Caçadores de Recompensa escrita por Sah


Capítulo 23
Capitulo 22




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Sim, esse foi o meu primeiro beijo, eu não sabia muito que fazer, então eu fiquei parada, imóvel e meio constrangida. Senti o cheiro de madeira recém-cortada gosto de hortelã.

Ele se afastou, eu não conseguia parar de olhar para seu rosto. Fiquei sem fala. Ele me pegou pelo braço e me puxou para dentro. E estávamos sob o olhar impassível do meu avô.

–-- Não posso acreditar que você vai se encontrar com aquelas pessoas! Ele disse de uma forma agressiva.

–-- Não se preocupe senhor, eu vou cuidar dela. Foi o que disse Oliver enquanto passava o braço pelo meu ombro.

–-- Você sabe que eu não poderei mais ajudá-la daqui pra frente. Tudo o que você está fazendo é loucura.

Eu ainda estava desconcertada por causa do beijo, mas tomei coragem e resolvi falar.

–-- Vovô, você ainda não sabe por que eu voltei. A única coisa que o senhor tem que saber, é que eu vim para enfrentar todos os meus medos e anseios. Eu preciso mostrar para ela e para todo mundo que eu não posso ser derrubada tão facilmente. Eu ainda tenho pesadelos sobre tudo isso.

–-- Charlie. Falou meu avô com pesar.

–-- Eu sei vovô. Nada acontecerá comigo, e se tudo der certo eu vou embora amanhã mesmo.

Marta veio ver o que estava acontecendo.

–-- Meu deus, como você está bonita! Disse ela quebrando toda a tensão do ambiente.

–-- Obrigada. Disse eu envergonhada.

–-- Ela está linda. Falou Oliver

–-- Vocês dois estão. Concordou Marta

–-- Agora temos que ir. Falou Oliver olhando para o relógio.

–-- Antes de vocês irem. Falou meu avô quando jogou uma espécie de chave em direção a Oliver que a agarrou.

–-- Se vocês tiverem qualquer problema e precisarem fugir daqui, usem a saída oeste. Ela está lacrada desde que a Charlie foi embora. Destruam a chave depois disso.

–-- Obrigada vovô.

O carro já estava ligado, Oliver abriu a porta para mim.

–-- Agora eu quero saber por que você está fazendo isso.

–-- Fazendo o que? Ele riu

–-- Isso.

–-- Ah isso. Ele se aproximou de mim de novo. E me beijou de novo dessa vez com mais intensidade. O que me deixou mais apreensiva.

Não tive alternativa, além de aceitar. Depois eu virei o meu rosto para não encara-lo

–-- Me desculpa, mas eu não resisti.

Como assim ele não resistiu?

–-- Além do mais, não seria estranho duas pessoas que vão se casar, nunca se beijarem em público.

–-- Não sei. Nunca fiz nada disso antes.

Ele me encarou incrédulo. Eu tentava não olhá-lo nos olhos, e ficar em uma situação mais constrangedora da qual eu me encontro.

–-- Me desculpa, eu não sabia.

–-- Não, esse não foi o meu primeiro beijo. É que eu nunca fiz nada parecido com isso, digo à situação que nós nos encontramos.

Eu estava mentindo para ele, realmente foi o meu primeiro beijo, mas eu não podia passar uma imagem de uma pessoa inexperiente e me envergonhar mais ainda.

–-- Então vamos indo. Falei quebrando o clima.

–-- Sim, vamos indo. Só tenho que te entregar isso.

Ele me entregou uma arma. Aparentemente de dardos.

–-- Acho que cabe na sua bolsa.

–-- Perfeitamente. Disse eu enquanto colocava a arma em uma pequena bolsa que eu levava comigo, que combinava com meu vestido.

–-- E você?

–-- Não se preocupe. Ele abriu o terno e me mostrou duas armas escondidas sobre a camisa. Creio que uma delas não era de dardos.

–-- Vamos indo James Bond.

Ele riu da minha referência.

Não demorou muito e já estávamos de frente a casa em que eu vivi quase toda a minha vida. Era uma das maiores casas da cidade. Ela era branca e iluminada, ideia da minha mãe para parecer com a Casa Branca. O jardim também era planejado para dar um ar mais nobre à casa de dois andares. Senti o aroma das rosas que estavam na entrada. Podíamos perceber uma movimentação, pelas janelas.

