Alarde dos corvos escrita por Jhonatan Nic


Capítulo 4
Capítulo 4 - Entre muros e feras




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Eu me questionava se aquele lugar estaria vazio. Os muros e toda proteção em volta provavelmente assegurariam que ninguém entrasse, mas ironicamente a própria entrada era o principal ponto fraco da casa. Um portão de ferro de grades azuis, com mais ou menos uns dois metros, sem nenhuma cobertura por cima. Claro que nem todos conseguiriam pular aquilo, mas nessa caso isso era até bastante útil para todos nós.

— Fiquem todos aqui, eu vou ver se tem alguém ou alguma coisa lá dentro antes que vocês possam entrar. Esperem aqui até eu voltar e tomem muito cuidado. — Falei a todos, mesmo não gostando muito da ideia de ir sozinho. — De qualquer forma, se aparecerem muitas dessas coisas, façam de tudo para conseguir entrar aqui também, mas espero que não precisem.

— Aqui, pegue. — Disse Clara, estendendo a longa barra de metal para mim. — Pode precisar disso lá dentro.

Agradeci e peguei a barra, deixando com ela a minha perna de carteira, pulando em seguida por cima do portão, já sentindo um grande nervosismo.

Assim que entrei no terreno pude reparar melhor na casa e em tudo a sua volta. Pelo estilo de arquitetura poderia dizer que era uma residência ao estilo colonial alemão ou algo bem próximo disso. As paredes eram feitas de grandes tijolos maciços, que pareciam estar muito bem conservados, destacadas pelas pequenas janelas de madeira escura, algumas com parapeito de pedra. A cor e a sujeira no telhado eram bem marcantes, dando a parecer que a casa não era muito nova ou pelo menos não era limpa fazia um bom tempo. Fui andando ao longo do jardim de entrada, cuja grama parecia não ser cortada fazia um mês e haviam muitas folhas secas espalhadas. Decidi ir para o lado direito da casa, que parecia ser enorme, tendo arbustos ao longo de toda a parede e um grande salgueiro mais ao final, no canto do terreno.

Andei por mais alguns metros, chegando mais ou menos na metade do terreno, quando percebi uma janela um pouco maior que as demais. A curiosidade falou mais alto. Me aproximei da janela e pude ver, lá dentro, um pequeno quarto bem arrumado. Muitas prateleiras com troféus preenchiam as paredes e havia uma estante com poucos livros, uma cama ao canto esquerdo e uma cômoda à direita. Comecei então a reparar nos cômodos e antes mesmo que pudesse identificar qualquer outra coisa um som bem alto interrompeu meu pensamento;

Um latido.

Olhei para a minha direita e vi, vindo de trás do velho salgueiro, um digno Dogo Argentino que, para o meu azar, parecia ter se transformado em algo muito semelhante às criaturas que vinham tentando comer a gente, tendo uma forma muito musculosa e feição assassina, o que não me deixou muito tranquilo porquê eu simplesmente não gosto de cães.

Rapidamente segurei com as duas mãos a base da barra de metal como um bastão e quebrei a janela com um golpe só, entrando logo em seguida no quarto enquanto o cão seguia muita rapidamente atrás de mim; Correndo, virei a direita num corredor e entrei em um lugar que parecia uma sala de jantar e claro, para o meu azar mais uma vez, eu tinha companhia.

Aproveitei o impulso da corrida para derrubar o lunático da minha frente com um belo chute no peito, virando logo em seguida para a esquerda, acertando um segundo com a barra bem na cabeça com força o suficiente para derrubá-lo também. Como se eu tivesse adivinhado, virei as costas a tempo de perceber o cão já saltando em minha direção; Por sorte, consegui fazer ele morder a barra ao invés de mim, usando isso a meu favor para jogá-lo contra a mesa no centro da sala. Assim que caiu, me certifiquei de deixar bem claro que ficaria morto, mas acho que não era com ele que eu deveria me preocupar.

Enquanto eu terminava de sacrificar o animal, percebi algo atrás de mim, me virando rapidamente e sendo jogado mais uma vez ao chão com uma das feras em cima de mim.

"Hoje definitivamente não é o meu dia" eu pensei.

Já havia passado por aquela situação antes com o Eusébio, mas agora seria vergonhoso não conseguir fazer nada; Joguei o peso para o lado esquerdo, invertendo a situação, dando uma série de cabeçadas na aberração até que pudesse finalmente pegar a barra de metal que estava ao meu alcance e perfurasse seu crânio.

Assim que levantei, inacreditavelmente, mais cinco deles vieram do mesmo cômodo, me deixando numa situação um pouco complicada; De repente, entram todos na sala pelo mesmo corredor que eu, me deixando ainda mais surpreso.

— Ouvimos latidos, aconteceu alguma coisa? — Perguntou Tina num tom irônico, mas antes que eu pudesse dizer algo já estava enfrentando uma das coisas com um cabo de vassoura quebrado que devia ter encontrado pela casa.

Ela e alguns outros eliminaram as feras que vieram da cozinha, assim como as que eu havia derrubado e conseguiram se levantar nesse meio tempo.

Depois que toda a situação ficou um pouco mais tranquila, fiz questão de perguntar:

— Que sorte vocês terem aparecido aqui! Como todos conseguiram entrar?

— Não foi muito difícil cara. — Ironizou Érica. — O portão estava aberto.

— Ah... — Disse eu suspirando em seguida, um pouco encabulado. — Bom, melhor deixar isso pra lá, vamos fazer uma faxina aqui dentro.

Matamos então as criaturas que sobraram pelos cômodos, no caso parecia ser uma família bem grande que morava ali. Depois de certificar que a área estava toda segura, Anderson e eu começamos a colocar os corpos para o lado de fora, fazendo uma grande pilha de mortos no quintal, não parecendo algo muito "limpinho" digamos assim.

— Precisamos queimar essa pilha de corpos, senão logo vamos estar cheios de insetos e todos aqui vão ficar doentes. — Lembrou Anderson, enquanto jogava mais um morto no amontoado.

— Bem pensado. — Comentei. — Mas antes precisamos cuidar do braço da Sophia. Já vasculhei pelos cômodos da casa e não achei sequer um analgésico. Acho que vamos ter fazer um refil no estoque de medicamentos da nossa base.

— Posso ir com você se quiser, mas vai ter que me ajudar a pegar algo inflamável em grande quantidade pra queimar isso aqui.

— Feito. Precisamos cuidar disso logo, se aquele braço inflamar a gente vai ter um problema sério. Vamos avisar às garotas e ir procurar remédios e algumas outras coisas aqui pela área.

Terminamos o nossa trabalho e entramos na casa para avisar que sairíamos em busca de medicamentos. Pegamos os contatos uns dos outros em caso de qualquer coisa acontecer e saímos, deixando então a segurança do lar.

Daqueles muros para fora, estávamos vulneráveis.


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