Hermione Granger

–Como você esta Mione?

Gina me pergunta pela terceira vez naquela noite.

–Como você acha? Essa semana foi coisa de louco, Gin.

Digo tomando mais um gole de Uísque de Fogo.

–Vai dar tudo certo. É só você relaxar.

–Relaxar? Não lembro mais nem a ultima vez que relaxei.

Estamos sozinhas na cozinha da Toca, um milagre quando se tem uma família grande como a nossa.

Eu não conseguia entender se as noticias que andava recebendo essa semana eram boas ou ruins. Primeiro Harry me diz que achou um possível apartamento de Rose, minha filha "desaparecida" logo depois Hugo chega com a noticia de que vai se casar com a pessoa mais superficial do planeta, Valerie Tech, e por fim Ronald conta que conseguiu trazer o processo de Scorpios Malfoy para o Ministério de Londres, o que acarretou numa grande briga entre nós dois, porque eu não concordava que ele usasse o filho para atingir ao pai.

–Juro Gina que já não sei mais o que fazer com seu irmão.

Aquelas palavras vinham corroendo minha garganta há dias.

–Que é isso Mione, Rony é teimoso, todos sabemos, ele vai colocar a cabeça no lugar.

Disse tentando amenizar a situação. Como se fosse possível.

–Não vai não. E você sabe disso. Foi a mesma coisa quando o garoto quis ser auror e Ronald fez com que Harry o reprovasse. Ele é obcecado pelos Malfoy’s.

–Mas dessa vez ele tem razão, o garoto foi acusado de usar magia em trouxas.

–O problema não é se ele tem razão ou não, mas sim o porquê ele está fazendo isso. E ele esta fazendo porque odeia Draco e quer faze-lo sofrer atingindo seu filho. Se fosse o contrario eu não iria gostar de ninguém usando meus filhos contra mim.

Digo com um pontada de dor no peito, eu dizia “meus filhos”, lembrar de Rose era imensamente doloroso.

–Talvez ele esteja errado no quesito motivo, mas você tem que levar em conta que Draco não foi o maior dos anjos com Rony, nem com nenhum de nós.

–Que se dane! Se não fosse porque a mãe de Draco estivesse preocupada com ele, Harry não estaria vivo, e provavelmente não teríamos ganhado a guerra. E mesmo que ele realmente seja culpado deixasse que o governo alemão cuidasse do caso. Ele só trouxe o caso para jogar na cara de Draco que o filho dele é um bandido e mostrar para a sociedade Inglesa que a família Malfoy não mudou tanto assim.

–Vou mandar o Harry conversar com ele.

–Boa sorte. Harry não consegue dizer não a Rony. Eles são melhores amigos esqueceu?

–Tentar não mata ninguém.

Ronald nunca mais fora o mesmo depois de brigar com Rose e cortar relações com ela, e dela com a família. Ele não iria admitir como sempre, era orgulhoso, mas Ronald voltara a ser aquele idiota do quarto ano, e eu não sabia por quanto mais iria aguentar suas atitudes infantis. Eu sabia, ele sabia, todos que conviviam diariamente conosco sabia... Nosso casamento estava por um fio. E eu não tinha ideia do quão grosso era esse fio.

...

–Os Malfoy são uns filhos da mãe que estão conseguindo que a impressa saiba, mas já falei com algumas pessoas e elas vão tentar se infiltrar na mídia e jogar essa "bomba"

Ronald fala, após reunir toda a família na sala de estar.

–Resumindo você quer um circo e não uma audiência.

Digo irritada.

–Desculpe ao sabia que tinha casado com a protetora dos Malfoy.

–Não estou defendendo ninguém, só estou questionando suas intenções.

–Minhas intenções são bem claras, colocar um comensal na cadeia.

–Ele não é comensal.

–Ele atacou trouxas com magia.

–Isso não quer dizer que ele seja comensal.

–Aposto o que você quiser que se ele não for um, conhece vários.

