Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 96
Apostas de Verão - parte 3 - Pōmaika'i


Notas iniciais do capítulo

Pōmaika'i = boa sorte



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— Pessoal, tenho algo muito importante a anunciar. – Fabrício falou batendo o garfo em um copo durante o jantar.

— Algo muito importante? – Indagou Félix. – Para você parar de comer deve ser importantíssimo. Você puxou o apetite do carneirinho.

Niko deu um tapinha nele.

— É de extrema importância, papi.

— Está começando a me assustar, Fabrício. – Disse Niko. – O que é tão importante?

— Calma, papai, relaxa que eu não fiz nenhuma besteira se é isso que você pensou.

— Eu não pensei isso.

Félix completou: - Eu também não, mas agora estou pensando.

— Papi! Confia em mim, ora! Eu tenho a solução dos seus problemas.

— Dos meus?

— Dos de todos.

— Ah é? Que mágico! E qual é?

— Eu já sei uma maneira de todo mundo conseguir o que quer. O Jayme e a Angélica vão relaxar, vocês dois vão poder comemorar as bodas, e eu ainda consigo o que quero.

Félix e Niko se olharam tentando adivinhar o que Fabrício estaria aprontando. Jayme perguntou ao irmão:

— E qual é a sua miraculosa solução?

— Simples, meu caro irmão. Eu tenho um presente para você e minha querida nora. Tomem. – Pegou no bolso um envelope e entregou. Dentro, passagens de avião.

— Passagens?... – Jayme indagou surpreso ao abrir o envelope que Fabrício lhe deu.

— Sim. Eu estou dando de presente a vocês uma viagem ao Havaí.

Jayme e Angélica se olharam surpresos. Félix e Niko também.

— C-Como assim, Fabrício?...

— Jayme, é uma ótima oportunidade! Vocês levam o bebê e lá cada um se reveza um dia cuidando dele. São quatro dias. Assim, enquanto um está bancando o papi ou a mami coruja, o outro pode descansar tranquilamente o dia inteiro e ainda curtir uma paisagem paradisíaca. Que tal, hã? E vocês não podem recusar, gastei toda minha mesada nisso.

O casal teve uma breve conversa e depois...

— Ok... Aceitamos, Fabrício. - Disse Jayme.

— Foi uma ideia maravilhosa! Obrigada. - Angélica agradeceu.

— De nada. Imaginem... Eu faço isso porque amo vocês.

Niko e Félix ficaram encarando Fabrício.

— Claro... Unicamente por amor, não é, Fabrício? – Indagou Félix.

— Sim, papi!... Tanto que se eles quiserem ainda ter um tempinho para os dois... Eu posso ir junto para cuidar do meu sobrinho.

— Ah! Ganhei, carneirinho! – Félix falou alto.

— Ganhou o quê, papi?

— Eu apostei com o carneirinho que você ainda tentaria de alguma maneira ir a essa viagem que você tanto quer. Acertei.

— Tá, tá, acertou... – Disse Niko. – Que feio, filho, usando seu irmão pra conseguir o que quer de novo?

— Você tá me usando de novo, Fabrício? – Jayme perguntou sério.

— Não, gente! Eu falei sério, eu comprei essas passagens pra vocês relaxarem, eu só queria ir junto como um adicional, como babá do meu sobrinho, como queiram... Ah, e pra não desconfiarem mais de mim, eu também tenho um presente pra vocês, papis.

— Pra a gente?

— Sim. Tomem. – Deu outro envelope igual aos pais. – São outras duas passagens. Eu disse que havia gastado toda a mesada? Na verdade eu gastei tudo que tinha. Mas, apenas para proporcionar o melhor a vocês.

Niko e Félix tiraram as passagens de dentro do envelope e não entenderam.

— Espera aí, também são para o Havaí?

— São. Assim vocês podem ir passar o aniversário de namoro num lugar paradisíaco. Seria como reviver a lua de mel. E vocês nem precisariam se casar de novo agora, podem deixar pra depois, quem sabe, ano que vem, ou quando completarem vinte anos... O que acham?

Niko e Félix se retiraram da mesa para falarem entre si.

— Pior que ele teve uma boa ideia, carneirinho.

— Félix, ele só está fazendo tudo isso para poder viajar.

— Eu sei, mas os planos do Fabrício não tem nada a ver com nossas bodas. Poderíamos aproveitar, já que ele já comprou as passagens.

