em descer. Estava mudada e perdida. Aliás, onde estaria Loki? Seu desespero aumentou ao pensar nele.

A porta se abriu, o que fez Kate se levantar. O medo a corroía por dentro, e ela sentiu que começou a queimar. Da porta surgiu uma figura parecida com ela, porém, era mais esbelta. Estava com um vestido longo e negro, e este parecia feito de névoa. A mulher tinha um olhar calmo, e sua figura irradiava frio.

– Olá Kasis - sua voz era serena. - Não precisa ter medo.

– Quem é você? - Kate gritou, andando para trás.

A mulher exibiu uma expressão ofendida.

– Sou Hel, Kasis. A rainha dos mortos - ela olhou para baixo e respirou fundo antes de continuar. - Eu sei que criei um pouco de problemas. Desculpe-me.

– Um pouco de problemas?! - Kate gritou. - Você destruiu Asgard, Las Vegas e quase nos matou!

– Eu tinha tudo ao controle. E jamais deixaria você morrer. Tenho o controle disso.

– E Loki? - Lágrimas saíam dos olhos de Kate.

Hel esperou um segundo antes de responder.

– Ele não está morto, se é o que você pensa. Mas fez ações contra mim que não foram nada legais. Você não deveria confiar tanto nele.

– Ele me salvou!

– Kasis, você está enganada. Não se deixe levar por o que ele aparenta ser. Não fui eu quem invadi sua casa e te levei para um lugar desconhecido e tratei-lhe de maneira horrenda. Ele brinca com as pessoas. É o deus da trapaça.

Kate encarou a mulher, tentando absorver as palavras ditas por ela.

– Onde estou? - Sua voz era mais calma.

– Helheim. A terra dos mortos.

– Eu estou...?

– Não.

Kate se sentou na cama. Não se sentia mais ameaçada. As chamas recuaram e ela recuperou seu aspecto cadavérico. Fechou os olhos e respirou fundo. Sentia que Hel a olhava atentamente, mas não encontrava nada de maligno na deusa.

– O que você quer?

As paredes eram altas e fechadas, pareciam ser feitas de gelo. A iluminação entrava através das paredes, mas Kate não sabia do quê exatamente. Ela seguia Hel um pouco hesitante pelos corredores frios.

A deusa parou diante duma porta grande, que abriu. Ela se virou para Kate.

– Aqui você vai encontrar comida. Mandei fazer um jantar ao estilo britânico para você. Espero que goste.

– Por que está fazendo isso?

Hel pareceu decepcionada.

– Quero que você se sinta bem depois de toda a confusão que causei. Sei que vou demorar para conquistar sua confiança, mas não vou jogar sujo com você. E sei que gosta de salsichões com purê de batata. Foi o que mandei fazer.

Kate a encarou por um tempo, desconfiada. Ela estava sendo muito boa. Porém, não encontrava orgulho nem mentira em suas palavras e olhos. Pensando bem, ela era a senhora dos mortos. Todos cairiam à ela algum dia. A morena - agora não mais morena - entrou no salão.

Ele era imenso, da mesma arquitetura dos outros locais. Gelo. Ela seguiu até o outro lado do lugar e se sentou na cadeira da ponta. As duas se observaram por um momento antes de Hel dar as costas e sair.

A comida veio poucos minutos depois. Estava fumegando, o vapor subia pelo ar, juntamente pelo cheiro. Kate lembrou-se o quanto estava com fome e não fez cerimônias antes de comer. Era um dos melhores salsichões com purê que ela já comeu. Ao fechar os olhos podia quase lembrar-se do vento frio que soprava pelas ruas de Birmingham. As tardes de outono, quando tudo ficava colorido...

Ela abriu os olhos e viu a mesa de gelo. Sua comida havia acabado. Ela suspirou antes de levantar e sair do lugar.

Por onde andava não encontrava ninguém. Em Asgard, em cada corredor que ela virava encontrava alguém, que sorria e se curvava para ela. Aqui... tudo era frio e vazio. Com uma premonição estranha, virou na porta à sua direita.

Hel estava lá. A deusa se virou no momento que Kate apareceu na porta. Ela sorriu.

– Entre, Kasis.

Ela o fez. Sentou-se numa das cadeiras que estavam dispostas ao redor de uma mesa redonda. Apesar de aparentarem serem feitas de gelo maciço, eram confortáveis e macias.

– Desculpa por ir direto ao ponto, mas por que estou aqui?

Hel pensou um pouco antes de responder. Ela olhou para a mesa. Tal parecia feita de vidro, mas as pontas congeladas revelavam o verdadeiro material dela.

– Odin iria usá-la - sua voz saiu fraca. - Ele está sempre atrás de uma briga, juntamente com Thor. Os dois só querem saber de conquistar e reinar sobre os sete reinos. Eles sabem que não têm tanto poder aqui, mas ainda assim me controlam um pouco. Sei que foi errado manter você aqui, de uma certa forma me igualei a ele. Mas quero que pense bem antes de escolher um lado, Kasis. Ele não estava protegendo-a. Odin só esperava um momento para usar você como uma máquina de guerra.

Kate encarou o chão.

– Mas por que você está me falando isso? Posso muito bem ir para o lado dele. O que você quer comigo?

– Não vou te impedir caso deseje voltar à Asgard. Mas o povo de Odin está quase declarando guerra contra mim. Estão dizendo que eu estou levando as pessoas antes da hora, que estou sendo má para eles. Odin não falou nada respeito disso. Ele simplesmente deixaria que declarassem guerra contra a Morte. Kasis, ele não é quem você pensa ser. E estou falando isso para me ajudar. Não estou mantendo você aqui, correndo risco, sem pedir algo em troca. Ele vai me matar e retirar o equilíbrio do mundo. Não só os povos de Odin irão ser imortais, mas como todos os seres vivos que existem. Você tem alguma ideia do caos que irá se formar? As pessoas não morrerão. Caso alguém seja ferido por uma bala, como um exemplo da Terra, ela não vai se curar. Ficará sofrendo até o infinito. Kasis, Odin está cego pelo orgulho. Ele não sabe o que está fazendo. Por favor, me ajude.

O queixo de Kate estava caído. Os olhos de Hel estavam clamando por ajuda. Sua voz estava carregada de emoção. A deusa não estava mentindo. Ela respirou fundo.

– Vou te ajudar – disse, a voz firme a uma decisão já tomada.


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Notas finais do capítulo

Tenso, uh? Deixem sua opinião :D



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