Elder Tale – Bandeirantes do Ipiranga escrita por Daihyou


Capítulo 8
Capítulo 7 – Achados e Perdidos


Notas iniciais do capítulo

Eis mais um capítulo, em menos do que um mês.

Aproveitei e peguei algumas notas na wiki, sobre diferenças de classes no global e nos servidores japoneses e da america do sul

Samurai no global é Pirata
Kannagi no global é Médium
Monge na América do Sul é Capoerista
E Druida na América do Sul é Pajé



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Na metade do dia, Azure e eu seguimos pelas ruas do centro. Estavam um caco, uma bagunça, mas os aventureiros que não morreram na primeira leva de invasão estavam de prontidão nas esquinas e também em alguns prédios, principalmente guardando os aventureiros de nível inferior ou os que estavam assustados demais pra lutar, junto com alguns remanescentes do povo-da-terra que sobreviveram ao ataque no centro da cidade. Fazia uma curta saudação aos que cruzavam conosco com rápidos acenos e continuava a patrulhar.

–Será que alguém do povo-da-terra morreu Padre?

Apenas suspirei, parando de andar em frente a antiga escola do centro, que estava lotada, virando-me pra Azure.

–Provável que sim. Depois que resolvermos o ataque, nós poderemos cuidar do funeral deles.

Naquela Azure não entendeu o que eu quis dizer com aquilo. E eu me xinguei mentalmente por não ter percebido.

–Funeral? Como assim?

Acabei falando em tom alto, pois nãofoi somente Azure que acabou ouvindo. Alguns aventureiros que faziam vigia ao redor da escola acabaram se aproximando ao ouvir o que falei e, junto com eles, uma série de cochichos e múrmuros começou. Finalmente, um deles veio até mim.

–Com licença. O que quis dizer com funeral? – Perguntou uma Guarda . – Todos voltarão pela catedral em pouco tempo.

Imediatamente eu comecei a me lembrar de antes. As memórias dos Kobolds retalhando aquele local, o hotel, as camareiras e as outras que trabalhavam na recepção. Senti uma leve ânsia e apenas estreitei os olhos.

–Sinto Muito.

Nem mesmo Azure havia notado isso. A notícia acertou em cheio a maioria das pessoas presentes em frente a escola, e de lá, espalhou-se pela escola. Se antes os aventureiros estavam com receio, agora eram dominados pelo medo. E logo a escola, outrora calada, começou a tornar-se um fantasma, cheia de choros, vozes distantes e gritos dos sobreviventes que estavam, em esmagadora maioria, desolados.

–Ó Senhor! Estamos perdidos. – Gritou um dos vigias da entrada, ficando de joelhos.

–Se quer ficar aqui e rezar, problema seu. – Retrucou Azure, bem ríspido. – Eu pretendo fazer algo a respeito, certo Padre?

–Veremos Azure. Só não... O que foi isso?

Naquele instante um ruído chamou minha atenção. Bem fraco, sutil. Parecia que apenas eu tinha escutado aquele som naquela hora. Logo depois ecoou em alto e bom som.

Um grito. E logo em seguida eu segui em disparada para checar o que haveria causado o grito no meio da cidade.

E vinha de dentro da Praça das Penas. No mundo real, a praça que menciono, cujo nome é um pouco diferente, tem bastante área verde, sobretudo árvores média-altas, porém com boa pavimentação, com uma pequena fonte no meio, que serve tanto para divertir as crianças quando pra refrescar. Agora tornou-se um micro-bosque no meio da cidade, um bom ponto para aventureiros conseguirem itens básicos de começo de jogo ou algumas moedas para a hospedaria que achar, com uma pequena lagoa no meio ao invés da fonte. E o grito que ouvi na primeira vez antes de me lançar parecia vir justamente da área ao redor da lagoa.