— Você está cogitando irmos para o Havaí? Sério?

— Por que não?

Niko pensou bem. – Eu... Eu não sei, Félix...

— Carneirinho, pensa, o que o carneirinho júnior disse é verdade. A gente sairia ganhando, o Jayme e a mulher sairiam ganhando...

— E ele, claro! Félix, o que me chateia é que o Fabrício fez isso tudo só visando o benefício próprio.

— Eu sei disso. Mas... Quem sou eu para julgá-lo? Já fiz tanto coisas assim na minha juventude que... Enfim, outros tempos. Além disso, nós poderíamos deixar o Fabrício ter essas aulas de surf como ele tanto quer. O que custa?

— Vai parecer que nós vamos recompensá-lo pela mentira, Félix!

— Carneirinho, se pensarmos bem, ele não mentiu pra nós, pelo contrário, ele nos contou a verdade quando perguntamos.

— Podia ter contado antes né? Sem precisar fazer o irmão assinar um documento sem ler.

— Concordo, ele merece um castigo quanto a isso, porém repito, eu não posso julgá-lo. Você sabe muito bem o que eu era capaz de fazer quando queria alguma coisa...

— Mas, você amadureceu, Félix, e se arrependeu...

— E o que de tão errado nosso filho está fazendo para se arrepender, Niko? Ele só tem dezessete anos, tem um mundo de sonhos e loucuras naquela cabecinha de ondas douradas. Ele só quer viver. Se ele sonha em fazer essa viagem, surfar no Havaí... Por que não realizarmos esse sonho?

— Félix, eu te compreendo e sei que você quer dar mais liberdade aos nossos filhos como você não pôde ter, mas também é preciso impor limites. Deixamos ele ir agora ao Havaí e o que vai ser o próximo? Ele curte tecnologia, vai querer ir morar no Japão?

— Não pira, carneirinho. Nosso filho do outro lado do mundo seria o apocalipse. Mas, pensa bem... Se formos todos, ele não terá chance de ir lá fazer outra coisa que não sejam as aulas que ele falou.

— Pode ser que você tenha razão. Ainda acho que não é só isso que o Fabrício quer tanto, mas...

— Eu também não acho, pensa que não o conheço? Mas, olha só, nós dois ganhamos uma viagem de presente. Vamos aproveitar! Além de um verdadeiro paraíso para nós dois passarmos ótimos momentos juntos, lá seria o local ideal para o Jayme e a Angélica se resolverem. Todo mundo ficaria feliz. E ainda faríamos uma viagem em família como você tanto gosta.

Niko mordeu o lábio inferior já gostando da ideia.

— Ah, Félix... Já imaginou... Seria a primeira viagem internacional do nosso neto.

— Pois é, e nós vamos viajar pela primeira vez bancando os vovôs corujas.

Niko brincou. – Nós não, eu. O Jonathan já te deu uma netinha faz tempo e você é o vovô mais babão que eu já conheci. Se esqueceu, Félix?

Félix ficou contrariado. – Não, não esqueci, carneirinho! Será que eu sambei durante a travessia dos hebreus para você me chamar de velho gagá agora? Será minha primeira viagem como avô sim porque eu nunca viajei com minha neta e...

Pôs um dedo em seus lábios para calá-lo. – Shh... Eu estava brincando, nervosinho. – Sussurrou. – Você não tem nada de velho, muito pelo contrário... Tem o vigor de um jovem de vinte e cinco.

Félix gostou do que ouviu. – É bom mesmo que você ache isso. - Mordeu o dedo de Niko.

— Ai, não faz isso... – Pediu sorrindo.

Félix riu. – Carneirinho, sua cara é de tudo menos de alguém que quer eu pare. – Chupou o dedo dele. – Sabe que isso é só uma pequena prévia do que posso fazer com você lá né? Imagina nós dois, perdidos, no paraíso...

Niko suspirou profundamente e declarou: - Ok. Me convenceu. – Voltaram para a sala de jantar. – Fabrício, tudo bem... Nós aceitamos. Vamos todos ao Havaí.

Os olhos verdes de Fabrício brilharam. Ele mal podia acreditar que seu plano havia dado certo. – De verdade, papai?

— De verdade.

Fabrício correu para abraça-los.

