O que um ser – humano completamente racional deve fazer quando encontra um estranho em seu quarto? Você simplesmente começa a atacar tudo que estiver ao seu alcance. A primeira coisa que voou foi meu pente para cabelo, depois minha chapinha, e varias coisas que estavam no criado mudo, por ultimo tentei o abajur mas ele não queria sair da tomada. O estranho desviava com a maior facilidade do mundo, como se tudo que eu jogasse bem na sua cara não passasse de um mosquito que o incomoda.

–Não precisa ter medo de mim. – Meu corpo agiu instintivamente e se arrepiou com sua voz. Ela era rouca e mais uma vez sedutora, como se tentasse me levar para as trevas junto com ele. Caminhei até a parede e liguei as luzes, aquela escuridão me condenava e se era pra brigar com quem tinha invadido meu quarto eu pelo menos deveria ver sua cara.

Ele era lindo. Essa foi a única definição que encontrei para descrevê-lo. Seus olhos eram tão azuis, porém de alguma forma transmitia escuridão; os olhos de uma pessoa sofrida ou perigosa. Foi bom ter aprendido aula de interpretação facial com a Natasha. Ela me ensinou seu truque logo quando eu consegui vencê-la pela primeira vez. “Os olhos são sempre importantes, muitas vezes eles conseguem dizer coisas que as palavras não conseguem interpretar”, foi a dica que havia me dado e agora estou pondo a prova. Porque aqueles olhos me atraíram, e me chamavam agora com uma força quase arrebatadora.

Mas ele estava ali! E minha arma estava bem atrás dele, em um armazém escondido atrás de meu guarda-roupa que eu demorei um dia inteiro para arrumar. Então tudo que eu significava era uma simples humana indefesa.

–Claro, até porque eu não tenho medo de homens que aparece invadindo o quarto das pessoas às três da manha. – Lancei um sorriso sarcástico pro invasor. Posso dizer que mesmo distante ele se mostrava mais alto do que eu, se por acaso eu fosse baixa me sentiria ofendida ao encara-lo com tanta despreza que tentava encarar, se fosse a Natasha acho que ela já teria o imobilizado quebrando seu braço.

–Barton não me disse que você era tão encantadora. – Suas mãos estavam na suas costas e ele começou a passar no meu quarto como se fosse um cômodo de expedição. Confesso que no momento era insignificante, mas me senti despida perto dele. Não sei como aconteceu, mas meu pijama já estava no meu corpo quando acordei e infelizmente esse era o menor que eu tinha; tudo se resumia a um shrots que deixava toda minhas pernas a mostra e uma blusinha fina rosa. Se eu soubesse que receberia a visita de um estranho nessa madrugada obviamente teria me vestido mais de “acordo”.

–Barton? Você o conhece? – Quando se é um agente da S.H.I.E.L.D do nível que Natasha e Clint eram você precisa estar mais atenta aos tipos de pessoa que conhece você, porque muitas vezes são inimigos. Comigo era uma exceção porque já era conhecida antes de virar uma agente, então infelizmente isso me deixava mais vulnerável em missões do nível deles. Descobri depois de muito tempo insistindo que Nick me mudasse e me colocasse em uma missão de verdade e não ficasse vigiando um homem que não causava nenhum problema, pelo menos não pra mim, na verdade Nick não podia me permitir em missões que Natasha e Clint iam pelo simples fato de que se eu atraísse algum inimigo isso não só envolveria a mim, envolveria Anthony também. Acho que sou a única pessoa que é agente Nivel 6 que ainda tinha um membro familiar para se importar. Pelo menos que eu saiba.

–Vamos dizer que Barton e eu estamos trabalhando juntos nesse momento. – O homem se sentou em minha cama e sua póstuma demonstrava superioridade. Provavelmente era mais um daqueles agentes britânicos de nariz em pé.

–Trabalham juntos? Engraçado porque ele não mencionou que ele iria começar um novo trabalho. – Cruzei os braços na frente dele e não diminui o meu olhar só porque ele mencionou conhecer Barton. Confesso que aquilo mexeu comigo. Clint tinha me dito que iria para Alemanha ficar comigo, eu sei que um agente como ele é sempre ocupado mas ele poderia ao menos ter me dito que já estava embarcando em outra.

–Talvez ele não queria preocupa-la com detalhes da vida dele, você mais do que ninguém deveria saber que agentes são ocupados. – Seu tom saiu provocador. Ele sabia sobre o envolvimento de Clint com a S.H.I.E.L.D e pelo que deu a entender sabia da minha aproximação com o agente.

–Eu sei mais do que deveria. Agora o que eu não sei é quem é você, o que faz aqui, como entrou e o que quer comigo?

–Você está antecipando as coisas, Liliam Stark. Eu ainda tenho a noite toda para ficar aqui com você, então por que apresar a conversa?

–Porque eu não ficarei mais nenhum minuto aqui sem que me responda.

–Se eu lhe dissesse você não iria acreditar em mim. – Ele parecia estar brincando com a minha cara, não que ele dava indícios disso só que o modo como me olhava parecia que estava vendo uma criança caindo em um jogo esquisito criado por ele.

