Rafael daria um tempo para Philip começar a estudar, de modo que Michaela o auxiliasse durante o processo, porém, antes que deixasse os dois sozinhos, conversou com seu aprendiz a respeito de suas ferramentas mágicas. Elas seriam uma das principais responsáveis pelo armazenamento de espírito necessário para o transformar em magia. Disse um dos principais porque outro meio seria o próprio corpo, no entanto, o armazenamento excessivo de espírito dentro do mesmo seria o mesmo que colocar sua vida em risco. Também explicou o motivo dos demais alunos de magia não terem um item como esse, pois por estarem no começo de seus treinamentos, acumular uma grande quantidade de espírito não seria necessária e muito menos possível. Como Philip não se enquadrava mais ao caso, teria de providenciar uma dessas ferramentas para ele.

Ao olhar para um canto, Rafael viu um bastão de madeira com uma pequena esfera em sua ponta, assim como seu cajado mágico, e rapidamente o levitou até ficar de frente para o jovem mago. Assim que Philip o tocou, a esfera passou a brilhar mais e o cajado que antes parecia velho e empoeirado se transformara em algo que parecia ter acabado de ser fabricado. Michaela dizia para Philip que todo mago precisa de uma ferramenta mágica, apesar de não precisar ser necessariamente um cajado. Logo, qualquer objeto teria a possibilidade de se tornar mágico, desde que fosse refinado com magia durante o processo de fabricação. Obviamente nem todos também podem forjar uma ferramenta mágica.

Após esta longa explicação, Rafael se retirou, deixando seus dois amigos por conta própria. Philip ainda parecia não gostar muito da pequena “garota”, no entanto, sabia que ela seria a única forma de aprender mais sobre magia naquele momento. Enquanto caminhavam entre os corredores da biblioteca, Michaela o encarava seriamente, de modo que foi impossível Philip não notar.

– Porque você fica me olhando desse jeito, Michaela? – disse Philip um pouco exaltado.

– Você... Não é como os outros, é? Por isso eu acho que Rafael te escolheu.

Philip retomou a postura e percebeu que apesar das diferenças de idade e provavelmente de poder, Michaela ainda parecia ter a mentalidade de uma criança, no final das contas.

– O que você quer dizer com isso? – disse Philip que também mantinha os olhos fixos na garotinha.

– É muito difícil seu professor querer ensinar uma pessoa tão jovem assim. Logo, acredito que você possa representar alguma coisa para ele.

De repente Michaela parou de andar, pois já estavam no corredor de onde Philip começaria a aprender mais sobre magia.

– Veja, Philip! – disse Michaela apontando para o extenso corredor – Aqui você pode encontrar tudo o que precisa para começar a aprender. Esta sessão é para iniciantes, então fique a vontade para ler qualquer livro desta parte.

– Ahh! Este corredor parece muito grande! – disse Philip com um suspiro – E se eu precisar de um livro no final do corredor?

– Não se preocupe. Na biblioteca do Reino da Nuvem você não precisa ir até seu livro... Ele vem até você! Vamos ver... – Michaela olhava para os livros – Qual sua especialização de magia?

– Minha especialização? – Philip ficou pensativo por alguns segundos – Acho que talvez seja magia de água...

– Tudo bem, eu sei de um bom livro para começar. Magias de água: nível 1! – gritou ela por último.

Então todos os livros do corredor começaram a se mexer como se a condição de objeto inanimado não existisse para eles. Na verdade, eles pareciam estar muito inquietos, como se estivessem bagunçando ou algo do tipo. E foi entre toda a confusão que um dos livros veio voando em direção de nossos dois jovens magos.

– Eles fazem muita bagunça! – reclamou Michaela ao mesmo tempo que pegava o livro que chegara até eles – Mas aqui está! Este livro é um bom começo para quem ainda não sabe muita coisa. Caso precise de outro, basta dizer bem alto o que procura. Se este corredor tiver tal livro, o mesmo virá até você – disse desta vez com um sorriso. Agora preciso ir! Acredito que você já saiba tudo o que precisa para estudar aqui.

– Sim! – disse Philip um pouco envergonhado e ao mesmo tempo surpreso por ver aqueles livros incomuns – Obrigado! – completou ele.

Michaela retribuiu o agradecimento com outro sorriso, e se virando de costas para Philip, tomou o rumo da saída da biblioteca.

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Philip não tinha tempo a perder. Apesar de ter aprendido coisas o suficiente para confundir sua cabeça, sabia que todo segundo dentro daquela biblioteca deveria ser aproveitado. Sentou de modo que ficasse encostado em uma das estantes com o livro em suas mãos e começou a primeira parte de um treino que o levaria rumo a um novo patamar da magia.