— Ei, mocinho, calma aí... – Niko o segurou depois do abraço. – Agora você tem que nos garantir que de verdade vai fazer as tais aulas de que nos falou. E que é esse o único motivo para você querer ir. Porque se não for, Fabrício... Você fica de castigo até o natal.

— Até o natal, pai?... São três meses...

— Até o natal de dois mil e quarenta. Quando você já será homem suficiente para arcar com suas responsabilidades.

— A-Ah, tá...

...

...

Depois...

Fabrício conversava com um amigo no celular.

— Consegui, cara! Convenci meus pais a me deixarem ir.

— Como você conseguiu, Fabrício?

— Não foi fácil, gastei uma boa grana e eles ainda vão junto.

— Espera aí, eles vão com a gente?

— Vão, mas não tem nada não. Eles vão estar muito ocupados comemorando as bodas. Eu dei a viagem de presente a eles com a condição de que me levassem junto. Também dei passagens ao meu irmão e minha cunhada. Eles estão meio estressados ultimamente, vão para relaxar e vão levar meu sobrinho e aí, pronto, todos estarão ocupados e meus pais não têm a desculpa de que eu vou sozinho, porque eu vou com eles.

— Tá, Fabrício, mas assim que graça tem? Vai estar todo mundo te vigiando. Você não vai mais se encontrar com...

— Não se preocupa, criatura, eu vou dar um jeito. O primeiro passo era o mais difícil e esse já foi dado. Consegui a viagem. O resto deixa que eu resolvo quando estiver lá, afinal eu sou genial.

— Tá, se acha que vai dar conta...

— Claro que vou, Pablo. Você vai ver, eu terei esse encontro.

— Olha, eu conheço seus pais não é de hoje, se eles souberem o verdadeiro objetivo por trás dessas aulas de surf, Fabrício, você tá ferrado.

— Meus pais nunca foram severos comigo.

— Não, mas se descobrirem o que você vai fazer lá você vai levar a maior bronca da sua vida.

— Ah, nem fale... Meu pai Niko disse que se eu não fosse exclusivamente pelas aulas de surf ele me deixaria de castigo até o natal de dois mil e quarenta.

— Caramba!

— É, eu sei que ele disse isso só pra me assustar, mas eu prefiro não arriscar. Por isso, já tenho tudo planejado. Você sabe que eu sou eu e como eu não há.

— Ok... Você acha que vai ser fácil?

— Acha que vai ser difícil? Pelas águas do Pacífico, criatura, vai dar tudo certo!

— Sei não... Seus pais são espertos, principalmente o senhor Félix.

— Eu sei, ele é minha inspiração. O pai Niko também, mas por outros motivos. Enfim, olha só, a gente vai se dar bem lá, ok? Acredita! Teremos as nossas aulas e eu ainda vou ter tempo de me encontrar com minha admiradora virtual.

— Você não tem jeito mesmo. Está com a ideia fixa de se encontrar com essa garota que você conheceu pela internet. Vai acabar se dando mal.

— Você está passando uma energia negativa, sabia? Falando assim eu vou pensar que o que todo mundo diz é verdade, que você tem ciúmes de mim... – Riu cínico.

— F-Fabrício, não fala besteira! Parou tá? Eu não tô pra brincadeira!

— Ok, ok, não precisa ficar nervosinho... – Riu de novo.

— Não fiquei nervoso, só... Só não curto muito seus planos.

— Ah, agora não tem mais volta. Já sabe, avisa aos outros.

— Nenhum dos nossos amigos conseguiu permissão. Só irei eu.

— Ah, que droga!...

— Puxa! Obrigado por apreciar minha companhia.

— Deixa de ser chato, você é meu melhor amigo. Mas, eu queria que fosse toda a turma.

— É, mas fica difícil quando eu sou o único que já tem dezoito anos.

— É, eu sei... Então, tá, vamos nos divertir mesmo assim. Além do mais, deve ter tanta gente bonita por lá que vai ser bom de qualquer jeito.

— Ok, Fabrício, até lá então. A próxima vez que nos veremos será em terras americanas. Não vejo a hora.

— Nem eu.

...

...

...

Dias depois...

A viagem estava próxima e a expectativa de todos só aumentava. Por diferentes motivos todos tinham o mesmo objetivo. Félix não via a hora de aproveitar dias relaxantes e noites exóticas com seu amado carneirinho. Niko estava ansioso para fazer um tour como ele gosta por um local tão bonito e paradisíaco. Jayme só queria sossego, passar alguns dias de paz e tranquilidade longe de tudo seria bom tanto para ele quanto para sua noiva e até mesmo para o bebê que sentia o estresse do casal. Já Fabrício, o idealizador de tudo, tinha suas próprias razões para querer tanto ir ao Havaí.