Oliver estacionou na grande fileira de carros que se formou na calçada.

–-- Acho que seus pais convidaram toda a cidade.

–-- Também tenho essa impressão.

Oliver me pegou pelo braço.

–-- Vamos. E não saia de perto de mim.

Isso me deixou mais segura.

Eu toquei a campainha. E aqueles segundos esperando alguém atender virou uma eternidade. Por fim Suzie atendeu.

Ela estava usando um vestido rosa curto. Seu cabelo estava cacheado e sua maquiagem discreta comparada ao vestido.

–-- Charlie e meu cunhadinho chegaram. Ela disse alto o bastante para todos ouvirem.

Meu pai se aproximou da porta e abraçou Oliver de uma maneira fraternal. Depois se virou para mim e beijou minha mão.

–-- Quero agradecer a pessoa que trouxe nossa Charlie de volta.

Ao entrar, percebi que tudo havia mudado. A sala estava mais limpa, sem os porta-retratos e sem minhas bugigangas. Claro ela não iria deixar qualquer lembrança minha. Nem imagino o que fizeram no meu antigo quarto.

Fiquei aliviada quando não a vi. Não reconheci metade dos rostos que nos encaravam.

As pessoas que nos parabenizavam e nos cumprimentava eu reconheci de primeira.

–-- Charlotte!Estou tão feliz por você. Disse a Senhora Heins que estava tão velha quanto antes.

–-- Obrigada. Era só o que eu dizia para todos que vieram falar comigo.

Fico imaginando como eles planejaram esse jantar em tão pouco tempo. Havia garçons e um Buffet. Todo mundo estava formal. Creio que esse jantar não foi feito pela a minha volta, acho que eles estão comemorando outra coisa. Mas não vou perguntar. A única coisa que eu quero é sair logo daqui. Oliver aparentemente estava se dando bem com todas as perguntas indiscretas do meu pai.

–-- Pelo seu sotaque, você é inglês certo? Disse meu pai.

–-- Vivi, minha adolescência em Londres, mas sou escocês.

Meu pai realmente havia gostado dele.

–-- Você atua em qual área?

–-- Atualmente sou só um misero investidor.

Ele estava enrolando meu pai direitinho, contando meias verdades. Notei que Oliver estava procurando alguém, provavelmente Robert Mayer. Mas ele ainda não havia chegado.

Suzie me puxou pelo braço.

–-- Você não pode ficar longe do seu noivinho só por um minuto?

Oliver não queria me soltar.

Me senti insegura de sair perto dele, mas eu não podia deixar que elas percebessem o meu medo.

–-- Está tudo bem. Eu disse a ele.

–-- Venha Charlie. Você tem que ver o seu antigo quarto.

Oliver ainda não queria me soltar.

–-- Eu vou com você.

–-- Pode deixar, eu vou ficar bem.

No fim ele concordou.

Subi a escadaria recordando da última vez que eu estive aqui. Suzie me puxava com força.

–-- Charlie, você está tão bonita. Mesmo você quebrando sua promessa, eu fiquei feliz por você ter voltado.

–-- Não se preocupe Suzie, amanhã é meu último dia aqui.

–-- Você não precisa ir mais embora. Mamãe disse que vai te perdoar.

Como assim ela vai me perdoar? Será que Suzie não se lembra do que aconteceu?

–-- Mamãe e papai não sabem o verdadeiro motivo do por que você foi embora. Não se preocupe eu não contei para ninguém. Seja quem for que te prendeu, agora não vai poder fazer nada com você.

Suzie não sabia do que estava falando.

–-- E Brandon? Como fica?

–-- Ah, o pai dele mandou ele embora dois meses depois que você foi embora. Alem do mais você é uma mulher comprometida não é?

–-- Sim, sou. Mas eu já tenho uma vida fora daqui.

Suzie resolveu ficar calada com a minha resposta rude. Já estávamos na frente do meu antigo quarto, agora a porta era branca. Ao entrarmos. Percebi que esse cômodo, não era mais um quarto, mas sim uma espécie de closet, o cheiro de naftalina estava aparente . E minha mãe estava se trocando lá.

–-- Pronto, mamãe, eu a trouxe como você queria. Falou Suzie para a minha surpresa.

–-- Obrigada. Agora pode deixar-nos sozinhas Suzie?

–-- Claro, mamãe. Não se preocupe Charlie, eu vou fazer companhia para o meu cunhadinho.


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