A Transformação e o Imprint de Quil escrita por Ditto


Capítulo 2
A transformação




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/47764/chapter/2

Acordei a noite chutando para longe o cobertor que minha mãe insistia em me cobrir. Eu sei que estávamos no inverno, a temperatura em La Push chegando a graus negativos, mas mesmo assim não sentia frio o que já era um indicativo de que algo não está muito bem.

Sinto que estou em uma febre constante e não importa quantos banhos frios eu tome meu corpo não abaixa de temperatura. O mais esquisito é que essa não parece minhas febres de sempre, sinto como se tivesse uma bomba-relógio no meu peito estivesse prestes a explodir. 

Queria Embry e Jake aqui comigo, os dois sempre conseguiam me animar quando eu estava doente. Até daquela vez que tive que tirar o apêndice e fiquei de molho no hospital por dias os dois fizeram questão de ir me visitar todo dia. E verdade seja dita, se ficar contra a vontade em um hospital olhando para o teto sem nada para fazer já é muito chato, imagina fazer isso por vontade própria. Mas os dois iam me visitar todo dia, e passávamos o dia jogando Uno e falando mal dos outros garotos da escola. 

Droga, meu corpo parece pegar fogo, um fogo constante que não se apaga. Pensei até em chamar minha mãe mas achei melhor não, ela tinha chego tarde do trabalho e não quero atrapalhar.

Um pouco cambaleante levantei da cama e fui em direção ao pequeno armário no banheiro que deixavamos os remédios e curativos.

— Aqui... - murmurei pegando o pequeno termômetro de dentro do armário.

Coloquei embaixo do braço e esperei alguns minutos até o aparelho apitar. Quando tirei levei um susto, 50 graus!? Esse termômetro deve estar estragado, minha mãe e essa mania de manter coisa velha em casa, até eu que sou ruim em biologia sei que é impossível um ser humano medir 50 graus.

Voltei em direção ao armário procurando algum anti-térmico. O termômetro podia não confirmar mas eu tinha certeza que estava com febre, e febre alta. 

Engoli a capsula e deitei de volta na cama. Porém, os minutos passavam e nada da febre passar.

— Malditos Jake e Embry - resmunguei para o nada.

Nunca devia ter dividido meu bolo de chocolate com os dois no primário, se nunca tivesse dividido o bolo eles nunca seriam meus amigos e aí eu não estaria aqui sofrendo por dois idiotas.

O que diabos Sam tinha de tão bom para eles me largarem assim sem pensar duas vezes? Amigos mal amados esse que eu arranjei.

— Idiotas... idiotas....

A bomba-relógio no meu peito parecia estar na contagem final, minha visão começou a ficar vermelha, eu sentia como se estivesse prestes a explodir. Meu corpo parecia tremer. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo, sentia raiva e mágoa dos meus amigos, e dor também percorrendo o corpo inteiro.

Como se meus instintos exigissem eu corri para fora de casa e na floresta senti como se meu corpo estivesse expandindo, minha visão de repente ficou mais nítida e os cheiros pareciam vir de todos os lugares.

A dor? A dor tinha sumido. Parecia até que nunca estivera presente. Como se tudo tivesse sido uma dor imaginária.

— Olá Quil, estávamos esperando por você - uma voz na minha cabeça falou comigo.

Ok, oficial, esse é o sonho mais doido que já tive. Agora tenho uma consciência que fala comigo. Pareço até o Pinóquio com o grilo falante. Sempre odiei o filme, Pinóquio é super idiota em acreditar naquelas raposas do mal.

— Calma, desacela um pouco, não consigo acompanhar seus pensamentos se você pensa mil coisas ao mesmo tempo.

— Oi consciência, bom ver você por aí - resolvi ser educado com ela, sabe-se lá o que ela pode fazer comigo.

A voz pareceu rir da minha ideia, como se a achasse absurda.

— Consciência é? Essa é a primeira vez que alguém pensa assim.

— E se você não é minha consciência é quem então?

Um monte de imagens começou a passar na minha mente: lobos, frios, lendas, protetores.... Agora sim eu já sabia com quem estava falando.

— Sam - respondi minha própria pergunta.

— Exatamente, tem duas pessoas que estavam esperando ansiosas por você.

Jake e Embry... aqueles dois traíras, nem pra me contar esse segredo do século!

— Eles não podiam, ninguém fora os lobos podem saber o segredo.

— Então.... - resolvi confirmar - ... nada de drogas?

Senti os pensamentos de Sam e o quanto ele se divertia com aquela ideia.

— Não, nada de drogas. Só lobos. Está decepcionado?

— Ufa! Ainda bem, isso é suave. Seria muito chato ser maconheiro, imagina só o desgosto que minha mãe ia ter se tivesse um filho drogado. Coitada! Ia morrer de infelicidade.

— Ainda preciso te passar uns detalhes, mas imagino que você esteja sentindo um pouco de dor agora não? A primeira transformação sempre é difícil.

— Não, tô ótimo. Isso é sensacional! Olha que legal - disse começando a rodar tentando morder meu rabo - eu sou um cachorro gigante!

— Lobo - Sam corrigiu - você agora é parte da matilha.

— Quem... quem mais faz parte? 

— Todos que você já imagina. Eu, Jared, Paul, e claro Embry e Jacob. Estávamos esperando por você. Sua família tem registro de lobisomens a muito tempo, seu avô inclusive sabe sobre a matilha.

— Ah... por isso aquele velho nem levou em conta minha denúncia contra você.

— Você chegou ao ponto de me denunciar?

— Óbvio. Você some com meus dois melhores amigos e quer o quê? Que eu sente e chupe o dedo?

— Justo, acho que entendo o seu ponto. Mas agora que você faz parte da matilha poderá andar de volta com Embry e Jacob. Será quase igual a antes.

Quis gritar de felicidade mas saiu um uivo estranho.

— Quil, o mais importante é que eu preciso que você entenda que o que fazemos é sério, levamos a causa de proteger a vida humana muito a sério. Os frios existem e precisamos proteger as pessoas deles.

— Tantufas - respondi feliz - agora posso ir lá morder a canela dos meus dois amigos de uma figa? Só por tudo que me fizeram passar.

— Você... - Sam perguntou em dúvida - você está feliz com tudo isso?

— Claro!

— Não é muito comum, mas fico feliz. A adaptação geralmente é difícil para todos, deixar a vida normal para trás e talz. Só.... - ele se calou e sorriu - só não morda os dois forte demais, eles ainda precisam fazer ronda amanhã.

Sorri feliz. Se isso era um sonho eu não queria nunca mais acordar. Como disse, ser lobo eu aguento, ser drogado nem tanto.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Transformação e o Imprint de Quil" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.