O navio começou a ser atacado, batidas fortes dos lados e abaixo do navio o faziam balançar constantemente. Robin, instintivamente, desceu para buscar Roland, ele precisava proteger seu filho. Mas ao chegar ao quartinho onde tinha posto Roland, o menino já não estava mais lá, um medo percorreu todo seu corpo. Robin saiu correndo e procurando em todos os lugares, todos os cantinhos que seu filho pudesse ter se escondido e nada. Ele estava voltando para olhar no quartinho quando viu por uma fresta na madeira uma luz, ele se aproximou, era a cabine do Capitão. Quando olhou pela fresta, viu Regina deitada com Roland, um alívio percorreu seu corpo. Ele entrou no quarto sem pensar duas vezes, nem se deu por conta que estaria invadindo a privacidade de uma mulher, ou pior, da Rainha. Ele não ligava pra nada a não ser salvar seu filho. Quando se aproximou da cama, Roland estava dormindo de frente para Regina, abraçados. O braço do menino estava no pescoço dela e o dela estava apoiado nas costas da criança. Eles tinham expressões serenas e descansadas. Regina nunca esteve mais bela.

Por alguns segundos ele apenas o observou, “Como seria bom se Roland tivesse tido momentos assim com a mãe dele” Robin pensou. Mas logo o pensamento escapou com mais uma balançada do barco após outro ataque.

Robin pegou o filho no colo, o menino foi acordando lentamente, coçou o olho e disse sonolento:
– Onde estamos indo papai?

Regina acordou ao som das vozes e se sentou na cama, olhou para Robin e sentiu que o homem faria uma tempestade um copo d’água por ela estar com o menino, mas não, ele estava calmo, apesar de apreensivo. E foi ai que ela entendeu o por que. Logo em seguida, eles tiveram que se segurar em algo para não cair, principalmente Robin que estava de pé. Coisas começaram a cair, roupas espalhadas pelo chão.
– O que está acontecendo? – Uma seriedade tomou conta da voz de Regina, ela estava insegura, mas não quis transparecer nada pra ele.
– Estamos sendo atacados! – Robin pôs o menino no chão e indicou com a mão um cantinho do quarto em que o pequeno estaria a salvo. Roland muito obediente correu para lá, antes que um novo ataque começasse.

Regina se levantou rapidamente, mas ela não conseguia raciocinar o que precisava fazer por causa do sono e da pressão das novas noticias, ela olhava pra Roland encolhido, tremendo e a única coisa que conseguia pensar era tirar aquela criança dali.

Robin olhou de relance para Regina e não pode deixar de notar o pijama dela. Ela estava extremamente sexy. Uma blusa de alcinha de seda salmão, com rendinha na borda do decote e um shortinho de menos de um palmo fazendo conjunto, com rendas na volta das coxas. Ele resolveu não escutar a voz da testosterona, virou a cabeça para o lado e falou:
– É melhor se vestir. - Ele podia ser um ladrão, mas também era o cavalheiro.

Regina olhou suas roupas e chegou a corar. Uma fumaça a envolveu e ela apareceu com uma calça jeans preta, uma blusa preta de botões (que uns ela “esqueceu” de abotoar) e um blazer azul marinho. Ela apenas sorrio envergonhada e logo em seguida outra balançada forte. Regina perdeu o equilíbrio e acabou tropeçando em uma das roupas de Hook que estavam espalhadas pelo chão e caiu nos braços de Robin, eles estavam suficientemente próximos para ele “salvar” ela.

Outra balançada. Robin se desequilibrou e acabaram encostados na parede. Ele bateu a cabeça e passou a mão no local rindo, e ela tambem, mas logo perceberam o quão próximos estavam. O corpo de Regina encostado no de Robin, seus lábios quase se tocando. Robin podia sentir o cheio de Regina, um frescor floral, talvez algo tão delicado mão coubesse a ela, mas naquele momento, nada parecia ser mais perfeito.

Escute She – Elvis Costelo

Regina estava com uma mão apoiada na parede, ao lado da cabeça de Robin, o que dava uma vantagem tremenda para ela, e a outra próxima ao braço dele. Sem pensar duas vezes, ela pousou sua mão na barriga de Robin e foi subindo lentamente, sentindo o abdômen definido dele, sentindo sua respiração acelerar e chegou ao coração. Batia constantemente, acelerado, ela sabia o que estava causando e era exatamente isso que queria. Ela olhou nos olhos dele e ele nos dela, ela desviou o olhar pra boca dele por um segundo e voltou a o olhar nos olhos. O coração de Robin parecia que ia sair correndo do peito dele, de tão acelerado que estava, aquilo a estava excitando. Ela aproximou a boca da dele e não pensou em mais nada.

