Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 91
Coelhinhos da Páscoa


Notas iniciais do capítulo

Uma páscoa muito doce para todos!



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Sábado de manhã, antes da Páscoa, na casa da família Corona-Khoury...

– Coelhinho da páscoa, que trazes pra mim? Um ovo, dois ovos, três ovos assim... – Cantava Niko brincando com Fabrício no seu colo. O seu pequeno de apenas três aninhos acompanhava o pai na mesma canção, enquanto seu outro pai sorria olhando para os dois.

– Papi Félix! – Logo estendeu os bracinhos ao ver o pai chegando.

– Oi Fabrício! Vem com o papi vem...

– Nossa... É só ele te ver que logo quer ir pra o seu colo, esse dengoso! Você o mima demais!

– Ora... Você está é com ciúme porque o Fabrício gosta mais de mim, carneirinho!

– Não é verdade, seu bobo! – Riu.

– É sim... Fora que ele gosta de ficar no meu colo porque tem a quem puxar né?!

– Félix! – Niko lhe deu um tapinha no ombro e Fabrício riu.

– Ei, não ri de mim, Fabrício! É feio seu papi carneirinho me bater a essa hora da manhã!

Niko riu. – Não é não se você merecer! Pode rir sim, Fabrício!

– Pode não!

– Pode sim! E eu sei que ele vai rir muito mais com o que eu tô preparando para a Páscoa!

– Ah... Aquilo que você me falou? Tem certeza que vai dar certo?

– Claro! Será ótimo pra o Fabrício brincar mais com outras crianças da idade dele além dos coleguinhas da escola! Vou convidar a Pilar para trazer o Júnior, a Paloma para trazer o Bernardo, e a Márcia para trazer as netas; o que você acha?

– Acho ótimo! E vai ser só eles?

– Não... Também vou chamar os vizinhos que têm filhos pequenos assim da faixa etária dele! Serão três crianças a mais! Será uma coisinha simples, mas as crianças vão se divertir muito!

– Ah carneirinho, você sempre pensando nos outros!

– Ah, eu sou assim...

– Eu sei, seu lindo! – Félix pegou em seu queixo. – E nós? Vamos nos divertir também enquanto isso ou só vamos ter trabalho?

– Ah Félix, todo mundo vai se divertir, ora! Vai ser super legal! Vai dizer que não se diverte vendo as crianças brincarem?

– Claro que sim, mas eu pensei em outro tipo de diversão...

– Félix! – Niko foi lhe dar outro tapinha no ombro, mas a mão escorregou e foi no rosto.

– Carneirinho! Não é pra tanto!

Logo o loiro levou a mão à boca rindo. – Ai amor, desculpa, foi sem querer...

Enquanto Niko dava uma massagem no rosto de Félix, este ouviu uma risadinha de uma pessoinha que estava em seu colo.

– Tá rindo de quê, criaturinha?! De novo rindo de mim?! Hein?! Tá rindo de quê? – Ficou brincando com Fabrício lhe fazendo cócegas.

– Fiquem aí, meus amores, que eu vou ligar para a minha cunhadinha e minhas sogrinhas para saber se elas podem vir, tá?!

Félix riu. – É, suas sogrinhas... Mami poderosa e mami cafona!

– Não fala assim... – Riu.

– Mas falo com todo carinho! Eu amo as duas! E gosto mais ainda da Márcia continuar me chamando de menininho mesmo depois dos quarenta!

– É que você é um quarentão com carinha de trinta, meu amor!

– Hum... Obrigado! Que bom que foi você que disse isso e não qualquer um...

– Como assim qualquer um, senhor Corona Khoury?! Tem muitos que andam te elogiando por aí?

– Ah... Às vezes quando eu saio pra pagar as contas eu recebo um ou outro elogio, afinal eu sou lindo né, carneirinho?! Que culpa eu tenho se todos me olham...

– Ah é? Todos olham? Pois trate de desviar desses olhares, senhor “eu chamo a atenção por onde passo”!

– Ah, gostei! Eu chamo mesmo muita atenção por onde passo... Sabia que já assobiaram pra mim?

– Félix! Quer levar outro tapa?

– Ah... Quer dizer que o primeiro não foi sem querer?

