Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 95
Apostas de Verão - parte 2 - Olu’Olu


Notas iniciais do capítulo

Olu’Olu = Concordância que se expressa com prazer.



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Depois...

— Como é que é, pai? Eu não dei autorização nenhuma pra ele não! – Jayme falava com os pais por vídeo conferência.

— Ele disse que você assinou a autorização para ele se inscrever nesse curso, Jayme. – Disse Niko.

— E sabe o que é pior, Jayme, é que seu irmão passou e agora está querendo viajar para o Havaí. – Completou Félix.

— Olha, eu não sei como ele fez, se ele falsificou minha assinatura ou algo assim, mas eu garanto que eu não dei autorização nenhuma pra ele.

Fabrício apareceu na frente da tela.

— Oi, irmãozão!... – Acenou, mas Jayme estava com cara de poucos amigos.

— Não vem com irmãozão, Fabrício. Conta, como você fez.

— Ai, Jayme... Você anda muito estressado, deve ter esquecido.

— Eu não me esqueci de nada porque eu não dei nada a você.

Os pais viraram para ele e Félix ordenou:

— A verdade, Fabrício. Agora.

— Papi... Fala sério!... Eu devo ter feito backup das pragas do Egito para vocês desconfiarem assim de mim.

— Fabrício, será que eu terei que lembrar que mais ou menos nessa mesma época, sete anos atrás, alguém pegou meu cartão de crédito e sozinho alugou um parque aquático para uma festa de aniversário?

— Eh... Eu sei, eu não devia ter feito aquilo, mas admitam, minha festa de dez anos foi uma ideia genial.

Niko e Félix outra vez se entreolharam e voltaram a encarar Fabrício. Jayme também esperava uma resposta do irmão.

Fabrício respirou fundo e confessou.

— Ok, ok... Foi assim... Da última vez que o Jayme veio...

... ... ...

Jayme havia se formado em medicina e estava fazendo residência em São Paulo. Só em alguns feriados tinha tempo de ir para casa e ver a família. A última vez que ele havia ido foi o dia dos pais.

...

—... Eu já sabia sobre esse curso e a viagem. – Fabrício continuou contando. – Mas, eu conheço vocês, sabia que não iam me deixar ir. E eu tenho muita vontade de conhecer o Havaí...

...

— Vamos dar os presentes deles agora? – Perguntou Jayme a Fabrício sobre os presentes que haviam comprado para os pais.

— Não, agora não. Espera...

— O que foi?

— É que...

...

—... Aí eu pensei em pedir ajuda ao Jayme. Só que ele tá meio chato desde que se tornou pai e ia ficar do lado de vocês, então... Eu inventei uma coisinha para ele, digamos, cooperar...

...

— É que... Falta a carta que eu escrevi para eles.

Jayme se surpreendeu. – Você escreveu uma carta?

— Pra você ver, não é só de tecnologia que eu vivo tá? Eu também me ligo nessas coisas antigas.

— Tá. E aí, cadê?

— Eu queria colocar a assinatura de nós dois.

— Ah, pega a carta que eu assino.

— Vou pegar.

...

— Eu tinha mesmo feito uma carta, foi aquela que dei a vocês.

— É. Foi tão fofinha, não foi, Félix?

— Foi, carneirinho, mas ainda estamos dando uma bronca nele, se concentra.

Fabrício continuou: - Então... Eu coloquei a carta junto com o papel da autorização numa prancheta e levei para o Jayme assinar. Eu disse pra ele que tinha feito uma cópia, caso acontecesse alguma coisa com a primeira carta. Daí eu levantei o cantinho da folha e pedi pra ele assinar a de baixo também. Só que... A folha de baixo era a autorização.

Jayme falou do outro lado. – Você me fez assinar uma coisa sem ler, Fabrício?

— Ué! Se você não leu a culpa não é minha...

— Eu confio em você, ora! Não pensei que meu irmão iria me passar a perna.

— Ei, ei, parou! – Niko fez sinal de tempo para os dois. – Vamos esclarecer os pontos aqui. Fabrício, foi errado o que você fez. Você enganou seu irmão e mentiu pra nós.