Já eram seis integrantes da família a ir nessa viagem... Até que chegou mais um.

— Gente! Olha quem tá aqui! – Fabrício entrou em casa anunciando.

— Jonathan! – Félix correu para abraçar o filho e em seguida ouviu uma vozinha infantil chamando-o com entusiasmo.

— Vovô! Vovô!

— Mel! – A menina pulou nos braços do avô que apertou seu nariz brincando. – Onde está minha abelhinha?

— Estou aqui! – Ela o abraçou. Félix adorava mimar a neta.

— Quem é o avô mais lindo do mundo?

— Você!

Virou para o filho. - Viu, Jonathan, ela puxou minha inteligência.

— Só diz isso para ser elogiado.

— Adoro ser elogiado. Mas, o que vieram fazer aqui assim de surpresa?

Antes de Jonathan, a menina respondeu:

— Meu irmãozinho vai nascer e eu vim ficar com você, vovô!

Félix olhou para Jonathan sem entender. Ele lhe explicou.

— Pai, a Ana está a poucos dias de dar à luz e ela teve uma pequena complicação. Tia Paloma disse que não é nada demais, mas que era bom ela ficar no hospital de observação até chegar a hora. Pode ser a qualquer momento e eu queria ficar o tempo todo ao lado dela. Daí, ficaria meio difícil trabalhar e ficar cuidando dela e da Melissa...

— Por que não deixou ela com a mami?

— Pergunte a ela.

Félix olhou para a netinha em seus braços que lhe disse:

— O papi me perguntou se eu queria ficar com a vovó Pilar, com minha outra avó ou com você. E eu escolhi você.

— Ah, você disse que queria ficar aqui comigo?

Jonathan comentou: - Não foi tão simples assim, pai. A gente foi às casas das duas bisavós dela, dos avós maternos e ela não quis ficar em nenhuma. Ela disse que não tem com quem ela brincar e ela prefere vir pra cá. Fala por que, Mel.

A menina respondeu: - Porque aqui tem o tio Fabrício que brinca comigo e o vovô Félix e o Niko que cuidam de mim. E eu gosto muito de ficar com eles.

— Oh!... Que linda! Eu também gosto muito de ter você aqui. – Deu um beijinho na neta, todo feliz pela sua declaração. – Mas... Jonathan, quanto tempo pretende deixá-la aqui?

— Ah, pai, vocês poderiam ficar com ela pelo menos uma semana? É só até o bebê nascer e passar uns dias do resguardo. Aí essa sapeca pode voltar para conhecer o irmãozinho ou irmãzinha. – Fez um carinho na filha.

— Achei o cúmulo vocês não quererem saber o sexo do bebê antes de nascer, Jonathan. É tão antigo...

— Tem nada não, pai. A decoração branca que você no quarto do bebê ficou muito boa, tanto se for menino quanto se for menina. – Riu.

— Claro que ficou! Eu tenho muito bom gosto. Quem mais decoraria um quarto em sete tons de branco?

Jonathan riu. – Ninguém mais, pai, só você. Eu antes jurava que branco era só branco e você provou o contrário. Ficou muito lindo mesmo.

— Obrigado, eu sei. Mas... Você disse quanto tempo mesmo que ela vai ficar?

— Uma semana, duas, talvez menos. Pode ser?

— Temos um probleminha...

— Qual problema, pai? A Mel tá de férias da escola e se você estiver ocupado tem o Fabrício, talvez ele possa...

— Não é isso, acontece que temos alguns planos para os próximos dias...

— Planos? – Jonathan lembrou. – Ah! É o aniversário de namoro seu e do Niko, não é? Eu tinha esquecido completamente, pai.

— Vai ter festa, vovô? – A pequena perguntou.

— Não, minha linda. O vovô vai viajar.

— Puxa, pai, com tanta coisa eu acabei me esquecendo. Desculpa...

— Não, Jonathan, imagina, não tem por que se desculpar. Até porque eu adoro ficar com a Mel.

— Mas, ela vai atrapalhar. – Pegou na mãozinha dela. – Filha, acho que vai ter que ficar na casa da sua bisa Pilar mesmo.

