As Cores do Inferno escrita por Ruby


Capítulo 6
Capítulo 6 – Preto


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :3

Então... esse é o último capítulo ): O epílogo é bem pequeno e posto amanhã, ok? Obrigada a todas vocês que acompanharam até aqui! Espero que vocês gostem e entendam porque eu amo tanto essa fic, rs.



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Eu estava morto.

Meu coração não tinha mais motivos pra bater. Eu havia me esquecido de como se fazia para respirar. Não havia mais um eu consciente das minhas ações, nem mesmo um motivo para seguir em frente. As palavras de Carlisle me desestruturaram por completo.

Isabella está a caminho da morte nesse exato momento.

Minhas pernas se moveram involuntariamente em direção à porta. Registrei vagamente o barulho de passos e gritos atrás de mim, e soube que Carlisle e Emmett me seguiam. Em segundos eu já estava no pátio.

Ainda era dia, mas o céu estava negro. Totalmente escuro. Sem luz. Sem vida.

Sem esperanças.

O pátio estava lotado de soldados, mas eu estava sozinho. Eu e meu desespero corríamos o mais rápido que podíamos, forçando minhas pernas a seguirem em frente. Por várias vezes tropecei no chão irregular de concreto, mas me concentrei em não cair. Cada segundo era precioso, cada respiração era sagrada para tentar manter meu coração batendo – não só o meu.

Minhas vias aéreas se fecharam e meu coração acelerou. Era difícil pensar em morte nessa situação. Eu já vira muitas mortes – inclusive tive parte em algumas delas, mas elas nunca haviam doído tão fundo em mim como a possível morte de Bella doía. Talvez porque as pessoas que vi morrer não me importavam tanto. Eu não estava apaixonado por elas.

O grande portão de madeira que delimitava o fim do espaço permitido a soldados surgiu em minha vista, tão distante quanto o sol negro que se erguia do leste. Forcei minhas pernas ainda mais, sentindo o desespero invadir cada célula do meu corpo.

Minha cabeça latejava. Tinha a impressão de que quanto mais eu corria em direção ao portão, mais ele se afastava. Minhas pernas gritavam em protesto ao meu constante esforço, mas eu as ignorei. Eu teria tempo para descansar depois que salvasse Bella.

Minha Bella.

Seu nome dançou em minha mente, como milhões das estrelas douradas que vi no céu na noite passada. Elas flutuavam e tomavam conta de todo pequeno espaço nos meus pensamentos, resolvendo descer aos meus lábios quando os portões finalmente se aproximaram.

– Isabella!

Reconheci Jasper do outro lado dos portões, fechando-os. Ao me ver, seus olhos se arregalaram e – nunca saberia dizer se intencionalmente ou não – ele interrompeu o fechamento dos portões.

Quando cruzei o muro, notei a linha de fuzileiros que se aproximava de uma parede no centro do pátio. Encolhida no meio dessa parede, com o queixo erguido e os pulsos amarrados nas costas, estava ela, minha Bella.

– Não! – gritei.

O rosto que antes encarava o nada de maneira orgulhosa se virou para encarar o meu, e o resto do mundo desapareceu.

Corri até ela e caí de joelhos em sua frente. Abracei suas pernas e deixei que todo o choro que eu guardara desabasse ali, aos seus pés.

– Edward! – ela arquejou, desesperada de repente. Quando a encarei, percebi que ela também chorava.

– Isabella, não... Por favor, não!

– Edward...

– Por favor, fique comigo...

– Não implore! – ela respondeu, enquanto eu a apertava cada vez mais forte, recusando-me a soltá-la – Já está acabado, meu amor...

– Não, não...

– Por favor, não torne isso mais difícil...

Ambos soluçávamos. Me coloquei em pé, segurando seu rosto com firmeza e tentando chegar até seus lábios uma última vez. Porém, rápido demais, antes mesmo que eu pudesse dar ao universo a chance de fazer qualquer milagre acontecer, quatro mãos fortes agarraram meus braços e me puxaram para longe dela – para longe dos lábios dos quais eu nunca cheguei a me despedir. Quando ela sussurrou um adeus em meio aos soluços, eu me deixei levar pelo desespero e pela dor, assistindo a tudo sem poder fazer nada.

– Eu te amo, Isabella! – gritei, usando todo o fôlego que ainda restava em mim. – Eu te amo!

