Frozen - White Love escrita por Mirytie


Capítulo 7
Capítulo 7 - Outra Vez


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^^



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"Ice Flower"

Era o que os pais dela a chamavam quando ela era pequena. Pequena flor de gelo. Não tinham intenções de magoá-la de jeito nenhum. E ela não ficava magoada. Pelo menos até ter magoado a sua irmã.

A partir daí, os pais tinham parado de chamar-lhe "Ice Flower". O nome nunca mais foi mencionado mas, sempre que via uma flor azul lembrava-se do raio do nome e de tudo o que tinha feito à sua família e a Arandelle. No entanto, tinha sido aquele ramo de flores azuis que uma das empregadas tinha posto no seu quarto que lhe tinha dado a ideia.

Por isso, de madrugada, mesmo antes de os empregados do castelo acordarem, Elsa levantou-se, colocou um vestido preto, uma capa roxa com um capuz para cobrir-lhe a cara. Colocou a coroa na cabeça e as luvas nas mãos e saiu em bicos de pés com um maço de folhas nos braços.

O sol ainda não tinha aparecido no horizonte quando ela começou a bater às portas.

...

Depois de quatro horas a vaguear pela cidade, Elsa voltou para o castelo com o maço de folhas, já um pouco amarrotados.

Sentou-se no trono, suspirou e esperou que o conselheiro viesse com ela.

– Rainha, quando não encontramos, fiquei preocupado. - disse o conselheiro, correndo imediatamente para ela - Quer que adiemos o encontro de hoje?

– Quero que cancelem todos os encontros. - disse Elsa, entregando-lhe os papeis sem sequer olhar para o homem que começou a lê-los imediatamente - Os príncipes partem amanhã. Já chega desta piada de mau gosto.

– Mas, rainha Elsa, mesmo com isto...

– O que é que foi? - perguntou Elsa, levantando-se - O povo falou e eu estou a ordenar. Acabou.

Satisfeita, Elsa levantou-se e voltou para o seu quarto, aonde tirou a capa, a coroa e atirou-se para a cama. Com as pontas dos pés, tirou os sapatos, sorriu e perguntou-se o que as pessoas pensariam se soubessem que a rainha se comportava assim.

Para eles, a Rainha Elsa era uma pessoa perfeita, e era por ela ter essa imagem que a população tinha assinado aqueles papéis.

Tinham ficado surpreendidos quando viram a rainha à porta deles de madrugada mas, mal lhes explicara a situação eles não hesitaram a assinar.

Elsa tinha-se lembrado no dia anterior do que os pais lhe tinham ensinado: "Por vezes, o povo tem mais poder do que os próprios réis." Aliás, quando eles fecharam o castelo, a população de Arandelle exigiu que os réis lhes dissessem o que se passava. Uma vez que o seu pai se recusou a dizer alguma coisa, porque também não gostava de mentir, quase se despoletou uma guerra em Arandelle.

Com isso, Elsa tinha aprendido que o que o pai lhe tinha dito era verdade.

– As minhas meninas vêm em primeiro lugar. - tinha-lhe dito o pai, enquanto o povo protestava do outro lado dos portões do castelo.

Elsa chorara naquela noite, mas aquela lição tinha-lhe sido útil agora.

Tinha ido de porta em porta com uma simples pergunta: "Acham que é necessário um rei, neste momento?"

A maioria tinha dito que não, uma vez que a rainha tinha sido tão generosa para com a população de Arandelle. Apenas cerca de 1% dos habitantes tinham dito que era preciso um rei. Esses, pensava Elsa, ainda deviam ter medo dela.

Respeitava toda Arandelle mas, naquele caso, teria de ignorar o 1%. Não queria ser beijada outra vez. Não queria ser dada a ninguém só porque os conselheiros diziam que Arandelle tinha de ter um rei agora.

Podia ter perdido bastantes contactos ao fazer aquilo, mas sabia que os pais a apoiariam se estivessem ali.

De repente, Anna entrou no quarto dela sem sequer bater, assustando a irmã, que se sentou imediatamente na cama.

– Anna. - suspirou Elsa, mais descansada - O que é que aconteceu? Porque é que entraste sem bater?

– Os príncipes estão extremamente chateados. - disse Anna - Os conselheiros deles estão a falar com o teu conselheiro. Não parecem contentes. O que é que fizeste?

