Esquecer você escrita por Mariii


Capítulo 2
Parte I - Acordos


Notas iniciais do capítulo

Será que Sherlock dança? o.O

A música que vai "tocar" nesse capítulo é: http://www.youtube.com/watch?v=o3mP3mJDL2k



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Mary conhecia um bar próximo da casa, então foram caminhando pela orla da praia e chegaram a um lugar onde era possível escutar uma música alta. Pessoas dançavam e bebiam alegremente. Sherlock encostou-se no bar, enquanto as três mulheres partiam para a pista de dança arrastando John e Lestrade. Só bebida o salvava de viver aquele calvário e, infelizmente, a bebida também o deixava um pouco menos racional, com isso seus olhos não se desviavam de Molly.

Vê-la dançar fazia com que seu corpo parecesse brasas. Ela estava solta, por conta do vinho que tinha bebido mais cedo e se remexia ao som da música, sem se preocupar com nada. Nunca a tinha visto assim. A quem queria enganar? Ele só a tinha visto trabalhando. Exceto pelo período que passou no apartamento dela, onde também não a encontrou muito. A versão informal de Molly era muito mais interessante do que ele tinha imaginado. Sua mente começou ir para pensamentos impróprios novamente. Não sabia nem mesmo precisar quanto tempo tinha passado desde que haviam chegado.

– Deus, não sei como essas mulheres aguentam dançar tanto! – John voltara ao bar, estava praticamente gritando para que Sherlock o ouvisse. Sua pele brilhava de suor por ter dançado algumas músicas ao lado de Mary e ele parecia tão animado quanto elas.

Sherlock somente assentiu, não estava com a mínima vontade de conversar. Ainda mais agora que via Lestrade se aproximando de Molly. Uma faísca de ciúme apareceu novamente dentro dele. Via o casal dançando junto e só conseguia imaginar que era ele quem deveria estar no lugar de Lestrade.

Bebeu mais de sua cerveja. E então uma constatação passou por seu cérebro ligeiramente embriagado. Por que não poderia ser ele dançando com Molly? Estava de férias, afinal. Férias. As pessoas faziam coisas incomuns nas férias, não faziam? Por que ele não poderia deixar de ser o detetive frio e lógico por alguns dias? Não podia deixá-la dançando com Lestrade. Nem com ninguém.

No momento em que se aproximava de Molly, uma música começou a ser tocada. A voz da mulher ela provocante. E Molly começou a dançar no ritmo exato da música, deixando Sherlock ligeiramente zonzo. Ele culpou a bebida.

Lentamente chegou mais perto. Molly não o viu, mas deve ter percebido pela expressão da Sra. Hudson que algo atrás dela não estava normal, porque logo virou-se. E Sherlock teve o prazer de ver uma expressão de surpresa em seus olhos. Não durou muito tempo e ela começou a dançar novamente, dessa vez virada para ele. Por um momento pensou que talvez ela o estivesse provocando, mas o mais incomum é que se esse fosse o intuito, estava funcionando. Molly começou a acompanhar a letra da música, e apesar de não poder ouvi-la, Sherlock pode ler seus lábios.

The way he makes me feel like, the way he makes me feel
I never seemed to act so stupid
Oh here we go
He a part of me now, he a part of me
So where he goes I follow, follow, follow

Oh, oh, oh, oh
I can’t remember to forget you
Oh, oh, oh, oh
I keep forgetting I should let you go

Ficou confuso. Não sabia se ela estava cantando aquilo para ele. Talvez estivesse. Aproximou-se ainda mais dela e arriscou se mexer ligeiramente ao som da música, o suficiente para que não achassem que era uma estátua no meio da multidão. Percebeu que Molly havia bebido mais, seu rosto voltara a ficar rosado e seus olhos o fitavam com divertimento. Ou seria algo mais?

– O que você está fazendo, Sherlock? – Ela finalmente perguntou, tentando se fazer ouvir por cima da música.

– Dançando. Não é o que se faz por aqui?

– Você não está dançando. Definitivamente, você não leva jeito pra coisa. – Ela ria, achando engraçado ele praticamente parado ali. – Estou cansada, nossa, dancei demais essa noite. Venha, vou te livrar desse martírio. Vamos sentar no bar. – Ela o puxou pela mão, e Sherlock sentiu todo seu corpo esquentar.

Sentaram-se no bar e Molly pediu uma bebida colorida, que nem Sherlock conseguiu definir o que era, de tantas coisas que deviam ter lá dentro. Ele pediu mais uma cerveja.

Molly o encarava enquanto bebia. O silêncio não os incomodava. Pareciam conversar pelo olhar. Uma cumplicidade que não existia antes pareceu surgir entre eles. Por fim ela falou:

– Não sei como Sra. Hudson tem tanto pique. Com toda a idade, ela dá um baile em todas nós. – Observava admirada a senhora tão mais velha que ainda se divertia alegremente com Mary e John.

Sherlock deu de ombros. – Provavelmente está compensando uma juventude que não foi feliz.

– Sim... – Molly assentiu, pensativa. – Deve ter sido difícil. O amor a fez sofrer... – Se perdeu nos pensamentos por um instante, talvez pensando em si mesmo. - Céus, estou ficando filosófica com essa bebida. – Olhou para o seu copo e riu. Sherlock a achou ainda mais cativante.

Nesse momento Mary apareceu trazendo os outros consigo. Finalmente chegara a hora de partir. Caminharam novamente para casa, todos estavam altos com tanta bebida que tinham ingerido. Por todo o caminho foram só risadas e brincadeiras, nem viram quando chegaram. Até Sherlock sorria, sentia-se estranhamente feliz no meio daqueles que podia considerar como sua família.

