Ströme der Seele escrita por Buch


Capítulo 28
A verdade das coisas simpes


Notas iniciais do capítulo

E ai pessoal!

Esse capítulo está um pouco diferente. A maior parte dele é narrado em primeira pessoa! Talvez fique um pouco confuso no começou mas leiam até o fim que vocês irão entender!

Enjoy!



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Era uma tarde fresca de outono. Eu me encontrava parado de pé em meio a uma movimentada praça. O lugar era simples. Havia uma fonte ornamentada bem no centro que era rodeada por um gracioso jardim. Apesar de muitas pessoas passarem por mim, eu não tinha a capacidade de enxergá-las nitidamente. Parecia que todas elas estavam desfocadas. Pelo menos eu ainda conseguia ouvir suas vozes. Adultos conversando, crianças rindo enquanto brincava e o andar das pessoas que estavam apenas de passagem. Eu não sabia onde estava.

Percebi que não adiantaria em nada ficar parado tentando entender a situação. Resolvi seguir em frente à procura de algum sentido para aquilo tudo. Porém por mais que eu andasse, as pessoas continuavam sem foco e os sons continuavam a me perturbar. Notei que o cenário foi ligeiramente se transformando. Estava me afastando das multidões e me aproximando de um local mais calmo. Quanto mais andava, menor era a quantidade de vultos que via em meu caminho. Logo estava sozinho em meio a um suntuoso parque. Toda aquela situação estava me deixando confuso. Queria poder falar com alguém e perguntar onde eu estava e o que estava acontecendo, mas minhas tentativas de comunicação com qualquer ser daquele lugar foram falhas. Era como se ninguém pudesse me ver.

Enquanto continuava minha caminhada em busca de respostas, me deparei com a figura de alguém sentada perto da margem de um rio, que ficava localizado bem no centro do parque. Era uma mulher e estava sentada na grama de costas para mim. Parecia apreciar o reflexo do por do sol sobre as águas claras daquele rio. Diferente dos outros, ela não estava desfocada. Pude ver com clareza a cor castanho claro de seus cabelos caindo levemente sobre seus ombros. Decidi me aproximar.

A garota não esboçou nenhuma reação com minha repentina chegada, nem mesmo quando me sentei a seu lado na grama fresca e recém cortada. Aquele cheiro me agradava. Respirei profundamente fechando meus olhos. Após passar alguns instantes apreciando aquela sensação, resolvi abrir meus olhos e olhar em direção a minha companhia. Ela era linda. Seus olhos azuis claros fitavam o rio com tanta suavidade e paixão que fez meu coração abrandar. Se ela sabia ou não que eu estava ao seu lado isso não importava, o que importava naquele momento era que nada pudesse interromper aquele olhar de pura admiração que a garota cultivava em seu rosto. Um olhar sereno de paz.

Aquele simples gesto me contagiou de uma maneira que eu não podia explicar em palavras. Não sabia quem era aquele garota, mas poderia ficar observando-a pelo resto da minha vida. Não gostaria de estar em qualquer outro lugar que não fosse aqui com ela. Sem perceber, comecei a sorrir. Meu coração explodia em alegria.

– Felizes são os pássaros que podem cantar e se expressar livremente sem temerem ser julgados. Felizes também são os peixes que podem nadar incansavelmente nas mais belas águas e entre recifes. Felizes são os patos que podem aproveitar a brisa quente que sopra no verão enquanto se refrescam nas águas geladas e tranquilas de um rio – falou a garota sem tirar os olhos do rio.

Sim, tudo o que ela disse era verdade. Nós humanos estamos sempre buscando a alegria e a paz, porém mesmo com nossa “inteligência” avançada não conseguimos entender que elas se encontram bem a nossa frente todos os dias. São os momentos simples que nos trazem essa harmonia. Por que pensar em sol, se podemos senti-lo? Por que buscar sentido nas coisas se no fim tudo que precisamos já nos foi dado?

Lentamente a garota virou seu rosto em minha direção. Seu olhar se fixou firmemente no meu. Ainda carregava aquele mesmo semblante de serenidade. Apesar de não conhecê-la, eu não queria tirar meus olhos dos seus. Não queria perder nenhum segundo daquele contato. Me sentia como se estivesse hipnotizado, submerso naquele universo cristalino. Não me lembro de ter sentido meu coração bater tão acelerado antes.

– Feliz é aquele que tem o prazer de poder olhar todos os dias através de seus olhos – eu disse

Sem nenhuma pressa minha mão repousou em seu rosto. Meus dedos percorriam toda extensão de sua bochecha. Pouco e pouco ela foi fechando os olhos, aproveitando ao máximo aquela sensação. Aproximei meu rosto do seu e repousei minha testa na sua. Eu podia sentir o calor que emanava da sua pele, bem como ouvir sua respiração relaxada.

