Só Tinha de Ser Com Você escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpem a demora! Brigada por todos os coments! Carinho imenso por vcs! 😍😘



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STSV - Capítulo 3:

Sentado na beirada da cama de Malu, vestido apenas com uma cueca box, Fabinho tamborilava o celular no queixo, olhando para o nada com um belo sorriso desenhado nos lábios. Já fazia quase 15 minutos que mandara àquela última mensagem para Giane. E ela ainda não havia respondido. Fabinho esperava que ela o respondesse com um monte de desaforos. Era bem típico daquele moleque de rua. Por isso, espiava o visor do celular a cada dois minutos. Ou será que tinha um outro motivo?
Pensou no beijo que roubou dela, e tentava entender o porquê de ter feito aquilo. Tudo bem que ela estava deslumbrantemente linda naquela noite, mas ainda continuava sendo o mesmo maloqueiro da casa verde. Aquele com quem jogava bola quando era pequeno. Aquele que discutia, sempre que se encontravam...
Durante toda a sua vida, havia beijado mulheres de todos os tipos. E dormido com a maioria. Mas, nunca, nunca mesmo, se pegou pensando, como um bobo, nos lábios doces e na pele de seda de nenhuma delas. Pelo contrário, por muitas vezes, nem se lembrava do nome de alguma delas. Inclusive, naquele exato momento havia uma em sua cama... Camila Lancaster. Linda, gostosa e muito, muito, rica. Tudo que um homem que se descobre rico pode querer. Então, por que, por mais que tentasse, não conseguia tirar aquele maldito beijo da cabeça?

– Huuum - gemeu Camila, em protesto à ausência de seu amante na cama.

Abriu os olhos com dificuldade, e levantou, segurando o lençol de seda, numa tentativa de cobrir os seios. - O que cê tá fazendo aí? Vem! Volta pra cá! - pediu ela, com voz de sono.

Fabinho desligou o celular, colocando por cima de uma bancada. E virou para Camila - Nada. Só tava esperando uma mensagem... Nada importante. Isso pode esperar até amanhã. - explicou e se dirigiu até ela, que sorriu, quando ele segurou seu rosto entre as mãos e lhe tascou um beijo.

– Tem algo a ver com sua herança? Porque até agora eu tô tentando entender direito essa estória.

Fabinho sorriu, enigmático - É simples. Agora que o resultado de DNA foi positivo. O Plínio vai ter que depositar uma grana na minha conta, correspondente a 1/4 de todos os bens que ele possui. Ou seja, eu vou ter direito a minha herança, mesmo com o papaizinho vivo. - tascou um beijo nela.

– E isso é certo mesmo?! - duvidou Camila.

– Claro que é. O papaizinho tá comendo na minha mão. - segurou a cintura de Camila, puxando-a pra cima dele - E se você continuar assim, sendo boazinha comigo, a gente pode combinar de juntar sua grana com a minha... Daí pra frente é só vidão: Iate, jatinho particular, caviar em colher de sopa... - ela sorriu, concordando com a possibilidade, e eles voltaram a fazer o que estavam fazendo há poucos minutos atrás.

"Tem gente que não pode
Ver ninguém feliz 🎶
Apronta, conspira contra, infeliz
🎶 Na vila a gente logo aponta
E diz: Esse aí é zóião, zóião..."

***
No dia seguinte, Irene e Plínio estavam almoçando, sentados no chão da sala, quando Fabinho saiu do quarto cantarolando.

– Bom dia, bom dia, bom dia! - cumprimentou Fabinho ao vê-los. E juntando-se a eles, pegou um prato para se servir. - Hum, família de comercial de margarina... Como eu sempre quis! - comentou com ironia.

– Poupe-me das suas ironias! - resmungou Plínio - Eu posso saber a que horas o senhor chegou ontem?!

– Cedo. - respondeu, seco - Da manhã. - deu uma risadinha sarcástica - Nove horas pra ser mais preciso.