–Tente. – Sugeri ainda ríspida.

–Sou Loki, de Asgard. – Tudo bem ele tinha razão. Não dava, simplesmente não dava para acreditar. Meu ataque de riso dedurou o que eu achei de sua confissão e ele revirou os olhos.

–Tudo bem, só porque você vestiu uma roupinha provavelmente roubada de um fã bem esquisito de cavaleiros do zodíaco e criou um capacete bem estranho que vou cair nessa.

–Barton disse-me que você era uma pessoa sabia, que dentre todas as pessoas do mundo você seria a única capaz de acreditar no que digo. – Agora ele parecia se forçar a ter calma.

–Sim, eu acredito. Sou uma fatalista; eu enxergo coisas que são reais e acredito nelas. Agora você me aparecer aqui, vestido desse jeito, e me dizer que é um deus nórdico não é um fato é uma zoação.

–Então o que te leva a acreditar em Thor, ou na mitologia nórdica? Qual é o fato que lhe proporciona qualquer tipo de realidade dessas histórias?

–Porque eu... – Eu iria contar do Tesseract a um estranho? Serio? Como eu poderia ser tão burra? – Porque eu vi os vídeos do Thor, porque minha melhor amiga é namorada dele. – Tudo bem, aqueles não era nenhuma razão que me fizesse acreditar. E olha, honestamente, se o deus Loki viesse a Terra ele não estaria perdendo tempo conversando comigo.

–Ah, então a sua crença se baseia em vídeos de um homem que não conhece, e ainda sim, não acredita em mim. – Ele estava brincando comigo, isso estava na cara dele. Mas o reflexo de seus olhos eram tão diferentes... enigmático. Natasha é muito melhor para arrancar respostas do que eu, porém eu era conhecida por interpretar os sentimentos das pessoas. Foi por essa razão que me escolheram para vigiar Bruce por dois anos, também foi um dos motivos por ter me deixado viver tão perto do capitão. Só que aquele homem... era totalmente desconhecido pra mim.

–Cada um acredita no que quer. – Depois de vários minutos que ele não parou de me encarar eu comecei a ficar tímida e corar, o que é estranho pra mim. – E sobre o seu cetro, eu realmente não sei onde está... – Depois de ficar alguns minutos analisando a situação eu comecei a ligar o fato; a ligação de Nick, a ausência de Barton e o fato de eu ter dito o porque estava na Alemanha...

–Ai meu Deus, vocês estão me enganando! – Levantei da cama e apontei para o homem que me olhava confuso. – Claro que sim! Como eu fui idiota! E mais uma das pegadinhas não é? Que nem aquela no Natal em que vocês me disseram que meu irmão ia visitar a base da S.H.I.E.L.D e ficaram me perturbando o dia todo para me esconder! Eu sei que é uma pegadinha!

–Cada um acredita no que quer. – Respondeu ele com aquele seu sorriso misterioso.

–Há, há! Engraçadinho. – Exprimi os olhos.

–Bem, já que diz que não está com meu cetro eu acho melhor partir. – Ele se levantou e caminhou ate a janela. Eu o segui e segurei em seu braço o forçando a olhar pra mim.

–Se isso não fosse uma pegadinha, e você fosse o verdadeiro Loki, o que me diria para fazer acreditar em você?

–Diria para acreditar nos seus instintos. Nem tudo passa de uma brincadeira, Liliam. E às vezes e apenas você que não quer acreditar na verdade que está estampada em seus olhos.

Aqueles olhos. Deus, que olhos! Não dava para impedir se perder naqueles olhos e de sentir um calor que nunca senti. Ele então se dirigiu a janela e pulou em alguma coisa, um jato na verdade, que o fez desaparecer pelo céu.

[...] Pov. Autora

Enquanto era levado de volta a sua base improvisada, Loki pensava na conversa que ele teve mais cedo com Barton a respeito da tão famosa Liliam Stark;

Eles estavam escondidos em um antigo armazém de arma na Alemanha, um lugar muito bom para se aproveitar. Era escondido no subterrâneo, e toda a vizinhança não se aproximava ali por medo de fantasmas lendários. Loki não poderia ter escolhido lugar melhor. O deus estava debruçado por uma mesa de madeira enquanto repassava o plano com o agente Barton, outra coisa em que ele acertou em cheio, Barton sabia tudo que ele queria saber.

–Então, agente Barton, estou pensando em uma forma de imobilizar a S.H.I.E.L.D sentimentalmente, para que fiquem neutralizadas em seu pesar antes de interromperem meus planos, mas não o suficiente para não quererem vingança. Tem alguma ideia? – Perguntou o deus nórdico ao agente que examinava a estrutura do Museu Municipal de Stuttgart.

–Você está pensando em Nick Fury ou em todos os Vingadores? – Perguntou Barton levantando os olhos brilhantes para o deus.

–Da maneira que você ache que os machucara, em particular. – Explicou Loki com um sorriso diabólico nos lábios.