– Foi! Mas o segundo pode ser querendo por querer! E bem mais forte, viu?!

– Tá, não falo mais... – Fez sinal de zíper na boca. – Carneirinho ciumento!

– Você que me provoca!

– Adoro te provocar, você sabe...

– Deixa disso e cuida do nosso filho enquanto eu preparo tudo! Que coisa... – O loiro saiu rindo enquanto Félix ficou com Fabrício.

– E você hein, mini-carneirinho?! Vê se não fica genioso igual uns e outros que eu conheço...

– Eu estou ouvindo, Félix! – Gritou Niko fazendo Félix rir agora junto com seu filhote.

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Sábado à tarde...

Niko voltava para casa com o filho mais velho que saiu com ele para fazer compras.

– Leva essa caixa pra a garagem, Jayminho! E põe num lugar seguro! Essa aqui eu vou deixar lá dentro mesmo.

– Tá, pai!

Félix ia saindo para o quintal com Fabrício.

– Oi amores, voltei! – Disse Niko indo em direção a eles.

– Oi carneirinho! – Deram um selinho. – O que tem aí?

– Nessa caixa é a primeira parte da surpresa para as crianças. Na que o Jayme levou é a segunda parte da surpresa, que é muito fofa e sei que nosso filho vai adorar! – Bagunçou carinhosamente os cabelos do seu bebê.

– Carneirinho, eu havia acabado de pentear esse menino! – Reclamou Félix ajeitando o cabelo do filho. – Já é difícil de controlar esses cachinhos, e você ainda bagunça o que eu tinha arrumado?!

– Ai Félix, como você é exagerado! O cabelo do Fabrício nem é tão cacheado quanto o meu!

– É... Acho que cabelo liso e sedoso como o meu é para poucos...

Niko riu e lhe empurrou de leve. – Como você é implicante! Olha, vê se não implica com nada amanhã que vai ser uma correria só aqui!

– Correria?

– É, correria das crianças em busca dos ovos de páscoa!

– Fala sério... Pelas contas do rosário, você vai mesmo...

– Shh! Depois falamos disso porque nosso mini-carneirinho, como você o chama, está atento a tudo aqui!

Os dois olharam para Fabrício que, de fato, sempre ficava ouvindo atentamente cada conversa dos pais. Curioso e bagunceiro, não perdia um só detalhe, mesmo que não entendesse boa parte do que falavam.

– Tá bom, depois você me fala seu plano... Só espero que essas coisinhas... – Apontou para o filho. – Não briguem por causa dos ovos...

– Tem ovo de páscoa, papai? – Perguntou Fabrício a Niko já estendendo a mãozinha para mexer na caixa que ele levava.

– Ei, tem sim, mas não pode pegar! É pra amanhã, Fabrício! – Disse afastando a caixa dele. – Vou guardar isso, tá meu amor! Já volto! – Disse para Félix saindo dali.

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.

Sábado à noite...

– Só você para me fazer andar pelo jardim assim à noite escondendo ovos de plástico!

– Ah, vai dizer que não é divertido?!

– Poderia ser... Se você não tivesse colocado em mim essas orelhas ridículas! – Tirou da cabeça o aro com orelhas de coelho que Niko havia colocado nele.

O loiro começou a rir. – Ai amor... Ficou tão bonitinho... Deixa...

– Deixo nada! Confessa que você só fez isso pra me fazer pagar mico!

– Não... Você ficou uma gracinha, é sério! E também, pagar mico pra quem se só estamos eu e você aqui?! Além disso, eu também estou usando se você não percebeu!

– Percebi... E a gente precisa mesmo entrar tão no clima assim?

– Você vai saber o porquê disso quando a gente entrar em casa! Vem...

Niko recolocou as orelhas de coelho em Félix e pegou em sua mão para entrarem em casa. Assim que entraram pela porta da cozinha, viram alguém passar rápido para detrás de uma porta. Se olharam, então, já sabendo que quem se tratava.

– Fabrício! – Chamaram ao mesmo tempo.

O pequeno saiu de onde estava olhando para os pais com os olhinhos verdes bem abertos e brilhantes.

– Papai, papi, vocês são os coelhinhos da páscoa?

