Sangue Quente escrita por Tenneb


Capítulo 6
Caçadores




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Thomas Castellani é um vampiro, e com certeza é ele o maldito assassino da cidade e foi ele quem matou a Rebekah. Eu era de uma família de caçadores bem famosa entre as criaturas das sombras. Mas como matar um vampiro? E sem nenhum treinamento? E se esse vampiro é o cara que você sempre andou procurando? Essas e outras perguntas andavam rondando minha cabeça, junto com a raiva e o ódio que sentia de mim mesmo por estar apaixonado por ele.

Na sexta, quando cheguei em casa, minha tia estava preocupada comigo por estar todo encharcado, e me mandou subir para me secar. Mas eu não conseguia ficar parado, minha cabeça latejava, minha garganta ardia, e meu corpo todo estava ficando quente, era como labaredas de fogo que me queimava por dentro. Deitado na cama, eu só tremia. Jurava que tinha algo me vendo dormir no peitoril da janela.Espreitando alguma coisa dentro do meu quarto, talvez planejando algo. Só que toda vez que acordava não via nada, me fazendo acreditar que era apenas alucinações.

Sonhei que estava em uma sala comprida, com várias portas. Podia apostar que era um castelo, consegui perceber por causa das paredes que tinham estandartes de guerra e por causa de um signo que tinha em todas as portas do corredor, era de um corvo segurando algo parecido com a letra C. Mas quanto mais eu andava para chegar na porta a minha frente, mais ela se afastava e o pior algo estava me seguindo. Eu conseguia sentir o cheiro de morte que a sombra emanava dela. Quando eu cansei de correr as sombras me pegaram e...

Eu acordei todo suado.

Agora estou na janela olhando a minha rua, deserta como sempre. Com as poças da chuva de ontem. Quando olho para o peitoril eu vejo algo preto. Sim, era uma pena de corvo. Então escuto um ronco familiar, era o Porsche, e claro era dele. Aquele maldito vampiro estava vindo até mim!

Thomas estaciona no meio-fio e sai do carro. Usava jeans desbotado, camisa preta e seu casaco de couro com um corte diferente. Este toca a campainha onde tia Vivian atende e três minutos depois ela grita meu nome. Respiro fundo, resgato toda a coragem que há dentro de mim e desço as escadas tranquilamente como se nada tivesse acontecido, olhando para aqueles olhos cinzas que me encaravam também .

– oi - disse seco para ele, enquanto saía da casa.

– oi, vamos da uma volta no meu carro?

– Não vou entrar no carro de um assassino!

– É sobre isso que vim até aqui, quer andar então?

Comecei a andar na frente, e logo estávamos lado a lado. Tenho que confessar que estou apavorado, ficar do lado de um assassino, que foi criado para matar sem nenhum pudor, não era para qualquer um. Só que não era só por isso, aquela imagem de um Thomas com os olhos vermelhos como sangue, caninos afiados como agulhas e nas mãos...nas mãos tinham um coração. Aquilo não conseguia sair da minha cabeça, foi ele quem matou minha irmã, e as outras pessoas da cidade. Sobre isso tenho a pura certeza, mas infelizmente eu o amo ao mesmo tempo e isso estava me matando.

Chegamos ao lago Wiress, ficava dentro floresta. Sempre ia lá com meus pais quando eu era pequeno, era o lugar que eu mais gostava no mundo inteiro. Sorte minha de ter vindo com meu casaco, pois estava com uma temperatura muito baixa ainda. Paramos na margem do lago. Era deserto por causa do frio e da chuva.

– O que você quer comigo?

– Calma, quero só conversar

– Fale então

– Eu não sou essa criatura que você está pensando - disse ele se aproximando de mim e dei um passo para trás - Eu não mato mais pessoas, e não sou uma criatura horripilante , pode ver nos diários dos seus parent...

– Como você sabe que os meus avós e meu pai tem diários?

– Você sabe de pouca coisa ainda sobre sua própria história... Se quiser eu posso te mostrar ela toda...quer? - Thomas estende a mão para mim.

– E...eu - Seguro na mão dele.

A biblioteca dele era gigante, tinha livros que eram de séculos passados e ainda estavam em perfeito estado.

Tínhamos chegado na mansão - que os Castelanni compraram a pouco tempo - no carro de Thomas. A casa parecia ser antiga por fora, com as plantas trepadeiras subindo pelas paredes e por algumas outras brotando pela entrada da mansão, mas por dentro era totalmente diferente do que poderia se pensar. É tudo do mais alto luxo e modernidade que chega a impressionar qualquer nerd da escola.

Thomas vai para uma estante onde só havia livros antigos e empoeirados. Ele me surpreende dando um salto e pegando o livro da última prateleira, onde só pessoas normais conseguiriam pegar com uma escada e pousa no chão como um gato bem habilidoso. O menino fez isso como se fosse a coisa mais normal do mundo.

O garoto pega um livro bem grande e cheio de poeira. A capa era escura e havia alguns desenhos perturbadores. O livro estava em algum idioma bem antigo, pois eu não conseguia decifrar, e como Thomas era o único que conseguia ler aquela linguagem, deixei ele traduzir o que estava escrito ali para mim.

" A tempos remotos, tão remotos quanto a criação de Baltasar ,surgiram os caçadores. Eles são criação dos divinos (aqui é referência aos anjos), que tendem a exterminar as trevas em lugares onde eles não podem ir."

– Ok, Quem é Baltasar? - Perguntei.

– É... Meu pai... - Thomas respondeu ainda com olhar fixado no livro.

– Hum... Mas como tudo isso começou? - perguntei olhando para a obra.

– Está em alguma página aqui - Disse ele folheando o calhamaço - Está nesta.