–Bem, se Nick não decidiu mudar a formação Vingadores inicial eu acho que tem uma pessoa que pode ser o ponto fraco de todos eles. – Aquilo chamou a atenção de Loki. Uma única pessoa que poderia causar sofrimento a todos os Vingadores deveria ser considerada uma arma letal a eles. Mesmo sabendo que os próprios Vingadores não saberia de um ponto fraco tão importante, já que os mesmo ainda nem conhecem um ao outro.

–Quem seria essa pessoa de tão estrema importância que derrubaria os Vingadores e até Nick Fury?

–Liliam Stark. – O agente digitou o nome dela no Google e Loki caminhou até ele para ver quem era Liliam Stark. Na tela a imagem que apareceu agradou Loki; uma garota de cabelos castanhos escuros, olhos da mesma cor, porém que demonstrava uma inteligência e astucia, seu corpo era fantástico e qualquer homem ficaria a desejando tomar para si em Asgard. Para Loki, ela poderia ser considerada uma deusa facilmente.

–Devo dizer que a aparecia me agrada muito, agora não entendo como ela pode ser o ponto fraco deles. Pelo sobrenome vejo que ela é parente do homem que se denomina “Homem de Ferro”, agora e os outros?

–Na verdade ela é irmã dele, a caçula e sua única família. E se fosse você não iria subestimar o poder de Liliam apenas por sua aparência, ela consegue ser muito mais do que um rosto bonito. Liliam Stark não é nada que menos de uma agente da S.H.I.E.L.D do nível 5, o que é um dos melhores níveis da S.H.I.E.L.D. Natasha Romanoff tem ela como uma melhor amiga, mesmo que não deixe transparecer isso, Nick Fury é o guardião dela e a trata como uma filha, talvez seja a única que pode disser que Nick tenha uma aproximação maior. Steve Rogers, o Capitão America, é próximo a ela poderia até dizer que são amigos se não fosse por uma coisa.

– O que? – Quanto mais Barton falava sobre Liliam Stark, mais Loki ficava com desejo de vê-la. Como seria possível uma pessoa criar laços com todos os protetores da Terra? Como alguém seria tão ingênuo a esse ponto? Será que nunca passou na cabeça dela o perigo que a reservaria ao se aliar com gente tão importante?

–Ela está apaixonada pelo Capitão. – Declarou Barton. Ele sabia o que estava dizendo, porém ele não queria dizer aquelas coisas da Liliam. Os dois eram amigos e próximos o suficiente para guardarem segredos um ao outro, e agora ele revelava os dela para o inimigo. – E creio que ele também esteja apaixonado por ela, foi uma dessas razoes para ela estar afastada da S.H.I.E.L.D durante um ano.

–Então provavelmente não sabe do que esta acontecendo? Nem da minha aparição? – Perguntou.

–Como eu disse, Nick Fury nutre algum sentimento fraternal pela garota. Ele nunca a colocou em alguma missão em que ela pudesse se machucar ou que corresse perigo. Mesmo quando ela vigiou o Hulk, necessariamente ela não corria perigo já que ficava muito longe do Banner, talvez essa foi a única missão mais complicada que já executou. Não que ela não seja capaz, ou que seja fraca. Em comparação de força digo que ela pode ser quase uma Natasha e lembrando que antes de entrar na S.H.I.E.L.D ela era uma assassina der aluguel. Mesmo depois de tudo isso, Nick não deixaria Lily se meter em uma guerra. Principalmente com um deus nórdico.

– Por que “principalmente” – Loki não conseguia desviar o olhar da foto de Liliam. Não conseguiria acreditar que aquela garota da foto era tão perigosa quanto Barton dizia.

– Porque ela foi a única que acreditou que a mitologia nórdica é real. Nick Fury é orgulhoso o suficiente para não querer ela falando o dia todo o quanto estava certa. E talvez seja porque ela ficou o ano todo procurando por você.

Aquelas palavras fizeram com que Loki perdesse a atenção do rosto de Liliam e se voltasse para Barton.

–Ela estava a minha procura?

Inconscientemente Barton sabia que não podia contar aquilo para Loki. Era o segredo mais pessoal de Liliam, e ela havia confiado em poucas pessoas para dizer. Agora ele estava em duvida sobre a confiança de Liliam ou sobre obedecer Loki.

–Ela soube de uma historia que você a mataria, e como Liliam é uma pesquisadora ela queria saber tudo sobre você para saber o que temer. – As palavras voaram da boca dele contra sua vontade.

–Ela soube como? – Insistiu Loki impaciente.

–Eu não sei. – Dessa vez Barton foi plenamente sincero. Lily tinha omitido essa parte a ele e talvez até fosse bom.

–Bem, eu vou conhecê-la e determinar se ela vive, ou morre.

[...] Pov. Loki

“Não posso negar que a humana não me interessou. Aquela determinação no olhar e sua relutância a acreditar na verdade chega a ser engraçado, mas isso ainda não me impediria de mata-la. Ela precisa morrer, mesmo que eu ache sua aparecia muito agradável. Ela não passaria de um plano, mas isso não queria dizer que eu não vou tirar proveito antes de isso acontecer.”