— A vovó Pilar não gosta que chame ela de bisa.

Félix riu. – Ah, mami poderosa sendo como é, jamais admitiria chamá-la de bisa. – E falou ao filho. – Fique tranquilo, Jonathan, eu fico com ela enquanto não viajamos se quiser. Vamos daqui três dias.

— Tem certeza, pai? Não vai atrapalhar? Olha, ela está bagunceira que você não faz ideia.

— Não se preocupa. Já tive a minha prova de fogo que se chama Fabrício. Com ele fiz um verdadeiro doutorado de como cuidar de criança, eu poderia escrever um manual até.

 Fabrício voltou. – Eu ouvi, papi. Tá falando mal de mim é?

— Nunca falo mal, só a verdade. Ah, olha só, Fabrício, a Mel vai ficar conosco até o dia da viagem.

— Que bom! – Pegou a sobrinha. – Vem, Mel, vem com o tio. Quer brincar no jardim? – Saiu com ela.

Jonathan então falou: - Pai, eu preciso conversar com você.

— Fale.

— Acontece que eu não sei se é uma boa ideia deixar a Mel aqui...

— Por que não?

— Porque se não pudessem ficar com ela eu a levaria de volta hoje mesmo, porque eu não sei se poderei vir buscá-la daqui a três dias. Seria melhor convencê-la a não ficar já que vocês vão viajar. Eu a deixo na casa da vó Pilar ou dos meus sogros mesmo, mesmo que ela não queira.

Félix percebeu que o filho estava preocupado. – Jonathan, tem alguma coisa que você ainda não me disse?

Ele suspirou. – Tem. A Anna já está no tempo certo de dar à luz, só que ela teve complicações. Essa gravidez foi mais delicada e parece que ela não vai poder ter o parto normal como foi da Melissa. Ela teve uma anemia e deficiência de algumas vitaminas, porque ela estava fazendo uma dieta e essa gravidez foi inesperada, nos pegou de surpresa. Na última vez que ela teve contrações, eu a levei às pressas ao hospital, mas ainda não era a hora. A tia Paloma e o médico da Anna disseram que não é nada grave, o bebê está bem, mas que é necessária atenção, por isso agora ela está lá internada e pode se submeter a uma cesariana.

— Entendi... Ela talvez tenha que passar por cirurgia e por isso você queria se dedicar totalmente a ela.

— Isso mesmo. Por isso eu queria ficar o tempo todo com ela, pai, e a Mel ainda é muito pequena para entender...

— A minha neta é muito inteligente. Tenho certeza que se nós explicarmos bem ela vai entender.

— Você poderia fazer isso por mim? Eu não tenho cabeça para nada agora. A Mel adora ficar com você, sempre compreende o que você diz, e eu queria voltar para perto da Anna. Ela está muito nervosa dessa vez, está com medo, sei lá... E nosso filho pode nascer a qualquer momento.

— Eu entendo, Jonathan, entendo. Não se preocupa... Olha... Eu acho que tenho a solução... – Félix pensou bem e teve uma ideia. – Que tal se... Se eu levasse a Melissa comigo?

— Para onde?

— Para o Havaí. É para lá que vamos.

— Vocês vão ao Havaí? - Indagou surpreso.

— Vamos. Foi ideia do Fabrício, enfim, é uma longa história...

— Mas, pai... Não será uma viagem entre você e o Niko?

— Não, que nada. Eu bem queria ir só com ele, mas será uma viagem em família. O Fabrício quem inventou. Ele diz que terá umas aulas de surf com um profissional que ele é fã... Enfim, ele mexeu os pauzinhos para conseguir ir. Acredita que ele até gastou toda a mesada que vinha economizando para dar passagens de presente para o Niko e eu e para o Jayme com a família!

— Nossa!

— Pra você ver... Ele quer mesmo ir e aposto que não é só para ter as aulas de surf, mas... Se ganhamos uma viagem de graça, por que não aproveitar, não é?

— Pois é... E também é bom que ele não vai sozinho né?

— Não, a gente nunca deixaria ele ir sozinho. Esse mocinho está aprontando alguma que eu sei. E é por isso mesmo que eu pensei, se a Mel for conosco, o Fabrício terá que ficar cuidando dela quando não estivermos por perto. Assim ele não terá tempo de debandar e fazer alguma besteira por aí.

— Até que não é má ideia, pai. Eu tenho que falar com a Anna sobre isso.

