Por experiência própria eu posso afirmar como é empolgante entrar em uma biblioteca e acredito que quem me acompanha até esta altura deve sentir o mesmo. Quanto maior é abiblioteca, maior é o conhecimento que você pode adquirir e maior é o tempo que você vai querer passar dentro de uma, pelo menos no meu caso. Todos esses sentimentos enraizados em nossas cabeças, também estavam em nosso pequeno mago, Philip, o qual olhava impressionado ao adentrar a biblioteca do Reino da Nuvem. O brilho em seus olhos não era o suficiente para descrever tamanha emoção e para que você meu amigo possa usufruir da mesma, vou descreve-la de forma que no final da descrição (se meu trabalho como bom detalhista for alcançado), você também se sinta como um visitante desta biblioteca. Como já a visitei algumas vezes, acredito que meu dever se torne um pouco mais fácil, apesar de manter a mesma responsabilidade.

Eram milhares de corredores, tantos que quase fugiam do nosso campo de visão. Cada corredor também parecia não ter fim, quase como se você olhasse para o mar em direção ao horizonte e de repente ele desaparecesse, apesar de ainda estar lá. As estantes eram feitas de nuvens, mas não uma nuvem qualquer, e sim uma nuvem encantada especialmente para a biblioteca, de modo que ela pudesse absorver a poeira doo livros quando os mesmos precisassem. Cada uma dessas estantes tinham aproximadamente cinquenta prateleiras, uma acima da outra. Quanto a ambientação, as luzes eram logicamente providas de magia, como a que apresentei a vocês durante a festa em Outrora. Muitos quadros, flores, além de muitos outros enfeites, porém, um deles sempre chamava a atenção. Logo na entrada, era possível ver no centro da biblioteca uma estátua quase tão grande quanto uma das estantes, de um mago que simplesmente foi o maior que já habitou os oito reinos: Merlin. Confesso neste momento que é a minha estátua favorita.

As pessoas também era bem diferentes daquelas que estavam do lado de fora do castelo, pois enquanto algumas apenas caminhavam sobre o solo branco da biblioteca, outras voavam sobre os corredores, que partiam desde crianças muito pequenas até os mais idosos.

Bem, espero que eu tenha causado a impressão que desejava em vocês, caso contrário peço sinceras desculpas. Mas voltando aos dois personagens principais neste momento...

– O que acha, Philip? – disse Rafael com um sorriso enquanto entravam na biblioteca.

– É incrível! – respondia o jovem com toda aquela visão apresentada a pouco.

– Bem, nosso treinamento começa aqui. Então você poderá se familiarizar com ela aos poucos.

Então Rafael começou a olhar para os lados, como se procurasse alguém, e como não seu alvo não se encontrava em sua visão, decidiu chamar por seu nome.

– Michaela!

Ao chamar por este nome, uma moça apareceu de repente bem diante de nosso dois magos, porém, somente o mais jovem levou um susto. Ao contrário de como a maioria das pessoas nos apresenta um bibliotecário, esta não era velha e rabugenta, mas sim uma garotinha muito pequena que não parecia ter passado dos onze anos ainda, e seu carisma era uma marca registrada.

– Ohh! – disse a pequena admirada ao olhar para Rafael – Rafael a quanto tempo! – disse desta vez se jogando nos braços de Rafael que a acolheu com muita alegria.

– Olá Michaela! – disse Rafael enquanto afagava a cabeça da garota – Estou feliz por ver você!

Os dois largavam risos como se já se conhecessem a muito tempo, quase como uma ligação de parentesco, e depois de alguns segundos de pura alegria, Michaela olhou para o lado e notou Philip, o qual olhava para os dois atentamente. Rafael notou que os dois se olhavam e percebeu que este era o momento certo para apresenta-los.

– Michaela, este é meu novo aprendiz, Philip – disse em direção a Michaela mas depois se voltando para Philip – Philip, esta é Michaela. Eu a ajudei quando ela ainda era mais nova.

– Mais... nova? – disse Philip olhando para a garotinha que claramente para ele não passava de onze anos.

– Sim! – disse Michaela com um sorriso – Eu tenho cinquenta e três anos!

– Tão jovem ainda! – dizia Rafael enquanto apertava as bochechas da “jovem” garota.

– Professor, todos os magos aqui são muito mais velhos do que parecem, não é mesmo? – perguntou Philip um pouco tímido desta vez por perceber que ele provavelmente agora era o mais jovem entre todos os presentes.

– Em partes você tem razão, assim como eu também sou mais velho do que pareço. Somente os grandes magos vivem mais do que o normal, e as vezes até para sempre se esse mago for incrivelmente sábio. Isso ocorre quando ele atinge seu estado de “sabedoria completa”, ou seja, ele sabe muitas coisas sobre a magia e tudo o que o cerca. Quanto mais ele aprender, maiores são as chances de viver mais.

Philip achou interessante o modo de como a idade agia nos magos, pois desta forma era possível fugir dos medos populares como a meia-idade ou as dores nas costas quando se vai envelhecendo, apesar de que cedo ou tarde elas chegam, acredite, eu sei.

– Mas Rafael, – disse Michaela puxando a gola da camisa do professor – o que estão fazendo aqui?

– Ah, eu quase já ia me esquecendo, Michaela. Quero que mostre alguns livros de magia para Philip, para ele estudar um pouco. Já que amanhã cedo teremos um treino prático, gostaria que por enquanto ele aperfeiçoasse sua magia.

– Ahn? – disse a garota encarando Philip um pouco desconfiada – Ele não é muito novo pra aprender magia? – disse como se abusasse de seu poder.

– Deixe de ser prepotente, sua velha! – gritou Philip mostrando a língua para a garota, enquanto ela e Rafael riam do jovem.