– Posso ficar aqui com você? – perguntei a ela.

– Sim, o quanto quiser – ela me respondeu sussurrando.

Aproximei ainda mais meu rosto e coloquei meus lábios delicadamente nos dela, assim ficando. Eram tantas as sensações que corriam pelo meu corpo que eu não saberia nem por onde começar a descrevê-las. A única coisa que eu desejava naquele momento era que ele não acabasse. Mas nada é eterno, nem mesmo nossos sonhos.

Quando abri meus olhos não havia mais nada na minha frente. Não havia mais arvores, não havia mais rio, não havia mais ela. Me levantei desesperado tentando encontrar algo em meio aquela escuridão, porém a única coisa que eu podia sentir era o cheiro metálico de sangue. O silencio de antes foi substituído por gritos de dor e sofrimento. A escuridão aos poucos foi dando lugar a luzes das chamas. A alegria que a pouco dominava meu ser parecia um realidade completamente distantes, dando lugar ao familiar medo. O sangue agora escorria por toda superfície, passando pelos meus pés. Nele, dezenas de olhos vermelhos flutuavam em minha direção. As lágrimas corriam livre e abundantemente pelo meu rosto. O grito de dor estava entalado em minha garganta e a única coisa que pude fazer foi cair de joelhos no chão.

– Por favor, eu só quero que isso termine – supliquei esgotado.

..........

– Hey Kurapika....Kurapika!

Kurapika acordou em um sobressalto. Seu coração estava acelerado e seu corpo coberto de suor.

– Ufa, ainda bem que você acordou. Já estava ficando preocupado – disse Gon aliviado.

O garoto loiro parecia desnorteado. Tentou acalmar sua agitação a fim de tentar entender melhor o que se passava. Olhou atentamente ao seu redor na esperança de que isso refrescasse sua memória. Pouco a pouco foi tomando ciência da situação.

Meu Deus, então tudo não passou de um sonho.

Agachado do lado esquerdo do jovem Kuruta encontrava-se Gon, que foi o responsável por acordá-lo. Killua estava de pé um pouco mais adiante, aparentemente arrumando os pertences de sua mochila. Leório ainda estava dormindo próximo a fogueira. E Maia...bom, Maia não estava em nenhum lugar visível naquele momento.

– Gon, onde está Maia? – perguntou o garoto preocupadamente.

– Ah, ela acordou a algum tempo. Disse que precisava fazer algo mas garantiu que já voltaria. – respondeu ao amigo

– E você deixou ela ir? Ela estava ferida, não devia ter permitido que saísse por ai naquele estado. – disse Kurapika irritado.

– Bem, eu tentei falar com ela mas...-explicou Gon sem graça mexendo em seu cabelo.

– ...ela é tão teimosa quanto você, ele quer dizer – completou Killua mirando Kurapika

Kurapika suspirou pesadamente. Ele sabia exatamente como a garota podia ser cabeça dura. Olhou para o rosto de Gon e imaginou a situação em que o garoto tentava convencê-la a ficar. A imagem que se formou em sua mente não poderia ter sido mais engraçada. Sentiu certa pena pelo que o amigo provavelmente teve que passar.

– Hey Kurapika, está tudo bem mesmo? Parecia que você estava tendo um tremendo pesadelo. – comentou Gon mudando de assunto

– Não se preocupe Gon, estou perfeitamente bem – respondeu ao amigo.

Bem, isso não era de todo verdade. Kurapika ainda sentia os efeitos do sonho em seu corpo, mas não queria demonstrar nada aos amigos a fim de evitar qualquer pergunta a respeito. Não era de hoje que Kurapika sonhava com o massacre de seu clã, porém o que mais o deixou perturbado foi a outra parte de seu sonho. Não se lembrava com clareza, mas sabia que havia sido algo importante. A única coisa que se lembrava era das sensações que envolveram seu corpo e alma. Queria sentir aquilo novamente e pra isso precisava descobrir o que havia acontecido exatamente. Talvez nunca se lembrasse, mas passaria o resto da sua vida tentando encontrar essa resposta.


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Notas finais do capítulo

É realmente engraçado como as coisas funcionam. Eu já tenho uma ideia bem estruturada de como as coisas irão caminhar na história, mas tem momentos em que brotam ideias inesperadas. Esse capítulo foi uma delas. Não estava nos meus planos escrever isso, mas quando botei a caneta no papel as palavras foram surgindo livremente e eu não pude evitar a não ser refinar a ideia. Espero que gostem de ler tanto quanto eu gosto de escrever!

Até breve ;)



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