Elder Tale – Bandeirantes do Ipiranga escrita por Daihyou


Capítulo 12
Capítulo 11 - Pulso


Notas iniciais do capítulo

Atrasos e atrasos. Demorou muito (desde o ano passado, hehe) Mas taí. Curto mas taí.



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Daquele instante em diante. Boa parte de minhas memórias estão em frangalhos. Creio que não era APENAS pelo meu estado de fúria. Mas isso eu nunca saberei

Senti que passei pela porta. Senti meus passos mais pesados e mais leves ao mesmo tempo. Meu peso parecia ter dobrado com tanta tensão que havia em meu corpo, porém ao mesmo tempo eu sentia que tinha força o suficiente para mover o quádruplo daquele peso, logo segui adiante.

Logo depois de mais alguns flashes, sentia que eu estava caminhando em direção parque da cidade. De lá eu lembrava que existia uma fogueira tão grande que podia ser vista por todo o centro urbano. Não haveria local melhor para incendiar a “bruxa” do que lá. E foi lá me dirigi. Porém percebia que continuava caminhando.

“Mais rápido”

E logo depois de pensar nisso, sentia que meu corpo ficou mais leve novamente, começando a acelerar gradativamente e ficando pesado e leve ao mesmo tempo mais uma vez. Ouvia um grito desesperado de alguém que galopava perto de mim, porém não ouvia. Apenas ficava focado em chegar logo no destino.

“Mais... MAIS!”

Continuava acelerando. Aos poucos percebia brilhos vermelhos, como se eu sofresse pequenos danos. Logo depois percebi que meus passos eram tão fortes que a armadura começava a não suportar a movimentação. Ironicamente, eu seguia em uma velocidade tão boa que o vento parecia me refrescar, porém os passos eram tão intensos que eu não podia prosseguir sem continuar a me machucar. Felizmente eu cheguei na entrada do parque da cidade sem muito problemas, depois de alguns minutos correndo e reduzindo ao que parecia um terço da vida.

Respirava fundo. Parece que me excedi com o exercício. Apenas ri internamente, culpando minha própria fraqueza por não aguentar extrapolar os limites deste corpo virtual.

–Tão Fraco...

Finalmente reconheci o homem a cavalo. Era Azure, que parecia arfante de tanto gritar. Apenas ouvia coisas como “grupo” ou “culto” que logo depois da palavra “prisioneira” começou a fazer sentido Percebi que se formou um tipo de culto com uma guilda de aventureiros e também do povo-da-terra.

Não que isso mudasse o que eu penso. Todos iriam morrer se eu pudesse intervir.

Entrei pela porta da frente do parque, e logo perdi a presença de Azure. Sabia que ele ficaria esgueirando-se. Não que eu fosse reclamar. Muito pelo contrário. Na ultima vez que eu tive que lidar com uma luta aberta com Azure do lado e eu estava no mesmo estado na conferência online, mesmo com os gritos dele no VoIP eu não percebi que ele morria do meu lado no jogo. Porém neste caso, ambos estamos mais acostumados, mais fortes, especialmente eu, que estava furioso.

Continuava caminhando com passos lentos, mas pesados. Não fazia questão de ocultar minha presença. A armadura sinistra que eu trajava, somado com o fato de que eu estava com uma cara que literalmente “Matava no olhar” eu ficava aparentando um espectro, enquanto eu estava preparado para receber emboscadas. Continuava seguindo, percebendo os olhares receosos, mesmo sem ligar. A cada passo percebia um certo ar de medo do desconhecido. Tal medo eu estava mais do que familiarizado, infelizmente. Quantas foram as vezes em que senti que as pessoas temem o que não conhecem, e quanta vezes isso fazia eu me isolar cada vez mais de todos, focado em meu trabalho e nas minhas coisas. Creio que foi por isso que ganhei um apelido maldito neste jogo antes de eu ser banido pela segunda vez.

“Céus. Novamente este complexo de “Negado por Deus” “

Logo mais a frente, eu ouvia o que parecia um barulho de pardal. Daquele local exposto em um parque durante a noite eu não podia achar mais hilário. Apenas sorria largamente.

–Prontos? – E não precisei dizer mais nada.

Em alguns instantes, percebi que minha espada veio a minha mão. Creio que não sei se a mesma parecia sentir minha vontade ou se meu saque rápido agiu mais rápido, junto com meu pensamento. O que importava no momento era a luta que eu tinha naquele momento, mesmo quando eu enfrentava cinco escudeiros.

