Caçadores de Recompensa escrita por Sah


Capítulo 20
Capitulo 19




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Me levantei, e o encarei por um tempo. Depois de tudo isso ele ainda quer que eu resolva isso?

–-- Ainda não sei. Disse eu por fim.

–-- Você é instável, teimosa e um pouco louca. Mas sei também que você é esperta.

Ele continua achando que eu sou louca, mas isso não me incomodou tanto, o pior foi dizer que eu sou instável.

–-- Eu conheço esses dois. Falei enquanto apontava para dois garotos.

–-- Espero que isso não seja um problema para você. Ele disse secamente

–-- Não. O problema é que um deles é filho do delegado.

–-- Isso já é um pouco mais problemático, mas sei que você vai achar um meio.

Enquanto ele falava, eu me irritava dele sempre jogar isso para cima de mim. Estou mais convencida que é um teste.

–-- Uma coisa eu sei. Eu não vou matá-los.

–--E eu? Você me daria permissão para isso? Ele levantou uma sobrancelha.

–-- Não! Falei em um impulso.

–-- Certo. Vi que você os prendeu com a fita. Eles estão bêbados provavelmente não se lembraram de nada. Podemos deixá-los aqui. Mas eles ficaram impunes. Você quer que isso aconteça?

–-- Não! Eles vão pagar.

–--Nessa vida temos que tomar decisões que nem sempre concordamos. Mas temos que ver o que é melhor para nós no momento. Somos caçadores: egocêntricos e ambiciosos.

–-- Eu sei disso. Já fiz isso uma vez. Fugi e deixei passar o que fizeram comigo.

–-- E você fez isso por quê?

–-- Por que era o melhor para mim na época.

–-- E o que é melhor para você agora?

–-- Deixá-los. Mas se eles fizerem isso de novo.

–-- Você pode impedi-los

–-- Mas como eu faria isso?

–-- Você realmente tem uma mente pura não é?

O que ele quer dizer com isso? Ele não está pensando em...? Não ele não pode estar falando serio.

–-- Você não está pensando em arrancar?

–-- Arrancar? Não. Isso seria a mesma coisa que matá-los. Retiro o que eu disse sua mente já foi corrompida.

–-- Haha. Muito engraçado. Ainda não sei o que fazer.

–-- Eu tenho uma ideia. Talvez isso os traumatize pelo resto de suas vidas.

–-- Eles merecem mais que isso. Daisy já foi traumatizada demais.

–-- Rápido me ajude a tirar essas fitas dos braços daqueles dois.

Eu ri, quando ele me disse o que queria fazer. Despimos os quatro e os colocamos de uma maneira a parecer que eles se divertiram muito.

–--Falta pouco para parecer uma orgia gay. Só o Gran Finale, chute a bunda dele com toda a sua força. Oliver falou

E foi isso que eu fiz. Coloquei toda a minha força. E chutei Theodor. Oliver também chutou um dos garotos que eu não sabia o nome.

Depois disso tirei algumas fotos dessa cena que montamos.

–-- Eles não vão querer beber de novo, e se eu souber de qualquer coisa, vou enviar essas fotos para todos da cidade.

Terminamos de arrumar as coisas e fomos em direção ao carro. Apesar de tudo o que aconteceu eu não pude deixar de rir. E Oliver também parecia que tinha se divertido nessa ultima parte dessa experiência que eu não quero repetir nunca mais.

Agora só precisamos cuidar de Daisy e resolver qual o nosso plano de agora para frente. Fomos quietos pela trilha até que Oliver quebrou o silêncio.

–-- Você realmente iria atirar em mim? Disse ele tentando puxar conversa.

–-- Não sei. Eu estava nervosa com toda a situação.

–-- Quase acreditei que você tinha enlouquecido de vez. Não se aponta uma arma se você não estiver disposta a atirar.

–-- Eu sei disso. Mas eu estava com medo.

Ele sorriu.

–-- Não se preocupe, comigo por perto você nunca mais vai precisar sentir medo.

Chegamos ao carro, e Daisy ainda estava desacordada.

