Desde Meus Oito Anos. escrita por Tribitch


Capítulo 2
O morro


Notas iniciais do capítulo

reparem que o Augusto não viu de forma safadjnha a proximidade entre os dois u.u
vou tentar postar o proximo até a semana que vem (e não demorar meses igual a minha outra fic...)
Nome do próximo cap.: Parque de diversões, ou quase isso.
A*T*E*N*Ç*Ã*O*
O EPÍLOGO DESSA HISTÓRIA ESTÁ EM OUTRA HISTORIA NO MEU PERFIL!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/476886/chapter/2

O morro

Eu estava sentado na sala vendo Tv, Castelo Ra-Tim-Bum e logo depois O Mundo de Beakmen. Isso sim era tv de verdade! Quando a minha mãe veio correndo da cozinha com cara de choro, ou melhor, já estava aos prantos. E começou a procurar as chaves do carro.

– oque houve mamãe? – perguntei

– seu tio Paulo, está no hospital. Temos que ir pra lá! – disse minha mãe agora com as chaves na mão. Ela não parecia muito bem para dirigir, mas um parente está no hospital é melhor deixar de lado certos detalhes.

Eu e ela seguimos para o carro, ela ligou e saímos de casa. O hospital não ficava longe de casa assim, no máximo 5 minutos. Tentei perguntar um pouco mais do que aconteceu.

– mãe, o que exatamente aconteceu om o tio Paulo? – minha mãe pareceu que iria parar o carro com tudo para começar a chorar de novo, mas ao invés disso ela olhou pra mim rapidamente e disse:

– tiros. Um no tórax e outro no pescoço. Talvez... Talvez... ele não sobreviva. – agora ela estava com lagrimas nos olhos. Estava com medo de que ela não enxergasse devido à camada de agua nos olhos dela.

Chegamos ao hospital, minha mãe nem parou na recepção, foi direto para o quarto do tio Paulo. Quando fui atrás da minha mãe, na sala estava ele e o medico. Mais ninguém. O que eu estranhei, já que era pra minha tia e meu primo estarem lá.

Cheguei mais perto dele, e o medico apenas nos observava. Vi que ele sentia dor, mas achei que não era dor física, talvez ele sentisse dor por estar abandonando a mulher e os filhos. Mas nos olhos dele dava pra ver que ele estava de alguma maneira, sereno, como se tudo aquilo fosse apenas mais uma parte entediante da vida.

Ele fez menção de falar, então fui para mais perto. Ele soltou uma espécie de pigarro antes de começar a falar.

– cuide dele pra mim, por favor. Seu tio não irá sair dessa. – disse com um sorriso terno. Seria estranho dizer isso para uma pessoa de oito anos, mas sempre tive a fama de ser mais maduro do que a maioria das pessoas da minha idade. Mandar uma pessoa de oito cuidar de alguém de 14...

Enquanto pensava na promessa que meu tio me incumbiu de realizar, escutei o aparelho de medir os batimentos cardíacos oscilar em seus costumeiros ‘’pip---pip---pip’’. Meu tio estava indo embora lentamente, sendo tragado pela morte. E quase não dou conta que não havia respondido a pergunta dele.

– eu prometo tio. Até o fim da minha vida. – e assim meu tio se foi para sempre. Com um sorriso no rosto. Eu com uma promessa que cumpriria até o fim da minha vida e minha mãe chorando ao lado do corpo de meu tio. Tudo que assustaria qualquer pessoa de oito anos, até mesmo pessoas maiores que isso. Mas não a mim.

Depois de quase uma hora fomos direto para a casa da minha tia Bianca, que agora sabia da morte de seu marido. Porém quem dirigiu foi a enfermeira que tinha acabado de sair de seu turno, comovida com o acontecimento ofereceu-se para levar a gente até lá.

Chegamos à casa da minha tia, ela estava esperando a gente no portão, sem chorar, oque achei estranho. Continuamos a andar até a sala onde ele se jogou nos braços da irmã, minha mãe, e juntas lamentavam a morte de mais alguém da família.

–Aceita um copo d’gua? Hãn... – disse tentando fazer a enfermeira dizer o próprio nome.

