Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 92
A Joia mais Rara - parte 1


Notas iniciais do capítulo

#DiasInesquecíveisVoltou



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Sentado na mesma velha e confortável cadeira de praia, o senhor de cabelos grisalhos contemplava as ondas do mar calmo daquele fim de tarde. As poucas rugas no rosto pareciam tornar ainda mais charmoso o lindo sorriso que ele ofertava ao oceano.

De repente, a contemplação cessou ao ouvir aquela voz doce que tanto amava falar baixinho ao seu ouvido: - Uma pérola por seus pensamentos. – O companheiro entregou-lhe uma pérola de verdade.

— Carneirinho! – Félix virou para seu amado carneirinho que chegou para fazer-lhe companhia.

— Te vi sorrindo... – Puxou a outra cadeira para mais perto e sentou. – Estava conversando com o mar de novo?

O moreno deixou escapar uma risada.

— Para você ver!... Eu devo estar ficando gagá!

— Gagá, você? – O loiro gargalhou. – Félix, por favor, você é a pessoa mais lúcida que existe! – Estendeu a mão e pegou em seu braço. – Amor, isso não é coisa da idade... É saudade mesmo. Eu sei.

Pôs a mão sobre a do outro. – É... Acho que está mais para saudosismo.

— É isso. – O loiro se ajeitou na cadeira, suspirando e olhando para o mar. – Sabe, às vezes eu também fico assim... Lembrando tudo que a gente já viveu aqui. Tanta coisa...

— Coisas que nunca pensei que faria, que viveria... – Olhou para o lado e ambos se encararam, antes do moreno concluir: - Eu vivi com você.

Nenhuma palavra se fazia necessária naqueles segundos em que apenas os olhares diziam tudo.

Após um minuto de silêncio e de paixão escrita no olhar, Félix segurou a pérola que Niko havia lhe entregado e sorriu.

— É a que eu te dei, né?

— É. Uma pérola original buscada nas profundezas do Atlântico pelo meu tritão. – Brincou.

Félix riu recordando a ocasião...

... ... ...

— Bom dia, senhor! Como posso ajudá-lo? – Perguntou a vendedora da joalheria em que Félix entrara.

— Bom dia! Eu estou procurando uma joia, assim, marcante, especial... Mas, não sei qual...

— É para quem?

— Meu companheiro. Vamos comemorar seis anos juntos e eu quero algo que seja inesquecível. Mas, não sei o quê.

A vendedora mostrou-lhe outro balcão.

— Aqui estão a joias masculinas. O que o senhor gostaria de dar? Um anel, um colar?...

— Hum... Não sei, não sei, criatura! Já disse! É que... – Deixou escapar um riso meio preocupado. – Eu queria algo a cara dele, sabe?... É o apocalipse eu não ter ideia do que vou dar para quem amo, eu sempre tive boas ideias de presentes para todo mundo, eu goste ou não goste da pessoa, mas para ele... Ai! É tão difícil escolher alguma coisa!

A mulher riu com a simpatia e o desabafo de Félix.

— Mas, por quê? Ele é muito exigente?

— Não! Pelo contrário... É um amor de pessoa. Tenho certeza que ele ficaria feliz até com um bombom de cinquenta centavos. Se existissem bombons de cinquenta centavos né, por que do jeito que tá tudo o olho da cara!...

— Bom, até quanto o senhor pretende gastar?

— Não, não importa o preço. O que eu quero é realmente fazer uma grande surpresa para ele. Ele merece. Não há dinheiro no mundo que pague tudo que ele fez por mim.

— Nota-se que o senhor é um homem apaixonado. Bem, nós temos uma linha masculina nova, acabou de chegar. ...

Ela mostrou-lhe anéis, colares, pulseiras, relógios, tudo com ouro, prata e as pedras mais bonitas que existem, mas Félix continuava na dúvida. Era tudo muito belo, mas nada que resumisse a beleza de seu amado carneirinho.

Félix saiu da loja dizendo que ia pensar, mas a decisão não era tão fácil. Pensou então em algo: por que não sondar seu carneirinho para tentar descobrir se ele tinha alguma joia preferida e assim facilitar sua escolha? Era uma ótima ideia!

