As Cores do Inferno escrita por Ruby


Capítulo 5
Capítulo 5 – Azul escuro


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas! *-*

Venho com mais um capítulo! Vejo vocês lá embaixo. Espero que gostem!



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Uma mistura de sentimentos me deixou acordado a noite toda. A adrenalina continuava percorrendo minhas veias quando meu despertador tocou às 5h da manhã. Eu passara a noite toda revivendo aquele beijo, o toque suave de seus lábios nos meus, sua respiração ofegante. Imagens que eu nunca conseguiria esquecer.

Apesar disso, um pequeno sentimento tomou forma e ganhou força naquela manhã de céu azul escuro, quase negro, depois de observar os soldados no café da manhã.

Ódio.

Isabella não era uma garota qualquer. Mesmo sendo uma prisioneira de guerra, senti nojo ao imaginar que tentaram estuprá-la. Algum desgraçado havia tratado-a como objeto, e eu jurei que ele pagaria por isso.

Vesti minha farda naquela manhã com um único objetivo: matar o imbecil que havia feito aquilo à minha Bella.

Ri sozinho ao notar o uso do possessivo.

– Posso saber do que está rindo? – Emmett entrou em minha sala sem bater, fechando-a atrás de si.

– Prometa que não vai ter outro ataque de nervos.

Contei a ele o que havia acontecido na noite anterior, sobre nossa conversa e o beijo.

– Não posso acreditar. – ele riu – Cara, você é maluco! Maluco! Você se arriscou mesmo a ir falar com ela no meio da madrugada?

Eu concordei com a cabeça.

– Sabe que isso podia ter dado errado, não sabe? – ele não estava bravo.

– Sim, eu sei.

– Sabe que foi muito arriscado de sua parte, certo?

– Sim.

– Se arrependeu de ter ido até lá?

– De jeito algum.

– Sinto lhe informar, Major, mas você está apaixonado.

Me permiti rir em alto e bom som, sem me sentir envergonhado por isso.

– É, meu amigo... Eu acho que estou. Depois ela me deu isso, olhe – mostrei a ele o pingente – Disse que esse anjo a protegia.

– Isso é um arcanjo – ele me corrigiu observando o pingente.

– Como diabos você sabe disso? – perguntei, arqueando as sobrancelhas.

– Os arcanjos são... “superiores” aos anjos – ele respondeu, me dando uma piscadela.

Observei o pequeno pingente, tentando descobrir onde ele havia visto a diferença.

– Enfim – ele continuou – Vim lhe informar que o Sargento Hale está procurando por você.

Novamente ouvi a amargura na voz de Emmett ao falar dele.

– O Sargento terá que esperar, tenho um compromisso inadiável. Emmett, posso fazer uma pergunta?

– Claro.

– Qual é o seu problema com o Sargento Jasper Hale?

Ele desviou os olhos e suspirou antes de responder.

– Não é nenhum problema sério, ele só... Ele roubou meu lugar de quarterback no time do Exército. Fui rebaixado a wide-receiver por culpa dele.

Levei alguns segundos para conseguir dizer algo.

– O que? É só por isso?

– Só?! Eu sou um RG3, Edward, não um Calvin Johnson!¹

E então ele saiu pela porta antes que eu tivesse a oportunidade de rir dele.

XX

Quando ouvi alguém bater na minha porta momentos mais tarde, percebi que meu compromisso inadiável havia chegado.

– Major? – uma voz grossa me chamou.

– Entre.

Naquele momento, Emmett não estava na sala. Propositalmente. Eu sabia que ele faria de tudo para me impedir de quebrar a cara do idiota que agora se postava na minha frente.

Alto, musculoso e com o cabelo raspado, Jacob Black era o tipo de soldado que eu mais detestava. Andava com o peito estufado, com um sorriso irônico no rosto e os braços levemente levantados, dando a impressão de que serem maiores do que realmente eram. Resumindo, um completo panaca.

– Mandou me chamar? – ele perguntou após bater continência.

– Sim – respondi, me levantando e parando em sua frente – Você é o Soldado Black?

