Falcão Dú Mon escrita por Gjoo


Capítulo 5
Capítulo 5 Um falcão mensageiro


Notas iniciais do capítulo

Gostaria que lesem até o fim do capítulo, pois esse foi o mais trabalhoso até então. Me desculpem pelos erros e insatisfação do que escrevi, mas levem em consideração que tive crise de criatividade e demorei três dias para publicar isso. Se divirtam e critiquem lendo.



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— Estou dizendo que posso dar conta!

— Não estou negando isso, só estou lhe dizendo da responsabilidade que você terá agora. Muitos alunos já passaram por isso, e suas escolhas finais foram as mesmas: ficar em Castrum Nubila. — não adiantava dizer mais nada para a diretora, era óbvio que Henry queria ficar na Terra, mas não queria se distanciar do colégio e dos amigos que conviveu esse tempo todo.

Seu pai não demonstrava humor algum, mas em sua mente queria que Henry falasse algo que determinaria tudo. Somente falavam na sala da diretoria, naquele momento, Henry e a diretora Halley.

— Não posso morar aqui! Meu lugar é na Terra.

— Você pode morar lá! Só estou dizendo uma opção — "está mais é me obrigando, isso sim" — aliás, você desenvolverá muito mais das suas habilidades se ficar aqui. — insistia a diretora.

Era óbvio que ninguém confiava nele. Não eram muitas pessoas de outras dimensões que ficavam em seus planetas. Henry sabia que poderia viver nos dois como sempre. Mas quando criança foi mais fácil, já que não tinha idade para frequentar a Castrum Nubila. O momento de decisão foi quando obteve sete anos e seus poderes já cresciam junto a ele. Sua mãe confirmava que não era bom para crianças comuns conviver com uma diferente, haveria muitas fofocas e descobririam a verdade de parte da família. Nem todos da família tinha algum poder, a maioria da parte do pai ou eram feiticeiros ou mutantes ou nasciam com forças especiais. Henry foi um deles, e já sabia disso quando percebeu que seus colegas de escola não soltavam fogos ou voavam. O pai teve que ensiná-lo a controlar, mas gostava quando seu filho surtava na escola e ameaçava alguém. Porém essa fase se passara.

— Ainda assim isso é só uma opção e escolhi morar na Terra. Não temos tanto dinheiro pra morar em Capsilypson. — disse Henry olhando para o pai de soslaio. Mesmo assim ele só observava apoiando a cabeça em uma das mãos, como se estivesse cansado. Mas era justamente o contrário que estava sentindo.

— Podemos pagar por metade do que for preciso para que fique aqui — "por que?" — e temos certeza que ficaria mais seguro nesse grande castelo — "isso ainda não é a resposta verdadeira" — e você sabe muito bem que poderá morar na Terra para sempre quando terminar seus estudos e treinos — "só daqui a quatro anos", Henry não se satisfazia com essas afirmações. Eram muito falsas, sabia que a diretora estava escondendo algo e tinha mais que certeza que era a descoberta dos outros mundos pelos terráqueos. Caso isso acontecesse, toda a responsabilidade cairia nela e nos seus pais. A proteção de Henry na Terra era quase nula, mesmo com sua família, pois não ligavam para ele e na escola não havia ninguém que conhecesse que estudava em Castrum Nubila ou que morasse em outra dimensão.

Hugo era mais amigável com Henry e mesmo assim o odiava, não sabia o real motivo de ele suportar tanto seu irmão, mas toda vez que ficavam juntos o olhar de ódio caía sobre ele. Sua mãe o amava, mas nunca ficava satisfeita com ele. O pai o ignorava mais que o cachorro, nem sabia se estava no colégio por causa de seu filho ou dele mesmo, a segunda sugestão era a mais provável. O restante da família nem sequer falava muito com ele. Mas Henry não ligava, aliás tinha tantos parentes que nem sabia quem eram a maioria, seu futuro não seria com eles. Planejara ficar o mais longe da família quando se formasse na escola e terminasse os estudos em Castrum Nubila. A escola na Terra estava mais perto de acabar e ele teria que morar no castelo para completar os outros estudos.