Desde que sua mulher morreu, Robin tivera seus casinhos, é claro, mas nenhuma mulher o tinha excitado tão rapidamente em tão poucos segundos. Qual poder que ela exercia sobre ele? “Qual poder” pensou Robin, “é isso, não é real, é mais um de seus feitiços”
– Acho que me desequilibrei – Disse ela em um sussurro sedutor.
– Acho que sim – Ao termino da frase, Robin se afastou e foi em direção ao filho. Regina ficou parada ali, sem ação, completamente imóvel, não acreditando no que acabara de acontecer. Roland que estava assistindo tudo estava empolgadíssimo com a cena, mas quando viu seu pai, segundos depois deixar ela ali ele ficou muito desapontado.

Fim de She – Elvis Costelo

– Devemos ir lá pra cima, ver o que está acontecendo – Robin pegou Roland no colo e foi indo em direção à saída. Quando chegou à porta, ele olhou pra trás em direção a Regina, que ainda não tinha se movido um centímetro e disse:
– Vamos precisar de você lá. De você e da sua magia – Ele destacou bem a palavra magia, pra que ela notasse o desdém.

Aquilo não soou nada bem para Regina. Ela não tinha feito nada pra ele, por que ele estava falando assim com ela? Quem ele pensa que é? Regina saiu da cabine e subiu as escadas bufando, furiosa, ela encontrou Robin sozinho, olhando para o mar, investigando o que poderiam ser as batidas descontroladas.
–Quem você pensa que é? – Disse ela, parada atrás de Robin, com as mãos na cintura. Robin se virou lentamente, ainda se segurando a borda.
– Desculpe?
– Quem você pensa que é pra falar comigo daquele jeito? Eu ainda sou sua RAINHA!
– Eu nunca te obedeci, por que acha que começaria agora? – Ele soltou uma risada irônica, bem debochada. Aquilo a deixou com mais raiva ainda. Regina se aproximou dele e o agarrou pela gola do casaco, deixando seus rostos frente a frente, seu olhar severo e frio penetrava fundo em Robin e ele sentiu um calafrio percorrer seu corpo.
– Você não sabe quem eu sou. Não brinque comigo... – Ela deixou incompleto, mas deu a entender que terminaria a frase logo logo. Com isso, ela o soltou e se afastou indo mais ou menos pra metade do navio, ela levantou as mãos e as abaixou logo em seguida, tomada por raiva. O movimento fez com que um vento forte soprasse em torno do Jolly Roger e o que quer que estivesse lá em baixo, por hora teria ido embora.

Regina não sabia o que a irritava mais, se eram os ataques ou Robin. Ela se aproximou novamente de Robin para completar o pensamento:
– Ou eu vou lhe mostrar por que me chamam de EVIL QUEEN – Ela não precisou segurar ele ou qualquer coisa do tipo, apenas o olhou nos olhos e falou com uma voz firme, sem alterar o tom. Aquilo fez Robin se espantar um pouco, mas ele não deixou passar, ele não se dobraria aos mimos da Rainha.
– O que vai fazer? Arrancar meu coração? – Robin se aproximou mais dela, invadindo seu espaço pessoal.
– Sabe que não é uma má ideia?! – Regina cravou as mãos no peito de Robin e arrancou o coração do seu peito, apertando um pouco com as unhas. Um pavor percorreu o olhar de Robin, e ele ia caindo ao chão lentamente, consumido por uma dor insuportável. Robin olhou por trás de Regina e viu Roland parado, assistindo a cena, aterrorizado.
– Regina... Por favor... Ro-Roland – A voz de Robin era quase imperceptível, um sussurro rouco.
– O que? – Regina diminuiu um pouco a força que estava apertando o coração dele, ela viu que se continuasse assim ela o mataria, mas ela não queria isso, só queria ensinar uma lição a ele.

Robin estendeu a mão para algo atrás dela e rapidamente ela se virou. Era Roland. Seu olhar amedrontado doeu fundo na alma de Regina.
– VOCÊ ME DISSE QUE MUDOU! MAS NÃO MUDOU! VOCÊ AINDA É A RAINHA MÁ!