— Mas, papai Niko...

— Não adianta fazer manha, eu não caio nessa. Você não vai a essa viagem, me entendeu? – Afirmou categoricamente.

— Pai...

Niko continuou: - Além disso, se você se acha adulto o suficiente para ir a essa viagem já é adulto o suficiente também para assumir a responsabilidade por seus atos. Você vai desfazer tudo que aprontou e depois vai ficar de castigo.

— Castigo?

— Sim, senhor. Não vai sair por aí com os amigos. Está duas semanas sem sair a partir de agora.

— Duas semanas?! Quer que eu perca toda minha vida social?

— Quer que seja um mês?

— Não... Duas semanas. – Baixou a cabeça, mas reivindicou. – Não vai dizer nada, papi? – Fez bico para Félix.

— Oh... Olha essa carinha de carneirinho pidão!... Fabrício, meu filho... Eu já estou vacinado contra isso, tá? Se não conseguiu convencer nem seu papi Niko que é um manteiga derretida, comigo é que você não consegue nada. Vá já pra o seu quarto.

— Vocês me tratam como criança! – Fabrício bufou de raiva e foi para o quarto.

Os pais voltaram a falar com Jayme.

— Pode isso? Ele está ficando impossível. – Disse Niko.

— É a idade, carneirinho. Todo adolescente é chato e faz besteira.

— Não diz isso, pai. – Falou Jayme. – Se eu já me estresso agora com um bebê, não quero nem pensar quando meu filho for adolescente.

— Jayme, filho, isso ainda vai demorar muito. – Niko falou. – E você é jovem, não se estressa.

— Ah, pai, tá difícil viu...

— É a residência que está te atrapalhando ou é outra coisa, hein, Jayme? – Félix indagou.

Jayme suspirou. – Ah, pai, é tudo... Eu deveria processar vocês por propaganda enganosa.

— Por quê?

— Vocês fazem a vida de casado parecer tão simples.

Niko e Félix se olharam: - Problemas com a Angélica? – O loiro perguntou.

— Mais ou menos... Não é que eu não goste de morar junto, é que às vezes parece que eu tô perdendo toda minha liberdade, sabem? Eu passo quase o dia todo no hospital e quando chego ela vem com um monte de coisas para eu fazer, eu só queria ficar sozinho um pouco, e quando eu faço algo ela reclama, aí a gente discute, o bebê chora...

Niko aconselhou. – Filho, a vida em família não é tão simples mesmo, mas do mesmo jeito que há momentos não tão bons, há momentos maravilhosos que a gente nunca esquece. Não foi assim quando seu bebê nasceu?

— Foi, pai. Foi inesquecível.

— Então? Você e a Angélica resolveram morar juntos enquanto não realizam o casamento de fato, você está ingressando na carreira que escolheu... Isso é só o começo do resto da vida de vocês, de uma grande vida que vocês vão construir juntos. Esse começo é sempre difícil, mas depois vêm as recompensas e a gente esquece todo esse cansaço do início. Ou, por acaso, não vai dizer que segurar o seu bebezinho lindo nos braços não faz cessar todo o estresse do dia-a-dia?

— É, faz sim. É o melhor momento do meu dia, sabe... Quando estou em paz com minha mulher ou ninando meu filho.

— Viu só? Também era minha melhor parte do dia, filho, quando eu chegava em casa e ia ninar o Fabrício, dar beijinho de boa noite em você... – Niko começou a se emocionar. – Oh... Por que vocês cresceram tão rápido, hein?

Félix apenas olhava para seu carneirinho, admirando-o.

— Pelas contas do rosário, carneirinho, já vai chorar?

— Não vou não. – Voltou a olhar a tela. – Filho, fica bem tá? Sempre que você sentir que vai se estressar, respira fundo, conta até dez, faça qualquer coisa, mas evite discussões com sua noiva. E mais ainda, evitem passar o estresse para o bebê.

— Tá, não se preocupa, pai. Em breve eu terei alguns dias de folga e acho que a gente vai aproveitar para organizar tudo e relaxar. Vamos ficar bem.

— Espero que sim, filho.

Os avôs ouviram o choro do bebê do outro lado.