– Martha. E sim, se não for incomodar.

– claro que não, venha – disse indo para a cozinha. Peguei um copo com agua e ofereci à mulher.

Conversamos até dar 18h20min, hora que o Vitor chega da escola, estava com medo de como seria sua reação. Perder o pai nunca é fácil, não que eu saiba como é, não conheci meu pai e isso nunca me incomodou, rendia até umas piadas.

Fiquei sentado à cozinha até vir um Vitor correndo para a cozinha que sua mãe agora o agarrava, já que minutos antes viera buscar um copo de agua. Eles ficaram ali, abraçados alguns minutos. Até a mãe fizer a mesma coisa que seu marido fizera horas atrás. Uma promessa. Prometera que iria ficar tudo bem. Vitor saiu correndo para a rua e sua mãe sem se preocupar, deixou.

– aonde ele vai tia?

– sabe o morro no final da rua? Ele gosta de lá... – disse ela tentando parar de chorar.

– não tente parar de chorar. Chore mais, isso melhora as coisas. – disse isso e fui atrás de Vitor, torcendo para encontra-lo. Encontrei no lugar dito antes. Estava lá, sentado abraçando a si mesmo. Hesitei um pouco antes de falar.

– Sua mãe disse que você estaria aqui. – disse sem me mover. Ele ficou encarando eu, não sabia se era por que ele se assustara comigo ou se apenas estava ignorando a realidade e mergulhando num mar de pensamentos.

Me aproximei um pouco, fiquei a uns dois metros de distancia. Não sabia se ele queria ficar sozinho. Me aproximei mais ficando ao seu lado e resistindo a vontade de abraça-lo.

Acabei abraçando ele, sem dizer nada. Apenas abracei e ele retribuiu o abraço. Com força. Sem dizer nada, ficamos assim um tempo. Tempos suficiente para o pôr-do-sol virar noite. Não sabia quanto tempo mais ele iria ficar chorando, então decidi falar algo:

– Vitor esta tudo bem okay? Na verdade não está, você perdeu alguém que você ama, isso não é qualquer coisa, mas você precisa... – ia falar ‘’superar’’ mas não é a hora ainda. Então acabei por dizer:

– chorar mais! Chore o quanto você aguentar, chore até desmaiar!

E o contrario aconteceu, ele parou de chorar. Só ficando abraçado a mim. Ele era bem maior que eu, então não ficava muito fácil de me mover, o máximo que deu foi passar a mão em seus cabelos. Olhei para o relógio e já era 21h00min, acho que já esta na hora de ir e enfrentar mais um pouco da situação.

– Vitor, vamos? Sua mãe precisa de você... – disse a ele querendo ser simpático, afinal era a primeira vez que eu fico tão próximo dele assim.

– Vitor? – ele dormiu. O que eu não acreditei. Eu era maduro, mas não era o Super Men, não aguentaria o peso dele.

– Vitor, vamos lá, acorde! – ele acordou meio perturbado, devia ser pelo que acontecia.

Ele acordou e fomos para a casa dele, ele ainda apoiado em mim. Chegamos lá fomos diretos para o quarto dele, onde ele tirou o tênis e sentou na cama do mesmo jeito do morro. Abraçando a si mesmo. Não tive escolha, ele estava precisando de um abraço. Eu e essa mania de querer ajudar os mais fracos. Eu tinha oito anos, era pra eu estar brincando de pega-pega e não servindo de apoio moral para um adolescente de 14 anos. Fui até ele e sentei ao seu lado, passei um braço por trás dele e imediatamente ele se recostou em mim. Ele estava triste e eu tinha que ajuda-lo. Eu tinha que ser a base dele por hora. E assim eu fui, não só aquela vez, como varias outras.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

estou me acostumando escrever em primeira pessoa, então pode haver erros de conjugação de verbos e tals.
mas vou melhorando a cada capitulo :3
até maisney
A*T*E*N*Ç*Ã*O*
O EPÍLOGO DESSA HISTÓRIA ESTÁ EM OUTRA HISTORIA NO MEU PERFIL!!!