E logo depois, silêncio. Apenas meu fôlego permanecia audível no meio da noite. Azure continuava oculto e os cinco escudeiros estavam caídos. Percebi que dois deles cuspiam sangue e lutavam para viver. Deviam ser do povo-da-terra. Olhei pra eles um momento, vendo a vida do jovem se esvair de seus olhos. Finalmente, os ferimentos o venceram e lá ele jazia. Apenas vir-me-ei pra frente e continuei caminhando. De longe ouvia um barulho de algumas moedas de ouro caindo no chão, derrubadas de uma sacola, e logo percebi Azure em meio aos corpos para logo depois sumir.

Velhos hábitos...

Mais um pouco afrente no parque, ouvi o que parecia ser barulho de folhas quebradas e de chamas crepitantes. Logo depois, perdi mais um flash, e me vi em meio a um arbusto. Lá, eu testemunhava um ato que mesmo os céus estariam envergonhados.

Percebia um dos líderes da guilda que Lan falou. O nome da Guilda era “Mártires da Fé”. Apenas me enojava o fato de carregarem um nome tão pesado e ao invés de sacrificarem a si mesmos, escolhem a queimar uma jovem que não pode ser acusada do que lhe foi lançado. Sentia que no arbusto haviam correntes que cercavam a área onde eu estava. Era o centro onde um grupo que eu frequentava se reunia, atrás da lagoa, com cercados e um casebre velho. Agora era uma espécie de galpão naturalizado, com inúmeras correntes barrando a maioria dos acessos. Correntes essas que eram cobertas pela vegetação natural.

Diante daquele local, via que os MdF’s pareciam se posicionar para aumentar a fogueira, enquanto alguns outros, povo-da-terra em sua maioria, se reuniam em uma cerimônia mais oculta, como um culto religioso. E no meio de tudo, eu via o padre da catedral onde os aventureiros recussitavam. A fúria começava a aumentar. Porém o pior ainda estava por vir.

Percebi gritos estridentes, e logo percebia que uma pequena roda ria alto, quase histericamente, e no meio deles eu ouvia os gritos de Catherine no meio deles. Finalmente eu conseguia ver, depois me mover, quase rangendo os dentes e segurando as correntes que prendiam aquela ala com extrema força. Quando finalmente vi, enxerguei o rosto contorcido de dor de Catherine no meio deles... enquanto um deles estava bem próximo dela. Próximo demais.

–Que... Se... Dane!

Mal percebi a extensão da minha força, quando me levantei. Apenas notei que rompi as correntes que segurava, arrastando uma parte dela a medida que me aproximava do culto. Quando eles pareciam terminar as preces, um deles soltou um grito ao me ver, claramente apavorado, como se tivesse visto um fantasma.

–Comecem... a rezar!

Depois disso, o que eu me lembro são clarões. Apenas algumas cenas. Barulho de correntes, alguns passos ouvidos. Os gritos de Catherine.

Depois.. Silêncio.

Eu posso não ter memórias corretas de como prosseguiu a batalha. O que me lembro é de Catherine, com as roupas rasgadas, segurando-se em minha perna, tentando falar algo enquanto chorava inconsolada.

Logo depois de “sentir” que ela estava bem, vi um lampejo forte, como se um trovão tivesse passado por mim, mas sem fazer barulho. Olhei ao redor e percebi que apenas os membros daquele grupo que eram do povo-da-terra que restavam. Respirei fundo e me dei um soco forte na cara.

Agora sim, devolta ao controle.

–Cath... Consegue levantar?

Percebo que a mesma se levanta cambaleante. Tento alcançar a mão dela, mas a mesma recua a mão, como se fugisse de uma praga. Apenas ri. Novamente, não vejo de alguém pensar o contrário.

Depois de longos segundos, me forcei a andar. Uma parte da corrente que eu usei ainda estava presa a minha mão direita, que segurava a espada que ia sendo arrastada. Achei aquilo oportuno, pois no estado em que eu estava, eu tinha que escolher entre mover as mãos ou os pés. Como caminhava, a corrente impedia que eu perdesse minha arma. Logo depois percebi Catherine passando por mim, correndo desesperada devolta a base, como o diabo foge da cruz. Respiro fundo, continuando em frente.


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