– Anna, tu eras a favor disto desde o princípio. - disse Elsa, pondo-se em pé - Preciso que me apoies agora.

– O que é que se passa? - perguntou Anna, novamente.

– Eu quero mandar os príncipes embora e acabar com este casamento forçado que eles estavam a planear. - revelou Elsa - Vão todos embora amanhã.

– Todos embora? - perguntou Anna - Até o Sirius?

Elsa olhou para o chão. - Todos. Ele já queria ir antes, não vejo razão para que ele fique.

Anna suspirou.

– Devias parar de te comportar como uma rainha durante algumas horas e pensares como uma rapariga normal. - propôs Anna - Não vais querer mandar o Sirius embora se o fizeres.

– Anna, tu salvaste-me uma vez. - lembrou Elsa - E agora eu estou a ser egoísta porque não quero casar-me com um príncipe qualquer. Quero que seja como o pai e a mãe. Mas ainda é muito cedo para encontrar amor ou sequer procura-lo. Tenho de tomar conta do meu reino e tornar-me numa boa rainha.

– Tu já és uma boa rainha, Elsa. - disse Anna - Não precisas de mudar nada, a não ser o teu aspecto feminino. Vais ser rainha para o resto da tua vida mas, só tens agora para te importares com isto.

– Já chega, Anna! - exclamou Elsa - Com "isto" o quê? Rapazes? Tenho bastante tempo para me preocupar com isso depois.

– "Já chega, Anna!" "Já chega, Anna!" - exclamou Anna, irritada - É só o que sabes dizer mas, quando vires o Sirius a ir embora amanhã, não vais ter essa cara tão composta.

Previsivelmente, Anna virou costas e saiu do quarto. Elsa suspirou e deixou-se cair na cama.

"Não voltei a Arandelle para encontrar um namorado." Era naquelas alturas que sentia falta de quando o reino inteiro tinha medo dele e ela estava no castelo de gelo. A viver. Sozinha. Livre. Como bem lhe apetecia.

Agora, como rainha amada por toda Arandelle, ela tinha de se comportar. Não podia mostrar o que Anna queria que ela fizesse, em público. Os habitantes iriam simplesmente pensar que ela era uma pessoa normal e não confiariam nela.

Aliás, a sua prioridade era ganhar e manter a confiança da população de Arandelle. Quando e se isso acontecesse, ela daria ouvidos à irmã. Entretanto, ficaria apenas feliz por ela estar a aproveitar a vida com Kristoff.

Levantou-se novamente, preparada para enfrentar a multidão.

Ela já não era a florzinha de gelo, mas tinha de ser tão fria como uma.

...

Na sala de jantar, encontravam-se todos os príncipes com os seus conselheiros, por ordem da rainha, que entrou cinco minutos depois de eles se reunirem, com o seu próprio conselheiro. A discussão começou mal ela deu um passo na sala.

"Porque é que nos mandou vir?" "Porque é que mudou de ideias tão de repente?", etc, etc.

Elsa não falou até toda a gente parar de se queixarem.

– Como sabem, há um ano atrás, Arandelle passou por um mau bocado por minha causa. - começou Elsa - O meu grupo de conselheiros, que estão agora dispensados, decidiram que os aldeões de Arandelle se sentiriam mais seguros se eu estivesse casada e houvesse um rei. No entanto, hoje de madrugada, perguntei à população de Arandelle o que é que eles pensavam e eles disseram que era perfeitamente aceitável que ainda não houvesse um rei. Portanto, o meu casamento vai ser adiado por algum tempo, enquanto tento habituar-me a governar Arandelle.

– Isso quer dizer que viemos aqui para nada. - comentou um dos príncipes, extremamente irritado.

– Infelizmente, sim. - admitiu Elsa - No entanto, quando estiver preparada para casar, vou preparar um baile onde vou convidar todas as famílias reais das terras circundantes. Se vocês quiserem comparecer, serão mais do que bem-vindos.

Os príncipes começaram a protestar outra vez, mas os seus conselheiros conseguiram acalma-los eventualmente.

– Os vossos barcos estarão prontos amanhã. - informou Elsa - Espero que tenham tido uma boa estadia e que façam uma boa viagem de regresso aos vossos países.

Sirius, que também estava presente, ao lado do irmão, viu Elsa sair da sala sem sequer olhar para ele e virou a cabeça para o chão.

Tinha acabado mais rapidamente do que esperara.

...