— Diretora, eu sei muito bem o quanto esse castelo protege e sei mais ainda do mundo que perderia se morasse aqui. A Terra não é tudo de ruim que falam. O que vocês ensinam sobre Ela ainda é antigo. A coisa mais recente que estudei sobre ela foi a Guerra Fria, na qual todos aqui pensam que ainda continua e outras ainda acham que Hitler está vivo. Posso falar das pesquisas que fiz enquanto vivo por lá, e ainda assim só seria aceitado aqui depois de dez anos que o fato aconteceu.

— Se duvida do que ensinamos...

— Eu duvido de muitas coisas daqui, mas não é a educação! Estou falando do medo de vocês! Há muitos poderosos aqui, mas nenhum para ir lá fora e enfrentar Baknor... ou o Louco... — nesse momento Henry foi interrompido por um homem que acabara de chegar na sala, usava terno marrom e sapatos castanhos lustrados, era calvo com cabelos escuros nos lados, e usava óculos redondos.

— Com licença, diretora, mas temos um aviso importante para lhe dar.

— Me desculpe, Sr. Gray, mas estou um pouco ocupada no momento...

— Não posso esperar, me desculpem, mas pode até ser do direito do garoto saber, aliás é sobre a ave dele.

— Minha ave? — perguntou Henry.

— Sim, olhe na janela.

Tinha uma ave branca e bonita voando no lado de fora da janela, ela rodopiava no ar e depois foi na direção deles se encontrando na borda do parapeito. Era o falcão desconhecido que sempre visitava Henry onde quer que ele esteja. Nunca soube o nome ou o dono, mas a via sempre no ar rodopiando livremente e quando o via ela ia na sua direção. Às vezes pedia comida e noutras trazia cartas desconhecidas enroladas por um fio nas suas patas. Havia manchas em sua frente como pingos de chuva negra e o restante da penugem era branca. Quando a janela se abriu o falcão voou para a mesa.

— Tem uma mensagem. — disse Henry.

— Vimos ela agora pouco, justamente quando soubemos da notícia do desaparecimento e quando a vimos ele nos seguiu no ar.

— Que desaparecimento? — perguntou a diretora.

O Sr. Gray apontara para a mensagem presa no falcão. Não era preciso saber que a ave trazia a mesma notícia que o homem desajeitado. Sempre que acontecia algo, ela aparecia. Normalmente avisando de um perigo ou alertando a alguém próximo a Henry. Ele desembrulhou o papel e o leu. Era do Oton, ele estava vivo e escondido na casa dele. Disse também que Devor foi morto procurando-o e viu o Louco matá-lo. Aquela parte foi um choque para Henry. "Como ele pode ter visto matar Devor e não fazer nada?". A mensagem seguia com Oton explicando que o Louco não o achara, e saiu depressa rindo, logo após sua saída apareceu um garoto que observou o Falcão Dú Mon estatelado no chão. Parecia que estava sem vida e quando girou seu rosto para ver melhor, o garoto sorriu e correu para fora da casa. O velho achava que Devor foi procurá-lo por causa das pistas, achava que finalmente desvendara, e de fato quando descobriu já estava morrendo.

Os outros leram a carta também, e surpreso seu pai mudou sua expressão. Estava mais inquieto e muito perturbado.

— Eu li a notícia da morte dele hoje quando chegamos — falou Henry.

— Não há mais esperança para Galactus agora — falou a diretora.

— Ele não estava aqui?

— Esteve de manhã e até enviou uma carta para seu irmão Hugo, mas esperávamos que ficasse para esperá-lo, e então soube de algo que o fez ir rapidamente para as saídas do castelo.

— Ele não é louco de ir atrás do Louco — falou Michael, pai de Henry — tem muita coisa estranha nesse caso — e voltou a refletir ignorando a todos.

O falcão ficou atento e ouvindo a todos, depois abriu as asas e partiu para fora da janela. "Onde será que ele vai?" Henry nunca sabia o propósito daquela ave, sempre aparecendo misteriosamente.

— Bem, terei que ir atrás dele agora. Gray, chame o Linus para ficar no meu lugar, e Michael vou precisar do seu filho, se me permite.

Seu pai não pareceu surpreso, mas hesitou um pouco na resposta.

— Mas é claro! Também irei por precaução.

