Elder Tale – Bandeirantes do Ipiranga escrita por Daihyou


Capítulo 7
Capítulo 6 – A Presa


Notas iniciais do capítulo

Finalmente depois de lerdiação e depois do Anime Friends, posto este cap.



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Depois que fora constatado que, além de ninguém parar pra resolver Missão alguma para evitar que desastres ocorressem que monstros atacariam em horário fora de contexto, e que todos, mesmo o “Povo-da-Terra” sofreriam com a fúria deles e nossa burrice, ponderei um momento.

“Acho que alguém deve ter fumado algo forte”

De imediato já me reequipei, pronto para seguir no combate. O grupo invasor era de Kobolds de nível baixo, que Azure e eu limpamos antes sem problemas. O que incomoda neste caso seria a ENORME quantidade deles, além do fato de que, segundo que me lembro, a cidade tendia a ficar fraco de movimento de noite, o que informa que a catedral ficaria lotada de aventureiros que recussitariam lá por terem morrido enquanto dormiam ou no despertar, portanto esperar por reforços era totalmente inútil. Ficou claro que a defesa daquele prédio inteiro, e possivelmente da rua que estava, quase que literalmente, inundada de monstros ficaria por nossa conta.

Com poucas opções, pouco pra nada reforço e nada de tempo, o que nos restava a fazer? Montar um perímetro seguro, assegurar que todos na taverna ficassem em segurança, evitando o mínimo de dano colateral, talvez resgatando duas damas indefesas e assim aumentar nossa cabisbaixa moral, mudando nossos títulos de assassino e retalhador para heróis, pelos atos de bravura.

Bom... esquece, não fiz nada disso. Resolvemos apenas derrubar a porta e tudo no caminho.

–Kawabanga! – E com esse grito de guerra, a porta que chutei levou pelo menos dois kobolds e prendeu mais três. Dali pra frente foi chutando Kobold escada abaixo. Mesmo o contingente de Kobolds na recepção acabou vítima pela “bola de neve” que montamos ao literalmente disputarmos quem chutaria um Kobold mais longe. Nunca fui muito fã de Futebol, mas admito que foi curioso e hilário admirar que botamos boa parte do grupo invasor no chute. Pelo menos eu pude finalmente respirar.

–Mas o que raios está acontecendo?

Infelizmente nenhuma resposta. Aparentemente chegamos tarde, pois não havia mais ninguém lá. Ninguém vivo, pelo que vi.

–Azure, leve os corpos pra trás do balcão. – Comentei amargamente. – Depois eu juro que farei um velório por eles, mas agora preciso que você mantenha eles longe dos dentes dos Kobolds

Azure não respondeu sonoramente, mas já seguiu meu comando. Eu sinceramente odiava ser o mandão encima dele, mesmo agora com a situação pedindo que alguém retome o controle. Porém não tinha outra escolha por hora. E mais um grito fora ouvido, desta vez dentro do hotel, em outro quarto.

–Azure, deixo o hotel em suas mãos. Quando terminar, deixe tocando seu solo favorito pra eu me guiar neste inferno.

–Beleza. Vá com Deus, Padre.

Mandei um dedo do meio com um meio sorriso e segui pela entrada arrebentada do hotel.

Ao sair de lá, percebi que boa parte da tropa de Kobolds já tinha dispersado, apenas ficando alguns pra trás para pilhar e saquear as construções. Não era um cenário agradável. Apenas alguns jogos mais sombrios, classificados como guro, estariam neste cenário pútrido e nefasto. Afastei os pensamentos e pesadelos que tenho normalmente e segui adiante, para a pousada em frente ao hotel onde eu justamente apontei pra Azure quando começaram as invasões. Era assustador como em poucos minutos, aquela rua fora levada e a taberna fora devastada. Eis que um pequeno grupo estava lá, pilhando ouro encima dos corpos do povo-da-terra que ali jazia... Foi demais pra mim.