– Não podes fazer nada, Anna. - disse Kristoff, depois de Anna lhe ter contado a história de Elsa - Ela fez o que acha que está certo. Não podes obriga-la a voltar atrás.

– Mas ela devia ter a minha opinião em consideração. - disse Anna, tristemente - Afinal, eu sou a irmã dela! Porque é que ela nunca me dá ouvidos!?

– Ela dá. - disse Kristoff, levando uma mão ao ombro de Anna - Mas desta vez, tem de ser ela a fazer isto.

– E o príncipe Sirius? - perguntou Anna - Ela está apaixonada por ele!

– Quem sabe? - Kristoff encolheu os ombros - Tu também pensavas que estavas apaixonada pelo príncipe "não-sei-quem".

– Foi uma situação diferente. - disse Anna, afastando a mão de Kristoff - O palácio tinha acabado de abrir. E, como ele disse, eu estava desesperada por sentir amor.

Kristoff suspirou.

– Vamos supor que a rainha está mesmo apaixonada pelo segundo príncipe de Fraziel. - disse ele - Se assim for, ela vai aperceber-se quando ele estiver a entrar no barco, certo?

– Se não se aperceber... - Anna olhou para o chão - Eu não quero que ela fique sozinha. Ela já esteve sozinha durante muito tempo.

– Ela nunca vai ficar sozinha. - garantiu Kristoff - Mesmo que ela não se aperceba que gosta do Sirius, ela terá sempre a irmã junto a ela.

Anna sorriu.

– Sabes sempre o que dizer.

– Claro. - disse Kristoff, sorrindo também - Afinal, os meus familiares são especialistas no que toca a romance.

...

Elsa desviou os olhos quando viu o sol a pôr-se no horizonte e apertou o seu pijama com força.

Ia tudo acabar amanhã e, depois de os príncipes partirem, ela voltaria aos seus deveres reais.

Deitou-se na cama e, tal como esperava, esta congelou imediatamente. Ainda não conseguia controlar aquilo.

Adormeceu na cama de gelo de tal maneira que nem se apercebeu dos passos que se dirigiram para o seu quarto. Não ouviu a sua porta a abrir-se nem o homem a aproximar-se da sua cama. Por isso, não acordou e não viu a faca na mão do homem que agora estava parado em frente à sua cama.

No entanto, quando o homem ia matar a rainha de Arandelle, uma parede enorme de gelo ergueu-se entre ele e Elsa, prendendo a mão e a arma dentro do gelo.

Quando Elsa abriu os olhos, sentou-se e arrastou-se até ao outro lado da cama ao ver o seu conselheiro com a mão e a faca presa no gelo.

– O que é que está aqui a fazer!? - perguntou Elsa, assustada - O que é que se passa!? Anna!

– Não mereces ser a nossa rainha, pirralha insensível! - exclamou o conselheiro - Uma rainha deve fazer o que é melhor para o reino, não obrigar o reino a fazer o que ela quer!

Anna entrou nesse momento no quarto e abriu a boca ao ver aquilo.

– O que é que se passa!? - perguntou Anna, enquanto se aproximava cuidadosamente do conselheiro.

– Anna, vai chamar os guardas! - pediu Elsa.

Anna anuiu com a cabeça e saiu imediatamente do quarto para ir pedir ajuda.

– Não levará muito tempo até que o reino a veja como eu a vejo. - avisou o conselheiro - Um monstro perigoso e egoísta que só é rainha por ter nascido primeiro. Devia ter sido a princesa Anna a ser declarada rainha!

Elsa enrolou os braços à volta de si mesma, como se estivesse com frio. Os guardas apareceram alguns segundos depois e levaram o conselheiro para as masmorras depois de Elsa ter descongelado a parede de gelo.

Depois de todos saírem, Elsa trancou a porta, voltou para a cama e encolheu-se em modo fetal, enquanto camadas de gelo começavam a cobrir as paredes do seu quarto.

Monstro, dissera ele.

Era exactamente isso que ela era, o conselheiro tinha razão.

"Ice Flower." Não! "Ice Monster."

...

No dia seguinte, enquanto os príncipes começavam a embarcar, Anna bateu à porta da irmã, uma vez que ela não tinha saído durante toda a manhã.

Quando ela não respondeu, Anna levou a mão à maçaneta mas afastou-se imediatamente quando sentiu a maçaneta congelada.

Estava a acontecer outra vez.


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Notas finais do capítulo

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