Caçadores de Recompensa escrita por Sah
Fiquei surpresa e um pouco chocada.
— Como assim trabalharam juntos?-Falei diretamente para ele
— Quem aquele Andrews acha que é? Quando eu botei os olhos nele já vi que não era boa coisa.
Ele está me ignorando.
— Ele ficou te encarando como se não tivesse ninguém mais lá. Isso me deixou muito irritado.
O olhar dele expressa toda a revolta que ele está sentindo, e isso é engraçado. Comecei a rir.
— Por que você está rindo? – Percebo seu incomodo
A única coisa que eu faço é rir cada vez mais, isso me faz esquecer um pouco dos meus problemas.
— Eu exijo que você pare de rir. – Ele fala esboçando um pequeno sorriso.
Mas não adianta eu começo a rir cada vez mais, e não é só por causa dessa situação, é por tudo, como eu sou idiota, minha vida sempre foi controlada por ele, sempre fui manipulada por todo mundo.
Não percebo e caio no sono.
Eu estou no meu antigo quarto. As paredes continuam azuis os porta-retratos continuam no lugar, me olho no espelho e percebo que ainda sou uma criança. Ouço um choro de bebê, não sei da onde vem. Olho pela janela e vejo um céu vermelho, as plantas estão mortas, o asfalto está branco. Tem alguma coisa errada por aqui. Preciso encontrar o meu pai e perguntar o que está acontecendo. Saio do meu quarto correndo e ao chegar às escadas noto que ela está em espiral. Desço e desço não consigo chegar ao final. Sento em um degrau e choro.
— Não tenha medo mocinha – Uma voz bondosa me diz.
Olho para cima e vejo Robert o amigo do papai que sempre me deu presentes. Ele afaga a minha cabeça e meu ajuda a sair das escadas. De repente ele desaparece. Ainda com medo, chego perto da cozinha e vejo mamãe com um bebê no colo. Lembro-me do bebê. È a Suzie minha nova irmãzinha. Ela tem o cabelo dourado da mamãe, parece uma pequena princesa.
— Você pode leva-la agora. – Mamãe diz para alguém
— Não funciona assim Glenda – O moço da voz bondosa fala.
— Não era você que queria levá-la anos atrás? – Mamãe fala com uma voz assustadora.
— Acho que você não entende, ela já tem uma concepção formada. Acha que você é a mãe dela, acha que faz parte dessa família de merda. – Não consigo entender tudo o que esse moço diz.
— Ela só tem quatro anos. Ela se acostumaria com qualquer vida que dessem a ela. Eu não preciso mais dela, ela só será um estorvo para mim.
— Minha querida Glenda. Quando você veio anos atrás e me pediu um bebê, eu não me surpreendi por esse gesto, logo quando eu te conheci eu percebi que você não era tão boazinha e perfeita quanto demonstrava.
— Isso não importa, eu quero me livrar dela, se você também não a quer, eu tenho outras maneiras de fazer isso.
Percebi que o moço com quem ela conversava era Robert. Ele a pegou pelo braço e a fez colocar na cadeirinha a minha irmãzinha, logo em seguida retirou os óculos e a pegou novamente e a pressionou contra a parede.
— Querida, você acha que conhece todos os meus podres certo?—Ele a apertava cada vez mais.
— Não se engane, eu nunca deixarei você fazer nada com a Charlotte. Ela é o meu melhor investimento, perto dela você não vale nada para mim. Seria mais fácil eu me livrar de você.
Um choro corta o ambiente. Suzie começou a chorar.
— Charlotte? – Ouço uma voz distante
Tudo começa a desaparecer e percebo que tudo isso foi um sonho. Demoro um segundo para me lembrar de tudo, e acordo em um susto.
— Você está bem?—Reconheço a voz dele.
— Sim, me desculpe acho que tive um pesadelo.
Olho para ele e percebo que paramos.
— Já chegamos?