— Tenho que desligar. A Angélica foi ao mercado e eu estou sozinho com ele.

— Vai lá cuidar do nosso netinho fofo, vai. Beijo, filho.

— Beijo, pai Niko. Beijo, pai Félix.

— Beijo, Jayme. Tchau. E mantenha a calma, viu? Seu papi carneirinho também já me deu muita dor de cabeça e eu estou aqui até hoje.

— Ah! Olha quem fala!...

Jayme riu. – Ok, gente, vou lá pegar ele. – Saiu da frente da tela.

Niko encarou Félix.

— Eu já te dei muita dor de cabeça?

— Passar noites acordado dá dor de cabeça, carneirinho.

— Ah... Mas, desse jeito você nem se importa de ter umas dorzinhas, não é?

— Pelo contrário, eu até gosto. Pode me chamar de masoquista.

Niko deu um sorriso malicioso. – Hum... Lembra quando Cinquenta Tons de Cinza estava fazendo sucesso?

— Eu me lembro de ter visto todos os tons do arco-íris.

Os dois riram até que ouviram novamente a voz de Jayme.

— Gente... Eu ainda estou aqui.

Ambos olharam para a tela e ruborizaram.

— Vocês dois, hein?... Isso é conversa para se ter na frente do neto? – Jayme riu mostrando o filhinho nos braços que já havia parado de chorar.

Os avôs corujas ficaram fazendo gracinhas para o neto por um bom tempo.

...

Enquanto isso, no quarto, Fabrício pensava no que fazer.

— Eu preciso fazer alguma coisa para eles me deixarem ir. Espera aí, o papi falou da época do ano... Tá perto do meu aniversário e também tá perto do... Hum... E se... – Ele já estava cheio de ideias.

...

...

Enquanto Fabrício pensava no seu plano para fazer os pais aceitarem a viagem, Niko e Félix, depois de falarem com Jayme, estavam outra vez saudosos vendo fotos no quarto.

— Você está certo, carneirinho. O tempo passa rápido demais.

— Também acho. Às vezes eu queria que certos momentos tivessem durado muito mais.

— Eu também. Olha quantas lembranças a gente já tem... E ainda são poucas.

— Poucas?

— São, Niko. São poucas se comparadas ao quanto você mudou minha vida. São poucas se comparadas ao tamanho da felicidade que sinto desde que você confiou em mim, desde que me disse que iria comigo para onde eu fosse.

— Se eu não fosse onde você fosse, Félix, nós dois seríamos infelizes. Porque, lembra a lenda do Akai Ito? Quando mais distantes um do outro, menos felicidade teríamos, pois na outra ponta do cordão vermelho que foi amarrado por Deus em mim, está você.

Félix mordeu os lábios se esforçando para não se emocionar mais do que queria. Mas, a essa altura do casamento ele já não se importava tanto em demonstrar seus sentimentos e nem que, de vez em quando, também era um “manteiga derretida”.

— Só você mesmo para falar essas coisas, carneirinho. – Acariciou-lhe o rosto. – Sabe... Eu te amo tanto, mas tanto... Que será pouco tudo que vivermos para tudo que eu gostaria de te dar.

— Félix, meu amor... – Niko se emocionou. – Tudo que eu mais queria você já me deu. Só há uma única coisa que ainda quero.

— O quê?

— Aproveitar tudo que você me proporcionou, o resto da vida, ao seu lado.

Dessa vez, Félix não teve dúvidas do que fazer. Emocionado, mostrou um sorriso muito sugestivo. Sem dizer uma palavra, foi até a porta do quarto e a trancou. Voltou até Niko que apenas o observava até então, convidou-o a sentar na cama e então, de repente, se ajoelhou diante dele.

— Félix, o que...

— Me deixa falar, Niko. Nós estamos perto de completarmos dezessete anos juntos. E... Eu queria te propor uma coisa.

— Oh, amor... Você me pegou de surpresa! Eu... Nem sei o que dizer...

— Eu ainda nem disse o que ia propor, carneirinho.

— É, é verdade. Fala.

— Você é muito ansioso. – Riu. – Enfim... Eu pensei em... Outra lua de mel.