– Sim, Senhor. Atirador Black – ele respondeu com certo orgulho.

Ofereci minha mão. Assim que ele a apertou, prensei-o na parede com a minha mão livre e o segurei pelo pescoço.

– Mas que diabos...? – ele arfava, suas mãos tentando inutilmente livrá-lo do aperto – Me solte... Me solte!

– Cale a boca! – eu gritei.

Eu estava cego de ódio. Cada célula do meu corpo vibrava com aquele prazer desconhecido, assistindo enquanto o inseto imundo em minha frente tentava respirar inutilmente. Antes que eu concluísse o serviço, porém, ele conseguiu torcer um dos meus dedos para trás, me afastando por alguns segundos e tentando correr em direção à porta. Um grito insano escapou da minha garganta quando, num movimento rápido, agarrei sua farda por trás e lancei-o contra a parede dos fundos da sala.

– O que está fazendo, seu idiota?! – ele gritou, recuando enquanto eu me aproximava novamente.

– Estou lhe ensinando a ser homem!

Fechei minha mão em punho e acertei seu nariz que, imediatamente, começou a sangrar. Jacob tentou devolver o soco errando-o miseravelmente, como uma criança brincando de cabra-cega. Segurei-o firmemente pela gola da camisa e joguei-o no chão, prendendo-o embaixo de mim.

– Nenhum homem age covardemente enquanto veste essa farda! Nem mesmo um moleque ridículo e arrogante como você! Você não merece nenhum respeito, seu verme imundo!

– Me solte agora, seu...

– Você é a escória desse batalhão, Jacob Black! – gritei ainda mais alto, socando-o novamente.

Suas mão tentaram alcançar meu rosto, mas não conseguiram. Apertei seu pescoço com toda a força que me restava e vi seus olhos se arregalarem de medo.

– Me... solte...

– Seu covardezinho nojento! – Cuspi as palavras com todo nojo que consegui reunir – Você nunca mais vai tocar em Isabella!

Para minha surpresa, ele riu, me deixando confuso. Afrouxei o aperto em seu pescoço e ele se aproveitou do meu momento de hesitação, acertando um soco em meu rosto e me jogando para trás. Quando consegui me levantar, ele estava escorado em minha mesa, metade do rosto coberto de sangue.

– Está falando da prisioneira? – ele perguntou rindo, o tom irônico me fazendo tremer de ódio – Por que se incomodou tanto, Major? Posso terminar o serviço, se você quiser...

Avancei contra ele, desviando de um soco e prendendo-o contra a parede.

– Eu vou matar você, seu desgraçado!

– Como sabe que eu a encontrei, Major? – ele me perguntou, agora sem desviar os olhos de mim.

– Ela me contou, idiota!

– Como, se ela não falou com você?

Senti meu corpo esfriar de repente. Minhas mãos o soltaram automaticamente.

– Ela não ficou muda, não é? Ela falou com você. Ela confessou a traição! – ele continuou me provocando. – Você mentiu para o Coronel, não mentiu?!

– Cale a boca...

– Você está ferrado, Edward.

– Cale essa maldita boca!

– Por que está preocupado com ela? Ninguém vai se lembrar dela quando ela morrer!

Uma fúria incontrolável tomou conta de mim. Me lancei contra Jacob e apertei sua garganta, levantando-o alguns milímetros do chão. Eu podia ver seus olhos tremerem de medo. Ele tentava arranhar meus braços e meu rosto, mas eu estava imune à dor. Aos poucos, seus movimentos ficaram mais lentos e ele começou a desistir de lutar. Eu podia ouvir o esforço que seus pulmões faziam para respirar.

Eu podia ver a luz abandonando seus olhos.

De repente, tudo passou a se desenrolar lenta e silenciosamente. Mãos me seguraram e grudaram meu pescoço, afastando-me de Jacob, que caiu estatelado no chão e foi socorrido por alguém. Tentei gritar para que não o deixassem escapar, mas ele foi acompanhado porta afora. Os braços que me seguravam afrouxaram de repente e me senti caindo em cima da minha cama. Tentei me levantar, mas Emmett estava parado na minha frente. Ele gritava e uma veia pulsava em sua têmpora, mas eu não podia escutar o que ele dizia. Tudo girava e eu não conseguia encontrar um ponto de apoio. Não havia mais som, não havia mais luz. O céu azul escuro invadiu a janela, engolindo meus pertences, minha sala e meu medo, transformando tudo em escuridão.

