Ströme der Seele escrita por Buch


Capítulo 29
Zeit - Símbolo


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!

Segue mais um do Zeit. Esse capítulo possui um pouco mais de diálogos do que os anteriores então talvez a leitura fique um pouco mais fluida ;)

Enjoy!



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Ryuuseigai – 15 anos atrás

Nas semanas que se seguiram Kuroro pareceu dedicar ainda mais atenção à Maia. Ele passou a observar enquanto a garota executava seu serviço principal, aquele do qual era designada sempre que era deixada naquele local, encontrar materiais de valor. Ele analisou minuciosamente cada passo da garota. Uma se suas melhores características era a capacidade de reconhecer e extrair o melhor que as pessoas podiam oferecer, e a seus olhos, Maia tinha muito a oferecer.

– O que acontecerá com todo esse material que você recolheu? – perguntou curioso enquanto observava a garota.

– Depende. Alguns deles serão usados na fabricação de outros materiais, como armas por exemplo. Aqueles de procedência duvidosa serão mandados para o laboratório para serem analisados com mais atenção. Ainda tem aqueles que eu recolho apenas pelo valor financeiro, apesar da maioria não aparentar. – dizendo isso pegou um espelho de mão quebrado da pilha que havia juntado – Está vendo? – disse apontando para o objeto.

– Sim, é um espelho velho de mão quebrado. O que tem ele? – perguntou sem entender.

– Olhe aqui no cabo. Está vendo essa pedrinha? - disse mostrando o objeto mais perto.

– Sim, é bem pequena. O que é?

– Não sei o nome, porém sei que é valiosa. Mesmo sendo muito pequena creio que possa se vender por um bom preço – explicou ela

– Como pode saber que é valiosa se nem sabe o que é? – questinou ele

– Eu apenas sei. As vezes eu olho pras coisas e sei que aquilo tem valor, mesmo não sabendo porque.

– E por que você não pega algumas coisas pra você?

– Eles saberão e eu serei ainda mais castigada – disse ela sem demonstrar particular emoção.

– Você poderia deixar algumas coisas aqui com a gente, assim não descobririam – sugeriu ele.

– Pra que? – perguntou sem entender.

– Para ter seu próprio dinheiro. Julgando pela sua aparência imagino que não deva receber nada em troca pelo que está fazendo.

– Está errado, eu recebo minha vida em troca – disse ela mecanicamente.

Kuroro pareceu refletir sobre suas palavras.

Sua capacidade de aprendizado é fantástica! Dominou rapidamente a fala e o uso correto da linguagem. Mas parece que os métodos de coerção a qual é submetida ainda são mais fortes do que seu senso crítico. Ou quem sabe seja apenas prudência.

– A escravidão não limita somente o corpo, limita principalmente a alma – observou ele.

– A é? Pois pra mim a falsa sensação de liberdade que vocês vivem é ainda mais limitante, uma vez que são vocês mesmos quem se enganam – devolveu a garota.

Touché! Mais que garotinha mais esperta! – pensou sorrindo

– Você está totalmente certa! Por isso tenho planos para quebrar com isso de vez – disse ele com o olhar sério

– E qual o seu plano? – perguntou ela.

– Destruir o sistema, lutar contra o comodismo e o senso comum, mudar os valores dessa sociedade hipócrita.

– E como pretende fazer isso?

– Será necessário um grande chacoalhão! O mais importante primeiro será conquistar o respeito por meio não só do discurso, mas também da ação. O idealismo é lindo mas se esquecermos de agir não terá efeito nenhum – disse ele. – O impacto terá que ser grande.

– E o que vai fazer para ganhar respeito?

– Serei odiado pela maioria e idolatrado por alguns poucos – respondeu ele.

– Como sabe disso?

– Como eu disse, quero mudar as coisas de forma drástica e isso fará com que aqueles que concordam com o sistema atual me odeiem, ou seja, a maioria das pessoas. Aquelas que não vivem e conhecem a dor e a miséria como nós, aqueles que nunca provaram do desespero e da descrença total, aqueles que nos julgam, nos menosprezam e nos condenam – disse ele com brilho no olhar.

Maia ouvia atentamente o discurso do garoto sem deixar de executar sua tarefa. Apesar de nova e de ter pouco conhecimento cientifico, a garota possuía uma capacidade avançada de compreensão e raciocínio, parecendo absorver tudo aquilo que lhe era transmitido, sendo isso bom ou ruim. Para Maia não havia nenhum julgamento, apenas a curiosidade de aprender e entender novas maneiras de pensamento e conhecimento.

– Você quer causar o medo e o pânico? – arriscou ela

– De certa forma sim, esse é a forma perfeita de causar esse impacto.

A garota olhou em sua direção esperando que ele continuasse, porém Kuroro se calou. Percebendo que não iria continuar, decidiu direcionar sua atenção novamente a procura de mais materiais.

– Maia, do que você tem medo? – perguntou ele de repente.

– Nada – respondeu indiferente.

Talvez medo seja um sentimento ainda muito complexo para ela analisar.