Niko riu. – Félix, não acredito! Você só pensa nisso...

— Não! Não é só isso! Eu quero uma lua de mel, mas quero direito, como deve ser... Depois de um casamento, lógico.

— Mas... Como assim, amor? Já somos casados.

— Pelas contas do rosário, carneirinho, você ainda não entendeu? – Félix respirou fundo e finalmente falou sua proposta. – Eu quero me casar de novo com você.

Niko ficou boquiaberto. Não conseguia sequer balbuciar algo.

Félix esperou um pouco por uma reação, mas logo perdeu a paciência e estalou os dedos algumas vezes para despertá-lo.

— Carneirinho... Estou esperando... Criatura, fala alguma coisa! Fala sim, não, talvez, agora não, vou pensar, sei lá! Fala qualquer coisa, mas fala! Ficar brincando de estátua logo agora é o apocalipse!

Niko sorriu para ele e sem mais delongas o beijou. Praticamente pulou em seus braços e o beijou com todo seu amor. Félix desequilibrou e caiu deitado no chão do quarto. Niko se deixou cair em cima dele e continuou beijando-o intensamente. As mãos começaram a passear freneticamente pelos corpos que já se entregavam ao calor do momento. As roupas pareciam mais fáceis de sair do que nunca. E eles se amaram ali, no chão mesmo, mas mais pareciam que estavam sobre as nuvens.

Logo depois, após o auge do prazer, Niko, com lágrimas e suor no rosto, falou:

— E-Eu jamais poderia imaginar... Que você me faria... Uma proposta assim. Eu... Eu quero me casar com você... Quantas vezes você quiser...

— Quantas vezes você quiser, carneirinho... Eu me caso com você...

— Não, eu me caso com você quantas vezes você quiser...

— Nós nos casamos quantos vezes quisermos, bobo!... – Félix riu.

— É, é... Isso! Nós nos casamos... Quantas vezes forem necessárias... Quantas vezes forem possíveis... Quantas...

Félix o calou com um beijo.

Niko suspirou. – Isso diz tudo.

O loiro começou a rir sem se aguentar de felicidade e Félix o acompanhou com o mesmo sentimento.

...

Mais tarde...

Já era noite, pouco antes do jantar, e Niko e Félix permaneciam no quarto. Agora na cama os dois agarradinhos conversavam.

—... E onde você pensou em fazermos?

— Ah, carneirinho, eu queria um lugar diferente, exótico... E se a gente se casasse em outro país, hein? O que acha?

— Poderia ser divertido. Ou, dependendo do lugar, exótico como você quer. – O loiro que estava encostado em seu peito, levantou a cabeça para olhá-lo. – Gosta do que é exótico, Félix?

— Adoro.

— Eu sou exótico pra você?

— Oh! Você? É no mínimo exorótico!

— Que é isso?

— Mistura de exótico com erótico! – Niko riu com a resposta do amado. – Você é muito lindo, carneirinho. Muito sexy, muito gostoso, muito... Ai! Nem sei! Sobram adjetivos para tanta perfeição.

— Para, bobo!...

— É a verdade. E não precisa ficar vermelhinho, como se você não conhecesse meus elogios.

— Conheço muito bem... – Deu-lhe um selinho. – E adoro. – Deu-lhe outro. – Olha, pra quem achou bobagem quando a Paloma quis fazer a renovação de votos matrimoniais você mudou de ideia, hein?

— Ah, carneirinho, acho que mudei bastante de lá pra cá, não acha?

— Mudou só o suficiente.

—Isso quer dizer o quê? Que não mudei quase nada?

— Não, quer dizer que você só mudou o suficiente. E ainda bem! Você não tinha muito que mudar, porque eu me apaixonei por você do jeitinho que você é.

Félix sorriu e beijou sua cabeça. Sempre adorava sentir os cachinhos do amado roçando em sua pele.

— Agora, amor, temos que contar para os meninos. – Niko falou. – Já imaginou qual será a reação deles?

— Acredito que eles vão adorar.

— Claro que vão, mas eu estou preocupado com o momento pelo qual estão passando. O Jayme, tadinho, está lá em São Paulo tentando fazer a vida no maior estresse, o Fabrício está numa fase que não tem limites... Eu...