–Não é porque você deseja que os Malfoy’s ainda tenham contatos com os comensais que fugiram que signifique que eles tenham tais contatos.

–Me diga quando eles Draco chamou você para ser advogada dele?

–Não seja ridículo...

–Eu sendo ridículo? Ridícula esta sendo você Granger que protege as pessoas que o torturaram.

–Draco não me torturou, e muito menos seu filho. E desculpe se gostar de justiça me faz ser uma estupida, mas prefiro ser estupida que um vegetal...

–O seu querido Draco não te torturou, mas a tia dele sim...

–A tia, não ele. Você quer julgar Draco pelos erros da tia, e Scorpius pelos erros de toda família Malfoy.

–Parem os dois. Que coisas mais ridículas não acham? Conversem em casa, não na frente de toda família.

Disse Molly nos fazendo ficar calados.

–Desculpe Senhora Weasley, mas seu filho chega a ser insuportável.

Digo aparatando para casa.

...

–De todas as pessoas do mundo eu realmente achei que você e Harry iam me apoiar, no entanto são os primeiros contra. Parecem que não se lembram de tudo que Draco fez conosco do que o pai dele fez com o meu.

–Não esquecemos e acredite quando digo que tenho muitos motivos para odiar Draco e Lúcios, pois não sei se lembra que foi na casa deles que fui torturada e que eles presenciaram minha tortura, porem também não consigo esquecer que Draco teve a oportunidade de entregar Harry naquele dia e não o fez e também não posso esquecer do que a mãe de Draco fez pelo Harry. E acima de tudo não posso colocar nos ombros de Scorpios o que aconteceu quando nem mesmo nascido ele era.

–Não importa, já comecei isso, e não será você, muito menos Harry que me farão mudar de ideia.

–Quando me apaixonei por você sabia que era um cabeça duro, mas quando me casei, depois do que passamos... Sei lá achei que talvez eu pudesse mudar isso em você ou ao menos amenizar... Porem cá estamos nós. Você a eterna cabeça dura e eu a idiota que ainda acredita existir um homem de verdade aí dentro. Porque caso não tenha percebido não estamos mais em Hogwarts, não estamos mais em guerra pelo menos não contra Voldemort e principalmente não somos mais crianças. Até mesmo Harry deixou tudo àquilo que passamos de lado e é feliz, Draco fez o mesmo, eu estou tentando, mas você ainda vive lá...

–Não vou mudar de ideia, eu já disse.

–

...

Na manha seguinte acordei com uma ideia na cabeça e tratei de pô-la em pratica logo pela manhã.

–Ronald. Andei pensando e quero te fazer uma proposta.

–Que proposta?

–Você esquece a imprensa no caso dos Malfoy's, só aciona ela depois do julgamento...

–Não vou fazer...

–Não terminei. Se você fizer isso, eu cuido do caso.

–Como?

Perguntou ele engasgando. Ele sabia que me ter como juíza era praticamente ganhar o caso.

–Isso mesmo que você ouviu.

–Aceito. É claro que aceito.

...

–Hermione.

Ele me chama após algum tempo em silencio.

–Sim?

–É... Sobre... -Ele segurou minhas mãos por cima da mesa, eu senti o choque que sempre sentia quando ele tocava, mas relutantemente soltei minhas mãos da sua -Eu ainda amo você. Eu só...

–Você só, o quê?

–Mesmo depois do que aconteceu, eu ainda amo você.

–O problema Ronald, é que nem sempre só amar basta. E acima de tudo amor nao é só "eu te amo". É mais do que isso, talvez você tenha esquecido como é amar, já que vive preso dentro do seu proprio mundinho, fechado a qualquer que tenha uma opiniao diferente da sua... Você já muitas pessoas que te amavam, inclusive eu, Harry, Gina... Sua familia. Eu espero que você se encontre logo Ronald, porque o amor nao sobrevive sem gestos, sem obras, sem amor.

...