Respirei fundo... Ponderei quantos estavam naquele local. Contem sem problemas seis deles. Outra vez respiro fundo. Dois deles já me notaram, além do resto começar a suspeitar da ausência de ruídos com o possível fim de sua última vítima, a garçonete que me serviu antes. Eu tinha completa ciência nos eventos anteriores que alguns NPCs pagavam com nossa falha em quests de evento fracassadas. Mas a mera visão daquilo ao vivo e a cores deixou-me enjoado. Por um momento quase vomitei, apenas para ranger os dentes de fúria.

Um fôlego. Foi o que precisei. Em apenas um fôlego pesado, apenas senti meu corpo sendo conduzido por alguma força interna que parecia emergir das trevas. Senti isso poucas vezes, quando perdia a razão no começo de adolescência, quando sofria Bullying. Lembrava de rápidos flashes apenas. Normalmente quando dava por mim, já tinha pulado na jugular de um dos encrenqueiros, mas os limites do mundo me prendiam devolta.

Entretanto, estamos em Elder Tale. Um jogo de fantasia. Não há limites de mundo aqui para me deter disso.

Apenas sentia meu corpo mais leve a cada movimento. A cada golpe de espada, que tendia a repetir o alvo, afim de literalmente trucidar os Kobolds de lá. Mesmo quando vinha mais Kobolds da rua, apenas sentia meus braços e pernas moverem-se com maior facilidade. Meus punhos, firmes na espada. Naquela hora eu optei por usar uma espada de duas mãos, arma incomum para um guarda. Na verdade, era uma espada que podia ser encontrada nas caçadas do parque da cidade. Entretanto, tal sensação de deixar a fúria se alastrar no corpo enquanto continuava a combater os Kobolds que apareciam na entrada do bar começava a me deixar cada vez mais aliviado. Até mesmo alegre.

No meu último golpe, toda a frente do bar e salão de entrada estavam limpos. Jamais pensei que limparia mais de duas dúzias ou mais de Kobolds em tão pouco tempo. Respirava com dificuldade, além de meus braços pesarem e minhas pernas travarem com o peso do corpo e dos equipamentos. Entretanto, não conseguia conter o sorriso. Apenas suprimia a vontade de dar uma gargalhada. Parecia puro sadismo, de fato, mas vingar o povo-da-terra daquele princípio de ataque parecia tudo pra mim. Nem mesmo o outro mundo no qual pertenço parecia ter importância agora. Parecia que nasci neste mundo e que a aquele mundo eu tinha um dever.

Olhei para o reflexo da espada suja, vendo uma imagem retorcida de mim mesmo. A arma ficara um pouco danificada devido ao uso excessivo de golpes, e defesas, além de minha mana ficar quase zerada. Nem me lembro de quando usei minhas habilidades. Apenas fiquei ponderando em como eu consegui desferir um Cross-Slash em meras frações de segundo, enquanto tomava outro fôlego, olhando para o alto, buscando iluminação sobre o próximo passo. A resposta veio quando ouvi um choro no local em escombros. Logo depois, uma mão fina, de donzela, aparecia em meio aos destroços.

–Já chego aí!

E em um pulo, tirando minhas energias reservas, já deixei a espada de lado e comecei a tirar as tábuas e pedaços de construção da entrada de cima da pilha. Percebi que uma das garçonetes, uma meia-alv, de cabelos claros e pele morena. estava maltrapilhada e com alguns ferimentos. Arregalei meus olhos, totalmente surpreso com o fato dela estar viva. Me afastei para dar espaço para a mesma respirar, enquanto tirava os escombros dos pés dela. Ainda que a roupa dela esteja rasgada e que uma das pernas dela esteja com ferimentos sérios, julguei que ela sobreviveria. Finalmente algo bom em meio a este caos.

–Afaste-se! Saia de perto de mim! – Foi o que ouvi dela, tentando rastejar em direção da rua.