Eles se abaixaram para ficar da altura dele e Niko explicou:

– Não, meu filho, nós não somos! Mas lembra que no natal o Papai Noel pediu para a gente ajudar a colocar os presentes embaixo da árvore? Então... Do mesmo jeito o coelho da páscoa também pede às vezes para ajudar a esconder e distribuir os ovos!

– Ah...

– Mas, o coelho da Páscoa trabalha do mesmo jeito que o Papai Noel, então se você não for um menino bonzinho e não for dormir não recebe nada amanhã!

– Eu vou dormir! – Os pais riram ao ver o pequeno tomar rápido essa decisão e agarrar na calça do pai Félix, dizendo: - Papi, me leva pra cama!

– Vai, Félix, vai colocar ele na cama enquanto eu termino de ajudar o coelho tá?! – Piscou.

Félix levou Fabrício e Niko voltou para o jardim.

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.

Domingo de páscoa pela manhã...

Paloma havia chegado bem cedo junto com o marido e a filha mais velha levando o filho Bernardo e o irmãozinho Júnior. A família toda brincava na piscina quando Márcia também chegou com Atílio e as netinhas, Mary Jane e Mary Kate. Dois casais de vizinhos que Niko havia convidado também chegaram com seus filhos que tinham mais ou menos as mesmas idades dos outros.

– Então, todos de acordo? Vamos começar a brincadeira com as crianças? – perguntava Niko aos outros pais e responsáveis. – Ok! Vamos lá!... Crianças! – Chamou. – Venham aqui, venham com o tio Niko!

As crianças o seguiram até o jardim.

– Quem está preparado para a caça aos ovos levanta a mão!

– Eu! – Gritaram mais uma vez.

– Então vamos começar! Sem empurrar e sem correr, ok?! Essa noite o coelho da páscoa escondeu um monte de ovos coloridos aqui pelo jardim e vocês vão ter que procurar e pôr nessas cestinhas, tá bom?! – Entregou as cestinhas pra eles. – Olha! É tipo aquele ovo ali ó... – Ele mostrou um dos ovinhos coloridos que estava bem visível e logo Fabrício e Mary Jane correram para pegá-lo.

– É meu! – Dizia um puxando de um lado.

– É meu! – Dizia um puxando do outro.

– E-ei... Não... Meninos! Não é assim!... Ai, minha Nossa Senhora...

Félix se aproximou e pegou o ovo deles. – Parou! – Pegou e abriu o ovo de plástico e deu metade para cada um. – Pronto! Vão procurar outros e se dois encontrarem o mesmo ovo façam a mesma coisa, cada um fica com metade! E quem brigar sai da brincadeira, ouviram?!

– Sim, papi! – Respondeu Fabrício.

– Sim, tio Félix! – Respondeu Mary Jane.

– Ouviram, meninos?! – Perguntou na direção dos outros.

– Sim! – Gritaram.

– Muito bem... Vão agora... Já! – Bateu palmas e cada uma das crianças correu para um lado. Niko chegou perto dele.

– Às vezes eu esqueço que você tem mais jeito com crianças do que eu!

– Pois é né?! Por incrível que pareça... Mas não, carneirinho, eu acho que não é que eu saiba lidar melhor com crianças, eu sei lidar melhor com gente, entende?! E, sinceramente... Tem alguns que nunca deixam de ser criança!

– Acho que você tem razão... Mas, é bom manter a criança que há dentro de nós, Félix! Olha pra eles... Imagina se o mundo compartilhasse mais dessa inocência, a humanidade já teria conhecido a paz que nunca conheceu!

– É, isso é... Até o momento em que eles resolvem brigar por um ovo de páscoa!

Niko riu. – Ai Félix, você não tem jeito!... Mas eu gostei do que você fez... Repartir o ovo... Se a humanidade ensinasse desde sempre seus filhos a repartirem as coisas ao invés de brigarem por elas, a respeitarem o que é do outro... Bom, não digo que não haveria guerras, porque é da natureza do homem brigar, mas... Quem sabe os homens não brigassem apenas por coisas simples como ovos de páscoa em vez de brigarem por dinheiro, petróleo e bombas atômicas!

.

Depois de algum tempo, as crianças voltaram com suas cestinhas cheias. Alguns tinham apenas metade de alguns ovos.