Foi, então, direto para o restaurante.

.

Assim que adentrou o local foi recebido pelo mais belo dos mais belos sorrisos – pelo menos para ele – o do seu carneirinho, claro. Caminhou até a mesa mais próximo do balcão, que por sorte estava vazia, e sentou chamando seu amado com uma piscadinha. Como que enfeitiçado, Niko foi até ele.

— Oi, amor! – Deu-lhe um selinho e ao chegar perto logo sentiu seu perfume. – Hum... Tá cheiroso...

— Sou sempre assim, carneirinho.

— Tem dias que você está ainda mais... – Niko riu e o olhou com certa luxúria, suspirando. – Ai... Você, às vezes, me faz pensar cada coisa...

— O quê? – Mas, logo percebeu as segundas intenções do loiro. – Ah, carneirinho!...

Niko sorriu como de costume, já todo corado. – Não pensa besteira!

— Ah! Você que vem cheio de luxúria por baixo desses cachinhos dourados e eu que penso besteira? É o apocalipse, viu! Você, hein? – Riu. – Eu devo ter feito sushi com os peixes multiplicados pra você me olhar assim... Mas... Eu sei que sou objeto de desejo, então, pode!

— Bobo! – Niko riu lhe dando um tapinha no braço. – Então, veio almoçar comigo?

— Se você tiver um tempinho para mim. – Fez manha.

— Claro que tenho. Hoje o movimento tá bem tranquilo. E eu tô morrendo de fome, vou preparar nossos pratos, tá? – Foi levantando, mas Félix pegou em sua mão e perguntou baixinho com seu ar cínico:

— Vem cá, meu amor... Você quer que eu coma aqui, ou você quer me comer? É que eu não entendi muito bem...

Niko ficou outra vez ruborizado antes de simplesmente sair sem dizer mais nada, apenas balançando a cabeça em negativo, que Félix já sabia que significava: - Ai, Félix! Você não tem jeito!

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Enquanto preparava a comida, Niko pensava na surpresa que estava preparando para seu amado para comemorarem o aniversário de casamento. Ao mesmo tempo, na mesa, Félix pensava em qual joia comprar para seu tesouro mais precioso.

— O carneirinho fica todo vermelhinho por qualquer coisa... Hum... Será que eu dou um rubi para ele? Ou vou para o clássico, um diamante? Não, muito clichê. Hum... Talvez esmeraldas pra combinar com os olhos...

Por mais que pensasse a indecisão permanecia. Niko voltou à mesa, serviu o almoço, e Félix continuava a cogitar um milhão de possibilidades.

— Amor, que foi? Tô te achando pensativo...

— Eu? Não... Só um pouquinho. É que tem muita coisa na minha cabeça.

— O que te aflige?

— Ah... Bom... O nosso contador errou algumas contas eu vou ter que resolver... E tem a escola dos meninos, terá uma reunião de pais e mestres logo...

— Você nunca se estressou com essas coisas. – Niko pegou em sua mão. – Amor, tá acontecendo alguma coisa que eu não sei?

Félix olhou para aqueles olhos compreensivos. Como tinham tamanho poder de penetrar sua mente e sua alma?

—... Não... Não, carneirinho, não é nada. Não se preocupa tá? É uma coisa minha que eu estou pensando aqui...

— Félix, você sabe que pode me contar qualquer coisa.

Félix sorriu e beijou-lhe a mão. – Eu sei. Mas, é sério, não se preocupa. Porque quando eu estiver distraído, pode ter certeza que eu estou pensando em você.

Niko gostou dessa resposta e os dois almoçaram em paz.

.

Mais tarde, Félix continuava aflito. Agora ainda mais, pois seu dia havia passado e ele havia resolvido um monte de coisas, menos o presente do seu carneirinho. E o aniversário de casamento seria no dia seguinte.

Andava de um lado a outro da casa quando o caçula chegou pedindo colo.

— Papi Félix.

— Oi, Fabrício, fala.