Ela parecia apavorada, mais apavorada do que estava na invasão dos Kobolds no local. Não percebi de inicio, logo peguei a espada e me coloquei em guarda, buscando outros possíveis Kobolds no local. Já não bastasse o ataque primário, poderia vir mais outros bandos deles até este local, uma vez que comecei a pilhagem deles aqui.

Quem dera fosse esse o “perigo” que ela avistou. Ela apontou para a direção de minha espada. Ao olhar nela, finalmente entendi por que ela estava verdadeiramente aterrorizada, porque ela temia pela própria vida. Sabia quem era a fera temível que ela tentava fugir. Vi de imediato a imagem da fera: Em meu próprio reflexo.

Respirei fundo, reconhecendo a verdadeira fera que ela temia. E não negava em meu íntimo que, em momento algum, ela deveria deixar de temer a fera abominável que se apossou do local, eliminando todos os predadores do local, tendo exclusividade sobre a presa, que seria ela mesma. O pavor dela era tão perceptível que, se eu fosse um animal, sentia o “aroma” de medo exalando dela a quilômetros de distância do local. Entretanto, a conjuntura dos fatos me impedia de sequer me lamentar por ter aterrorizado aquela mulher.

Finquei a espada no chão e andei lentamente até ela. A mesma continuava a se arrastar pra fora, embora que sabia que era inútil. Eu a tinha em minhas mãos. Se eu quisesse, em um mero sussurro ou movimento sutil, podia quebrar o pescoço dela. Via-a suprimindo um choro, como se não quisesse me dar o gosto de ver seu desespero, embora aquilo apenas deixava mais evidente. Continuei a caminhada, me aproximando da mesma, enquanto ela já não se locomovia, apenas aguardando para ser pega no bote.

Que inferno.

Segurei nos trapos de sua roupa e a trouxe a minha altura, olhando-a nos olhos. Percebia que ela parecia me analisar de cima-abaixo, pois ficou curiosa pelo fato de que não a varei com a espada. Apenas tirei algo do bolso e acertei em cheio na boca do estômago dela. Depois a soltei, continuando meu caminho. Tinha muito trabalho a fazer. Peguei minha espada e procurei na rua. Felizmente não tinha mais sinais de perigo.

A fumaça que antes pairava na rua, quase bloqueando o sol, começava a se dispersar, permitindo que se tenha uma iluminação natural. Começava a respirar um ar mais puro no local, enquanto guardo minha arma e voltava a pousada onde eu estava. Certamente Azure deve estar preparando uma das suas, portanto não podia ficar parado. Aquele era apenas a primeira manhã desta campanha louca em que me enfiei.

Não demorou muito e logo cheguei na pousada. Apenas ouvia alguns choros de Kobolds e flechas voando a solta. Abafei um riso, e peguei um pedaço de madeira pra entrar.

–Azure! Sou eu! – Gritei enquanto tentava bloquear alguns tiros que ele disparava na entrada.

–Padre! – Respondeu segundos depois, parando de atirar.

Apenas respirei fundo, jogando a tábua pra longe e cumprimentando Azure novamente. Um rosto amigo era algo que eu precisava agora.

–E aí, viu o que aconteceu? – Indagou Azure.

–Na verdade é apenas uma invasão Kobold. Achei que teria um Chefe, mas foi o primeiro batalhão, pelo que conheço das táticas deles.

Azure apenas acenou positivamente enquanto voltávamos a nosso quarto. De lá, resolvi fazer uma checagem em nosso inventário geral, de modo, a saber, o que precisaríamos para seguir adiante na cidade, pois tínhamos trabalho a fazer. Logo compartilhamos nossas pilhagens e comecei a ponderar sobre o que ocorreu mais cedo.

–Padre, eu sabia que eram muitos Kobolds, mas você precisou mesmo usar uma poção para se recuperar?

Apenas sorri.

–Sabe que nem me lembro?


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