Neste momento os únicos que ainda faltaram ser relatados nesta história foram Philip e Rafael, porém, desejo tratar disto agora mesmo.

Philip e Rafael, logo após de deixarem Lara e Asha para trás, reapareceram em um lugar tão peculiar quanto aquele em que Lara estava neste momento. Philip sentia o vento bater bem mais forte do que o normal, fora a sensação de que não estava mais em Outrora. O professor de magia olhou em direção ao seu aluno e com um sorriso o avisou para tomar cuidado onde pisava, caso contrário seria bem difícil de voltar para cima. Essa última palavra fez um eco na mente de nosso aspirante a mago, o que o fez olhar onde exatamente estaria pisando, e assim que o fez, se impressionou ao perceber que seus pés não estavam mais sobre o solo de Outrora como antes já duvidara, mas sim em algo muito mais diferente do que terra, já que este terreno parecia um pouco mais macio e totalmente branco. Para Philip, este lugar não poderia ser outro além...

– Este é o Reino da Nuvem! – disse Rafael, ao mesmo tempo em que um tipo de portão, feito do mesmo material que seus pés pisavam se abriu diante deles.

Cada lado do portão era guardado por uma pessoa vestida com uma túnica branca com um pequeno broche, o qual mostrava o desenho de uma nuvem em formato de coroa. Os guardiões do portão possuíam asas, as quais eram bem evidentes, ao contrário das de Rafael que apareciam somente algumas vezes. Philip observava tudo atentamente e maravilhado, pois estudara muito sobre este lugar e já fazia parte de sua lista de desejos a muito tempo poder visita-lo.

– Rafael, há quanto tempo! – disse um dos guardas alegre em ver um velho amigo.

– Olá, Tares, Kiriel! Realmente faz muito tempo – disse ele para os guardas.

– O que o traz novamente ao nosso reino, Rafael? – disse o outro guarda – Não me diga que está enferrujando de novo e precisa da água abençoada...

– Água... abençoada? – disse Philip.

Rafael tentou evitar este assunto por enquanto, por isso tentou mudar o rumo da conversa apresentando Philip a eles como seu novo discípulo, além de solicitar uma audiência com o rei daquele reino.

– Uma audiência com Melquior? – disse Tares – Sem problema, ele também ficará feliz em revê-lo. Entrem e fiquem a vontade para andar pelo reino o quanto quiserem antes de irem para o castelo.

– Obrigado, Tares, – disse Rafael – mas desta vez eu estou com um pouco de pressa!

Kiriel notou que Rafael aprecia estar sério com relação a essa afirmação.

– Ora, Rafael! Nunca vi você tão sério como agora. – disse rindo – Mas tudo bem! Faça o que quiser.

E passando pelo portão, adentraram a cidade do reino da nuvem. Philip continuava olhando e percebia que estranhamente a maioria das construções da cidade não eram feitas de nuvens, mas sim um material comum, como o de casas comuns, o que o fazia pensar como transportavam essas coisas para um lugar tão alto como aquele reino.

No entanto, as casas feitas essencialmente de nuvens pareciam tão resistentes quanto as outras que não eram, fato mais do que confirmado quando viu que um homem corria atrás de um cavalo que parecia estar fugindo do dono. O cavalo estava correndo e acabou por passar dentro de uma dessas casas de nuvens, provocando um grande buraco na mesma. No mesmo instante em que isso aconteceu, as nuvens próximas ao local começaram a se mexer, e em questão de segundos o buraco já estava totalmente fechado e a casa restaurada.

– Você ainda terá tempo para aprender mais sobre este reino, – disse Rafael – mas por enquanto vamos para o castelo.

Depois de andarem um pouco mais, já haviam chegado ao interior do castelo e estavam de frente com o rei.

– Rafael! – disse Melquior – A quanto tempo não o vejo.

Philip olhava aquele homem: velho, barba e cabelo ambos acinzentados, uma túnica parecida com a dos guardas, porém com alguns acabamentos mais refinados. Ele parecia ter muito mais conhecimento das coisas do que seu próprio professor. O castelo todo era feito de blocos de pedra como os castelos que normalmente conhecemos, e algumas decorações como janelas e portas eram feitas de nuvens, deixando o ambiente muito mais encantador.

– Meu rei! – disse Rafael se curvando e puxando Philip de modo que fizesse o mesmo – Estou aqui para lhe fazer um pedido. Este é o meu novo discípulo, e eu gostaria de ter acesso as bibliotecas do reino para que eu pudesse treiná-lo.

Philip levantou um pouco sua cabeça para poder ver o rei, porém ao fazer isso viu que o mesmo o encarava fixamente, o fazendo voltar seus olhos novamente para o chão.

– Ele parece ter um bom potencial... – disse o rei.

– Sim! – confirmou Rafael – Ele é portador do espírito de Poseidon.

Os guardas que estavam na mesma sala que nossos amigos se impressionaram com a notícia, inclusive o próprio rei.

– Poseidon? – disse Melquior – Isso é impressionante... Rafael, se utilize de nossa biblioteca o quanto precisar.

Rafael agradeceu a generosidade do rei e se retirou juntamente com Philip.