— Pinta o livro comigo. – O menino tinha uns livrinhos de desenhos para pintar.

— Ah, Fabrício... Papi não tem tempo pra isso agora...

— Vai, papi. Me ajuda.

Félix tentava ser forte, mas nunca conseguia resistir àquela carinha de carneirinho pidão.

— Está bem!... Não tem mais nada para eu fazer mesmo...

Os dois sentaram no chão da sala onde Fabrício havia espalhado todos os lápis de cor. Logo Félix se distraiu, parecendo uma criança pintando os desenhos.

Niko chegou e os viu. Ficou observando-os um pouquinho, pensando em tudo que tinha e como era feliz.

— Oh, meus amores... Joias da minha vida.

Então, se pronunciou: - Oi, meus amores! Cheguei!

Fabrício logo levantou e correu até o pai que o pegou no colo. Já Félix preferiu ficar onde estava.

— Olha, papai, tô pintando os bichos que vivem na floresta. – Falou mostrando o livro para o pai.

— Ah, muito bem, meu filho. Estão ficando lindos. E o papai Félix tá ajudando?

— Tá. Eu dei pra ele pintar os bichos que vivem no mar.

Félix acenou para Niko que lhe sorriu. Se dirigindo ao filho, Niko falou:

— Bom, agora vamos dar uma parada nas pinturas para jantar, não é? Papai tá morrendo de fome.

Félix, claro, não perdeu a deixa para uma piadinha.

— De novo, carneirinho? Você me disse a mesma coisa mais cedo. Cuidado. Você sabe que tem tendência a...

— A quê, Félix? A engordar? Eu sei disso, tá? Não precisa estar me lembrando a toda hora. Além disso, como o senhor mesmo disse, eu estava com fome mais cedo durante o almoço, agora já é hora do jantar, tá?

— Ok. Depois não venha me perguntar por que as roupas estão mais apertadas.

Niko pôs o filho no chão dizendo: - Vai chamar seu irmão pra comer, Fabrício, que eu já vou. Vou ter uma conversinha com seu papi.

O garoto concordou e saiu. Em seguida, Niko levou as mãos a cintura, batendo o pé no chão.

— Você está me achando gordo, Félix?

Félix riu. – Não, carneirinho, claro que não. Você não está gordo, você é gostoso, é diferente. Tem muito pra pegar, sabe?...

— Ah, ah! Engraçadinho. Sabe que eu não gosto de piadinhas sobre meu peso. Ainda mais hoje que eu estava pensando em preparar um doce, uma sobremesa diferente pra a gente...

— Olha você já pensando em comer de novo! Carneirinho, pelas contas do rosário! Desse jeito vai virar Orca, a baleia assassina! E dessa vez não estou brincando.

Niko chegou perto dele com passos firmes e sério. Se agachou, já que Félix ainda estava sentado no chão, e falou em tom ameaçador.

— Olha aqui, Félix... Mais uma piadinha sobre meu peso, e eu viro a baleia assassina sim, só que sem a parte da baleia. Entendeu?

Félix se surpreendeu. – Niko! Que é isso, criatura? – Ambos levantaram. – Você ameaçando a mim? Seu maridinho lindo, maravilhoso, um bofe tudo de bom como eu?... Não estou te reconhecendo. Só pode ser o apocalipse mesmo! – Olhou para cima. – Céus! Será que eu salguei mesmo a santa ceia para merecer isto?!

— Ai, Félix, deixa de drama. Não é a primeira nem a última vez que te ameaço.

— É. Só que, geralmente, você só ameaça fazer greve de sexo, não me matar.

— Foi só o modo de falar. – Fez bico e ficou todo dengoso. – É que eu cheguei todo animado, com o astral lá em cima, e você me pôs pra baixo. Eu fiquei chateado.

Félix reconhecia muito bem o dengo do seu carneirinho.

— Oh, carneirinho. Desculpa. Você me desculpa?

Niko ainda fez charme, mas o abraçou como resposta. Félix, com seu cinismo habitual, foi logo falando junto ao seu ouvido:

— Sabe que uma coisa que detesto é quando você fica pra baixo, por que eu sei que você adora ficar pra cima, eu também adoro quando você está pra cima, e eu sei muito bem como te deixar pra cima...

