Utopia escrita por Renata Salles


Capítulo 7
Sacrifício


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas, tudo bem?

É quando pensamos que está tudo sob controle que o inesperado nos deixa em órbita. O que você faria por amor?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/47823/chapter/7

Inverno de 2006...

Sophia se levantou com Renesmee nos braços quando dois jovens corpulentos chegaram a casa dos Cullen, e logo ela soube que faziam parte de bando de lobos que a encurralara na floresta e a trouxera até lá naquela mesma manhã.

O cheiro das panquecas que Edward preparava invadia o cômodo e um deles reclamou de fome, fazendo com que Esmee risse e Rosalie resmungasse.

Sophia gostou imediatamente dos Cullen e sentiu inveja deles, pois jamais poderia fazer parte de algo assim. Não podia criar raízes, nem mesmo com outros vampiros.

Todos estavam espalhados pela sala.

A criança híbrida tocou o rosto de sua nova amiga mostrando um dos visitantes. Tímida, Sophia se aproximou do garoto que conversava animadamente com Bella e Alice.

— Er... ela quer você.

Ele a pegou, enchendo-a de beijos.

Sophia se virou para ir à cozinha quando esbarrou no outro garoto-lobo. O lugar parecia repentinamente muito cheio, a sala de estar pequena demais para tanta gente.

— Desculpe — disse rapidamente, mas se distraiu com a intensidade do olhar dele.

E tudo pareceu parar, não havia movimento e ninguém mais falava absolutamente nada. As panquecas estavam queimando e ninguém se movia.

Sophia e o rapaz se encaravam fixamente.

Ele era alto e bastante forte, mas esquio. Seus olhos castanhos contrastavam com o cabelo preto, sua expressão era inocente e boa.

Ele sorriu, o que o deixava estonteante.

— Então você é a invasora...

Ela corou.

— Foi um acidente.

— Pretende ficar por aqui, eu espero.

— Talvez...

— Eu te amaria para sempre se ficasse.

Sophia riu.

— Então é melhor eu pensar com carinho.

O sorriso dele se alargou.

— Eu sou Seth.

— Sophia.



Outono de 2013...

— Estais aí? — disse Eric ao telefone, tirando-a de seus devaneios.

— Sim — respondeu Sophia.

— Ouviu o que eu disse? Eles estão a caminho — alertou.

— Eu ouvi.

— Então se apresse!

— Não viriam até aqui. Seria muito arriscado.

— Tu achas mesmo que passariam assim tão perto por acaso? Acreditas que não tem nada a ver contigo?

— Querido, eu não posso ir embora.

Ele esperou por um minuto, respirando profundamente, mas não conseguia se controlar, não poderia permitir que a pessoa mais importante de sua existência fosse tão imprudente.

— Dane-se teu marido! Não podes arriscar-te desta maneira, sabes bem o que poderá acontecer se te pegarem!

— Não poderão me obrigar a nada, eu não cometi crime algum.

— Sabes muito bem que eles podem sim obrigar-te a qualquer coisa!

— Mas eu não fiz nada.

— Achastes mesmo que Aro aceitaria tua união com o lobo? Pela aurora dos tempos mulher! Os Volturi queriam eliminar os Cullen antes de eles os terem enfrentado, e antes de saberem da ligação deles com esta matilha, imagine agora! Tua união apenas torna essa alcateia uma ameça maior! E acredite em mim, Aro não precisa de mais um motivo para eliminar esta aldeia!

A mestiça hesitou, agarrando-se a primeira desculpa que lhe ocorreu.

Eu posso contra eles! E os lobos me protegerão com certeza!

Ele riu, o riso nervoso de alguém que está a ponto de explodir. Suspirou.

— Se esperar pelos Volturi estará colocando em risco a nós dois e a todos eles, isto é loucura! Se te pegar Aro a colocará em uma jaula!

— Ele não faria isso.

— Sabes que ele faria.

Ele tinha razão.

— Não posso deixá-lo.

Eric tomou fôlego.

— Jane, Alec, Felix e Demetri estão indo até você. Ainda acreditas que existe possibilidade de diálogo?

— Eu não a temo.

— Queres que alguém se machuque?

— Eu acabo com aquela bastarda em apenas dois minutos!

Tu, mas e eles? Suportarias ver algum de seus queridos contorcendo-se de dor? Suportarias ver Seth ferido?

Sophia se encolheu. Havia se apaixonado por um homem perfeito, por uma vida perfeita que jamais poderia ter. Ela havia cometido um grande erro há muito, muito tempo, e teria que pagar por isso por toda a eternidade.

— Quando terei de partir? — sussurrou por debaixo do fôlego.

— Hoje. De preferência em meia hora.

Lágrimas deslizavam por seu rosto, ela fechou os olhos com força, deixando-as cair.

— Tu sabes que lamento muito, não sabes?

— Sei — respondeu com um fio de voz.

— Tudo ficará bem.

— Eu acho que não.

— Não fale assim...

— Desculpe. Não me peça para ter esperança agora.

Ele ficou em silêncio, ouvindo-a chorar. Nada que pudesse dizer a faria se sentir melhor.

— Eu te amo.

— Também te amo querido.

Desligaram.

Sophia se arrastou até o closet e começou a jogar roupas sobre da cama; aprontou as malas rapidamente. Não havia escolha. Seu marido não poderia acompanha-la ou tentar segui-la, era perigoso demais, ela não podia arriscar.

Sem pensar, apanhou uma folha de papel em sua escrivaninha e uma caneta, riscando as palavras que soavam cruéis demais, verdadeiras demais. Descontente com a veracidade da carta, ela a amaçou, não percebendo quando o papel rolou e caiu atrás da mesa. Sophia pegou outra folha e recomeçou, tomando um rumo diferente.

Cada palavra abria um corte ainda mais profundo. Ela nunca se perdoaria por cada uma daquelas palavra como jamais se perdoaria por ter envolvido Seth. O que estava pensando? Seu inferno nunca acabaria.

Aro jamais a deixaria em paz.

Seth,

Estive pensando sobre nós e nosso casamento e cheguei à conclusão de que isso não é para mim. Estar em uma relação não é o que eu queria, e nunca pensei que a nossa pudesse vir a chegar tão longe.

Eu jamais prometi que nunca partiria, pelo contrário, e sinto que esta é a hora. Nós chegamos longe demais, e sinceramente não sei o que passou em minha cabeça quando aceitei casar-me contigo.

Já havia percebido meu erro antes, e há alguns meses venho preparando minha partida. Desculpe-me por não ter mencionado isso antes.

Leonard tinha razão: eu sou uma criatura livre, e não nasci para ficar amarrada a um cachorro gigante.

Fique bem.

Sophia

Afogando-se no vazio, Sophia deixou a carta sobre a cama, pegou as malas e partiu, se perguntando se a vida valeria a pena dali em diante.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Decisões, decisões...

Comentem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Utopia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.