Rose Weasley

Acordei ao som de “Suddenly I See”, meu rádio estava ligado no canal musicas clássica.

Jogo a mão no alarme tão forte que ele cai no chão e quebra. Minha cabeça lateja de tanta dor. Mel e eu exageramos noite passada.

Levanto preguiçosamente da cama e me engatinho para o chuveiro. Desço as escadas e Sophie estava preparando o café.

–Bom dia!

Ela me cumprimenta gritando.

–Mais baixo Sophie.

Falo indo direto ao armário. Eu sabia que tinha poção para ressaca em algum quando. Tinha que ter.

–Se está procurando poção pra ressaca desista, vocês duas detonaram com o estoque.

–Mas o quê? Eu tenho que ir trabalhar, não posso ir assim.

–Deveria ter pensando nisso antes de passar a semana indo todo dia farrear.

–Ei! Eu mereço um descanso.

Reclamo.

–Acho que vocês duas estão descansando demais não acha? Rose, vocês, só vocês duas, acabaram com nosso estoque de poção pra ressaca. Nosso estoque que geralmente dura quase um ano.

–Ok. Sinto muito. Depois eu faço mais.

Retruco de mau humor.

–Não precisa fazer nada.

Sofhie tirou da sua bolsa dois frascos contento um liquido verde musco e colocou em cima da mesa.

–Peguei no consultório de Vitor ontem. Imaginei que vocês iriam precisar hoje pela manhã.

–Obrigada.

Pego um dos frascos e tomo todo o liquido de uma vez.

–Rose, eu sei que as coisas não estão nada fáceis, e que você não está nada bem, no entanto, não serão noites de farras e bebedeiras que vão te fazer esquecer o que aconteceu em Londres.

–Não quero falar sobre isso.

Corto Sophie. Eu ainda não tinha contando para elas tudo o que tinha acontecido. Sophia e Melanie só sabiam o pouco que tinha balbuciado em meio a lagrimas no dia em que voltei.

Sophie me olha como se fosse retrucar, mas ela não diz nada. Fico grata. Não estava preparada para contar a elas da conversa com minha mãe, de Scorpius... Muito menos da briga com meu pai.

Eu não conseguia fechar os olhos sem ver o olhar de Ronald Weasley apontando aquela varinha para mim.

Se Melanie ou Sophie suspeitassem disso elas já teriam indo a Londres com suas varinhas em mãos e teriam jogado tantas maldições e feitiços que o St. Mungus teria que criar uma ala de tão grave a situação ficaria. E quando elas voltarem para Munique ainda acionariam nossos amigos mais próximos e eles com toda certeza iriam “visitar” meu pai na ala dele.

Eu não conseguia não pensar na conversa com minha mãe. Uma parte de mim suplicava a todo o momento para que eu abandonasse tudo aqui e corresse atrás dela pedindo desculpas por ter sido tão orgulhosa.

Melanie se soubesse disso, mandaria deixar de ser coração mole e mandar Hermione Granger Weasley se ferrar.

Sophie seria mais conciliadora e diria para eu pensar com calma e ter em mente que apesar de tudo ela ainda era minha mãe e continuaria sendo eternamente.

Já Scorpius... Ele era um caso a parte.

Talvez se eu não o tivesse reencontrado as coisas estariam bem mais tranquilas e minha cabeça não estivesse a ponto de explodir, mesmo assim eu não teria feito diferente se possuísse um vira-tempo.

Talvez se eu não tivesse corrido para o Ministério de Magia para salva-lo, as coisas estariam bem mais simples, e agora eu não estaria tentando assimilar meu pai tentando me matar. No entanto Scorpius foi a melhor coisa que aconteceu em Londres.

Durante a vida, nós mudamos, não inteiramente, alguns detalhes. Às vezes chegamos até a atribuir a nossa personalidade coisas que não necessariamente nossas às vezes na vã tentativa de sobreviver esquecemos quem somos de verdade... e sempre deixamos algo para trás.

Desde que vim para Munique eu sinto falta de uma parte de mim, eu não a perdi, não a deixei em Londres. Eu sabia, sentia até, que ela estava ali dentro de mim, mas não sabia como deixa-la fluir para fora de novo.

Com o tempo essa falta deixou me preocupar, e passou a ser mais uma daquelas coisas que fingimos não perceber porque assim se tornar mais fácil viver.

Mas naqueles dois dias que passei com Scorpius, só nós dois, esse algo meu a tanta tempo escondidas nas profundezas do meu ser fluiu e eu me senti inteira novamente.

Sophie estava certa. Eu não posso viver de noitadas. Não posso jogar álcool no meu cérebro até não conseguir pensar em nada, para justamente não pensar em nada. Eu tinha escolhido ir para Londres, eu sabia o que iria enfrentar, não posso agora ficar nessa de vitima das circunstâncias.

Meu pai tentou me matar? Que se dane.

Minha mãe está arrependida? Que se dane.

Scorpius e eu não temos um futuro juntos (nem mesmo um presente)? Que se dane.

Já estava na hora de fazer o que eu mais fiz durante toda minha vida, dar a volta por cima.

Tomei uma xicara de café bem forte. Peguei meu chaveiro em formato de cobra em cima da mesinha da sala e fui para o trabalho.

O dia foi relativamente normal. Exceto a entrada de Richard na minha sala.

