O sol entrava pela janela do meu quarto, droga de cortina que eu sempre esqueço de fechar. Olhei no relógio ao lado da minha cama, 11h, meio cedo para um sábado. Enrolei um pouco na cama até bater a fome.
–Bom dia, mãe. -falei entrando na cozinha.
–Boa tarde seria mais apropriado, filha. -ela disse enquanto cozinhava algo- Sabe que horas são?
–Meio dia e alguma coisa, ta cedo ainda.
–Ta certo. -ela disse rindo- O almoço está quase pronto, ponha a mesa.
Ficamos conversando enquanto eu arrumava tudo e minha mãe terminava sua maravilhosa macarronada. Terminando a refeição, lavei a louça e fui fazer lição de casa. Não quero motivos pra minha mãe estragar meu jantar com Chris hoje a noite.
–Nossa, já está escurecendo? -falei pra mim mesma quando notei a dificuldade de enxergar as palavras em meu caderno. Olhei pro relógio. -Meu deus! Já são seis horas!
Corri para o banheiro e já liguei o chuveiro para tomar banho. Chris ficou de passar aqui em casa as 19:30, não ta sobrando muito tempo.
Ao sair do banho coloquei um jeans, uma camiseta preta e rendada, que eu amo, e um salto qualquer. Fiz uma maquiagem leve e dei uma arrumada nos meus cabelos que ainda estavam molhados.

Sete e trinta a campainha toca. Desci correndo as escadas e abri a porta para um Christopher de camisa e jeans, com um maravilhoso sorriso na cara.
–Que pontualidade. -falei abrindo um sorriso.
–Oi pra você também. -ele falou rindo.
–Entra ai, só vou pegar minha bolsa e avisar minha mãe que estamos saindo.
Chris me levaria ao parque de diversões, combinamos isso ontem na escola. Saímos de casa e fomos caminhando algumas quadras até o parquinho que estava na cidade.
–Fico feliz que você tenha aceitado o meu convite. -Chris falou enquanto comprávamos tíquetes para os brinquedos.
–Lógico que eu viria, não perderia a chance de vir num parque de diversões. -falei com a cara mais teatral possível.
–Obrigado pela parte que me toca. -ele falou rindo e pegando os tíquetes- Onde você quer ir primeiro?
–Ah, você que sabe.
–Não, você é a convidada, pode escolher.
–Uhm... -falei observando em volta- Que tal a montanha-russa?
–Claro. -ele disse sorrindo.

Depois de uma volta na montanha russa, alguns cachorros-quentes, pipocas e uma girafa de pelúcia, que Chris ganhou para mim no Tiro ao Alvo, fomos andar na roda-gigante.
–Sabe Clara, nessa semana que estive aqui me senti muito feliz. -Chris disse enquanto a cabine subia vagarosamente.
–Que bom, Chris, essa semana foi bem legal para mim também.
–No dia que eu te vi no ônibus eu pensei "porque aquela garota de cabelos castanhos e olhos negros esta me olhando tão profundamente?" -corei com seu pensamento- E quando você desviou o olhar decidi falar com essa garota, intrigante, que ouvia música e batucava de leve com os dedos.
–Você reparou nisso? -perguntei ainda envergonhada.
–Lógico, não é todo dia que uma garota como você te olha no ônibus. E te digo uma coisa, falar com você aquele dia foi uma das melhores coisas que aconteceu.
Sorri com seu comentário. Ele colocou a mão na minha perna e continuou a falar:
–O que eu quero dizer, é que você fez e faz um diferença na minha vida. -olhei para baixo, ele esta me matando de vergonha.
Chris segurou meu queixo e me fez olhar em seus olhos.
–Você faz o meu mundo girar mais devagar. -ele sussurrou se aproximando de mim.
Quando percebi, estávamos no alto da roda-gigante, nos beijando. Acho que vou me apaixonar por esse garoto.

Depois de alguns sorrisos, mais alguns beijos e uma longa caminhada, cheguei em casa e fui direto pro meu quarto. Morrendo de alegria e cansaço, fui me deitar, demorei para pegar no sono pensado em tudo que aconteceu nesse meu encontro com Chris. Porém, oito horas, trinta e sete minutos depois, fui acordada por uma mensagem de texto.
–Quem é o ser que vai perder a vida por me mandar um SMS as 8:30 da amanhã de Domingo? -falei procurando meu celular que insistia em tocar.
"Morena, mudei de idéia, quero minha camiseta de volta. Passe aqui em casa daqui 1h, tenho que sair depois.
Se quiser vir usando ela, não vou me importar de tira-la de você ;)"
Eu vou matar esse garoto, não basta me acordar cedo, exigir que eu me arrume pra levar uma camiseta pra ele, ainda tem que ser abusado. Revirei os olhos e fui me arrumar, escovei os dentes, prendi o cabelo e vesti a primeira roupa que vi no armário.

Desci pra cozinha, não tem nada de café da manha pronto, então vai uma maçã e um copo de suco mesmo. Peguei a camiseta de Jason no varal, passei e segui em direção a sua casa.
Alguns quarteirões depois parei na frente da casa do moreno de olhos escuros, nem precisei tocar a campainha, ele já me esperava na frente de sua casa, na sua moto, mais especificamente.
–Finalmente -ele disse ao me ver- Custa responder uma mensagem?
–Aqui sua camiseta, Jason, e custa sim. Mais especificamente, cinta centavos.
Ele revirou os olhos e pegou a camiseta da minha mão.
–Aliás, bela camiseta, destaca suas... Qualidades. -ele disse se virando e guardando a camiseta numa mochila.
–Vai se ferrar. -falei dando as costas pra voltar pra casa.
–Morena, sobe ai, te dou uma carona até sua casa. -ele disse já na moto.
–Prefiro andar até lá.
–Para de ser chata e sobe logo, eu não mordo. -ele disse me jogando o seu capacete- A menos que você queira. -e deu o seu maior sorriso cafajeste.