Alarde dos corvos escrita por Jhonatan Nic


Capítulo 3
Capítulo 3 - O soneto da esperança




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O medo tomava conta do local a cada segundo. Era quase inevitável; Nós sabíamos que iríamos todos morrer. A mistura de gritos, choro, grunhidos e o cheiro de sangue e de carne fresca me davam quase certeza disso, além de não deixar que eu pensasse em absolutamente nada além do desespero que tomava conta da minha mente.

Eu caí de joelhos, me encolhendo no chão e tapando os ouvidos. Se eu fosse morrer ali naquela situação, depois de tudo que já havia acontecido, queria pelo menos morrer em paz. Tentei ignorar tudo em volta e por mais difícil que parecia ser, eu consegui pensar em pelo menos uma coisa; Eu tinha passado aquela semana toda feliz, por varias coisas que haviam acontecido, depois de uma vida inteira triste. O fato é que não era um placebo, o que me confortou por dentro, quase me fazendo esquecer de tudo ao redor.

Como um susto, alguma coisa interrompeu meu pensamento; O sinal da escola havia tocado. O barulho do qual eu havia reclamado o início do ano inteiro atraiu a maior parte das aberrações para o andar de cima, deixando todos muito surpresos. Seria um milagre? Teria alguém arriscado sua vida para nos salvar? Como saberiam que estávamos aqui nessa sala? Eram muitas perguntas na minha cabeça.

Levantei e pude perceber através das janelas um pequeno grupo de alunos correndo em nossa direção, mas dessa vez eram normais; Vindo na frente Clara, com uma feição bastante séria e um longo pedaço de metal com vários furos em mãos que provavelmente era de alguma estante da biblioteca. Atrás dela seguiam Anderson, Lia e Érica, todos pareciam bem cansados, como se já estivessem correndo durante horas.

— Vamos, rápido, a gente tem que correr! — Gritou Clara a distância, enquanto espancava as criaturas que haviam restado pelo pátio.

Nós tiramos as cadeiras e mesas que bloqueavam a porta que dá para o "playground" e saímos de lá as pressas, indo em direção as rampas para a outra saída do Campus.

— Temos que sair daqui! O lugar está infestado! — Disse Érica enquanto corríamos, atraindo aos poucos mais daquelas coisas por causa do barulho.

— Ainda tem mais gente da nossa turma aqui dentro cara! Não podemos deixá-los para morrer assim sem mais nem menos! — Lembrei a eles, enquanto pensava se os outros estariam ou não vivos naquele momento.

Descemos a rampa, desviando de um grupo de lunáticos que vinha em direção oposta.

— Não podemos mais ficar aqui dentro Jhon! — Falou Clara em um tom sério. — Tem milhares dessas coisas em todo o Campus, tentar salvá-los seria morrer tentando. É muito arriscado ficar aqui. Temos que sair daqui e procurar um lugar seguro pela cidade, uma casa ou... sei lá.

Pulamos algumas grades, deixando as criaturas que nos seguiam para trás e chegamos então ao muro que dá para a rua. Era uma queda de uns 4 metros, fora o fato de que havia uma proteção de ferros pontiagudos que protegiam o perímetro. De um jeito ou de outro a gente tinha que pular, não havia mais jeito de sair daquele lugar por ali já que não tínhamos a chave do portão.

Eu fui o primeiro a pular, sem prestar muita atenção a cidade atrás de mim. Depois de mim desceu a Lia, que tive que segurar para que não se machucasse. Logo em seguida desceram Anderson, Bruna, Érica e os outros, restando apenas a Sophia. Ela parecia estar com bastante medo de pular, mesmo que todos estivesse ali para que ela não caísse diretamente no chão. O que a fez se apressar mesmo foram os gritos que podiam ser ouvidos se aproximando no muro, fazendo ela se desesperar bastante. Esse era o problema; Na pressa de descer, acabou por fazer um corte no braço direito por causa da proteção do muro, que parecia ter sido muito feio pelo grito de dor que ela havia dado. Saía muito sangue do corte, que não parecia ser tão grave, mas causava preocupação porquê não tínhamos tempo nem nada para usar como curativo.

Tirei a parte de cima do uniforme por ser o único que tinha mais alguma roupa além dele, ficando apenas com uma regata branca que usava sempre por baixo. Rasguei em algumas tiras grandes, tratando de estancar o sangue do braço dela e logo em seguida fazer uma bandagem improvisada, até que encontrássemos algum lugar mais seguro para cuidar dela. Tive um pensamento enquanto fazia aquilo; O cheiro de sangue talvez pudesse atrair mais daquelas coisas até nós, portanto tínhamos que agir rápido.

Se no Campus parecia ter mais criaturas do que poderíamos lidar, a cidade não parecia estar numa situação muito melhor. Vendo da pequena subida para a entrada do Campus era possível distinguir áreas completamente infestadas assim como algumas completamente desertas, mas ambas com um rastro de destruição muito grande. Era como se tudo tivesse acontecido bem antes na cidade e depois na escola, pois podia-se ver até mesmo incêndios se extinguindo no horizonte.

Resolvemos seguir a esquerda, que parecia ser a opção mais segura e dava para áreas residenciais. Na rua haviam carros parados, a grande maioria vazios e com alguma porta aberta, o que me levava a pensar que não seria um problema se transportar pra algum lugar caso fosse necessário. Tivemos que matar cerca de uns 10 lunáticos até chegarmos em um lugar que despertou o interesse de todos; Uma casa, bem espaçosa por sinal, com muros altos e brancos cercados com arame farpado. Parecia ter um estilo antigo mas estava bem preservada aparentemente. Será que alguém poderia estar se abrigando ali?

Seria esse um novo lugar a se chamar de lar?


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Notas finais do capítulo

De onde Clara, Lia e Anderson surgiram, não há como tocar o sinal, ou seja, uma outra pessoa teria sido responsável por isso. Quem teria sido o salvador de todos eles? Essa é uma questão que logo vocês descobrirão.



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