– Chega! - exclamou Plinio, batendo com o guardanapo na mesa - Isso já ultrapassou todos os limites da minha paciência. - levantou - Fábio, no meu escritório, AGORA!

– Plínio, por favor, fica calmo! O Fabinho é nosso filho! - exclamou Irene, segurando o braço do marido, a feição clara de preocupação.

– É exatamente por isso que preciso ter essa conversa com ele. - virou pra Fabinho e ficou irritado com o fato de que ele permaneceu no mesmo lugar, sem mover um dedo - Não me ouviu, não?

– Ouvi sim. Mas, será que num dá pra gente conversar depois?! Tô morrendo de fome.

– Não. - respondeu seco - Não dá mais pra adiar o que eu tenho pra dizer.

Fabinho olhou pra ele, e entendendo que não conseguiria persuadí-lo a mudar de idéia, jogou o garfo na mesa, com raiva, e se dirigiu até o escritório.

Chegando lá, sentou-se numa cadeira, e esticou as pernas, colocando-as por cima da mesa. Seu pai entrou em seguida, fechou a porta e retirou os pés dele de cima da mesa, sem dizer uma só palavra, arrancando uma risadinha irônica de seu filho. Depois, sentou-se numa cadeira à frente da mesa, colocou os cotovelos em cima dela, e começou o discurso.

– Bem, acho que você já deve saber por que o chamei aqui.

– Claro. Eu já tava esperando por isso mesmo.

– Mais uma vez aqui estamos nós... E eu vou direto ao ponto. Você ainda vai querer a parte da herança que te cabe ou será que mudou de idéia?

Fabinho deu uma risada - Claro que vou querer. Agora, mais do que nunca. Plínio, vamos ser sinceros, você não me atura, e eu, pra te dizer a verdade, não vou com a tua cara. Nunca fui. Então, o melhor para nós dois é que você me dê logo essa grana pra que eu suma da sua vida e da de todos que também não me querem por perto. Que nós sabemos... São muitos.

– Ok. E eu posso saber pra quê você vai querer tanto dinheiro?

Ele coçou a barba - Eu ainda não sei ao certo, mas inclui: me divertir, viajar, pegar tudo que é mulher... - sorriu, irônico.

Plínio deu um suspiro profundo - Era bem isso que eu imaginava, então... Não.

Fabinho franziu a testa - Não?! Não o quê?!

– Não. Eu não vou te adiantar parte da herança.

Fabinho levantou de supetão - QUÊ?! Você tá louco?! Como assim você não vai me dá o que me cabe?! Eu SOU seu filho! Tenho meus direitos!

Diante dos gritos de Fabinho, Plínio continuou sentado, e sua expressão não se alterou.

– Exatamente. Você é o meu filho. Por isso mesmo, essa minha atitude.

Fabinho ficou ainda mais irritado - Você só pode tá de brincadeira com a minha cara!

– Não. Eu não estou. Você receberá sim, uma grana mensal, não muito, mas o suficiente pra que possa ficar bem. Além disso, morará aqui, então terá casa, comida e roupa lavada. Se quiser mais, terá que arranjar um emprego, ou voltar a estudar, o que preferir.

Fabinho franziu ainda mais a testa - Você não pode fazer isso comigo!

– Tanto posso, que estou fazendo. Você não disse que é MEU filho?! Então?! Só estou fazendo o que qualquer pai faria no meu lugar.

Fabinho se descontrolou, e pegou Plinio pelo colarinho - Isso não vai ficar assim! Se você pensa que vai conseguir me manipular com esse seu joguinho, você tá muito enganado!

– Não é joguinho. E eu não estou lhe obrigando a nada. Se não quiser aceitar a minha oferta, a porta da casa está aberta. Pode ir embora quando quiser.