–Boa tarde, Rose.

Ele disse já se sentando na cadeira de frente para mim.

Minha relação com Richard estava estremecido desde o julgamento de Scorpius. Não que eu estivesse com raiva da atitude dele (talvez um pouco) é mais decepção. Richard foi por muito tempo a pessoa em que eu me espelhava profissionalmente.

Foi ele que me ensinou quase tudo que eu sei, e perceber que sua porcentagem de vitória era, para ele, mais importante que a crença de que seu cliente é inocente ou não, me fez olha-lo mais criticamente e desde então comecei a observar atitudes que antes passava despercebido a meus olhos.

Como ao fato dele só escolher clientes com casos relativamente mais fáceis, ou como ele passa os casos mais difíceis para aqueles que estão com uma porcentagem de vitorias bem grande.

–Rose, o senhor Jürgen precisa da sua presença em Hamburgo o mais rápido possível.

Richard diz.

–Algum problema com o processo?

Pergunto.

–Não sei. Ele não quis me dar detalhes. Disse que já que não sou mais advogado dele não preciso saber dos motivos que ele te quer lá.

–Vou ver com a Norma (minha secretaria) os voos para Hamburgo.

Digo num tom de encerramento.

Richard ainda me encara por um tempo, enquanto eu volto para as papeladas a na minha mesa.

Ele não demora muito e sai da sala.

...

Fui ate a mesa de Norma enquanto saia para me encontrar com Sophia, Vitor e o irmão dele Franz.

Não era nenhuma tentativa de encontro às escuras, e sim um jantar com os padrinhos e madrinhas do casamento, porem Melanie e Petrus haviam alegado não estar se sentindo muito bem. A meu ver os dois estavam se encontrando as escondidas já que Sophie havia proibido qualquer tipo de relação sexual entre os padrinhos e madrinhas.

Pedi para Norma procurar os voos mais depressa para Hamburgo e avisar a faxineira do meu apartamento que estaria indo para lã nos próximos dias.

Em cima da mesa de Norma o jornal Elfos Livres o maior rival do Profeta Diário, aberto na parte “social”

“Confirmado a separação de Ronald Weasley e Hermione Weasley (Agora Granger)

Durante os últimos anos por inúmeras vezes varias revistas e jornais noticiaram a possível separação de Ronald Weasley e Hermione Weasley (que provavelmente voltará a ser Granger depois da assinatura dos papeis).

Hoje pela manhã o divorcio dos dois foi confirmado por um de seus dois filhos, Hugo Weasley numa entrevista sobre seu noivado com Valeire Tech, funcionária do departamento de transportes mágicos.

Enquanto respondia algumas perguntas para os reportes na frente do ministério Hugo soltou a seguinte frase: “Valerie e eu estamos bastante felizes, e queremos ficar juntos por muito tempo, é claro que com o divorcio dos meus pais que ficaram juntos por tanto tempo ficamos um pouco apreensivos, mas nada que irar nos impedi de casar” .

Depois de perceber o que tinha soltado ele concluiu: “Opa, falei demais, no entanto vocês saberiam de qualquer forma, então meus pais não podem ficar tão bravos assim comigo”.

É certo que o casamento deles estava em crise e por um fio, mas a pergunta que nos fazemos agora é: O que exatamente cortou o fio que sustentava esse tão conturbado casamento?

Há quem diga que o julgamento de Scorpius Malfoy foi o grande causador desse divorcio. Ao que parece Ronald não conseguiu perdoar Hermione por ter perdido.

Há quem diga que a separação teve haver com a “volta” misteriosa de rose Weasley. Testemunhas afirmaram que ela esteve no julgamento de Scorpius Malfoy e que ela foi o principal motivo pelo qual o Malfoy saiu livre.

Tentamos falar com Hermione E Ronald Weasley antes dessa edição sair. Hermione Granger só confirmou a noticia do filho e Ronald não foi encontrado.

Enquanto ninguém descobre e ninguém confirma o motivo da separação nos cabe especular e na minha humilde opinião acho que esse divórcio se deu tanto pela derrota no julgamento quanto pela suposta volta de Rose Weasley.

–George Hanks

–Triste né? Eles formavam um casal tão bonito, não acha?

Diz Norma vendo que eu estava lendo a matéria.

–Muito triste.

Balbucio antes de sair.

Será que aquele divórcio tinha alguma coisa a ver comigo? Será ela estava arrependida a ponto de pedir a separação? Ou será que ele tenha ficado bravo por ela ter salvo minha vida?

Merlim! Quando penso que estou começando a esquecer de toda essa confusão acontece isso.

Será que o Scorpius leu isso? Será se onde ele está tem jornal.

...

Por isso que ando bebendo tanto. Eu penso demais. E quando bebo penso de menos.

Não sei como, mas de alguma forma estou no restaurante. Sophie acena na minha direção e sorri.

Ela está sentada ao lado de dois loiros, altos muito parecidos. Poucas coisas o diferenciavam. A cor dos olhos (os de Vitor eram verdes e os de Franz castanhos claros), o formato do rosto ( a de Vitor era mais retangular no queijo).

Enquanto me aproximo o sorriso de Sophie vai se fechando, ela me olha preocupada e eu sento-me na mesa cumprimentado todos. Dou um abraço em Sophie e balbucio em seu ouvido um “estou bem”.