Caçadores de Recompensa escrita por Sah


Capítulo 34
Capitulo 33


Notas iniciais do capítulo

Eu já deveria ter postado esse capitulo faz tempo.



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O banheiro é enorme, parece um antigo banheiro coletivo. A cor branca e dominante, há pelo menos três duchas e uma espécie de banheira no centro. Me dirijo ao chuveiro mais próximo.

A água esta na temperatura ideal. Quente mas não o suficiente para me deixar vermelha. A sujeira vai ficando para trás e eu me sinto cada vez melhor. Como um banho pode ser tão significativo para mim, é o momento que eu consigo pensar com lucidez, ninguém para me atrapalhar.

Fecho o registro e vou até um espelho na parede próxima a mim. Olho para o rosto pálido na minha frente. Olho para o vermelho do meu cabelo escorrido. Um ruivo bem vivido, que de longe até poderia parecer sangue e finalmente encaro os meus olhos, que eu imaginava ser uma ligação com a minha família. Noto os meus traços e me acho cada vez menos parecida com o meu pai ou com a pessoa que eu pensava ser a minha mãe.

Lembro-me das fotos da minha avó. Ela realmente se parecia comigo, mas talvez isso tenha sido uma coincidência planejada. Uma das primeiras coisas que eu vou fazer depois de chegar em casa é tentar tirar essa história a limpo. Não posso mais fazer perguntas ao Richard, e nunca dirigiria mais nenhuma palavra a Glenda. O que me resta fazer é verificar quem é Altair Fraser. Mas eu tenho medo de piorar ainda mais meu conceito de família.

Me enrolo na toalha e sinto o perfume amadeirado dele.

Por algum motivo lembro-me de Suzie e ele naquela situação constrangedora em que eu os encontrei. Mas aquilo não importa mais, sei como Suzie pode ser atirada, e ele é homem. Tiro esse pensamento da minha cabeça, desde quando eu fiquei tão machista.

Abro minha mala, todo o meu equipamento está nela. Vovô pegou tudo e os acomodou com cuidado. Sinto o cheiro de metal. De baixo de tudo isso está às poucas roupas que eu levei. Pego o conjunto de malha roxo, que na verdade mais parece um pijama. Mas é a roupa mais confortável que eu tenho. Me visto e pego o trapo que sobrou do vestido. Irei guarda-lo, igual eu fiz com o meu vestido de formatura, preciso sempre me lembrar do que aconteceu.

Saio do banheiro e Oliver já está trocado. Ele esta sentado na cama, falando com alguém.

— Ruan, eu já te disse. Eu preciso de todas as informações.

Ele nota minha presença e para abruptamente.

— Depois nos falamos. – Ele desliga.

— Então como foi o banho? – Ele me pergunta casualmente.

— Ah, foi molhado.

— Não me diga. – Ele fala humorado.

— Você poderia me emprestar o telefone novamente? Preciso chamar um taxi.

— Mas precisamos acertar algumas coisas antes. E pode deixar que eu te levo.

— Acertar?

— Sim, você agora é uma de nós não é mesmo?

— Acho que sim.

— Sente-se aqui. – Ele fala dando leves batidas na cama.

O obedeço.

Ele pega na minha mão.

— Sei que algumas coisas podem ter saído do meu controle nessa “missão”. Eu deveria ter sido mais especifico em alguns pontos. E foi minha culpa o que o Richard fez com você.

— Não foi sua culpa. Eu que sou descontrolada e instável.

— Eu pude perceber que você tem alguns desvios emocionais. Mas ainda sim isso não é desculpa para a minha falta de preparo. Eu nunca estive em uma cidade solo antes, não sabia como as coisas funcionavam, seu avô me explicou muitas coisas, sobre a cidade e sobre você.

— Sobre mim? – Meu avô fala demais.

— Ele sabia que tudo era uma farsa desde o inicio.

— Bem típico dele. È difícil esconder as coisas dele.