Fabinho apertou ainda mais o colarinho dele - É isso, né?! Você sempre quis me ver pelas costas... Parabéns! Acabou de conseguir. Porque agora quem num quer mais saber da sua grana, de você e da sua família, sou eu! - soltou o colarinho, empurrando-o. Depois saiu do escritório, batendo a porta atrás de si, com bastante força.

Ao vê-lo, sua mãe correu ao seu encontro, desesperada - Fabinho, meu filho, o que foi?! O que aconteceu?!

– Pergunte ao cara que diz ser meu pai! - respondeu, com rispidez. Abriu e fechou a porta atrás de si, sem nem ao menos, explicar para sua mãe o que aconteceu.

Nesse momento, Plínio saiu do escritório. Irene foi tomar satisfações do que teria acontecido com seu filho, para sair assim, com tanta raiva.

– É um garoto mimado! Tenho certeza que foi por falta de umas boas palmadas. Se não recebeu antes, vai receber agora, de seus pais e da vida. - foi o que Plínio respondeu.

– Mas, Plínio, ele saiu daqui muito atordoado. Tenho medo que possa cometer alguma besteira.

– Não. Não se preocupe. Ele sabe se virar. E quando perceber que não tem mais ninguém a quem recorrer, voltará. E terá que andar na linha se quiser ter direitos.

Irene baixou a cabeça. Não fazia idéia do que mais argumentar. Plínio tinha razão. Mas, mesmo assim, não podia deixar de se preocupar com seu menino.

***
– Ei, Giane, tô indo ali fazer umas entregas. Não demoro, tá?! - disse Bento segurando dois jarros com rosas, e rumando para fora da Acácia.

– Tá. Vai lá... - respondeu Giane, sem levantar a cabeça, pois se encontrava bem concentrada, fazendo as contas da loja.

– Giane, o Bento tá por aí? - perguntou Malu ao entrar na loja, alguns minutinhos depois.

– Cê num viu?! Ele acabou de sair. - respondeu Giane, também sem olhar pra ela.

– Ah, que pena! - lamentou-se Malu - Cê fala pra ele me ligar quando ele voltar?!

– Não. - respondeu Giane, de forma seca.

– Quê?! - Malu se espantou com aquela resposta.

Giane fechou o caderninho, e com os braços cruzados, a encarou - Eu não vou pedir pra ele te ligar, Malu. Se dependesse de mim, ele nem olhava mais na tua cara.

– Peraí, por que você tá falando assim comigo?

– Olha só, Malu, desde que você e a sua it irmã apareceram por aqui, a vida do Bento virou um inferno, e a minha também.

– Caso você não tenha percebido, eu não sou como a Amora...

– Não. Você é pior. Fica aí se fazendo de boazinha. Enrolando ele com essa toca do Saci. E agora conseguiu fisgar ele de vez.

– Eu não consegui "fisgar" ele de vez. A gente tá namorando, e é muito sério o que a gente sente um pelo outro.

– Sério o que vocês sentem um pelo outro?! Vocês nem se conhecem direito! Eu sim conheço o Bento desde criança e...

– Ah, tá... Entendi... Giane, eu sabia que você gostava do Bento, mas eu não sabia que você era tão apaixonada assim!

– Eu não sou apaixonada por ele. - ficou sem graça - O Bento é meu amigo e também o meu sócio. Só isso! Num inventa coisa onde não existe!

Malu baixou a cabeça, depois levantou - Giane, eu não devia te dizer isso, mas... Vai à luta! Assume o que você sente por ele. Se declara, e vê no que vai dar... Se ele gostar de você também, paciência... Eu sei perder! Só não quero que você tenha essa imagem de mim. Como eu te disse, eu não sou como a Amora.
Vai, garota, diz pra ele, diz pro Bento que...

– Diz pro Bento o quê?! - perguntou Bento, quando entrou na Acácia.

As duas tomaram um susto. E Giane ficou em pânico, temendo que Malu a entregasse.

