"-Morena, sobe ai, te dou uma carona até sua casa. -ele disse já na moto.
–Prefiro andar até lá.
–Para de ser chata e sobe logo, eu não mordo. -ele disse me jogando o seu capacete- A menos que você queira. -e deu o seu maior sorriso cafajeste."

Revirei os olhos e subi na moto. Em menos de dois minutos já via minha casa, aliás, ele acabou de passar a minha casa.
–Jason, minha casa era ali. -falei.
–A gente vai fazer uma pequena parada antes.
Qual é a lógica na mente desse garoto?
–Antes? A gente já passou!
–Para de reclamar, menina, e se segura. -ele disse acelerando a moto.
Bufei e me segurei mais firme nele. Quando dei por mim estávamos estacionando na frente de uma casa enorme, fonte de uma música contagiante. Jason parou sua moto e descemos.
–O que eu to fazendo aqui? -perguntei pra Jason- Melhor, o que é isso?
–É uma casa. -ele disse o que era obvio, me fazendo revirar os olhos- Estamos aqui porque nós precisamos de uma babá.
–Nós? Nós quem? -perguntei enquanto ele tocava a campainha.
–Jack! -um loiro disse abrindo a porta pra nós- Vejo que trouxe uma bela companhia.
–Cala boca, Matt. Essa é a morena, ela vai tomar conta do Gus pra nós. -Jason disse enquanto entrava na casa.
–Eu vou? -perguntei- A propósito, eu tenho nome, sou Clara. -falei pro loiro.
–Muito prazer então, senhorita. -ele disse beijando minha mão.
–Matt, para de cantar a garota e vamos ensaiar logo. -um cara alto e todo tatuado disse entrando na sala.
–Tudo bem, Mason, já estou indo. Clara, venha por aqui. -ele disse me puxando pela mão até uma sala de TV- Esse é o Gus, meu irmão mais novo. Precisamos ensaiar, mas não posso deixá-lo sozinho.
–Então Jason me arrastou até aqui para eu tomar conta dele. Já entendi tudo.
–Ótimo, então divirtam-se.

Matt saiu da sala e me deixou com uma mini copia sua que deve ter uns 6 anos. Assistimos TV, brincamos de carrinho, ele tirou um cochilo e então acordou com fome.
–Tudo bem, vamos até o seu irmão e veremos se tem algo pra comer. -falei dando a mão para o garoto e o levando até o lugar de onde vinha a música.
–Pa-pa-papa, papa-pa-papa, I wanna be sedated -Matt terminava de cantar a música dos Ramones quando adentramos o porão.
–Morena, o que faz aqui embaixo com o Gus? -Jason perguntou.
–Ele esta com fome. -falei para Matt, ignorando a presença do moreno que me fez de escrava.
–Vamos todos comer então, já terminamos por hoje. -ele disse colocando a guitarra no pedestal.

Subimos para a sala e fomos todos a um Fast-food que tinha na esquina da casa de Matt. Depois que todos se sentaram resolvi falar:
–Saiba que eu vou cobrar por isso, Jason. E hoje é domingo, meu preço é mais alto.
–Depois a gente resolve isso, morena. -ele disse dando uma mordida em seu sanduíche.
–Mas e ai, o que achou da nossa banda? -Matt perguntou pra mim.
–Apesar de ter ouvido de perto só o final de uma música, o que eu ouvi-lá de cima foi muito bom.
Eles bateram as mãos no ar.
–E porque você chama o Jack de Jason? -finalmente o tal Mason se pronunciou- Só os pais dele o chamam assim.
–Foi ele que me pediu. -falei comendo minhas batatas.
–Pedi nada, só falei que meu nome é Jason quando minha querida irmã me apresentou como Jack.
–Pera ai, você é a babá da Bia? A garota da toalha? -Matt perguntou, mas recebeu um soco no braço- Qual é Jack?
–Sou... -respondi desconfiada- Porque?
–Nada não. -Matt respondeu olhando pra Jason.
Terminamos de comer e, ao voltar pra casa de Matt, Jason e eu nem entramos, nos despedimos e fomos até sua moto. Depois de uns 10 minutos em uma velocidade acima do que eu desejava, Jason estacionou na porta da minha casa.
–Acho que é agora que eu recebo o dinheiro. -falei descendo da moto e lhe entregando o capacete.
–E eu acho que é agora que devemos negociar isso. -Jason falou descendo da moto também.
–Você me acordou cedo, me fez ir até a sua casa, pra me raptar e me fazer de babá de uma criança de seis anos e não quer me pagar? - a cada palavra dita Jason se aproximava de mim e eu dava um passo pra traz.
–Não é bem assim morena, eu vou te pagar, só que não vai ser em dinheiro.
–A é? Vai me pagar com abraços então? -perguntei de maneira irônica e me deparei com a porta nas minhas costas.
–Abraços? -ele disse ficando perto de mim, perto de mais- Eu estava penando em algo mais... Divertido. -ele disse sussurrando no meu ouvido, me fazendo arrepiar novamente.
Dei um sorriso malicioso ao pensar no que ele propôs, e quando percebi estava na porta de casa beijando Jason Dupke. Era um beijo ágil, cheio de segredos e segundas intenções, totalmente diferente dos beijos de Chris, que eram calmos e serenos. Chris! Interrompi nosso beijo quando me lembrei garoto de olhos claros que havia beijado na noite anterior.
–Que foi morena? -Jason perguntou quando cessei o beijo- Não estava gostando?
–Não é isso, só acho estranho beijar alguém que mal conheço.
–Ah, mas isso é um problema, vamos tratar de resolvê-lo ainda essa semana. Você vai almoçar comigo amanhã.
–Como é que é? -perguntei- Você acha que manda em mim agora?
–Quer apostar? -ele disse dando um sorriso sacana e selando nossos lábios em um beijo de tirar o fôlego- Amanhã, na saída.
Ele piscou para mim e me deixou perplexa na porta.
–Não é que esse desgraçado me convenceu? -me perguntei entrando em casa.
–Que desgraçado, minha filha? -minha mãe perguntou surgindo no sofá da sala.
–Que susto, mãe! Pelo amor de deus, quer me matar do coração? -perguntei depois de ter um treco.
–Deixa de drama, Clara. Me diz que desgraçado. -ela falou dando dois tapinhas na almofada ao seu lado.

Me sentei e contei sobre a minha confusão Christopher versus Jason. Sim, eu conto tudo pra minha mãe, e sim, eu cai feito um patinho nos beijos do Jason. Depois de uma hora de conversa e uma xícara de chá, minha mãe e eu chegamos a conclusão mais louca que se pode imaginar:

Vou sair com os dois.