— Não, não e não. Pode parar. Eu até já sei o que você vai falar, que acha que esse não é o melhor momento para viajarmos, para sairmos de perto deles...

— Como você sabia que eu ia dizer isso?

Félix abriu a mão na frente dele. – Niko, vê a palma da minha mão? Pois eu te conheço mais que ela. Sei o que você está pensando, e eu concordo, até certo ponto. Nossos filhos precisam de nós agora, mas, só uns dias sozinhos também não vão ser o fim do mundo né? E não precisamos viajar tão rápido, pode ser daqui a um tempinho, quando planejarmos melhor, pensarmos para onde ir...

— Quer saber, Félix? Você está certo.

— Estou?

— Está. O Jayme tem a própria família e por mais que esteja passando por um momento difícil, ele sempre foi um exemplo de calma e paciência, sei que vai superar essa fase. E o Fabrício, bom... Ele está meio rebelde, mas é mais coisa da idade mesmo. Acho que se a gente viajasse, talvez fosse bom para ele ficar na casa da Pilar em São Paulo, não acha?

— Boa ideia!... Lá tem a mami poderosa, o Jonathan e o Jayme por perto, tem o Júnior que é da mesma idade, o Fabrício não iria ficar sozinho.

— Sim, e a gente ainda teria a certeza que ele estaria sendo bem cuidado.

— Grande ideia, Niko, você é genial! – Beijou-o.

— Hum... O grande Félix dizendo que eu sou genial?...

— Carneirinho, você é genial desde a primeira vez que me paquerou. Mas, obrigado pelo “Grande Félix”, você sabe o que diz.

Após trocarem mais alguns beijos apaixonados, foram para um rápido banho para que pudessem descer para o jantar. Recolheram as fotos que estavam vendo antes e Félix começou a guardar tudo enquanto Niko avisou:

— Eu vou preparar o jantar, Félix, o Fabrício deve estar com fome.

— Isso se ele se lembrar de comer. Deve estar online com os amigos falando mal da gente.

— Ele não é assim. Prefiro pensar que nosso filho está refletindo sobre o que fez.

— Ah, ah! E eu prefiro pensar que o coelhinho da páscoa é o pet do Papai Noel.

— Vamos, vamos logo. Se você me ajudar com o jantar eu acabo mais rápido.

— Ok. Depois eu guardo tudo isso. Ah, mas esse cartãozinho de memória aqui eu preciso guardar muito bem.

— Não me diga que é o das fotos que você tirou de mim naquele barco?

— São sim, essas e outras mais...  Fotos de nós dois... – Foi se aproximando dele. – Ou vai dizer que não lembra que quando você me perdoou você tirou umas fotos minhas também, eu tirei outras suas, a gente tirou um do outro...

— Félix! Guarda isso, seu louco!... – Niko pegou o cartão rindo quando lembrou que nele continha fotos bem íntimas do casal. Pôs o cartão dentro de uma caixinha porta-treco que ficava na cômoda deles e os dois saíram do quarto.

...

...

Depois...

Niko estava acabando de preparar o jantar e Félix estava perto dele, ajudando um pouco e conversando bastante.

— Você prefere o quê, carneirinho? Quente ou frio?

— Depende do que você estiver falando.

— Você prefere um local quente ou um local frio, Niko?

— Ah, não sei...

Fabrício chegou na hora com seu jeitinho cínico:

 - Vocês estão falando de algo que um menor de idade possa ouvir ou eu terei que voltar para meu quarto?

— Não, pode ficar, filho. Já estou acabando o jantar. – Niko respondeu.

— Vocês demoraram no quarto... Estavam fazendo o quê? – Fabrício perguntou com um sorrisinho maroto.

— Isso eu já não posso falar para um menor de idade. – Félix respondeu com seu humor de sempre.

— Félix, você fala demais... – Niko reclamou.

— Ah, carneirinho, por favor, olha o tamanho do Fabrício...