" Tudo começou quando Miguel, um dos arcanjos de Deus, percebeu que os anjos não poderiam estar em dois lugares ao mesmo tempo e com o passar das eras a linha tênue que dividia o mundo espiritual e dos mundanos estava mais fortes aonde eles não poderiam mais intervir. Logo este decidiu fazer uma experiencia para ver se daria certo, o que acarretou grande êxito. Ele fez a conexão(significa sexo) com uma mundana nascendo um filho. Esta criança cresceu e apresentou algumas mutações que as outras não tinham. Então o trabalho do querubim foi concluído. Surgiu a raça dos caçadores. Criaturas que nasceram para aniquilar todas as trevas do mundo. Contudo os seus irmãos concluíram que ter só uma linhagem não bastaria, originando mais crianças descendentes de anjos. Graças a essa idealização gerou os clãs de caçadores."

– Então quer dizer que sou descendente de anjos? - disse ainda olhando para as imagens do livro.

– É... Mas existe muitas outras coisas no meio - falou Thomas fechando o livro

– Eu tenho muitas perguntas... - continuava a olhar para onde o livro se localizava

– Talvez...Talvez eu possa ter as respostas delas...

– Será?

Eu levantei o rosto e Thomas me olhava. Aquele rosto angelical, aqueles olhos cinzas profundos que me faziam pensar que ele olhava para minha alma. O rosto digno de um príncipe da mais alta realeza. Um deus grego, ou até mesmo um anjo das sombras. Sua beleza chegava a ser assustadora as vezes. Como um vampiro foi se apaixonar por mim? E eu por ele?

Nos aproximamos mais um do outro e nos beijamos. Lábios perfeitos. O garoto tinha o maior cuidado ao me beijar, mas algo dentro dele parecia querer se soltar. O meu corpo todo ardia, estava quente como se eu estivesse pegando em chamas.A cada centímetro que nos encostávamos uma corrente elétrica parecia passar pelo meu corpo, era algo maravilhoso. Thomas tinha passado um braço pelo meu pescoço e o outro segurava meu quadril; minhas mãos estavam sobre seu pescoço. Estávamos conectados de uma maneira que eu nunca tinha sentido com outro cara. Foi então que descobri que o meu lugar era nos braços dele, nos braços de um vampiro, de uma das criaturas das sombras, da pessoa que matou a minh....

Foi então que o empurro, eu havia lembrado que ele tinha feito a minha irmã. A pessoa que mais amei no mundo, a criatura mais doce e sensível que já conhecia. Ele a matou a sangue frio, sem nenhum escrúpulo.

– Eu...Me leva para casa. - Disse me afastando o suficiente dele.

– Mas...Tudo bem... - Ele me olhava fixamente.

Eu estava encarando as janelas molhadas com a chuva. Dentro do carro tinha uma áurea pesada. Chegamos em casa, eu saio o mais rápido possível e entro na casa. Minha tia estava na cozinha fazendo o jantar. Eu estava morrendo de fome, já que só tinha comido no café da manhã. Ajudei-a antes que ela queimasse alguma coisa e pedisse comida chinesa.

Segunda-Feira. Eu o veria de novo, entretanto para minha sorte Miah já se encontrava na escola. Ela estava encostada no carro como sempre ficava- quando não estava flertando com algum garoto. Esse final de semana tinha sido muito perturbador e horroroso. Descobri que minha melhor amiga é uma bruxa, eu quase morri com um ataque de vampiro e o cara que eu amo é um vampiro.

– Oi Nick - Falou Miah estendendo os braços - Que cara é essa?

– Miah eu...- Caí no choro - Não vou conseguir falar.

– Anda vamos sair daqui - Ela me puxou para um lugar mais afastado do estacionamento. - Agora fala

– O Thomas - Comecei a me controlar - Ele é um assassino, foi ele quem matou minha irmã. Miah ele é um vampiro.

– Mas o que? Como você sabe disso?

Eu contei tudo para Miah. Ela ouviu tudo sem falar nada, sem dar nenhum comentário. Só ficava me olhando e balançando a cabeça me encorajando a contar toda a história.

– Eu não to acreditando nisso... Como aquele desgraçado tem coragem de vir até essa escola?

– Miah, por favor finge que não sabe de nada, por favor.

– Desculpa Nicco, mas isso é impossível, eu te amo, para mim você é como um irmão que eu nunca tive e não vou deixar filho da puta nenhum chegar perto de você. Mesmo que você seja um caçador e blah blah blah.

– Miah para, é sério não tenta nada contra ele. Thomas é muito poderoso, eu sei que você pode sentir isso.

– Talvez tenha razão, mas o que faremos?

– Nada. O garoto só quer se sentir como se estivesse no ensino médio.

– Inacreditável, mas tudo bem, vou tentar me controlar.

– Obrigado

– Você está apaixonado por ele né? - Ela me olhava com uma cara indecifrável

– Sim... - Não conseguia esconder nada dela

Nos abraçamos e fomos a caminho do prédio da escola.

Tinha perdido o primeiro tempo de aula. O resto do dia foi tranquilo, Thomas não foi para o colégio. Na aula de história sua carteira estava vazia. Tantas pessoas no mundo, você tinha que se apaixonar por ele né Nicolau - pensei comigo mesmo. Na saída Miah estava ao meu lado, ela não queria me deixar sozinho um minuto se quer.

Uma semana se passou, Thomas havia sumido. Miah e eu pensamos que ele tinha ido embora. Eu não conseguia aguentar esconder. Sim eu me encontrava perdidamente apaixonado por ele, e não, eu não queria ter perdido o garoto para toda a minha existência.

Sorte minha eu estava enganado...


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Notas finais do capítulo

Desculpem me por não ter postado na semana passada. Espero que tenham gostado desse capitulo.



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