Caçadores de Recompensa escrita por Sah
Depois de mais de dois anos, ela estava mais radiante ainda. A última vez que eu a vi, foi quando ela me prendeu e me deixou para apodrecer naquela cela. Faz tempo que eu não via esse sorriso falso e hipócrita. E o medo me atingiu em cheio, as memórias daqueles meses passaram por mim como um filme trash. Ficamos sem dizer nada por um tempo considerável, tanto que Thereza sentiu o clima.
–-- Vou deixar as duas sozinhas.
Quase disse para ela não ir. Mas se eu falasse qualquer coisa, possivelmente eu teria explodido.
–-- Você não vai dar um abraço na sua mãe?
Fiquei parada. Talvez se eu ficasse bem quieta e imóvel ela fosse embora. Comecei a andar e ignorar sua presença. Mas ela me puxou pelo braço e eu me virei e dei um tapa estridente no seu perfeito rosto. Todos que estavam no local se viraram para ver o que estava acontecendo. Ao olhá-la eu podia contar pelo menos a marca de quatro dedos. Achei que ela iria revidar. Mas ela não perderia essa falsa classe em um local tão público.
Consegui enxergar Oliver observando a situação.
–-- Que bom que você voltou. Senti o sarcasmo em todas as palavras.
–-- Venha jantar em casa hoje. Quero conhecer seu noivo. Pelo o que seu pai disse ele é um bom rapaz. Ela estava tentando amenizar o constrangimento se fingindo de compreensiva.
Sem resposta, ela se virou e foi embora.
Oliver se aproximou de mim.
–-- Hoje você está afiada não é?
Finalmente consegui me estabilizar. E contive as lágrimas que já estavam brotando dos meus olhos.
–-- O que você quer dizer com afiada?
–-- Oras, primeiro você quase atira em mim, depois você bate em alguém qualquer.O que aquela pobre enfermeira te fez?
–-- Destruiu minha vida.
–-- O que? Como assim? Aquela era sua mãe? Ele parecia incrédulo.
–-- Você também foi seduzido pela boa aparência dela?
–-- Não. Só que quando você falou dela, eu imaginei que ela era bonita, mas de um jeito totalmente diferente. Não tão angelical.
–-- As aparências enganam. Disse por fim.
Ele coçou a cabeça, parecia que queria dizer alguma coisa.
–--Pode falar, já estou calma.
Na verdade não estava.
–-- A “policia” quer falar com você. Ele falou fazendo aspas com o dedo
–-- Sim, vamos lá. Falei já andando
–--Espera, só confirme a história que falamos para a enfermeira.
Havia dois policiais devidamente uniformizados e também o delegado Miller.
–-- Charlotte, que alivio você ter voltado. Disse o delegado na forma mais cordial possível.
–--Lamento, mas você terá que prestar um depoimento.
–-- Sem problemas. Vou ter que ir até a delegacia?
–-- Não, isso não vai ser necessário. Poderemos pegar o depoimento de você e seu noivo em uma sala privada que temos aqui.
–-- Ok, podemos fazer isso logo. Ainda tenho muito que fazer antes de ir embora. Disse eu aparentemente impaciente.
No final apenas confirmei a história que antes Oliver havia contado a eles. Eles foram gentis e não me fizeram perguntas sobre a minha volta ou qualquer coisa relacionada.
Antes de ir, eu me lembrei de uma coisa muito importante.
–-- Puts.Tenho que ligar logo para Samantha, antes que ela te denuncie por sequestro ou qualquer coisa parecida.
–-- Faça isso. Esperarei lá fora, enquanto tento limpar a sujeira do meu carro.
–-- E você não quer ajuda com isso?
–-- O que você entende sobre limpeza de estofados de couro?
–-- Menos do que você, pode ter certeza. Então me espere.
Saímos os dois do hospital. Oliver foi em direção ao estacionamento, eu fiquei no jardim.
–-- ALÔ? CHARLIE É VOCÊ?
–-- Sim, Sam sou eu. Você poderia parar de gritar, por favor?
–-- Ah, tudo bem. É que eu estava preocupada. Já são 15h e você ainda não havia me ligado. Não confio tanto nesse Oliver.
–-- Eu sei. Tivemos alguns problemas. Por isso só lembrei-me de te ligar agora.
–-- Problemas? Está tudo bem ai?
–-- Na medida do possível. Só tive alguns contratempos.
–-- Se qualquer coisa acontecer, me liga.
–-- Será a primeira coisa que eu farei.
–-- Isso mesmo. Você também pode me ligar se tiver algum avanço com o bonitão.
–-- Do que é que você está falando?
–-- Olha só Charlie, mesmo que eu não confie nele, ele ainda é lindo. E vocês dois viajaram sozinhos. Se eu fosse você eu tiraria uma casquinha da situação.
–-- Aposto que você ficou vermelha. Hahaha.
–-- Então é só isso mesmo, Sam. Tchau.
–-- Ah, aposto que você já fez isso. Não quer me contar os detalhes agora. Tudo bem. Quando você chegar aqui, eu não vou deixá-la em paz, enquanto não me contar tudo.
Essa Samantha, sempre dá uma de cupido para cima de mim. E eu não gosto desse seu lado. Desliguei.
Fui em direção ao estacionamento. Oliver estava lá conversando com alguém. Não com alguém qualquer, era o meu pai. Glenda deve ter ligado para ele. Eles estavam rindo e se dando muito bem. O que não aconteceu no primeiro encontro deles.
–-- Ai está ela. Disse Oliver.
–-- Seu pai estava nos convidando para jantar. E eu não consegui recusar. Ele estava me dando um sorriso forçado.
Meu pai se aproximou de mim e me deu um daqueles abraços que eu ainda não estava acostumada.
–-- Não faça essa desfeita mocinha. Quero você e Oliver hoje ás 19 h lá em casa.
O que eu podia fazer. Se eu não aceitasse minha desculpa por ter voltado iria por água abaixo
–-- Claro pai.
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