Segui atravessando os matagais e logo me deparei com dois aventureiros PK’s, acompanhados de esqueletos. Todos eles estavam cercando uma aventureira acuada, que na hora eu não reconheci como medium, pois a movimentação era alta entre os seis. Só sabia que tinha constituição fina e não usava muitas armaduras

“E mais essa agora?”

Estava claro que a situação estava deveras desfavorável. Ela resistia bravamente, mas cinco contra uma ainda era desvantajoso para uma personagem não-tanque suportar. Se fosse apenas monstros a cercando, o sistema que esses esqueletos usam pra atacar é bem simples e previsível, o que faz com que alguns aventureiros experientes consigam aumentar seus níveis rapidamente. Entretanto, não eram apenas esqueletos que a cercavam. Tinham dois aventureiros, um conjurador aparente e um arqueiro, com roupas da cor do mato, inseridos neste grupo. E aventureiros parecem imprevisíveis em comparação com os monstros. Aventureiros podem ser cruéis e atacar sem razão aparente, além do fato de alterar o comportamento dos monstros.

“Espera aí. Alterar os monstros? Um deles é Invocador”

–Padre! – Ouvia-se um grito no fundo, vindo de Azure. Os PK’s se viraram na direção do grito e quase de imediato me reconheceram entre os arbustos. Realmente fui “resgatado” em péssima hora.

–Merda.

–Ora, o que temos? Um herói?! – Indagou o arqueiro com deboche

De automático todos eles, a dupla e esqueletos viraram-se na minha direção, firmando posição para o bote. Olhei para os lados e o que tinha perto de mim, além de arbustos e mato, era um pé de eucalipto quase ao alcance do meu braço. Ainda me lembro de minhas viagens a um sítio, logo eu soube reconhecer ao menos essa única árvore neste mato superdesenvolvido.

–Ok, e o que farão agora? – Saquei a espada de duas mãos, aparando o tiro óbvio que sofreria ao sacar a arma. Se não fosse eu ouvir um vidro quebrar encima do meu pé.

Enchendo meus pés com uma essência de limo, prendendo meus pés por alguns segundos

Pronto, paguei com a língua em profunda instância, como costumo dizer. Já não bastava estar encarando um grupo, a ponto de ser cercado, mas também o conjurador é um Invocador. Respirei fundo, olhando para o fino e alto pé de eucalipto novamente, voltando a encará-los sério. Logo depois, um rápido brilho do arco e me vi forçado a girar a espada em alta velocidade. Se minha mobilidade fora reduzida, eu ao menos teria uma defesa para sustentar por hora, junto com a velocidade da espada, que continuava a aumentar.

–Nada mal. – Comentou o arqueiro. – Você escapou do meu tiro de desarme. Mas por quanto tempo você ainda terá sorte.

Apenas sorri em resposta, de puro deboche. Tinha sorrido naquele momento, pois uma suave brisa havia passado em meus cabelos. E como sempre soube, não estava sozinho naquele local. A “brisa” em questão fora um dos projéteis de Azure deslocando-se de um ponto oculto, acertando em cheio um dos esqueletos com uma flecha brilhante, possivelmente uma anti mortos-vivos, matando-a instantaneamente. Todos imediatamente pararam pra ver o que houve.

–Apenas azar o suficiente. MADEIRA!

Posso ser um zero a esquerda para coisas no campo por ser urbano demais. Porém o tempo que vivi visitando um sítio de minha família, me deu conhecimento suficiente sobre alguns detalhes de ambiente. Como por exemplo, algumas espécies de eucaliptos que são bem altas, mas finas. Um golpe preciso de um lenhador usando um machado grande pode trincar, a até derrubar um pé destes em poucos golpes, senão em um só. Porém, não estou a usar um machado, mas uma espada larga de duas mãos, o que compensa o machado. E neste jogo, bem diferente de minha força média, tenho a força que passam a de dois lenhadores juntos. E naquela hora, o efeito do piche tinha sumido.Era a minha deixa.

–Agora!