Eu estava sendo arrastado para longe, em meio a gritos e tumulto, com os braços torcidos em minhas costas, mas ninguém teve a decência de cobrir meu rosto. Eu ainda podia vê-la soluçando, o corpo arqueado e tremendo, os olhos buscando os meus. Ali, naquele pequeno espaço de tempo, vivemos toda nossa vida juntos.

Pude ver a linha de fuzileiros se aproximar dela. Talvez essa fosse minha punição: assistir a tudo antes de conseguir chegar ao portão.

– Por favor, não façam isso...

– Você não pode ficar aqui, Edward! – ouvi a voz de Jasper se dirigindo a mim – Sinto muito! Eu fiz tudo que pude!

Os fuzileiros haviam finalmente parado. O homem ao lado deles, que reconheci ser o Tentente James Brandon, lançou um olhar em minha direção antes de mover os lábios e se dirigir ao pelotão.

– Não! Não, Isabella, não! – tentei me debater, desesperado, mas o esforço foi inútil. As mãos que me seguravam aumentaram o aperto ao meu redor.

– Pelo amor de Deus, levem-no daqui agora! – Jasper gritou – Rápido!

Não foi o suficiente. Naquele momento, todos os homens levantaram as armas e apontaram para Bella.

– Não! James, pare com isso!

Minhas palavras nunca chegaram ao Tenente. Eu nunca cheguei ao portão. Era para ela que eu olhava quando ouvi a ordem ser dada no silêncio que se seguiu, e que durou quase uma eternidade. Era a mim que ela encarava. E eu fui a última coisa que ela viu.

Depois disso, não houve mais nada. Apenas o barulho dos tiros.

XX

– Tem certeza disso, Edward?

Carlisle me perguntou enquanto eu lhe estendia a mão, oferecendo minhas duas medalhas e minha farda de Major – lembranças que ficaram guardadas comigo durante todo esse tempo. Emmett, que havia sido promovido a Sargento, estava ao meu lado, com a mão em meu ombro, me apoiando.

– Tenho, Coronel.

Meus olhos não arderam com a despedida que eu sabia que era certa. Mais de um mês havia se passado desde a última vez que eu chorara. Desde a última vez em que meu coração havia batido verdadeiramente.

Carlisle me deu as costas, guardou minhas roupas e me entregou um uniforme verde diferente do que eu agora usava.

– Espero que se acostume com a vida de combatente – Carlisle sorriu, piscando para mim e me dando um abraço rápido. Ele não disse mais nada. Apenas olhou profundamente em meus olhos e depois saiu pela porta.

Eu me virei para encarar Emmett, que tentava disfarçar o choro.

– Essa roupa, ela... ela pinica um pouco nas costas...

Eu ri da sua tentativa de quebrar o clima, mas o riso durou pouco. Logo ele estava me abraçando forte, fazendo meu coração doer.

– Vai com calma, Sargento – brinquei, deixando minhas roupas caírem no chão e o abraçando de volta.

Ficamos um bom tempo em silêncio, até que ele me soltou e olhou em meus olhos.

– Prometa que vai voltar, Edward. Volte por mim, irmão.

– Você sabe que não vou voltar, Emm. – eu dei um murro fraco em seu ombro – Linha de frente.

– Você não precisa ir.

– Eu quero ir.

Não era mentira. Eu queria mesmo.

A guerra se intensificara, agora que os inimigos haviam descoberto a base secreta em Seattle. Eles estavam atacando as cidades próximas e nossa missão era impedir o ataque. Emmett fora designado para o setor de Informações. E eu havia escolhido ir à combate.

Emmett engoliu em seco e me abraçou de novo, se permitindo chorar abertamente. Percebi, de repente, que também estava chorando. Limpei rapidamente as lágrimas. Era difícil se acostumar com elas.

– Boa sorte, Soldado – ele disse.

– Obrigado, irmão. Te vejo por aí.

Saí de meu gabinete, que agora era ocupado por Emmett, e, em passadas largas, encarei o destino que me esperava mais a frente. Parando apenas para vestir o uniforme, desci até o pátio, onde o caminhão já me esperava.

Se aquele era o meu destino, eu não sabia, mas era aquele que havia escolhido para mim. Enquanto seguíamos para Seattle, peguei o pequeno pingente que Isabella havia me dado. O beijei com todo amor que tinha e pedi para que ela me ajudasse em meu objetivo. Se tudo corresse bem, eu a encontraria em poucas horas. E então seríamos apenas eu e ela.


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Notas finais do capítulo

Vejo vocês no epílogo pra choradeira, ok? DHAUSHDIHAD

Até amanhã ;*