Fabrício concordou. – É, papai, não precisa reclamar. Até parece que eu não sei o que é sexo. – Parou de falar quando viu os pais encarando-o, principalmente Niko. – É... Quer dizer... Não que eu seja um expert, assim, na prática, mas... Na teoria...

— Assim espero, moço. Assim espero. – Niko falou sério e voltou aos seus afazeres.

Fabrício mudou de assunto.

— Então... Sobre o que estavam falando?

Niko e Félix falaram entre si: - Contamos para ele?

— É melhor contar logo né? – Concordaram.

Viraram para Fabrício e deram a notícia: - Nós vamos nos casar de novo!

— Quê! – Fabrício ficou surpreso, mas a notícia era crucial para seus planos. – Não!... Sério?

— Sim, filho! – Niko falou contente. – Seu pai que teve a ideia.

— Papi, que ideia! Você sempre tem grandes ideias, você é um gênio!

— Ah! Eu sei! – Félix comentou orgulhoso.

— E quando vai ser? O mais breve possível né?

Niko estranhou. – Está com pressa, Fabrício?

— N-Não, não, papai... Eu só estava lembrando que está muito perto do aniversário de namoro de vocês e eu estava realmente pensando em que vocês iriam fazer para comemorar. E depois? Vão viajar?

— Era exatamente no que eu estava pensando, Fabrício.

— Ótimo! Se quiserem eu pesquiso os melhores lugares para ir para vocês terem a melhor lua de mel possível.

Niko e Félix se olharam notando que o filho havia ficado entusiasmado demais.

— Por que essa alegria toda, Fabrício? – Félix indagou.

— Papi, é... Por vocês!

— Sei... Você acha que nasci ontem?

— Não, papi... Mas, a verdade, eu só fiquei muito feliz por vocês, quero que sejam felizes nesse novo casamento, casamento renovado, sei lá...

— Renovação do casamento.

— Isso! Então, que dia vocês vão?

— Fabrício, a gente nem mencionou que ia viajar.

— Ah... Vocês vão fazer tudo aqui mesmo? – Se decepcionou, mas tentou de novo. – Mas, papis, vocês vão querer um lugar para ficarem a sós né? Eu poderia ir para outro lugar né?...

Os dois encararam Fabrício. Félix, com um meio sorriso, começou a bater os dedos na mesa.

— Será que nós fizemos show de stand-up durante os pragas do Egito, carneirinho? Porque nosso filho está achando que somos uma piada.

— Fabrício, nós sabemos o que você está tentando e temos uma novidade: não vai dar certo.

Fabrício abaixou a cabeça. – Eu só queria dar uma boa ideia a vocês. Todos sairiam ganhando.

Niko reafirmou. – Filho, se você estava tentando nos convencer a te deixar sozinho para que você vá ao Havaí, está perdendo seu tempo.

O que os pais não sabiam era que Fabrício já havia traçado um plano para conseguir o que queria.

...

...

No dia seguinte...

Jayme chegou de repente na casa dos pais em Angra com a noiva e o filho.

— Jayme?! O que você tá fazendo aqui? – Fabrício indagou surpreso.

— Cadê os pais?

— Papai está no restaurante e o papi foi fazer umas compras, eu estou sozinho, mas por que vocês vieram pra cá?

A noiva de Jayme foi logo respondendo.

— Precisamos de ajuda. Urgente.

— O que houve?

— Não estamos conseguindo resolver nada sozinhos. Tá muito difícil. Eu pedia a tia Paloma quinze dias de folga do hospital para pôr as coisas no lugar, tentar organizar minha vida...

— Nossa vida, você quer dizer, né Jayme? – Angélica o interrompeu.

— É, foi isso que eu quis dizer.

— Nós dois não sabemos mais o que fazer, Fabrício. Somos inexperientes, precisamos de ajuda.

— Ih! Se vocês não sabem, eu muito menos. Vocês deviam ter avisado que viriam, aí os pais estariam aqui para recebê-los.

Ela falou: - Eu pedi para o Jayme avisar, só que ele esqueceu.

Jayme, por sua vez, reclamou: - Se alguém não ficasse me mandando pegar uma coisa num lugar, outra no outro, a toda hora, eu não teria esquecido.

