As Borboletas Negras escrita por Messer


Capítulo 2
Viagem para casa


Notas iniciais do capítulo

Demorei, eu sei. Também achei que iria escrever com maior frequência. Mas bingo! Meu computador está chegando :D
Boa leitura!



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Na inconsciência, Kate se perguntava o motivo de estar sendo balançada. Não conseguia saber bem certo o que estava fazendo - aliás, ela não enxergava nada. Só sabia que seu corpo estava sendo sacudido. Escutava algo estranho, mas não conseguia identificar o que era.
Devagar, abriu os olhos, que foram feridos pela luz. Fechou os olhos novamente, e conseguiu identificar o som, que era a voz preocupada de Gabriel. Ela abriu os olhos de novo.

– Kate, você está bem? - ele perguntou rápido, preocupado. Seus olhos negros pairavam acima dela, o cabelo encaracolado caía para perto de seu rosto.
Ela se sentou, colocando a mão na cabeça, que latejava. Estava caída entre as duas mesas, e Gabriel ainda a segurava.

– Aquele homem... - ela murmurou, a voz falhando e apontando para o local que ele estava.

Gabriel a olhou, confuso.

– Kate... Sem querer te ofender, mas você está vendo coisas. Acho bom ir num médico - ele disse, hesitante.

A garota suspirou.

– Não vou a um médico - ela disse - só não estou muito boa hoje - completou, logo que percebeu que Gabriel iria protestar. - Peço o dia de folga.

Ele hesitou por um momento antes de assentir com a cabeça. Segurando-a pelos cotovelos, ajudou Kate a se levantar e a levou até a sala do supervisor deles, Robert.

Robert era um homem de meia idade, introvertido mas extremamente gentil. Seu escritório parecia imitar uma sala vitoriana, com quadros, poltronas e outros móveis decorados com babados e renda.

Ele levantou os olhos e franziu a testa em preocupação quando Kate e Gabriel entraram.

– O que houve? - Tinha a voz suave, com um pouco de sotaque italiano.

– Desmaiei - Kate disse. - Não estou me sentindo nada bem, então quero saber se posso substituir a folga de sábado por hoje.

Robert demorou um momento para processar a informação. Rapidamente, ele assentiu.

– Sim, sim claro. Melhoras - acrescentou quando Kate se virava para sair. Ela deu-lhe um sorriso terno, agradecendo.

Eles caminharam em silêncio pelos corredores acolhedores do prédio e pegaram o elevador.

– Sua bolsa - Gabriel quebrou o silêncio, estendendo a bolsa de Kate para tal. Ela agradeceu.

O elevador parou e as portas se abriram no térreo. Kate saiu e se virou para encarar Gabriel. Eles trocaram um olhar calmo, o do tipo que um lia a mente do outro.

– Você vai ficar bem? - Ele perguntou, com a mão esticada segurando a porta do elevador.

Kate assentiu com a cabeça. Gabriel retirou a mão e eles continuaram a se olhar até que a porta que se fechava do elevador separasse-os. Ela suspirou e se virou, caminhando em direção da estação de metrô.

Não demorou muito para que ela chegasse em casa. Retirou os sapatos, jogou a bolsa em um canto e tirou as calças. Devagar, sentindo o chão gelado sob seus pés descalços, se encaminhou para a cozinha, onde colocou água na chaleira e a pôs no fogo. Se virando, encaminhou-se para o armário, retirou uma xícara vermelha e na prateleira abaixo, chá de camomila.

Depois de alguns minutos a chaleira começou a apitar e soltar vapor, indicando que a água estava no ponto. Kate se serviu e foi até seu quarto. Estava bagunçado, como de costume, mas era isso que fazia daquele lugar um tão especial. Ela conectou o celular à caixa de som e deixou a música baixa no modo aleatório. Era uma estilo Indie qualquer. A garota voltou à cozinha e jogou fora o sachê do chá, para então se sentar na cama de seu quarto e ler um romance qualquer.

Porém, quando estava quase chegando ao seu quarto, escutou uma voz. Ela, assustada, deixou a xícara cair, que se quebrou e espalhou o seu conteúdo por todo o chão, inclusive os pés de Kate. Alarmada, pulou para frente, em direção da voz que havia lhe chamado.

– Não haja como uma tola, Kasis - a voz disse. Seu dono não demorou muito a surgir na frente do corredor: era o mesmo homem de olhos verdes e cabelos negros que a atormentou durante toda a manhã. Ela gritou e andou para trás, para queimar mais ainda os pés no chá.

– Tsk, tsk - o homem disse balançando a cabeça e encarando Kate no chão. - Os mortais deixaram-na tão tola... Ainda bem que eu cheguei à tempo. Venha, vou levá-la para casa - e ofereceu a mão como ajuda à Kate.

Ela olhou incrédula para a mão, como se aquilo fosse um bebê prematuro morto.

– Saia daqui! - Gritou com toda sua força. - Vou chamar a polícia, seu tarado estúpido!

O homem olhou para ela com pena.

– Vejo que terei que levá-la à força, então.

Kate tentou se arrastar para trás, mas já não sentia mais o chão. Sua visão ficou turva e seu corpo pareceu se torcer como uma toalha.

Depois de alguns segundos que pareceram séculos, ela sentiu algo sólido novamente. Era liso e quente. Ela estava da mesma maneira que havia gritado com o homem. Olhou para cima e seus olhos queimaram com a iluminação exagerada. A garota tampou os olhos castanhos com a mão e os franziu para tentar ver algo. Quando sua visão se acostumou, seu queixo caiu.

Construções grandíssimas e luminosas, todas em tons de dourado e prata. Pessoas vestindo roupas estranhas, conversando animadamente metros abaixo dela. Árvores magníficas carregadas de frutos grandes e suculentos, O céu, mesmo claro, pontilhado de estrelas e duas enormes luas, além do horizonte infinito. Era muito mais de que qualquer história que ela já leu poderia contar. Seus olhos brilhavam com a visão.

– Você vai enjoar dessa vista, acredite em mim.

Kate olhou para trás, com os olhos arregalados. Era o mesmo homem que havia invadido o seu apartamento. Ele deu um sorriso pequeno enquanto a via se levantar apressadamente.

– Olá Kasis. Meu nome é Loki.


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