— Quase, antes tenho que te apresentar alguém. – Ele diz abrindo a porta.
Saio e percebo que estamos em uma grande clareira no meio de um prado. O céu já esta claro. E o sol impiedoso. Noto que há uma pequena cabana próxima a nós.
— Ruan vai ficar maluco quando te conhecer. – Ele diz animado.
Mas a única coisa que consigo pensar é no meu pesadelo. Apesar das loucuras ele parecia tão real. Aquela conversa fica ecoando na minha cabeça, como se fosse uma lembrança.
Andamos até a cabana. Oliver estava aparentemente relaxado. Ele bateu na porta de madeira talhada.
Esperamos mais de dois minutos e nada. Já ia falar com ele, mas uma voz falou.
— Qual a senha?
— Ainda com isso Ruan?
— Essa não e a senha!
Oliver colocou a mão na cabeça e pude ver seus olhos impacientes.
— Mas eu tenho um convidado.
— Senha!!
— Tudo bem!
Oliver parecia constrangido.
— Eu Oliver sou um cavaleiro de espadas que luta para acabar com o mal.
Oliver olhou para mim corado. Acho que ele esperava algum comentário, mas resolvi ficar quieta, estava divertido vê-lo tão vulnerável.
— Eu vou te matar Ruan – Ele disse com raiva.
— Continue, assim quem sabe você tem a chance de me matar.—Disse a pessoa dentro da cabana.
— Pela sociedade das Espadas. – Oliver disse alto.
A porta rangeu e um par de olhos nos encarava.
Oliver forçou a porta e abriu caminho. Pegou alguém pelo colarinho.
— Nunca mais faça isso. – E jogou o garoto para o canto.
Olhei para o garoto de cabelos negros e desgrenhados, tinha a pele cor de oliva, olhos esverdeados e aspectos bem latinos.
— A senha é importante! Para nos proteger dos inimigos!
O garoto havia percebido minha presença.
— Quem é essa? – Seus olhos estavam vidrados em mim.
— Essa e a garota de quem eu te falei. Aquela que nos ajudou a capturar Robbie Jonhson.
— Ah, a maluca do lenço!
Ele me chamar de maluca do lenço me deixou levemente incomodada.
Comecei a observar como era dentro da cabana. Ela parecia ser bem menor por fora, apesar de ser bem fechada, ela tinha um teto de vidro, o que deixava as coisas bem iluminadas, e não havia nada além de armários de arquivos bem ultrapassados e uma cama no centro. Havia uma porta que dava em outro cômodo, eu imagino que seja um banheiro.
— Mas por que não me disse que ela era uma gata?! – Disse Ruan tentando chamar a minha atenção.
Ruan foi se aproximando de mim, até Oliver ficar entre nós.
— Você fique longe dela. – Oliver disse duramente a Ruan
— Uma gata selvagem - Ele continuou
— Só cuide dos ferimentos dela.
— Pode deixar, mas primeiro eu vou ter que tocar nela - Ruan disse animado.
Ruan falava em tom de brincadeira, pelo menos é o que eu acho, mas Oliver não tirou os olhos dele quando ele tratava meus machucados.
— Você é algum tipo de médico? – Perguntei quando ele terminou
— È , quase me formei, mas a faculdade era muito parada para esse Ruanzinho.
— Parada né ?
Não consigo imaginar esse garoto fazendo faculdade, ele é meio hiperativo, não parou de se mexer desde que chegamos.
— Pronto, capitão. – Ele fez uma reverencia.
— Certo, agora me ajude a pegar o Richard, ele está lá no caminhão. – Falou Oliver pegando uma espécie de corda.
— Cara, eu não posso acreditar que você capturou Richard Carter.
— Nós capturamos Richard Carter,não é Charlotte?
Essa pergunta dele me deixou um pouco corada por causa da sua entonação, mas também me despertou um sentimento de fazer parte de algo, e isso me deixou, apesar de tudo, animada.
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