Vitor- prologo –

Vitor tinha acabado de chegar da escola, era 18h30min da noite, iria fazer o que sempre fazia: pular o muro dos fundos da casa, passar pelo cachorro, fazer um carinho nele, passar pela mãe e dizer ‘’cheguei’’ e ir até a sala para abraçar o pai. Tudo como de costume.

Mas hoje Vitor veio com uma velha amiga, Raquel, assim não pulou o muro e iria entrar pelo portão da frente. Quando deixou sua amiga na casa dela, seguiu para sua casa, mas assim que virou a esquina de sua casa, avistou o carro parado na porta de sua casa, reconheceu ser o carro da sua tia Lilian. Já pensou o pior, coisa que se fazia quando se tinha um pai policial. Não ter a certeza que ele iria voltar assim que cruzasse a porta. Sabendo que poderia perder seu pai a cada dia. A única coisa boa, era quando ele chegava da escola e via o seu pai sentado na sala vendo tv, assim tinha a certeza que poderia passar mais um dia com seu pai.

Foi correndo até a casa e quando entrou viu sua tia Lilian chorando. Já começando a chorar, foi correndo atrás de seu pai, quando passou pela cozinha sentiu um par de braços agarrarem-lhe à cintura, sabia que era sua mãe. Reconheceria aquele abraço em qualquer lugar. Sua mãe estava segurando-o com força, chorando junto ao menino, que já tinha certeza do pior. Ficou ali abraçada ao seu filho até que ela segurou seu rosto e disse ‘’vai ficar tudo bem. Eu prometo. ’’ Assim fazendo o menino chorar ainda mais.

Já saindo do abraço da mãe antes que os parentes viessem consola-lo, sai correndo para a rua. Sua mãe já sabendo aonde ele ia, não se preocupou.

Foi correndo até o alto do morro e passou a chorar abraçando a si próprio tentando lembrar-se de como era o abraço de eu pai. Estava começando a anoitecer. O céu estava com aquela tonalidade rosa que tanto encantava o menino. Lembrou-se que semanas atrás prometeu levar o pai até lá, já que o pai estava interessado no lugar onde seu filho sempre gostou de ficar e nunca se cansava de dizer que era lindo. Nunca iria traze-lo pra lá. Ele se fora. Para sempre. E assim Vitor não cumpriu a sua promessa para a pessoa que ele mais amava no mundo.

O silencio da noite quente foi quebrado quando uma voz falou atrás dele: ‘’ sua mãe disse que você estava aqui’’. Era o Augusto, primo que Vitor nunca falou direito. Até agora pelo menos.