Niko começou a rir. – Para! Sem-vergonha! – Soltaram-se. – Agora vamos jantar com nossos filhos que eu ainda vou fazer uma sobremesa bem legal pra a gente. E sem piadinhas, ouviu?

Félix fez sinal de zíper na boca e ambos foram jantar com os filhos.

... ... ...

Os dois admiravam o pôr do sol à beira-mar quando Félix começou a rir sozinho.

— O que foi, minha vida? – Perguntou Niko.

—... Você se lembra do nosso aniversário de seis anos? A festinha que fizemos?...

— A festa doce no nosso quarto? – Riu. – Como esquecer? ...

... ... ...

As crianças já dormiam e Félix esperava seu carneirinho ir para a cama, quando sentiu um cheirinho delicioso vindo da cozinha.

— Hum... Carneirinho, que é isso? Caramelo? – Perguntou chegando ao local e vendo seu amado no fogão.

— É.

— Vai fazer um daqueles pudins maravilhosos, é?

— Não. Só o caramelo mesmo. É só açúcar derretido.

— Não me diga que você vai comer isso!

— Hum... Vou. Por quê?

Félix ia falar algo, mas desistiu. Obviamente Niko percebeu.

— Que é?

— Nada. Nada não. Vai que eu digo e você resolve me matar durante a noite.

Niko o encarou enquanto ele fazia sinal de zíper na boca de novo e voltava ao quarto.

Minutos depois, Niko entrou no quarto e passou direto para o banheiro, dizendo que ia tomar um banho. Félix achou melhor não perguntar nada, mas ficou curioso, pois sabia muito bem que alguma coisa seu carneirinho estava aprontando. Foi então à cozinha e viu que ele havia deixado o caramelo esfriando. Se perguntou:

— Será possível que o carneirinho vai mesmo comer isto? Quantas calorias têm nessa coisa?... Ah, deixa pra lá! Já vi que hoje ele tá com mais fome de açúcar que de mim. Vou terminar de ler aquele livro, então. É o jeito.

Dirigiu-se à sala e notou que os livrinhos e lápis de cor do seu filho ainda estavam espalhados pelo chão. Resolveu recolher tudo e guardar. Enquanto fazia isso, lembrou que ainda não havia decidido qual presente dar a Niko. Queria algo diferente, valioso, raro e belo tal qual seu amado. Algo que expressasse sua gratidão e seu amor por ele. Mas o quê? Foi então que a ideia lhe veio de onde menos esperava: do livrinho de pintar que seu filho lhe deu.

— Isso! É isso que eu vou comprar!

Foi quando ouviu o loiro dos seus pensamentos lhe chamar.

— Félix! Vem dormir.

— Já vou. – Respondeu terminando de guardar os livros, mas se reclamando não muito contente com aquele final de noite. – Dormir. Só dormir. Aff...

Ao entrar no quarto, Niko trancou a porta e Félix viu sua visão diária do paraíso, seu carneirinho só com o robe meio aberto que conforme o movimento deixava aparecer seu corpo nu. Na hora Félix largou o livro que trazia com um sorriso feliz, já prevendo um carneirinho cheio de amor para dar.

— Que perfume bom... – Disse Félix ao sentir o perfume que seu carneirinho exalava.

Niko apenas se aproximou dele com um sorriso de menino travesso e sem cerimônia agarrou em seu pescoço beijando-o com vontade, não de demorando a deslizar as mãos pelo dorso de Félix tirando-lhe a roupa.

Por entre os beijos, Félix tentava falar.

— Hum... Eu sabia... Carneirinho... Eu sabia... Que você... Não ia ficar... Com raiva de mim... Muito tempo.

Niko parou um momento para olhar em seus olhos.

— Já passou da meia noite, Félix. Já é nosso aniversário de casamento.

— Eu sei.

— Mas... Quem disse que eu te perdoei.

— Hein?!


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Notas finais do capítulo

Continua...



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