– E aí, Giane, o que você tem pra me dizer?! Pode falar! Aconteceu alguma coisa?!

Giane ficou em silêncio, sua respiração acelerada - Aconteceu. Aconteceu que... Eu... Bem... Eu...

– Fala, Giane, seja lá o que for, eu vou entender... - Bento disse, incentivando-a.

– Eu... Eu... - suspirou - Eu tô namorando. É isso. Eu tô namorando com o Caio.

Bento franziu a testa. E Malu arregalou os olhos - Ah, era isso. Bom, eu... Fico feliz por você.

Giane sorriu, sem graça - Valeu!

– Oi, oi, oi! - Era Caio entrando na loja, e cumprimentando a todos. Foi até a namorada e deu um selinho. - Atrapalho?!

– Não. Você chegou na hora certa. Eu tava mesmo falando pro Bento que... A gente tá... Namorando.

Ele sorriu pra Bento que correspondeu com um sorriso meio fraco.

Nesse entremeio, o celular de Malu tocou. Ela pediu licença, e atendeu - Oi Irene! O Fabinho?! - ouvindo o nome de Fabinho, Giane, mesmo sem querer, começou a prestar atenção na conversa - Não! Eu tô aqui na Acácia. E ele não apareceu por aqui, não. O que aconteceu?! Sei... Tá. Eu vou ficar de olho e qualquer coisa, te aviso. Fica calma! Ele deve tá bem! Deve ter saído pra esfriar a cabeça. Fica calma! Não chora! Ele vai acabar aparecendo, você vai ver! Tá. Outro pra você. - desligou o celular, com expressão assustada.

– O que foi, Malu? Aconteceu alguma coisa? - perguntou Bento, colocando o braço ao resor dos ombros da namorada.

Giane não tirava os olhos dos dois. Precisava saber o que estava acontecendo. Ficou preocupada.

– O meu pai e o Fabinho tiveram uma discussão e parece que o Fabinho saiu de casa sem dizer pra onde ia. Irene tá com medo que ele tente fazer alguma besteira.

– O que seria bastante normal em se tratando daquele bandido. - falou Bento, ríspido.

Malu franziu a testa, indignada. E retirou o braço dele de seus ombros, com raiva - Ei, devo lembrar que você tá falando do meu irmão.

– Tá. Desculpa! Eu tinha esquecido desse detalhe. - Bento falou, mas não parecia arrependido.

– Então, vamos?! - perguntou Caio para Giane que não estava prestando atenção em nenhum só palavra que ele dizia.

– Pra onde?! - quis saber Giane.

– Comer alguma coisa... Giane, você não escutou nada do que eu falei?!

– Escutei. Claro que eu escutei. Vamos sim! Comer, né?! Eu tô mesmo, cheia de fome.

Caio ficou sem entender, mas achou melhor deixar pra lá.

Giane foi até onde Bento e Malu estavam. Segurou o ombro do amigo - Bento, eu tô indo ali com o Caio comer alguma coisa. Você pode ficar na Acácia pra mim?! Sua vez!

Bento sorriu - Claro. Pode ir sossegada que eu fico aqui.

– Valeu! - segurou a mão de Caio e os dois sairam.

Bento ficou olhando para os dois ae afastando, com uma expressão bastante enigmática, o que preocupou Malu.

– O que você achou desse namoro da Giane com o Caio? - perguntou Malu a fim de sondar o verdadeiro sentimento do namorado com a amiga.

– Pra falar a verdade... Estranho. A Giane nunca namorou com ninguém, aí aparece esse carinha que ela mal conhece, e ela logo se interessa a ponto de namorar. Não sei... Vou ter que ficar de olho. A Giane é como uma irmã pra mim. Uma irmã caçula, sabe?! Eu me sinto um pouco responsável por ela.

Malu sorriu, aliviada, abraçou o namorado, tascando-lhe um selinho bem demorado - Foi o que eu pensei.

