Luas de Sangue escrita por Fallen


Capítulo 6
Capítulo 5




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Eu estava começando a achar que aquele pesadelo horrível estava acontecendo de verdade.Eles nos fizeram usar uma coleira prateada, com uma identificação pendurada. A coleira de Thunder ficou boa nele, pois ele é do tamanho padrão dos cães. Mas a minha ficou tão larga que parecia que ia cair em qualquer momento.

— Não puxe a corrente dela assim! — Thunder latiu com raiva para o guarda. Ele tinha razão. Senti como se meu pescoço fosse desencaixar do restante do corpo.

— Cale a boca, saco de pulgas inútil! — o guarda mal-humorado rosnou de volta e nos arrastou por mais um portão eletrônico em que estava escrito “PROPRIEDADE HOTEL VALE VERDE. SOMENTE PARA FUNCIONÁRIOS”. Entramos em um salão enorme, com uns dois andares de altura, cercado por todos os lados com jaulas e celas com barras. Para cães de rinha.E nós. Eu e Thunder. Dá para imaginar? Não, provavelmente não dá. Como é que alguém bom da cabeça poderia imaginar isso? Uma das portas das celas se abriu e os guardas me jogaram lá dentro. Eu caí com tudo no chão de cimento.

— Luna! — Thunder gritou enquanto eles o arrastavam em frente à minha porta, que se fechou imediatamente. Encostei o rosto nas barras, tentando ver para onde estavam levando Thunder. Eles o jogaram nacela ao lado da minha.

— Luna, tudo bem? — Thunder me chamou logo em seguida.

— Mais ou menos — eu disse, examinando o meu corpo.

— Nós vamos sair daqui — ele rosnou. Eu podia ouvir coragem e raiva na voz dele. — Isso tudo é só um erro idiota.

— Ao contrário, meu amigo inocente — disse uma voz vinda da cela do outro lado de Thunder.

— O quê? Quem é você? —Thunder perguntou.

Eu me esforcei para ouvir.

— Sou o lutador número 450209A — disse a voz. — E, acredite em mim, não é erro nenhum.E isso vai levar bastante tempo.Ou quanto tempo vocês durarem vivos.

— O que é que você sabe sobre isso?! — gritei.

— Olha só, quantos anos você tem? — a voz perguntou.

— Quase vinte — Thunder respondeu. — E minha companheira..

– 19 – respondi antes que Thunder pudesse continuar.

— Bom, eu tenho treze anos — ele disse, e abaixou a cabeça — então vocês vão se enturmar rápido aqui.

Olhei para todas as células do pavilhão. Vi um monte de rostos, um filhote mais assustado do que o outro. Todos usando coleiras grandes demais. Parecia que aquela prisão estava cheia de filhotes e de mais ninguém.

— É,os jovens são maioria aqui— disse a voz vinda da cela. — Faz nove dias que estou aqui. Fui um dos primeiros. Mas, nos últimos três dias, esse buraco está ficando cheio rapidinho.

— Você sabe o que está acontecendo? — Thunder latiu em tom baixo, para não atrair a atenção de algum guarda.

— Não sei muito, não, chefe. Mas ouvi alguns guardas falando sobre uma limpeza— a voz respondeu em tom baixo, mais perto das barras. — Vocês se lembram de ouvir falar sobre a Rinha Major?

— Sim — entrei na conversa —os lobos que vivem próximo da cidade já comentaram sobre isso.

—Você é uma loba?— disse a voz. — Mas, oque uma loba faz aqui?

– Uma longa história.. –Respondi.

— Tá, então é a Rinha Major— disse Thunder. — O que isso tem a ver conosco?

— Eles querem lutadores. Lutadores natos. Capazes de destruir qualquer cachorro posto em frente a você.

— Mas por que eles estão fazendo essas coisas terríveis contra filhotes? — rosnei alto de novo.

— Porque somos difíceis de controlar? Porque temos energia de sobra? Quem sabe?

Eu me apertei contra as barras com toda a força, tentando enxergar Thunder.

—Rinha? Mas que rinha? — perguntei. — Vamos brigar? Pelo quê?

Tum!

Um guarda se aproximou de fininho, agarrou minhas correntes e me puxou contra a grade.

— Se você continuar latindo e rosnando para os os outros prisioneiros, vai para a solitária! — ele grunhiu.