E assim todos saíram terminando aquela discussão e a conversa da diretora se estenderia para outro dia. Henry voltou para sua sala, mesmo que quisesse ajudar também, mas ainda era muito novo e não poderia sair de Castrum Nubila sem autorização de alguém em estado maior. Seu irmão poderia, pois era o último ano de Hugo naquele castelo... ou não. Ele pensava em trabalhar como professor e ensinar magia superior. Era considerado um dos dez feiticeiros mais poderosos da atualidade e o vigésimo quinto de todos os tempos. Ninguém superava os Três Irmãos no ranking, foram os primórdios da magia superior. Porém Hugo tinha a maldade no coração e o fazia ser um mestre das trevas.

Desceu as escadas da torre da diretora e atravessou uns sete pátios. passou ao lado do Lago Azul, O Oestrich, e no caminho encontrou Maes.

— Resolveram alguma coisa? — perguntou ela.

— Não ainda, mas agora isso não vai importar muito.

— Por que?

— Porque Oton mandou uma carta pelo falcão sobre a morte de Devor e a diretora se preocupou com o Galactus e estão a caminho dele — Henry não se incomodou tanto pelo desaparecimento e agora se sentia sujo.

— Ele desapareceu? — perguntou Maes.

— Sim... Mas ainda não se sabe muito dele. Ele pode ter só ido cedo hoje e vai voltar logo.

— Mas Henry, isso é preocupante. Galactus não está muito bem ultimamente e você sabe que ele adorava Hugo... — falar do seu irmão pareceu tê-la feito repensar nas palavras — q-quer dizer, ele também te aprecia.

— Não. Ele prefere Hugo à todos. Deve ser por isso que seu filho desapareceu.

— Henry! — censurou-o Maes, mas parecia, pela sua expressão, que sabia que Henry falava a verdade. O filho do Galactus era tão discreto que muitos achavam que o pai o escondia. Seu pai nunca falava dele, e ninguém sabia qual era seu nome. Talvez Oton saberia, ele é o homem mais inteligente que Henry já conhecera, porém era o velho mais rabugento também.

— Preciso ir pra minha sala.

...

Quando chegou da escola, Elisa foi correndo direto para o seu quarto. Olhou se não havia algum de seus irmãos e deitou-se na sua cama. Seu quarto era pequeno, não tinha muitos detalhes a não ser as caixas da mudança, ainda não abrira todas. Ali o cheiro de mofo era mortal e Júnior tinha um chulé quando estava descalço. Não aguentando estar mais lá, ela saiu para o banheiro e trancou a porta. No espelho analisou melhor sua nova cicatriz... ou tatuagem, não sabia o que era exatamente, mas via nitidamente que era um símbolo anormal. A luz do banheiro estava quase queimada, pois piscava com mais frequência agora. Ainda faltava muita coisa pra endireitar aquela casa, mas agora Elisa tinha que se endireitar. "Quando foi que ganhara aquilo exatamente? E que tipo de símbolo seria?" O medo a possuiu, era de assustar. Não podia ter simplesmente aparecido. E o médico pareceu falar a verdade o tempo todo. "Qual é o significado disso?" pensou ela depois que se encorajara um pouco para argumentar algo.

O dia no colégio foi tranquilo. Ninguém notara sua marca e todos acreditaram que ela estaria bem. A desculpa da falta do café da manhã tinha enganado a todos, mas mesmo assim não era bom ter muita confiança. Mark a olhava preocupado, não era má pessoa, só queria ajudar. E Shanna tinha sido agradável depois da aula, mas duvidou mais disso quando seus amigos viram seu pai com o carro velho para não aparentar que era roubado. Tinha descoberto que pertencia a um tal de Elijah, pois as cartas de multa ainda estavam no carro. Também vieram no veículo seus irmãos: Júnior, Carlos e Franco.

Ninguém da família notara também, e isso era melhor do que seus novos amigos saberem da marca. Para os pais incompreensíveis aquilo significaria uma nova moda da escola. Censurariam e gritariam com ela sem perdão. Eram tão maus quando irritados que não dava para ver que eram humanos. E seus irmãos só seriam mais cruéis rindo e falando pelas costas.