XX

Acordei com uma terrível dor de cabeça. Abri os olhos lentamente e percebi que continuava em minha sala, deitado sobre minha cama. Haviam retirado a parte de cima de minha farda e minha camiseta branca estava encharcada de suor. Olhei para o lado e vi Emmett sentado em minha mesa. Quando ele me viu, seu rosto assumiu uma expressão preocupada.

– Edward! Graças a Deus! Achei que você nunca mais levantaria dessa cama.

Apoiei o peso do meu corpo sobre um dos braços e tentei me levantar. Emmett correu até mim e me ajudou, me colocando sentado com as costas apoiadas na parede.

– O que houve?

– Você passou algumas horas desacordado. Levou um soco feio no rosto, mas acho que você vai ficar bem. Como está se sentindo?

– Preocupado – respondi, ficando alerta de repente – Onde está Jacob?

– Foi levado pelo Sargento Hale. Vai responder por agressão a um superior. Mas você também vai ter que explicar algumas coisas.

– Não me importo. Emmett, você precisa me ajudar – o medo voltou a ocupar minha mente. – Jacob, ele sabe de tudo. Você precisa encontrá-lo antes que...

– Não precisa fazer nada, Emmett. – uma voz diferente disse.

Carlisle nos observava da porta, seu rosto torcido numa expressão que indicava dor, pesar e desapontamento. Pelo canto dos olhos, vi Emm abaixar a cabeça.

– Carlisle, eu posso... – comecei, mas ele me interrompeu.

– Não é necessário. – ele se aproximou e se sentou ao meu lado na cama, suspirando – Ja sabemos que você mentiu sobre Isabella Swan.

Senti o sangue fugir da minha cabeça e meus ouvidos começarem a zunir. Forcei meus pulmões a continuarem respirando; não queria desmaiar outra vez. Antes que eu pudesse sequer abrir a boca para me explicar, Carlisle proferiu minha sentença.

– Você não está autorizado a visitá-la. Perderá seu cargo de Major e seu trabalho no setor de Informações. Você foi rebaixado a Cabo e responderá a um novo superior juntamente com o restante do batalhão. Sinto muito, mas isso foi o máximo que eu consegui fazer para evitar sua expulsão.

Eu mal conseguia pensar. Meu coração pulsava tão rápido que eu temia um ataque cardíaco.

– Onde ela está, Carlisle? O que vai acontecer com a Bella?

– Você não está autorizado a vê-la, Edward, o Tenente Brandon deixou bem claro que...

– Brandon?! O que James tem a ver com a história?

– Ela é responsabilidade dele agora.

– Ela é caso para o Tenente se preocupar? – perguntei, sem acreditar.

Ninguém me respondeu. Carlisle evitava me olhar. Emmett tinha os olhos úmidos.

– Alguém pode me explicar o que está acontecendo? – perguntei, já desesperado.

Ambos se encararam por alguns segundos, depois olharam para mim.

– Acabou, Edward – Carlisle explicou, encerrando o assunto. – Brandon a condenou. Isabella está a caminho da morte nesse exato momento.


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Notas finais do capítulo

¹RG3 (Robert Griffin III) é considerado o melhor quarterback de todos os tempos do Washington Redskins, time de futebol americano dos EUA. Calvin Johnson, também conhecido como Megatron, é considerado por muitos como o melhor wide-receiver da NFL e joga pelo Detroit Lions.


E aí, o que acharam? *-* Edward mostrou um lado mais obscuro, espero que vocês ainda o amem apesar de disso, rs.

Então, galera, esse é o penúltimo capítulo da fic :x Teremos ainda o último e um pequeno epílogo, então deixo o drama pro fim rs.

Vejo vocês no próximo capítulo, ok?