— Mas isso não atrapalhou o andamento das coisas, até nos ajudou.

— Sim. – Fico olhando para mão dele sobre a minha e noto que ainda estou com o anel.

— Tenho que te entregar isso – Falo mostrando o anel para ele.

— Quero que você fique com isso como uma lembrança do seu primeiro caso. É um presente meu. – Ele diz se aproximando.

Ele pega a minha mão novamente e a envolve. Ele se inclina e me beija. No inicio tenho a mesma reação dos outros, mas logo correspondo. O beijo está um pouco mais agressivo, e a sua mão já está na minha cintura. Agora me sinto mal de estar com essa roupa tão brega. Ele me pressiona contra ele e eu perco o fôlego. Nunca havia me sentido assim. Não noto quando ele me deita. Ele para o beijo e me encara. Um sorriso malicioso corta o momento. Ele volta a me beijar agora no pescoço, suspiro e ele cai em cima de mim. E vejo que ele caiu no sono. Com dificuldade saio de baixo dele. Não quero acordá-lo. Estou feliz mas ainda não sei lidar com esses sentimentos. Vou chamar um taxi.

Olho em volta e não vejo mais o celular. Mas vejo o que eu imagino ser o seu notebook. Eu não deveria fazer isso, mas eu tenho uma espécie de obsessão que me faz fazer essas coisas. Vou até a minha mala e pego o meu pendrive. Insiro no notebook antes de ligá-lo, por algum motivo não quero que ele saiba que estou invadindo sua privacidade sem permissão. O pendrive vai fazer que não aconteça uma oscilação de energia. Assim vai parecer que esse notebook não foi ligado. Uma tela de segurança aparece, e me deixa mais ansiosa. Esse notebook está criptografado. Pego um segundo pendrive e insiro em outra entrada.

Ouço um barulho e congelo, olho para Oliver e vejo que ele ainda está dormindo. Essa sensação é viciante. Preciso descobrir tudo sobre esse aparelho.

Leva cinco minutos para descriptografar. Consigo ter acesso à tela inicial. Eu poderia chamar um taxi online. Mas ainda quero investigar mais. Uma pasta me chama atenção. “Richard Carter”. Ao clicar na pasta sou levada até o Nuvemspeed um site de armazenamento superseguro. Há mais de um ano eu já havia conseguido quebrar seus bloqueios. Foi fácil ter acesso a todos os arquivos de Oliver.

Me sinto mal por fazer isso, mas eu não consigo parar. Dentre os arquivos armazenados então alguns arquivos de texto, além de fotos e arquivos multimídia. Abro o histórico de e-mails e vejo as mensagens que eu havia enviado para ele. O estranho é que não há nenhum outro remetente. Só as conversas que eu tive com ele. Outro arquivo me chama a atenção. “ Diário de Missão”. Clico e muita informação aparece na tela. Inicialmente fico confusa. Muitas fotos minhas, todos os meus passos foram fotografados. Nosso primeiro encontro oficial, até quando eu fui tomar banho. Me sinto envergonhada, ele fez comigo o mesmo que estou fazendo com ele agora. Invadindo sua privacidade. Abro um arquivo de texto nomeado como “Relatório” E começo a ler. Checo a data de atualização do arquivo e vejo que foi há três dias, antes de partimos. Lágrimas começam a cair quando eu noto que tudo o que aconteceu havia sido planejado. Ele escreveu tudo o que deveria acontecer. Nosso envolvimento, meus sentimentos, minhas reações. Até o que quase acabou de acontecer. Ele queria que eu me apaixonasse por ele. Ele queria me usar.

Alguns acontecimentos estão sinalizados com a palavra “Imprevistos”. Minha história, as relações com a minha família, minhas loucuras. Coisa que ele não conseguiu manipular. Estou chorando novamente. Como Richard disse: “Você não tem sorte” Antes de fechar tudo e limpar meus rastros vejo uma nota de rodapé. “Imprevisto número 1: Eu não deveria estar gostando tanto dela”.


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