— Se alguém fosse mais organizado eu não teria que ficar lembrando onde cada coisa está.

Fabrício fez sinal de tempo. – Gente, gente! Vocês não vão brigar né?

Jayme pôs uma mão na testa. – Não, Fabrício, a gente não tá brigando mesmo... A gente só se desentende de vez em quando.

Sua noiva completou: - Minha família está fora do país e nós só temos vocês por perto. O Jayme teve dias difíceis no hospital e eu entendo, é começo de carreira... E eu preciso voltar a trabalhar também. Mas, não estamos conseguindo organizar nossa vida sozinhos, por isso viemos.

— É isso. – Jayme descansou um braço nos ombros dela. – Sabe se os pais estão ocupados com alguma coisa, Fabrício?...

— Bom... Mais ou menos... Eles estavam fazendo planos para o aniversário de namoro...

— Ah, é mesmo, está perto! – Lembrou.

— Ah, Jayme, nós vamos atrapalhar...

— Não, imagina... Se estiverem precisando eles vão ajudar, sem problema. Afinal, têm experiência pra quê, né? – Pegou o sobrinho nos braços. – Eles vão adorar ter vocês aqui, principalmente porque vão mimar muito o netinho, aqueles dois avós corujas. Aliás... – Teve uma ideia. – Eu também vou ajudar vocês.

— Como, Fabrício? Vai aprender a trocar as fraldas do seu sobrinho? – Jayme perguntou.

— Depende... Quanto tempo vocês pretendem ficar?

— Eu já te disse, tenho quinze dias de folga, se pudermos ficamos todos os dias aqui, se não...

— Tenho certeza que ficarão. Ou talvez eu os leve para um lugar muito mais relaxante.

...

...

Mais tarde, Niko e Félix conversavam com o filho e a nora...

— É assim mesmo meus amores, nem tudo na vida de um casal são flores. – Dizia Niko. – Na verdade, muitas vezes o relacionamento é como uma rosa. É de uma beleza sem igual, mas não devemos nunca esquecer que existem os espinhos.

O casal ouvia atentamente as orientações e conselhos de Niko. Félix só conseguia admirá-lo.

— Vocês não podem perder a cabeça com os primeiros problemas que aparecem. – O loiro pegou na mão de Félix. – Olha só a gente. O começo do nosso relacionamento não foi nada comum, não foi, Félix?

— Bota incomum nisso.

— E eu não falo só do modo como a gente se conheceu, como a gente se apaixonou e como começamos a namorar. Cada uma dessas etapas foi bem complicada, mas falo mais ainda do início da nossa vida de casal.

— Ah, eu lembro... Eu estava cheio de dúvidas se podia mesmo fazer você feliz, se era capaz de entrar para sua família...

— E mesmo com tantas dúvidas, você não desistiu de mim nem dos meus filhos. E eu não desisti de você. Foi assim que nos tornamos uma família. Assim estamos juntos até hoje. - Olhou para o filho e a nora. – É por isso que eu digo a vocês que isso tudo é só o começo. Vocês se amam, dá pra ver. E vão juntos, e com muita paciência, saber resolver cada diferença que surgir. Sabem por quê? Porque quando se ama de verdade, não há problema no mundo que seja maior que o amor que sentem.

— Você é demais, pai Niko. – Jayme o abraçou, seguido pela noiva.

— Eu prometo que terei toda paciência do mundo, Niko. Porque eu amo muito o Jayme. – Disse Angélica emocionada.

— Eu também te amo muito, meu amor. – Jayme falou abraçando-a.

— Oh!... Como são lindos! – Niko exclamou recostando a cabeça no ombro de Félix.

O moreno falou baixinho: - Viu? Fizeram as pazes graças a você.

Mas, Niko retrucou: - Espero que permaneçam assim, porque foi fácil demais.

...

...

Jayme e Angélica passaram dois dias em paz, mas no terceiro já haviam retomado as discussões. Os dois perdiam a paciência um com o outro facilmente e pareciam sempre querer estar longe um do outro. Era fato: eles precisavam de um tempo.

Sabendo disso, Fabrício pôs seu plano em ação.


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Notas finais do capítulo

Continua...



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