De imediato eu pulei por cima da árvore caída, aproveitei o caos e mergulhei fundo. Como de costume, Azure e eu usamos uma das táticas que usávamos durante a caça aos Kobolds. Eu seguia mergulhando fundo no primeiro alvo resistente para bloqueio, neste caso, os dois esqueletos, e Azure lançava uma saraivada de flechas em minha direção. De propósito.

–Pegue ele! – Foi o que ouvi do Arqueiro.

Pelo que deduzo de suas habilidades, não era um bardo, mas um Assassino. Teria que tomar cautela extra, uma vez que o Invocador ainda tinha itens imobilizantes. Possivelmente seja um alquimista, baseado no que já vi. Em todo o caso, Azure continuava a saraivada de tiros em minha direção, enquanto eu ficava entre os esqueletos. No momento em que os quatro me cercavam, apenas sorria e puxava os esqueletos pra mais perto, usando todos eles de escudo para defletir das flechas.

–Gah! – Ouvi o Invocador grunhir.

Naquela hora, vi que ele tinha se distanciado, preparando uma magia. Entretanto, a espada da jovem havia transpassado o mesmo, deixando-o cair inerte até desfazer-se no chão.

“Um a menos”

Depois que o assassino percebeu que estava só, apenas me encarou com repúdio inicial, que depois se converteu em um sorriso cínico, que foi devolvido com um olhar frio de minha parte, a medida que os esqueletos do invocador saiam de cena.

–Algo mais? - Indaguei

Ele franziu o rosto e bufou, virando-se para o outro lado do mato e lançando-se ali, sumindo de vista. Respirei fundo, guardando a arma.

–Vamos atrás dele, Padre?

–Dispenso Azure. Não quero comer grama e poeira.

Virei-me para a Medium que estava próximo, vendo que a mesma continua assustada.

Pronto. Já acabou. – E logo depois vir-me-ei pra fora daquele mato, com Azure do lado, seguindo rumo a um dos restaurantes ou algo do tipo. Necessitava de um café.

Então, enquanto eu ignorava a maioria das coisas que Azure falava, eis que escuto um chamado. Fui ver e me deparei com a jovem de antes.

–O que foi, mulher?

–Por.. por que fez aquilo?

–Apenas olhei pra ela incrédulo. Depois de tudo aquilo, ainda pergunta?

–E por um acaso preciso de razão para ajudar alguém?

–Deus te abençoes, Padre. – Comentou Azure

–Vá pro inferno, encosto!

Apenas escuto um riso meigo vindo dela, parando um momento para olhar as feições dela de fato. Para uma médium, parecia uma paladina viajante. Tinha uma armadura de couro leve bem distribuído pelo corpo pequeno, mas bem distribuído, parecendo cavalaria leve. Tinha uma espada longa, sem escudo, possivelmente por falta de costume em usar um, pele clara e cabelos rosados, com não mais que 1,60 de altura.

–Aonde vocês vão agora?

Revirei os olhos. Francamente.

–Já sei eu você vai nos seguir. Fale seu nome.

Ela naturalmente ficou rubra.

–M-meu nome? – Perguntou corada.

Não o seu de verdade, gênio! O seu nome aqui.

–Ah sim, desculpe. – Respirou sem jeito, mas aliviada. – Fan Chau Lan é meu nome. – Completou me provocando o arquear de uma sobrancelha.

–Ta demorando pra abençoar a menina, Padre.

Mandei um sinal singelo para Azure, voltando a falar com a jovem Lan.

–Sou Magnus e este traste é Azure Death. Vamos logo, Lan

E logo depois eu voltava para a minha caminhada, com mais uma pessoa no grupo: A pequena Lan, que mais parecia povo-da-terra do que aventureira. Esqueci como acontece, em alguns casos, devido as minhas decisões no jogo, as pessoas podem tanto se afastas de mim (o que é comum) quanto se aproximar (O que é raro).

Que merda. Primeiro meu café, depois penso nisso.


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