Ele sorriu também, mesmo sem entender, e os dois se beijaram.

***
Caio levou Giane até uma padaria ali perto. Conhecia a maioria das guloseimas daquele lugar. Tinha a impressão que sua namorada iria se fartar ali.
Chegaram e escolheram uma mesa bem perto da vitrine. Giane escolheu um pedaço de torta, enquanto Caio pediu um croissant.

– Huuum... Isso tá muito bom! - disse Giane, depois de comer um pedaço de sua torta.

– Na verdade, bom mesmo é tá aqui com você. - disse Caio, segurando a mão de Giane e lhe fazendo um carinho com o polegar.

Giane corou, colocando mais um pedaço de torta na boca. Então, de repente, arregalou os olhos - Fabinho?!

Caio olhou pra trás. Era mesmo Fabinho que, quando viu os dois, saiu correndo.

– Espera! - Giane gritou já se levantando - Fabinho!

Caio segurou o braço dela - Giane, deixa esse cara pra lá! Viu?! Ele correu! Nem quis falar com a gente.

– Deve ter acontecido alguma coisa. Eu vou atrás dele! Fica aí!

– Mas, Giane, a gente ainda tem que... - tentou argumentar, Caio, mas nem terminou. Giane já tinha corrido. - Droga!

***
Giane corria o máximo que conseguia, e o máximo que seus saltos deixavam. Fabinho também corria, mesmo sem saber que estava sendo seguido. Corria apenas pra ficar o mais longe possível daquele lugar. Maldita hora que resolveu ir comer naquele lugar. Mas, também, ele não tinha como advinhar que a encontraria ali. Logo ela, que povoou os seus sonhos a noite toda. Quando ela gritou, teve vontade de ficar. Talvez ao menos ela pudesse entendê-lo.
Entrou em um prédio abandonado. Subiu as escadas até chegar a cobertura. Era bem como ele imaginava que fosse. Lentamente se aproximou da mureta. Olhou pra baixo. Era suficientemente alto para o que pretendia fazer. Subiu com cuidado, e ficou em pé. Fechou os olhos, criando coragem. Ele iria pular, se não fosse ter escutado o ruído de alguém se aproximando.

– Fabinho, não faz isso, cara! - exclamou Giane, nitidamente assustada.

Fabinho virou o rosto, e seus olhares se encontraram - Vá embora, Giane!

– Não. Eu não vou deixar que você faça isso. - se aproximou um pouco - Fabinho, desce daí!

– Não vou descer. Me deixa em paz! Vá embora!

– Fabinho, pára de draminha ridículo, e desce daí!

– Eu num tô fazendo drama. Eu vou pular. E nem você, nem ninguém vai me impedir.

Giane franziu a testa, e resolveu tentar outra abordagem - Tá. Então, pula de uma vez! Vai! Pula logo! Quero assistir de camarote esse seu salto. - chegou perto da mureta. Olhou pra baixo - Dez andares. Ótimo! Vai ser rápido. Não vai nem sentir.

Fabinho olhou pra ela sem entender - Cê tá louca, garota! Tava até agora me pedindo pra não pular. O que te fez mudar de idéia?!

– É que eu acabei me lembrando de todas as maldades que você já fez. E... Pensei... Seria menos um pra azucrinar nossa vida.

– É... Ninguém sentiria minha falta mesmo. Minha mãe me abandonou, meu pai acabou de me rejeitar... O que eu tenho a perder?

Giane se aproximou ainda mais, chegando a encostar na mureta - Tudo. Mas, principalmente, a chance de tentar ser uma pessoa melhor. - pausou, analisando a reação de Fabinho. Ele baixou a cabeça, engolindo a seco. Giane sabia que de alguma forma, estava conseguindo chegar em seu coração - Fabinho, pára de ser cego, e começa a enxergar a chance que a vida tá te dando, cara! O que passou, passou... - chegou mais perto dele, e esticou o braço - Vem! Dá aqui a mão! - ele olhou pra mão dela, e depois para os olhos dela. Sentiu algo tão forte naquele momento que não conseguiu explicar - Num banca o fraldinha não! - ele riu, e sem mais pestanejar, segurou sua mão, e devagar começou a descer.