— Eu vou falar com ela também, não é melhor? Eu já ia a São Paulo amanhã para ver vocês e avisar sobre a viagem, eu posso adiantar as coisas e aí vou hoje com você. É melhor que se ela deixar eu já trago as coisas da minha neta.

— E quanto tempo vocês vão ficar lá?

— Seriam apenas quatro dias no início que é o período das aulas do Fabrício, mas decidimos estender para uma semana.

— Eu sei que vocês vão cuidar muito bem da Mel, ela não ficaria melhor com mais ninguém além de vocês, mas eu não sei o que a Anna vai dizer sobre isso.

— Não duvide do meu poder de convencimento, Jonathan. – Riu e logo falou sério. – Ei... E não duvide que tudo vai dar certo com ela e seu bebê, tá bom? Eles vão ficar bem. E eu aposto que dessa vez você terá um menininho.

— Ah, você acha?

— Eu aposto. Se não for pode me cobrar a aposta.

— Ok. Eu vou lembrar, hein?

— Você vai ver, vai ser um menino lindo, branquinho e com o cabelo escuro... A minha cara.

Jonathan riu. – Pai, a Mel já é sua cara. Você quer outro neto parecido com você?

— Claro! Todos os meus netos sairão lindos como eu.

— E eu não tenho nada a ver com isso, né? – Brincou.

— Ah, pelas contas do rosário, Jonathan, será que eu terei que te dar aulas de genética agora?

...

...

Na noite daquele mesmo dia, Félix chegou com Jonathan em São Paulo. Foram direto ver a esposa de Jonathan no hospital. Não foi fácil, mas Félix conseguiu convencer a nora a deixar a neta viajar com ele.

—... Tem certeza que não haverá problemas, Félix? Ela só tem seis anos...

— Ana, eu sei muito bem a idade da minha neta e ela tem quase sete, mas repito, eu tenho experiência de sobra em cuidar de crianças. Só o Fabrício mesmo quando tinha essa idade valia por três, e eu dei conta. Por que não daria conta da Mel? Ela me adora e me obedece.

— Está bem então... O senhor já argumentou tanto que eu nem sei mais o que dizer.

— Não fale nada e se concentre na sua saúde e na saúde do meu próximo neto. Quero muitos ainda, ok? Estou adorando ser avô e quero pelo menos uns quatro ou cinco netos todos lindos como eu.

— Quatro ou cinco? Nossa!...

Jonathan se pronunciou. – Não a assuste, pai! Hoje em dia duas crianças é um número bom até demais.

— Jonathan, se vocês tiverem dois ou três, Jayme também, pronto! Alcançam minha cota de netos. Estou sendo razoável.

— E o Fabrício? Não quer netos dele?

— Não, pelo menos pelos próximos dez anos. O Fabrício, sinceramente, ainda não sabe o que quer da vida.

— Ele é muito novo, tem tempo para decidir.

— A questão não é se decidir, é se descobrir. E criar juízo.

...

...

Os dias passaram...

Até que o grande dia da viagem chegou. Pouco antes de embarcarem no avião, Fabrício estava trocando mensagens com alguém no celular. Em certo momento, Félix, curioso, chegou de mansinho por trás dele e conseguiu ler na tela a mensagem da outra pessoa que dizia:

“Estarei com um lenço vermelho na cabeça e um colar de flores típico”

Félix saiu de perto para ele não vê-lo, se perguntando que tipo de mensagem era essa.

— Carneirinho...

— Oi?

— Vem cá, se eu te mandasse uma mensagem dizendo assim: estarei em tal lugar com um lenço vermelho na cabeça. O que você pensaria?

— Que você estaria se fantasiando de pirata! – Deu uma gargalhada.

— Niko... Não parece que é um diferencial para você me reconhecer? Geralmente as pessoas fazem isso quando se conhecem pela internet, mas nunca se viram pessoalmente. Aí usam algo diferente para se destacar e o outro reconhecer.

— Parece. Mas, por que você veio com isso agora?

—... Por nada. Só umas ideias que rondaram minha cabeça. Esquece.

Niko deixou para lá, mas Félix já estava desconfiado sobre o que Fabrício estaria aprontando.

— Hum... Fabrício deve ter conhecido alguém pela internet e essa pessoa vai estar lá. Eu vou descobrir o que ele realmente pretende.

...


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Notas finais do capítulo

Continua...



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