– Muito bem, pessoal! Agora... É... – Niko estranhou ao ver que um dos ovos de plástico estava quebrado em quatro partes, repartido entre as cestinhas de Fabrício, Mary Kate, Júnior e um dos filhos de um vizinho. Então perguntou a Fabrício: - Filho, por que vocês quebraram este?

Ele riu ao que o filho explicou: - É que eu achei, só que o Júnior disse que viu primeiro, aí a gente correu, só que o Thiago pegou antes, mas ele derrubou e a Mary Kate pegou! Aí a gente repartiu que nem o papi Félix disse!

– Que bonitinhos! Muito bem! E agora que acabaram a caça aos ovos vocês querem conhecer um convidado especial que veio se esconder no nosso jardim hoje?

– Sim!

– Jayme, traz aqui, filho!

Jayme foi levando a caixa cheia de furos que havia levado para a garagem no dia anterior. Pôs a caixa no chão e abriu para surpresa dos menorezinhos. Era um coelho branco muito fofo que logo todos queriam apertar.

– Ei, ei, não pode! Tem que pegar com cuidado! Podem passar a mão... – Dizia Jayme segurando o coelhinho.

Niko deixou as crianças brincando quando Félix o chamou.

– Carneirinho, que ideia foi essa de comprar um coelho de verdade para o Fabrício? Ele ainda é muito novinho, criatura!

– Félix, quem disse que é do Fabrício?! É do Jayme! Ele disse que vai cuidar direitinho e vai deixar o Fabrício brincar com ele! Vai ser bom pra os dois! Eles vão ter algo em comum para brincar apesar da diferença de idade e ainda vão aprender a ser mais responsáveis cuidando de um bichinho de estimação!

Félix ficou olhando pra ele sorrindo maravilhado. – Carneirinho, você sempre pensa em tudo né?! Me diz, tem alguma coisa que você não pense?

– Hum... Tem! Em contas, meu amor! O homem dos números é você! Por isso eu deixei a notinha de compra do pet-shop na sua carteira! – Saiu sorrindo.

– Não acredito nisso, Niko! Você compra e eu pago é?! É o apocalipse!

O resto do dia prosseguiu com mais brincadeiras e muito chocolate para as crianças, e para os mais velhos também, claro.

.

.

No dia seguinte...

Segunda, de manhã, os familiares já haviam partido de volta a São Paulo. Félix aproveitou que havia acordado cedo para ir logo resolver as contas pendentes de uma vez.

– Como você não vai ao restaurante hoje, eu vou ao pet-shop pagar pelo coelhinho, tá carneirinho?! E aproveito para pagar outras contas logo!

– Tá, meu amor! – Deram um selinho.

– Por falar no tal coelho, cadê ele?

– Não sei... Deve estar no quarto do Jayme!

– Tá! Tchau! – Deram outro beijinho de despedida e Niko se afastou do carro para Félix sair. Ao que começou a dar ré, Niko gritou:

– Para!

Félix freou bruscamente. – Que foi, criatura?!

– A-ai... Ai Félix... – Niko olhava para o chão. – Você bateu nele!

– Bati em quem?! – Félix saiu rapidamente do carro e quando viu respirou aliviado. – Ah, criatura... Foi no coelho, pensei que... – Mas logo percebeu a gravidade. – O coelho! Pelas contas do rosário! Eu matei o coelho!

– Calma! – Niko se abaixou e tocou nele. – Não, acho que não... Eu não sei bem essas coisas, mas acho que tá respirando... Só tá caidinho, o bichinho...

– Óbvio, ele quase ia sendo atropelado, já imaginou?! Você não disse que estava no quarto do Jayme?!

– E como eu ia saber...

Pararam quando ouviram uma vozinha infantil bem conhecida.

– Nick! Nick! – Era Fabrício. – Nick, cadê você?

– Filho! Quem você tá procurando? – Perguntou Félix pegando-o no colo enquanto Niko pegava o coelho e o colocava na caixa.

– O Nick!

– Quem é Nick?

– O coelhinho!

– Ah... O coelhinho... – Olhou para Niko que fez sinal positivo para ele mostrando que já tinha escondido o coelho. - O que você quer com o coelhinho?

– Brincar!

– Ah... É... É claro... – Olhou de novo para Niko que se aproximou. – Carneirinho, e agora?