Elisa tentou lavar sete vezes aquela marca e não fez efeito algum. Arrepiou-se quando estava desesperada e um fino brilho piscou na testa. Seria reflexo do espelho? Era difícil determinar tão rapidamente, e quando sua testa já começara a doer ela decidiu parar e esperar que saísse sozinho.

Franco batia na porta pedindo pra entrar enquanto ela aproveitava para urinar. Os banheiros do colégio eram limpos, mas não teve vontade de ir. Quando saiu e seu irmão correu como um vulto para dentro do banheiro, ela foi para o quarto. Estava só e com a cabeça no travesseiro. De repente ouviu um barulho de algo batendo em vidro e olhou para a janela. Havia uma ave bicando a vidraça. Aquilo foi estranho, Elisa esfregou os olhos e tentou observar melhor. Parecia que queria entrar. Um pouco assustada ela se aproximou para ver melhor. Sem querer tropeçou num colchão e bateu o braço na lateral da cama.

Era de madeira aquela parte e se quebrou. Seu braço doeu muito e sem perceber que a ave bicava mais ainda, Elisa esfregou o braço e tentou ver se não havia ninguém a olhando. O barulho foi abafado por um som maior do Charlie chorando. Observou que a ave era um falcão e estava um pouco irritada.

— Xô! Sai!

Não adiantava e o falcão continuava ali, bicando mais forte.

— ABRA!!!

Elisa pulou para trás, quase tropeçando de novo, e gritou mais alto do que Charlie. Ouviu passos andando pela casa e correndo para seu quarto. Sua mãe surgiu na porta.

— O que foi?

— É esse falcão na janela — apontava para onde a ave estava, mas já havia sumido quando a mãe chegara.

— Que falcão? Está falando de alguém da família?

— Não... é que... estava lá — não queria falar mais nada agora, sabia que ninguém acreditaria e pioraria se contasse que a ave falou para ela abrir a janela.

— Ela está louca, mamãe! — Charlie apareceu no lado da saia da mãe apontando para Elisa.

...

Henry já tinha chegado em casa com os irmãos e o pai não aparecera nem Hugo. Edgar teve que acompanhá-lo com os outros. "Onde será que estão agora?" se perguntava Henry enquanto abria a porta de casa. O falcão agora o seguia para casa, voando no ar. Provavelmente ele iria para o telhado se abrigar. Tinha notado ele quando chegaram no quarteirão, e vinha muito rápido.

...

— Não sei se vai dar certo — respondeu Hugo ao pai que estava ao seu lado no escritório de madame Fann.

— Temos um relatório incompleto dele, e não temos nada sobre seu filho a não ser o nascimento. O nome não está aqui — disse madame Fann entregando os papéis à seu pai.

— Sabe alguma... — ia falando a diretora.

— Do Louco? Não — completou a madame — não temos todos os dados aqui, só os de Capsilypson.

— Está bem, pode deixar guardados para nós? Vamos precisar mais tarde disso, será útil — disse a diretora — Agora teremos que nos arranjar em ir à Terra — disse quando saíram para a ir ao portal.

— Não temos tempo para portais — disse seu pai — eu e Hugo podemos levar você junto, segure nos braços — estendeu o braço curvado para ela e Hugo fez o mesmo, a diretora segurou os dois braços nos deles — e agora vamos no três. Um... Dois... TRÊS!

Se teleportaram para a Terra, mais precisamente em frente da casa do Oton, O Velho Rabugento. Foi muito rápido, num instante estava em Capsilypson e depois sentiu seu corpo gelar e viajar na velocidade da luz e antes que se passasse um segundo estava em solo firme e quente, normalmente eram assim os teleportes.

Chegaram num lugar cinzento e com ar triste. Parecia mais um fim de batalha. Seu coração bateu forte, mas não foi reconfortante. Na estava de tarde, o sol já iria se pôr a qualquer momento com sua iluminação fraca. O vento batia forte por uns instantes. Seu pai começou a andar fazendo o solo ruir contra pequenas pedras. Havia uma única casa naquele local onde estavam, que era numa montanha, e aparentava pobre e fraca, pois era de madeira negra com telhados de pedra cinza. Ao se aproximarem ouviram tosse de um velho e perceberam que era Oton.

— Mas vocês são burros? — disse com o som familiar daquelas palavras com sua voz.


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