Inside The Blue Box escrita por Queen Of Peace


Capítulo 6
Capítulo 5




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Thomas seguiu a menina enquanto tentava esconder a expressão de desapontamento que surgiu em seu rosto e insistiu em ficar ali. Ele nem ao mesmo sabia o que esperar do que tinha acontecido. Ele deveria ter beijado a garota? Abraçado? Feito carinho em seu rosto? Não, provavelmente não. Ele sentou-se de frente para ela, forçando um sorriso simpático nos lábios enquanto a menina pedia praticamente tudo o que tinha no cardápio. A garçonete teve que chamá-lo três vezes pra que ele finalmente pudesse ouvir sua voz e entender o que ela dizia.

— Eu quero uma porção de batatas fritas e uma Coca. — Nem ao menos dirigiu um sorriso à moça, já que seus olhos se fixaram no nada, evitando a todo custo encarar a Doutor. Ele apenas conseguia ouvir sua voz enquanto a menina pedia praticamente tudo o que tinha no cardápio. Já imaginava o valor da conta que teria de pagar e estava quase se arrependendo de ter se oferecido em levá-la pra comer.

Ela parecia não se importar com o silêncio que se estabeleceu entre eles, e estava distraída brincando com os palitos de dentes que estavam sobre a mesa. Era como se ela tivesse a mentalidade de uma criança, e Thomas quase podia jurar que se ele a conhecesse melhor, perceberia que estava certo nesse caso. O problema era que mesmo sendo estranha, quase infantil e por último, mas não menos importante, um homem em suas regenerações passadas, ela era incrivelmente linda e hipnotizante. Thomas era quase impelido a olhar para ela, e sempre que seus olhos encontravam com os dela, era impossível piscar, pensar, respirar ou até mesmo peidar, que era algo que ele conseguia fazer sem nenhuma dificuldade.

Minutos se passaram e eles continuaram ali, em silêncio. A menina concentradíssima enquanto montava uma pequena estrutura de palitos de dente e pacotes de açúcar e sal, e Thomas com os olhos grudados no vidro da janela, tentando a todo custo controlar o suor do nervosismo que já começava a escorrer por suas costas e a tremenda dor de barriga que resolvera aparecer justo naquele momento.

A garçonete finalmente voltou com seus pedidos, e fora necessário um carrinho pra que ela pudesse trazer tudo o que a Doutor tinha pedido. Outros logos minutos se passaram enquanto a garçonete colocava todos os pratinhos e cestinhas de batata frita sobre a mesa, e a Doutor, sem nem ao menos esperar que ela terminasse, já ia devorando uma das 14 porções de batata frita que havia pedido.

— Bom apetite. — disse a garçonete, lançando um sorriso zombador em direção a Doutor que comia desesperadamente. Aquele simples gesto, aquele sorriso irônico fez com que Thomas se irritasse. Como uma pessoa daquelas poderia simplesmente zombar da menina mais brilhante de todo o planeta? Provavelmente a mais brilhante de todo o universo! Ele tentou afastar a raiva e todos os pensamentos ruins enquanto separava uma porção de batata frita e um copo de refrigerante pra si. Não queria atrapalhar a menina, mas sentia certa necessidade de quebrar aquele silêncio esquisito que já começava a incomodá-lo. Mas ela parecia estar realmente faminta. Devorava as panquecas e as batatas fritas com tamanha velocidade que ficava difícil saber o que ela estava realmente comendo. "Espero que ela não fique com dor de barriga", foi o que Thomas pensou ao mesmo tempo em que sua mente viajava até o banheiro de sua casa, com o familiar cheiro de banheiro público e também até o banheiro da TARDIS, na verdade, se perguntando se havia ou não um banheiro naquela nave.

— De todos os lugares que eu já fui... — a voz da menina chegou-lhe aos ouvidos, enviando um arrepio por todo seu corpo. Thomas não esperava que ela fosse falar com ele outra vez, muito menos enquanto ela comia daquele jeito, mas ali estava ela, falando com a boca cheia de uma mistura gosmenta de pudim e batata frita. — De todos os lugares... Aqui na Terra é onde eu encontro a melhor comida. Principalmente isso. — disse, balançando uma batata na direção da boca de Thomas (que prontamente deixou que a menina enfiasse a batata desajeitadamente em sua boca).

— Sim, a nossa comida realmente é a melhor. — comentou, tentando desviar o olhar da massa grudenta que a menina mastigava. Ela parecia uma criança, e se tivesse alguma noção dos modos de etiqueta que os humanos adotavam à mesa ela não parecia se importar. Thomas falava sobre a comida da Terra como se ele algum dia já tivesse provado algo que não tivesse sido produzido ali. A morena voltou sua atenção para as porções de batata frita e pãezinhos que tinham uma cobertura cremosa que Thomas não conseguia identificar, mas que a menina parecia estar adorando.

Começou a se perguntar até quando aquilo iria durar, e pra falar a verdade, já não estava tão animado assim com aquele encontro. Que não era um ENCONTRO, era só um encontro. Ainda por cima com umas das pessoas que ele costumava achar a mais interessante do universo, mas que agora só aparentava ser uma menina birrenta e esfomeada.

A Doutor estava achando tudo interessantíssimo. A comida, a pasta cremosa que cobria os pãezinhos que estava comendo, as batatas que devorara segundos antes e o olhar perdido do rapaz com quem divida a mesa. Ela até pensava em trocar uma dúzia de palavras com ele, mas a comida estava realmente boa e ela não queria perder tempo conversando.

— Acho que acabei. — disse a menina, minutos depois, levando as mãos até a barriga e acariciando-o como as grávidas costumavam fazer. — Eu até comeria mais, mas infelizmente preciso ir. — E com um assobio assombroso (nem mesmo Thomas era capaz de assobiar daquela maneira) ela chamou a garçonete, despejou um punhado de notas em suas mãos e sorriu. — Acho que isso é o suficiente para pagar a conta, não? — E depois de receber uma resposta positiva da garçonete e dizer-lhe que poderia ficar com o troço como gorjeta, a menina foi embora.


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de comentar, por favor! xx