– Agora... Agora me dá o Fabrício aqui e... Vai resolver isso!

– Quê?! Eu tenho que resolver sozinho?!

– Claro! Você que quase atropelou o coitadinho, agora vai levar a um veterinário pra ver se ele está bem!

– Mas... – Titubeou para reclamar e acabou aceitando. – Está bem! Eu vou! – Ajeitou a sobrancelha. – Eu devo ter enchido a cara de vinho na santa ceia pra merecer passar por isso logo depois da páscoa! Com licença! – Deu um beijinho em Fabrício. – Tchau, mini-carneirinho! Papi volta logo!

– Tchau! – Os dois loiros se despediram e entraram. Félix pegou a caixa e pôs no carro, mas quando ligou para sair, Jayme apareceu.

– Pai Félix, vai aonde?

– Que susto, Jayminho! Não aparece assim!

Jayme viu a caixa do coelhinho no banco. – Vai levar o Nick pra onde?

– É... É... Eu... Ai, tá bom... Entra aí, Jayme, você já tá grandinho, vou te contar, porque se eu dissesse ao Fabrício, tadinho, ia ficar chorando o dia todo! Não, primeiro avisa ao carneirinho que você vai sair comigo!

– Tá! – Jayme entrou e avisou a Niko que ia sair com Félix, depois voltou para o carro e foi com o pai.

No carro, Félix explicava: -... E... Foi isso... Eu quase atropelei ele, mas foi só uma batidinha de leve! Tenho certeza que não aconteceu nada!

– Mas pai... Ele tá tão quietinho... – Disse Jayme com a caixa com o coelho no colo.

– E-eu sei... Mas ele não se machucou né?... Eu acho... Bom, vamos levá-lo ao veterinário e vamos ver...

.

Depois, já no veterinário, eles esperavam a vez quando Félix teve que atender o celular.

– Ah não, pelas contas do rosário, era só o que me faltava... – Reclamava após desligar. – Tomara que atendam logo o seu coelhinho, eu preciso sair... – Disse ao sentar perto do filho.

– Por que, pai?

– O contador ligou... É sobre umas contas do restaurante que ficaram pendentes por causa do feriado e eu tenho que ir ver porque o banco está querendo cobrar juros e... Deixa pra lá, filho, é difícil pra você entender!

O médico mandou entrarem em seguida e Félix teve uma ideia.

– É... Vai demorar, doutor?

– Talvez, um pouco! Preciso primeiro ver o que o coelho tem, se sofreu algum trauma na batida...

– Ah tá... – Virou para o filho. – Jayminho, olha, eu vou fazer o seguinte... Fica aqui com seu coelhinho enquanto o médico examina ele e eu vou rapidinho no banco, tá bom?! Se acabar e eu ainda não tiver voltado, liga pra o meu celular! Eu vou deixar o número com o recepcionista também, aí você pede pra ele caso não consiga ligar viu?!

Pouco depois Félix saiu. Resolveu suas coisas rapidamente e estava voltando para o veterinário quando recebeu uma ligação.

– Senhor Khoury, seu filho pediu para ligar, a consulta já acabou.

– Sim, já estou indo! Obrigado!... – Ia desligar, mas antes ouviu um choro de criança do outro lado da linha e a voz de Jayme perguntando:

– Ele morreu?

E a voz do médico respondendo: - Infelizmente morreu!

Ele ficou ouvindo, mas o recepcionista desligou do outro lado enquanto falava: - Que pena! Sinto muito...

Após isso Félix começou a pensar:

– Ah não! Eu matei o coelhinho deles! E agora? O Jayminho estava chorando e quando a gente chegar em casa o Fabrício vai chorar muito mais! Será que eu dancei cancan em cima da mesa da santa ceia pra passar por isso?! Coitadinhos dos meus filhos... – Então teve uma ideia. – Já sei! – Desviou com o carro para outro lugar.

Dentro de alguns minutos Félix já estava de volta ao veterinário. Entrou com duas caixas nas mãos, as quais logo deixou numa cadeira e foi abraçar Jayminho.

– Filho... Sinto muito! Papai não queria matar seu coelhinho, mas eu vou fazer o que eu puder para compensar tá?! Aliás, já fiz! Mas, não chora!

