Virei-me para ver o rosto de quem me ajudou. Tomei um susto quando eu dei de cara com aqueles olhos. Agora sem os óculos, eles estavam grandes e transpareciam um tipo de sensação que me dava calafrios.

–-- Robert? Falei confusa.

–-- Charlotte. Desculpa-me por te assustar assim. Mas quando eu te vi vindo para fora, nesse estado, eu me preocupei.

–-- Obrigada, pela sua preocupação. Mas eu estou bem.

–-- Você precisa que eu te leve a algum lugar?

–-- Não, eu já disse que estou bem. Falei com raiva.

–-- Você já foi um pouco mais educada. Como um mês pode mudar tanto uma pessoa.

Não entendo o que ele quer dizer com isso.

–-- Vamos, precisamos conversar. Ele disse segurando o meu braço com mais força.

–-- Me solta.

–-- Calma querida. Eu não vou te fazer nenhum mal.

Ele estava me levando em direção a um carro parado. Que eu ainda não havia notado. Eu comecei a lutar com ele.

–-- Querida, não dificulte as coisa. Eu não tenho mais idade para isso.

Vi que dentro do carro havia mais dois homens. Eles saíram e vieram em nossa direção. E em menos de um minuto eu já estava presa e imobilizada no banco de trás do carro. Ao lado dele.

–-- Que pena, seu vestido tinha ficado tão bem em você. Ele disse sorrindo.

–-- O que você vai fazer comigo?

–-- Não se preocupe querida. Nada de mal vai acontecer com você.

Eu comecei a gritar por ajuda. Mas não havia ninguém na rua. E Robert estava exibindo uma calma que estava me estressando.

–-- Quem é esse tal de Oliver afinal?

–-- O que você quer dizer com isso?

–-- Querida, tudo ao seu tempo.

Ele me vendou e não pude mais ver onde estávamos indo. Tentei ouvir tudo ao meu redor, para descobrir a onde estávamos indo. Mas tudo o que eu ouvia era o ronco do motor do carro.

Depois de um tempo, eu me acalmei. Ele não pode estar me levando para a pedreira certo? Isso não é alguma retaliação dela. Ele não pode ser o cúmplice ou o amante dela. --- Chegamos querida. Sinto muito, mas ainda não posso retirar a sua venda.

Caminhamos por 5 minutos aproximadamente. Ele retirou a venda .

Mas não deu para enxergar nada. Tudo estava escuro. Um dos homens pegou uma lanterna e pude perceber que estávamos em uma espécie de galpão. Ele me colocou sentada em uma cadeira, com os braços presos para trás.

–-- Agora podemos conversar com segurança.

–-- O que você quer? Falei rispidamente.

–-- O que eu quero? Eu quero o seu bem, querida. Eu sempre quis.

–-- Meu bem? O que você acha que está fazendo? Isso é para o meu bem?

–-- Tudo a seu devido tempo. Eu tenho cuidado de você desde que você era apenas um bebê.

–-- Cuidando de mim?

–-- Você ainda não vai compreender meus métodos. Mas tudo o que tem acontecido foi para os seu bem.

O que ele está falando? Eu não entendo. A única coisa que eu quero é sair daqui. Minhas mãos estão presas por algum tipo de corda. E quanto mais eu tento me livrar dela, mais forte fica. Posso sentir meu pulso ferido.

–-- Agora eu quero saber, minha querida. O que aconteceu nesse último mês. E quem é esse Oliver.

–-- Nesse último mês?

–-- Sim, é difícil te monitorar. Você usa muitas proteções da rede. A última informação que eu tive de você, foi a sua mudança de casa.

Senti um calafrio. Eu sou, quer dizer era monitorada por esse cara? Fiquei enojada.

–-- Você deve estar confusa. Já vou te explicar tudo.

Fiquei em silencio, mas o que mais queria era gritar. Esse cara é pior do que eu imaginava.

–-- Você sabe por que sua querida mãe não gosta de você?

–-- Não quero responder essa pergunta.

Ele soltou uma risada eufórica.

–-- Será que você ainda sente algum tipo de sentimento bom por ela? Por causa dela você ficou apodrecendo naquele buraco

Acho que meu coração parou de bater por alguns segundos. Comecei a suar frio. Esse cara. Agora eu tenho certeza, ele está envolvido com tudo de ruim que já aconteceu comigo.

–-- Bom, espero que você não fique em choque. Mas ela não é sua mãe de verdade.

Me senti como se alguém tivesse me batido com um taco, no meio da minha cara. Se o que ele está falando é verdade, minha vida não faz mais sentido para mim. Mas um pouco de mim ficou aliviada.

–-- Bem tem aquelas pessoas que dizem que mãe é quem cria. Mas ai já é uma questão de ponto de vista. Ele falou cantarolando.

–-- Não acredito em você.

–-- Ah minha querida. Se você não é filha da sua mãe, consequentemente você não faz parte da família Pierce. E isso inclui o fato que o seu pai, não é seu pai. Consegue entender meu ponto?

–-- Mas... ele me interrompeu

–-- Sim, Glenda te encomendou. Ela disse para mim que queria uma criança para esfregar na cara da Charlotte. Mas como foi difícil encontrar uma criança ruiva, você não imagina.

As loucuras que ele está me dizendo estão fazendo um sentido que eu não quero acreditar.

–-- Dar você para ela incluiu algumas garantias, que foram quebradas no momento em que você a pegou na cama com o meu cunhado.

–-- Cunhado?

Eu estava imaginando ele com ela, nunca me passou pela cabeça que tinha uma terceira pessoa.

–-- Sim, um imprestável, se eu soubesse tinha acabado com ele no momento em que ele disse que estava apaixonado por Glenda. Ela era casada e dez anos mais velha que ele. Nunca iria dar certo. Eu avisei, mas no momento em que eles te machucaram eu tive que agir.

Ele quer que eu pense que ele quer me proteger, mas essa história não esta me convencendo, se ele sabia o que eles estavam fazendo comigo por que ele não agiu.

–-- Então por que você não fez nada quando me colocaram na pedreira?

–-- Por que quem te colocou na pedreira, fui eu.