Deu outra puxada forte na minha corrente e riu como um vilão. Fiquei com tanta raiva que queria arrebentar aquelas barras e dar uma bocada bem na garganta dele. Quando se dei por mim, o braço dele estava entre meus dentes. A única coisa que me impedia de puxar ele para onde eu estava, eram as grades.

— Ah! — o guarda berrou vendo o sangue jorrar. Eu soltei imediatamente e ele saiu correndo, enquanto um grupo de seus amiguinhos vinha em direção à minha cela.

—Luna! —Thunder berrou. — Saia de perto das barras!

Sai de perto das barras, me deitei e coloquei uma das patas por cima do focinho.

— Chega de truques! — disse o guarda, com a voz rouca. — Você vem comigo.

Quatro guardas da Rinha Major com cassetetes e armas paralisantes vieram marchando, um deles me pôs uma focinheira. Logo após eles me arrastaram da cela para o corredor. Outros quatro caras nojentos estavam abrindo a cela de Thunder. Quando os guardas nos jogaram em uma sala com uma placa em que estava escrito “TREINAMENTO”, eu estava prontinha para mostrar para “Mão negra” por que é que eu tinha algumas cicatrizes pequenas por todo o corpo.

Mas, quando a porta se abriu, era só aquele imbecil do Byron de novo, seguido por um par de guardas.

— Ficou com saudade de mim? — perguntou com um sorriso que me deu vontade de vomitar.

— Está treinando, Byron? — perguntei, sentando-me no chão. — Quer dizer, parecer não parece, mas você não precisa de pelo menos seis guardas para tomar conta da sua retaguarda?

O rosto de Byron representou raiva.

— Sabemos por que é que vocês estão aqui — ele disse, andando de um lado para o outro da sala. — Hein?

O idiota estava tentando soar autoritário e machão, mas a voz dele, naturalmente fina e anasalada, se mostrava ao final de cada frase.

Seus olhos frios não desgrudavam do meu rosto.

— Quanto mais rápido matarem o outro cão que estiver na rinha com vocês, melhor será para você e seu companheiro.

— Não tenho a menor ideia do que você está falando, soldadinho.—eu mostrei os dentes, demonstrando ironia.

Ele estreitou os olhos. De repente, sentou-se e colocou o rosto bem perto do meu.

— Pode parar com o showzinho de vilão, tá? — falei para ele.

— Vocês dois, seus canalhas, estão planejando algo? — ele perguntou sem cerimônia, ignorando meu sarcasmo. — Bom, porque com certeza seus bons amigos já nos contaram tudo o que precisamos saber. Já sabemos do seu problema com os cães do cassino, Thunder. E nem precisamos confirmar as tendências de ser a loba Alpha da Luna. Mas esse é apenas o começo do carregamento de informações que seus “amigos” entregaram para nós. Foi lindo. Quer dizer, nem uma velha fofoqueira teria contado tudo com tanta facilidade.

— Jura? — perguntei. — Tipo, eles contaram para vocês onde eu guardo minha reserva de carne de alces?

— Calada, sua inútil! — ele rosnou para mim, que tinha acabado de mostrar a língua para ele. — Eu vi oque você aprontou mais cedo! Você mordeu um de meus guardas! Vocês acham que isso aqui é ruim, ficar nessa? Ah, mas vai ficar muito pior! Podem acreditar em mim, seus peludos nojentos... Vai ficar muito pior.

— Sabe, Byron — Thunder disse com sua voz mais calma e sarcástica — na verdade, o peludo nojento aqui é você. Podemos muito bem colocar seu nome na nossa listinha secreta de quem estraçalhar depois que sair daqui.

Byron perdeu a paciência. Ele se jogou em direção ao meu pescoço, jogando-me no chão. E, então, algo aconteceu: por impulso, usei minhas patas traseiras e levantei Byron do chão.O imbecil soltou um gritinho de porquinho-da-índia e foi jogado para trás, caindo de perto dos guardas surpresos.

Thunder não acreditava naquilo: olhou para mim e me dei conta de que eu era mais forte do que eu pensava.

— Mais uma prova! — Byron veio rosnando e mancando em minha direção.— Você é uma lutadora! Você vai ficar presa para sempre! — Ele finalmente saiu da sala de treinamento.

— Então, agora você anda levantando outros animais com as patas traseiras? — Thunder me olhou sério. — Quer dizer... Uau!


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