O problema é que, infelizmente, ele acabou dando um passo em falso, e escorregou. Contudo, Giane já segurava sua mão. E não o deixou cair. Fabinho estava apavorado. Uma mão segurava a de Giane, e a outra, com muita dificuldade, segurava a mureta. As pernas balançando no ar.

– Fica calmo, Fabinho! Segura firme! Eu juro que não vou te soltar! Eu juro... - Fabinho olhou pra ela, e naquele momento, soube que podia confiar nela - Mas... Tenta encontrar algum lugar em que você possa apoiar o pé.

Fabinho obedeceu, procurando com o pé algum lugar no muro do prédio. Encontrou. E Giane, enfim, pôde colocar toda sua força que, junto com a dele, o fez subir.
Quando Fabinho atravessou a mureta, Giane ficou tão aliviada que, sem raciocinar, jogou os braços ao redor do pescoço dele, o abraçando forte.
No início, Fabinho ficou com os braços mortos rente ao corpo. Estava muito cansado pelo esforço que teve de fazer. Mas, logo depois, enlaçou sua cintura, com ânsia. E os dois ficaram assim, abraçados, com suas respirações aceleradas, no mesmo ritmo.
Não contente em só abraçá-la, Fabinho deslizou a mão pelas costas de Giane, e chegando até sua nuca, adentrou os dedos entre os cabelos curtos da garota. Ela fechou os olhos. Aquele toque a fez estremecer. Ele puxou um pouco a cabeça dela, e tentou encaixar seus lábios nos dela.
Ela não deixou, virando o rosto de um lado para o outro. Foi pior. Pois, a medida que se esquivava, seu rosto acabava se arranhando na barba por fazer de Fabinho, produzindo em seu corpo uma deliciosa sensação de prazer. Ficou assustada. E ainda mais, quando Fabinho começou a mordiscar seu queixo, descendo até o pescoço, traçando uma linha de fogo que queimava sua pele inteira, e sua alma.
Tentou se soltar, com dificuldade - Pára Fabinho... Por favor... - a respiração ofegante, as mãos sobre o seu tórax, mais puxando do que empurrando - Pára... Eu não... - se arrepiou quando ele mordeu o lóbulo de sua orelha.

– Tem certeza que quer que eu pare?! - perguntou ele, com os lábios tocando seu ouvido.

– Para, Fabinho! - dessa vez, ela foi mais enfática, e conseguiu se soltar, mas não totalmente, pois ele segurou sua mão - Me solta! O que você quer, heim?!

Ele a puxou de volta, enlaçando sua cintura outra vez - Num tá claro o que eu quero?! Num tá?! Eu quero você! - começou a beijar o pescoço dela. Ela mais uma vez tentou se soltar.

– Pára, Fabinho! Cê tá louco! - exclamou, se soltando dele, e correndo.

– Calma aí! Giane! Calma aí! - gritou ele, mas ela já tinha descido as escadas. E tudo que ele fez foi olhar pra frente, com um sorriso apaixonado se formando em seus lábios, aos pouquinhos.

***
Mais tarde, naquele mesmo dia, Érico tinha acabado de chegar de uma reunião, quando entrou no escritório da Crash Mídia.
Fechou a porta, colocou a maleta em cima da mesa, mas quando ia se sentando na cadeira, olhou para o sofá que ficava no canto.

– Você?! O que tá fazendo aqui?!

***


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Notas finais do capítulo

Se gostaram, me falem! Gosto muito de saber o que vcs estão achando! Me incentiva a continuar. Beijos e até a próxima!