– Por quê? – perguntou ela

– Imagino que para te assustar tenha que ser algo verdadeiramente tenebroso uma vez que foi criada para não sentir qualquer tipo de sentimento – explicou seu raciocínio

– Você mesmo deu a resposta para sua pergunta – observou ela.

– Sim, mas agora que já tomou conhecimento sobre isso talvez consiga encaixar esse sentimento em algo certo? Pense, o que te incomoda? O que tentaria evitar a qualquer custo que aconteça? – insistiu ele

Talvez assim ela compreenda melhor.

– Por que exatamente quer saber isso? – perguntou desconfiada.

– Para causar impacto é necessário um símbolo forte, algo que faça os outros temerem só de olharem para ele! A suástica nazista, por exemplo, é temida até hoje! E isso é um exemplo entre vários que eu poderia citar. E como eu disse, imagino que o que te deixe com medo seja algo realmente forte. – explicou ele.

A garota parou por um momento parecendo refletir sobre as palavras de Kuroro. Ele por sua vez estava na expectativa pela resposta da garota.

– A Aranha – respondeu ela

– A aranha? Você não gosta de aranhas? – perguntou surpreso e confuso.

– Aranhas? Existe mais de uma? – perguntou ela sem entender.

Kuroro ficou confuso. O que ela queria dizer com “tem mais de uma”? Talvez ela só conhecesse uma espécie de aranha. Só podia ser isso.

– Sim, existem muitas espécies. Como é essa aranha que você conhece?

– Ela fica em um quarto escuro e úmido. Tem doze pernas de metal que se prendem no teto. No final de cada uma das pernas há a ponta de uma lança – explicou ela normalmente

Doze pernas? Metal?Mas o que...

O garoto ficou sem palavras. Seria aquilo algum instrumento de tortura? Não adiantaria dizer a garota que aquilo não era uma aranha de verdade, afinal ela não conhecia uma verdadeira para comparar. Provavelmente foi batizado com esse nome por se assemelhar a um aracnídeo.

– Ela não tem tronco nem cabeça?

– Não até você estar fixado nela – respondeu a garota.

– Fixado?

– Cada ponta da lança se encaixa em uma parte do seu corpo enquanto fica suspenso. Uma na perna direita e uma na esquerda. O mesmo com os dois braços. Duas se prendem no tórax e outras cinco são distribuídas pelo abdome. A última vai na garganta. – relatou ela detalhadamente apontando para os locais exatos onde se encaixavam cada ponta.

Kuroro ouvia tudo com fascínio e espanto.

– Então as pernas se prendem no teto e se alongam para baixo até certa altura. Quase no final elas fazem uma curva voltando a direção das lanças para o teto novamente, estou correto? – perguntou ele enquanto imaginava o mecanismo.

– Sim.

– Deve ser uma morte lenta e agonizante.

– Se não puder se manter, sim.

– Como assim? Você já esteve na Aranha? Não vejo como isso seria possível. Você deveria ter sangrado até a morte, e mesmo que não morresse pela perda de sangue, seus órgãos seriam perfurados e você morreria depois – disse usando a lógica.

– Não é assim que a Aranha funciona. Cada uma das pontas das lanças possui uma substancia que faz com o que o corte se feche instantaneamente. Quando a lamina entra no seu corpo você sente a dor, porém é como se não houvesse sido cortado, pois assim que ela atravessa você o ferimento é cicatrizado – explicou ela

Devem colocar uma substancia de alta cicatrização ou quem sabe um coagulante muito potente!

– Então ela não é um instrumento mortal, apenas de tortura?

– Ela pode ser mortal, e na maioria das vezes é. A substancia funciona apenas na ferida inicial, ou seja, se houverem novas feridas elas não cicatrizam.

– Ou seja, se você se mover um milímetro sequer e causar uma nova lesão, você ira morrer lentamente.

– Sim.

Não é apenas um instrumento de tortura física, mas sobretudo mental. Perfeito para doutrinar. Aqueles de mente fraca, indecisos ou questionadores irão perecer. Maneira perfeita de conter possíveis revolucionários. Mas quem poderia resistir a algo assim? Só se a pessoa não pensasse, não sentisse...

Foi então que a fixa caiu.

– Já esteve quantas vezes na Aranha? – perguntou ele sério

– Não sei, até pouco tempo não sabia contar e muito menos entendia como ela funcionava – respondeu sinceramente – Não voltei nela desde comecei a vir aqui.

Talvez ela só esteja viva por ter sido criada da maneira como foi. O que poderá acontecer se for levada novamente, agora que está aprendendo a questionar e a sentir?

Kuroro parecia preocupado com a situação. Talvez possa ter se tornado o grande responsável pelo destino pouco promissor da jovem garota.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?

Kuroro salvando ou condenando vidas? rs

As vezes acho que eu deveria ser presa pelas maldades que eu escrevo para Maia. Será um traço de sadismo..tipo gosto de torturar minha própria criação? kkkk u.u

Espero que tenham conseguido entender/visualizar como funciona esse mecanismo. Tentei dar o máximo de detalhes possíveis, mas acho que não terão dificuldade em entender, basta imaginar uma aranha no teto, só que com mais pernas e sem o tronco! kkkkkk

Até breve ;)