O dia estava parcialmente nublado, como dizia a previsão do tempo. Não consegui dormir a noite inteira. Estava com medo e ao mesmo tempo ansiosa para vê-lo novamente.

Arrumei-me como sempre faço, prendi parcialmente meu cabelo, já que seria impossível prende-lo todo, coloquei uma roupa casual e coloquei meus óculos de sempre.

O transito estava horrível, tive que pegar o metro para chegar aqui no horário e já são 14h30 e ele não chegou? Quem ele pensa que é? Mas isso também é bom, vai que ele desistiu e vai me deixar em paz?

Já é meu segundo café.

Ah não, ele está entrou pela porta. Todas as mulheres olharam para falar a verdade. Mas invés de vir até mim, ele se sentou em uma mesa distante. Será que ele está com vergonha de me encontrar em um lugar público? Acenei para ele. E ele deu uma risada de deboche? Como assim? Ele já está me irritando. Com uma coragem que não sei da onde está vindo ultimamente me levantei e fui até ele.

–- É, tudo bem?

Ele me olhou da cabeça ao pés.

–- Me desculpe senhorita, mas estou esperando uma pessoa.

Como assim? Ele não está me reconhecendo?

–- Creio que seja eu . Disse eu timidamente

Ele riu de novo. E me encarou. E fez uma cara de surpresa.

–- Você e a maluca de lenço?

–- Não sou maluca! E alem do mais quem você acha que é?

–- Eu? Você que está totalmente diferente.

–- Olha naquele dia eu estava disfarçada.

–- E tenho que concordar com você, ninguém iria te reconhecer daquele jeito.

Ele está zoando com a minha cara .

–- Olha se você não quer minha presença, eu tenho prazer em ir embora. Disse eu dando ênfase no embora.

–- Calma você não tem senso de humor?

Permaneci em silencio.

–- Então, podemos ir a um lugar mais discreto?

Para onde ele quer me levar? Deveria ter ouvido a Samantha. Mas agora não posso dar para traz.

–- Tudo bem. Deixa-me só pagar meu café.

Paguei o café e fui seguindo o homem que andava rápido demais.

–- Mais devagar.

–- Sabia que essa é uma região perigosa? Ele disse rindo. E suas covinhas ficaram bem salientes. Meu coração acelerou e tive que parar de correr atrás dele.

Ele percebeu e foi até mim e pegou o meu braço.

–- assim vamos mais rápido. Antes que feche

Corei, espero que ele não perceba. O braço dele está quente. Ele está usando uma camiseta branca, bem informal, que esconde um pouco da sua forma física.

–- Mas para onde vamos?

–- Não posso te falar se não vou ter que te matar.

Fiquei seria.

–- Você não tem senso de humor? Estou te levando para uma cyberlivraria que só permite entrada até as 15h .

–- Ah entendi.

Chegamos rápido. Eu estou exausta. Mas estamos em cima do horário. Nunca tinha ido a cyberlivrarias, acho elas desnecessárias. Elas são como um grande lugar destinado a encontros de amigos e namorados.

Subimos até uma sala privada no primeiro andar. Lá havia um computador e uma poltrona que cabia facilmente duas pessoas. Uma sala para namorados? Corei novamente.

–- Pode se sentar. Eu vou ficar em pé. Disse ele enquanto apontava para a poltrona.

–- Ok.

–- Sei que você não sabe muito bem o que nós caçadores de recompensas fazemos.

–- Claro que eu sei vocês caçam criminosos, para receber o dinheiro por suas cabeças.

–- Isso é o que a população acha. O mundo dos caçadores é muito mais complexo.

Fiquei curiosa

–- Assim. Somos divididos em três categorias. Os Localizadores, que acham o criminoso ou suspeito, eles nunca trabalham sozinhos. Normalmente eles são hackers como você. Os abatedores que capturam o suspeito. No meu caso. E levam para os transportadores, que trabalham com os caçadores e ao mesmo tempo para a policia privada. Nunca confiem neles.

–- Mas...

–- Calma ainda não terminei. Disse ele impaciente.

–- Assim trabalham os caçadores autônomos. Mas também existem as organizações.

Elas são perigosas. Nunca entre no caminho delas. Elas são comandadas por gente pior que os procurados. Por isso elas ficam normalmente com os terroristas que tem prêmios maiores, quando elas não incriminam alguém.

–- agora pode falar.

–- Eh, que eu estou com sede.

Ele colocou a mão na testa.

–- Ao menos você ouviu o que eu disse.

Fiz que sim e repeti tudo o que ele disse igualzinho.

–- É acho que pode ter um pouco de inteligência na sua cabeça.

Fiz uma careta para ele. E ele retribuiu. Acho que ele pode não ser tão ruim assim.

–- Agora nosso criminoso. Ele está há 18 anos na lista. Ninguém nunca o encontrou.

Não se sabe se ele está morto ou não. Mas a recompensa é por vivo ou morto. Se acharmos o corpo vai valer o mesmo.

–- E quanto ele vale?

–- Uau você não perguntou primeiro o que ele fez.

–- É verdade, o que ele fez?

–- Hummm. Ele coçou o queixo.

–- Na verdade. Ele não matou ninguém se é o que você quer saber.

Isso me aliviou.

–- E ele vale $600,000,00

Isso me deixou apreensiva de novo.

–- Mas se ninguém o encontrou, por que você acha que eu seria capaz?

–- Sabe no inicio eu não acreditei em você. Que você havia localizado aquele criminoso. Mas depois que eu tive acesso ao seu ID. Eu fiquei convencido.

–- Porque eu criptografei todas as minhas informações de localização do meu ID?

–- Mais que isso. Não descobri nem o seu nome. E sabe como isso é difícil hoje em dia.

Até sua imagem nas câmeras de segurança são criptografadas.

–- Ah é por que eu não queria que ninguém soubesse que eu fui caçar um criminoso.

–- E você localizou aquele cara que estava a 2 anos na lista. Eu estava o caçando a 3 meses. Quando o transportador soube, ele ficou abismado e me disse para não perder o localizador que eu havia encontrado. E sabem como localizadores estão cada vez mais raros. A grande maioria trabalha para as organizações. Então não posso te perder.