Quando entraram na casa, John, Mary, Lestrade e Sra. Hudson logo subiram para seus quartos. Molly estava com sede, sentia que precisava ingerir água antes que passasse muito mal. Encontrou uma garrafa na geladeira e levou até o jardim, sentando-se em uma espreguiçadeira.

– Água? Depois de todo álcool que você ingeriu, vai precisar beber litros de água para limpar seu organismo. – Sherlock se aproximou sem que ela percebesse, assustando-a.

– Olha quem fala. Você está cheirando a bebida, Sherlock.

Apesar do seu cérebro estar enevoado pela bebida, Molly se perguntou o que Sherlock fazia ali. Decidiu que seja o for, se divertiria. Não levaria o detetive tão a sério como sempre fazia. Ela estava indo embora, precisava desesperadamente de uma aproximação dele, mesmo que fosse por pouco tempo e por uma última vez.

– Um sentimento que é recíproco, devo informar. – E então eles riram como nunca tinham feito antes.

– Deus, minha cabeça está girando. – Molly ria sem parar.

– Se você vomitar, já aviso que não vou socorrer ninguém. – A expressão de nojo dele a fez rir mais ainda.

– Você fica engraçado bêbado, deveria fazer isso mais vezes. – Disse isso com sinceridade. Eles nunca teriam uma conversa desse tipo com ele sóbrio.

Ele pensou no quanto ela ficava sexy até mesmo bêbada, mas decidiu que era melhor não comentar. Também não estava tão bêbado assim, ou achava que não.

– Me passe um pouco dessa água, por favor. – Ela estendeu-lhe a garrafa. – Acha que acerta alguma bola hoje? – Disse-lhe, apontando a mesa de bilhar.

– Achei que era você que não perdia tempo com jogos inúteis. – Será que havia entendido errado? Sherlock queria jogar com ela?

– Andei reconsiderando alguns conceitos. Com medo de perder?

Ela gargalhou.

– Eu? Você está desafiando uma garota bêbada. Quem está com medo de perder aqui?

Levantaram-se trôpegos. Ela gargalhava e isso fazia com que ele tivesse vontade de sorrir cada vez mais. Aproximaram-se da mesa de bilhar e já na primeira tacada viram que nada sairia dali. Riam como crianças a cada erro, por vezes o taco passou com uma enorme distância da bolinha. Desistiram quando viram que mesmo se passassem a noite toda ali, não finalizariam o jogo. Voltaram a se sentar e a dividir a água.

– Você é um fracasso, Sr. Holmes.

– Idem, Sra. Hooper.

Sorriram. E então um silêncio pairou sobre eles, quebrado somente pelas ondas do mar. Molly começava a ficar com sono.

– Proponho um acordo, Molly Hooper. – Sherlock a espiava pelos cantos dos olhos.

– Hum? Você está bêbado Sherlock. Devia ir dormir. – Ela estava com os olhos fechados na espreguiçadeira, mas ainda sorria.

– É sério. Escute. Estamos de férias. Eu estou de férias. Você está de férias...

– Essa parte eu já sei, pode pular.

Suspirando, Sherlock a ignorou.

– Você vai para Nova Iorque ao final desses dias. – Nesse momento percebeu que ela parara de sorrir, continuava de olhos fechados. – Minha proposta é que a gente aproveite as férias...

– Não estamos fazendo isso?

– Você poderia parar de me interromper? Eu quis dizer... Juntos. – Viu quando Molly abriu só um pouquinho dos olhos para olhá-lo de canto. Achou que ela falaria algo, mas tudo que ela fez foi explodir numa gargalhada.

Sherlock não disse isso, disse? Acho que bebi demais. Devo estar sonhando, com certeza estou sonhando. Férias juntos? O que diabos seriam férias juntos? Não questionaria, vai que aí ele mudava de ideia.

– Meu Deus, você está muito bêbado. – Sherlock voltou para a sua seriedade de sempre. Era sua impressão ou Molly debochava da sua ideia?

O que deu em mim? De onde tirei essa ideia de acordo? O que eu quis dizer com juntos? Acho que bebi mais do que imaginei.

Molly abriu os olhos e o encarou. – Mas como eu também estou e nem sei mais se estou acordada, eu aceito. Com uma condição. – Deu um de seus sorrisos maliciosos e Sherlock ficou com medo do que estaria por vir. – Você vai aproveitar a viagem e fazer o que qualquer pessoa normal faz. Praia, piscina, jogos inúteis, festas.

– Você está dizendo que eu não sou normal?

– Não fuja do assunto. Temos um acordo?

Sherlock imaginava onde é que aquilo iria parar. Agradecia internamente por ela não ter questionado sobre o “juntos”, porque ele não tinha uma resposta para isso. Geraria um constrangimento enorme quando a bebedeira passasse. Mas, naquele momento, olhando nos profundos olhos castanhos dela, só queria que ficassem juntos, seja lá o que isso fosse significar.

– Okay.

Viu o sorriso triunfante que apareceu em seus lábios, quando o imitou.

– Okay.

Sorrindo ela começou a se levantar com dificuldade, estava sentindo-se desconfortável naquela cadeira.

– Podemos terminar de negociar lá dentro? Essa espreguiçadeira já está machucando minhas costas.

Levantaram-se e foram para dentro da casa. Sentaram-se no grande sofá que havia na sala. Não passou dez minutos até que pegassem no sono.

Na manhã seguinte, Mary ficou eufórica ao encontrá-los dormindo juntos e incrivelmente próximos, quando desceu para preparar um chá para a ressaca que sentia. John precisa saber disso. Esquecendo-se do chá, subiu novamente as escadas para contar ao marido a cena que presenciara. As férias estão me saindo melhores que o planejado.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam, plis! *-*
AMO os comentários de vocês!