–-- Não podemos levá-la assim. Disse eu enquanto tentava limpá-la.

–-- Temos que levá-la a um hospital de qualquer forma. Aqui tem algum não é?

–-- Sim, tem. Mas como explicaremos isso tudo? Ela está tão dopada que provavelmente não se lembrará de nada.

–-- É só dizermos que a encontramos enquanto você me mostrava à cidade.

–-- É pode ser uma boa desculpa.

Essa vai ser nossa única alternativa. Fomos em direção ao único hospital da cidade. Mas antes pedi a Oliver que deixasse na casa do meu avô qualquer coisa que nos fizesse suspeitos. Já eram 11 horas quando saímos para levá-la.

O Hospital West era considerado antigamente referência à saúde. Quando a cidade se fechou para o mundo, sua qualidade não caiu. Por isso algumas vezes era possível entrar na cidade para usar o hospital. Ele estava lotado. Ao entrarmos com a Daisy no colo de Oliver uma enfermeira prontamente nos atendeu.

–-- O que houve? Disse ela aparentemente preocupada.

–-- Não sei. Saímos para caminhar de manhã e a encontramos nesse estado. Falou Oliver pausadamente.

De inicio não percebi quem era essa enfermeira. Mas reparando melhor. Se o cabelo dela fosse escuro, ela poderia se passar pela Theresa, uma garota que foi minha amiga em um passado nem tão distante.

–-- Rápido coloquem ela na maca. Disse ela com autoridade.

Prontamente Oliver a obedeceu.

–-- Não se preocupem. Vamos avisar a família dela. Ela disse enquanto verificava os sinais vitais.

Depois de examinada, Daisy foi para um lugar que não podíamos acompanhar. Estávamos quase indo embora quando a enfermeira nos abordou.

–-- Precisamos chamar a policia. Por favor, esperem.

Oliver parece se divertir com essa palavra. Ele riu e me deu uma cotovelada quando ela disse policia. Parecia que era uma piada que só ele entendia.

–-- Vocês precisam dizer aonde encontraram essa garota. Por que aparentemente ela sofreu algum tipo de abuso. Alem de estar drogada.

Nunca achei que atuaria tão bem

–-- Meu deus! Coitadinha. Eu não tinha ideia. Aparentemente a enfermeira acreditou, seu olhar suavizou.

–-- Podem esperar, por favor, na recepção. Meu nome e Theresa e qualquer coisa podem me chamar.

–-- Theresa?

–-- Sim.

–-- Theresa Agness?

–-- Você me conhece?

–-- Sou eu. Charlotte.

Ela me encarou. Como pode ela não me reconhecer. Eu fui a que menos mudou nesses últimos anos.

–-- Nossa é você mesmo. Ela me abraçou. Você mudou tanto.

–-- Mudei?

Percebi que Oliver estava se sentindo deslocado.

–-- Se você quiser me esperar na recepção. Disse na direção dele.

–-- Sim, te espero lá “docinho”.

Fiquei vermelha.

–-- Uau! Nossa Charlie mudou muito. Você parece tão mais feliz e quem é esse pedaço de mau caminho? Tenho que ir para Nova York também.

Tinha esquecido como Theresa era divertida. Por que nossa amizade acabou mesmo?

–-- Esse é Oliver. Um cara que eu conheci em Nova York.

Perai

–-- Como você sabia que eu tinha ido para Nova York?

–-- Sua mãe disse para todos que você fugiu para lá por que estava descontente com essa vida de cidade pequena. Não é verdade?

–-- Não, eu fui para Nova York. Mas foi por outro motivo.

–-- E qual seria o motivo? Charlotte.

Quando eu ouvi essa voz. A voz que me atormentou durante tanto tempo. A voz que quase tirou todas as minhas perspectivas de futuro. Eu congelei e não consegui dizer mais nada. Quando eu virei ela estava lá, no seu uniforme de enfermeira. Ela não tinha largado essa profissão? Não importava agora. O ódio que me consumiu foi instantâneo e eu apenas a encarei sem dizer nada.


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