Alarde dos corvos escrita por Jhonatan Nic


Capítulo 2
Capítulo 2 - A equipe salvadora




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Antes de mais nada, precisávamos pensar bem na estratégia que usaríamos para procurar os outros sem que nenhum de nós fosse atacado. No campus inteiro havia uma média de 6 mil alunos, e mesmo que 70% deles tenha conseguido escapar antes dos portões fecharem ainda haveria, provavelmente, muita gente por ali. Os fatos me fizeram raciocinar algo ainda mais importante; Se havia pelo menos umas mil pessoas por todo o campus e um dos corredores principais estava completamente vazio, tudo indicava que a distribuição dessas criaturas pelo lugar não era exatamente muito favorável.

— Provavelmente tem centenas deles por aí. — Concluí. — Acho que o único modo de não morrermos é evitando chamar a atenção deles. Tentem não fazer qualquer barulho, o mínimo que seja, que a gente consegue se sair bem nessa.

— Onde vamos procurar primeiro? — Perguntou Tina, como se a ideia de sair em busca dos outros não parecesse um bom plano.

— Acho que o anfiteatro é uma boa para começar. Só temos que tomar cuidado ao virar os corredores ou entrar em salas.

Chegamos então a um consenso. Fui na frente, avançando pelo corredor, chegando a parte em que ele se dividia em forma de cruz. À esquerda ficavam as escadas que levavam aos andares de cima e de baixo, que podiam ser parcialmente vistas dali. Vendo pelo canto da parede, percebi que não seria possível sair usando elas. Havia dezenas e mais dezenas de criaturas rondando o local, muitas se alimentando de restos de cadáveres frescos. Arriscamos seguir para o lado direito, tentando não ser vistos e nem ouvidos pelas aberrações dos andares acima e abaixo.

Ao fazer a curva, avançamos um pouco até uma outra divisória em forma de "T". A frente, podíamos ver a sala da coordenação, aparentemente vazia. Pelo vidraça quebrada da porta podia-se ver muitos papeis espalhados pelo chão, assim como bastante sangue pelas paredes, mas nenhum sinal de ninguém ali. Era possível ouvir uma grande concentração de grunhidos vindo de uma sala só, como se estivesse acontecendo alguma conferência de monstros ou coisa do tipo.

Antes que pudéssemos seguir para esquerda em direção ao anfiteatro percebi uma coisa que me chamou muita atenção. Do outro lado havia um dos lunáticos tentando entrar em uma das salas por força bruta, mas a porta aparentemente não cedia. Olhei para as garotas que, ao também verem a cena, acenaram com a cabeça, dando a entender de deveríamos ver aquela situação primeiro. Fiz um sinal com a mão para que ficassem exatamente ali paradas e segui em direção à besta; Eu me esforçava para não fazer qualquer ruido, me aproximando lentamente e cada vez mais tenso. Meu coração batia mais rápido a cada metro, mas por sorte a coisa estava muito ocupada tentando entrar naquela sala de qualquer jeito. Quando já estava próximo o suficiente, lancei a perna de carteira por cima de sua cabeça, que ao cair no chão do outro lado serviu melhor do que eu esperava como distração. Assim que virou para ver o que era, me aproximei e segurei sua cabeça de um lado, empurrando sua têmpora exatamente contra a maçaneta de metal. Foi um espetáculo; O impacto fez seu crânio se despedaçar bem nas minhas mãos. Não era algo muito higiênico, mas tenho certeza de que tinha sido a coisa mais foda que eu já tinha feito em toda minha vida.

Enquanto as garotas vinham em minha direção, eu observava o movimento da sala através do vidro da porta. Lá dentro pude ver Sophia e Camila, removendo as carteiras que tinham servido como bloqueio para a porta. Assim que conseguiram abrir a porta, entramos todos na sala, exceto a Bruna, que parecia gostar da ideia de ficar de guarda na entrada. As duas pareciam muito cansadas e confusas, como se muita coisa tivesse acontecido até elas ficarem presas naquela sala;

— Cara, que sorte! — Exclamou a Camila. — Achei que a gente ia morrer aqui dentro, aquela coisa não queria sair da porta de jeito nenhum!

— Acho que a sorte de vocês foi essa coisa. — Ponderei. — A gente nem teria passado aqui se não fosse ele batendo na porta. O plano mesmo era ver se tinha alguém no anfiteatro e depois seguir para o andar de baixo de alguma maneira segura. De qualquer forma eu fico feliz de encontrar vocês vivas, pra falar a verdade acho que não esperava que ninguém mais tivesse sobrevivido. Mas afinal, o que aconteceu que você desapareceu Sophia? Depois de tudo que aconteceu eu realmente fiquei com isso na cabeça.

— Foi tudo muito rápido e estranho pra falar a verdade... — Ela contou. — No caminho para o banheiro eu decidi que seria melhor ir logo a enfermaria, porquê eu realmente não estava me sentindo bem. Quando cheguei fiquei lá por um tempo. Eles mediram minha temperatura e tudo mais, mas depois eu percebi que os enfermeiros estavam meio agitados ou preocupados, como se tivesse dado alguma merda. Então assim que as garotas chegaram na enfermaria me procurando que começou toda a correria. Primeiro a gente se escondeu na biblioteca, mas depois de um tempo de inquietação eu sugeri que a gente fosse ver o que estava acontecendo. Só quem teve coragem de ir ver isso comigo foi a Camila, então saímos de lá e para o nosso azar essas coisas começaram a correr atrás da gente. Foi isso que aconteceu. Subimos as escadas correndo e entramos nessa sala, colocamos as cadeiras aí para eles não entrarem e depois de um tempo eles foram saindo um por um... mas esse que você encontrou aí foi o que não queria ir embora de jeito nenhum.

— Vocês tem realmente muita sorte. Eu estou tentando entender o que está acontecendo por aqui até agora... Primeiro o Phillipe morre na nossa frente, depois começa todo mundo a correr e se devorar... É sério, que porra é essa? Eu perdi alguma coisa nos dias de aula que... — Tentei ironizar, mas fui bruscamente interrompido.

— GENTE! RÁPIDO! — Gritou a Bruna apavorada.

Fomos todos para fora e logo vimos a situação; Eram cerca de 15, ou melhor, 20, vindo em nossa direção pelo lado esquerdo e a única coisa que podíamos fazer além gritar "Fodeu" era correr. Muito.

— Todos me sigam! — Eu disse, enquanto corria em direção a saída que dá para a rampa principal.

Descemos a rampa e fizemos a curva para uma das salas do primário, por causa do bloqueio causado pela obra. Assim que todos entraram, fechamos a porta e fomos colocando mesas e cadeiras para bloqueá-la, mas acho que não iria funcionar por muito tempo.

Olhei para as janelas; Ao lado de fora, no pátio principal, dezenas e mais dezenas de criaturas vinham em direção a nossa sala, atraídos pelo barulho dos outros. Os grunhidos e o cheiro eram insuportáveis. Eu teria enlouquecido se não estivesse tão focado e pensar em algo para salvar a gente daquela situação, mas eu realmente não conseguia pensar em nada. Estávamos presos, condenados a esperar a porta ceder para que a nossa morte chegasse.

Talvez fosse o nosso fim.


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