–- E quando vamos? Perguntei a ele.

–- Por mim, iríamos hoje mesmo. Mas você tem que resolver coisas antes não é? --- Agora ele pareceu mais aliviado.

–- Sim, podemos sair no fim de semana então. A cidade fica a apenas 5 horas daqui. E é mais fácil entrar no sábado.

–- Vamos com o meu carro. Então preciso do seu endereço.

Fiquei relutante de dar meu endereço a ele. Mas se ele quisesse fazer alguma coisa comigo, ele já teria feito, pelo menos é o que eu acho.

–- Tudo bem. Passo por email. Acho que fiz uma expressão estranha, ele não para de me encarar.

–- Sei que você ainda não confia em mim. E eu também ainda não confio totalmente em você. Mas temos um objetivo em comum e para atingi-lo teremos que manter os pudores de lado.

O que ele quer dizer com isso?

Despedi-me dele e fui para casa. Ainda era seis da tarde e bárbara estava acordada.

–- Estava esperando você.

Ela estava arrumada. Não estava vulgar como sempre a vejo. E eu havia esquecido que hoje iríamos ao supermercado.

–- Eu disse que íamos ao supermercado hoje não é?

–- Sim, até acordei mais cedo para irmos.

–- Tudo bem, me de só uns 5 minutos para me arrumar.

Minha cabeça estava longe, e estava pensando em como iria ser quando eu reencontra-se minha família. Se eles me aceitariam de volta. Não! Prometi a mim mesma que não cederia aos caprichos deles.

–- Oi? Tem alguém ai? Disse Bárbara acenando para mim.

–- Ah, desculpa.

–- Você anda meio distraída.

–- É muitas coisas na cabeça. Falei sorrindo.

–- Ok. Então é só isso mesmo que precisamos?

–- Sim, só isso.

–- Ah, é tão bom fazer compras. Fiquei entusiasmada.

Ela estava feliz. E eu nas nuvens.

A semana foi confusa. Samantha estava furiosa comigo. Tive que contar tudo a ela. Ela disse que não me deixaria ir . Mas o que eu podia fazer? Isso era uma coisa que eu tinha que fazer, não poderia deixar que Richard Carter continue enganando todo mundo. Pelo menos é o que eu pensava. Mas a verdade é que preciso cicatrizar essa ferida que eu deixei para traz.

–- Não Samantha eu preciso ir. Não posso deixar aquele criminoso livre.

–- Por que você tinha que se envolver com isso. Se você precisava de dinheiro, era só ter me pedido, nós daríamos um jeito.

–- Samantha eu tenho que aprender a me virar. E além do mais não estou cometendo nenhum crime.

–- Você é teimosa mesmo. Tudo bem, posso até te deixar ir , mas vou ter que conhecer esse tal de Oliver antes.

–- Ok, ele está vindo me buscar. Você pode conhecer a figura.

Bárbara está olhando nossa discussão animada. Não falou nada apenas observava.

–- Certo, e se eu não gostar dele a primeira vista. Eu não vou deixá-la ir.

O interfone tocou. Bárbara atendeu.

–- Sim, pode deixar subir. Disse ela ao porteiro.

Não sei por que, mas meu estomago começou a revirar. Por que eu estava nervosa, sendo que eu já havia encontrado com ele tantas outras vezes? Talvez por que ele vai conhecer um pouco mais de mim. Um pouco do que eu tento esconder de todos?

A campainha tocou.

–- Agora vamos conhecer esse famoso Oliver. Falou Samantha indo em direção a porta.

Quando ela abriu, lá estava ele, lindo como sempre, lindamente perigoso. Samantha não disse nada apenas o deixou entrar.

–- Então você está pronta? Falou ele entonando seu sotaque.

Um sotaque que Samantha percebeu. E me olhou desacreditando.

–- Sim já estou. Você me ajuda a levar essa mala? Acho que você consegue carrega-la. Falei timidamente

Ele levantou a sobrancelha, colocou a mala nas costas e disse.

–- Te espero lá em baixo. E ele saiu. Seu perfume ficou no ar.

–- Charlotte, por que você não me disse que ele era inglês?

–- Mas eu não sei se ele é inglês.

–- Alem do mais como ele pode ter aquela aparência?

–- Então, você foi com a cara dele?

–- Com a cara? Se eu pudesse, eu iria com o corpo todo, e não deixe Bob me ouvir. E o que você está esperando vai logo e não se esqueça de me ligar todos os dias para saber se você está bem, caso o contrário o denunciarei na Policia privada.

Ela e Bárbara me deram um abraço coletivo.

–- Pode deixar meninas. No máximo volto em 2 dias.

Despedi-me delas e fui ao encontro de Oliver.

Ele estava me esperando dentro do seu Chevrolet Corvette vermelho. Aproximei-me

–- Você nem quer chamar atenção em uma cidade pequena.

Quando não havia ninguém para ouvir nossa conversa eu me sentia bem mais a vontade falando com ele.

–- Eu não posso sair por ai em uma lata velha.

–-E a humildade onde está?

Ele riu.

–- Você vem ou não?

Eu sorri para ele e entrei no carro.

–- Não se esqueça de colocar o cinto.

–- Claro senhor segurança.

E fomos em direção ao meu passado.