– Pai! Eu não tô chorando! Que história é essa de matar o Nick?! Ele tá aqui!

– Mas hein?! – Olhou surpreso ao ver o coelhinho na cadeira ao lado do seu filho. – Mas... Mas... Eu te ouvi chorando ao telefone quando o recepcionista me ligou e... Por que você perguntou ao veterinário se ele tinha morrido, criatura?!

– Não era eu quem estava chorando, era aquele menino ali! – Apontou para um garoto mais novo que ele num canto. – Foi o gatinho dele que morreu! Era dele que eu estava perguntando ao doutor!

– A-ah... Não acredito!... Então seu coelho tá bem?!

– Tá! Só vai ficar com uma pata enfaixada uns dias!

Félix respirou aliviado. – Menos mal! Mas... – Olhou para as caixas que havia levado. – E agora, o que eu faço com eles?

– Eles quem?

– Eu... Pensei que seu coelho tinha morrido e... Quis trazer outro pra compensar, mas... Como tem você e seu irmão, então... – Abriu as caixas e mostrou. Ele havia comprado mais dois coelhos. – Só não tinha mais coelho todo branquinho como o Nick! Então eu trouxe um marrom e uma cinza!

– São lindos, pai! Podemos ficar com os três?

– Eh... Melhor não né?! Eu já quase matava um, quanto mais se forem três! Vai que um essa cinza dá cria e eu não quero coelho se reproduzindo aos montes lá em casa!

– Então você vai devolver ao pet-shop?

– Hum... Não... Tenho uma ideia melhor! Vem comigo... – Os dois foram até o garotinho que estava chorando antes levando uma das caixas. – Ei menino, não chora... Como você se chama?

– Mateus! – Respondeu o garoto.

– Nome bonito! Vem cá... Olha, não chora mais por seu gatinho... Agora ele está... No céu dos gatos!

– Tem isso?

– Tem sim! Claro! Pra onde você acha que vão depois que morrem?! É pra lá! É um lugar super, onde eles têm todo o peixe que quiserem comer, tudo que eles gostam de arranhar, todas as bolas de lã pra brincar, tudo isso! Então não chora, porque seu gatinho tá bem melhor agora! Olha... Porque você não muda de animal?

A mãe do garoto estava ouvindo a conversa e sentou perto dele.

– Muito obrigada por estar consolando ele, moço! Eu compraria outro bichinho de estimação para ele, mas agora não estou em condições! Eu já disse a ele que ele vai ter que esperar eu juntar dinheiro, porque senão...

– Esqueça! Hoje é seu dia de sorte! – Disse Félix. – Se seu filho quiser eu tenho a solução aqui e agora! – Jayme tirou da caixa a coelhinha cinza e lhe entregou.

– Olha mãe! É um coelho! Que bonito!

– É lindo não é, filho?! Parece com aquele que você queria de pelúcia! – Disse a Félix. – Ele viu um na loja e queria, mas eu falei que não dava, custava o olho da cara!

– Ah é, eu sei! Os preços nessas épocas vão para o céu igual pombinhas da paz! Mas então... Se quiserem trocar de espécie de bicho de estimação, eis aqui a oportunidade! Um coelhinho é tão lindo e fofo quanto um gato, e tem a vantagem de não soltar tanto pelo por aí, nem arranhar os móveis! A não ser que comece a roê-los, claro...

– Mas o senhor vai me dar esse coelhinho?

– Claro que vou! Se você quiser!

A mulher e o filho se olharam surpresos.

– Mesmo senhor? – Perguntou a mulher. – Deve ter custado caro...

– Imagina... Não foi tanto assim! Então, quer ou não? Por que eu, sinceramente, não quero dar início a uma criação de coelhos lá em casa!

O garoto pegou o coelho, sorrindo. – Eu quero! Posso ficar com ele, mãe?

– Bom... Se esse senhor quer te dar... Pode!

– Oba! Ele vai ter o mesmo nome que tinha meu gato!

– É mesmo? – Perguntou com um sorriso por ter feito uma criança feliz. - E qual era o nome do seu gato?

– Félix!

O sorriso se fez surpresa e ele virou para Jayminho, falando baixinho: - Que ótimo! Agora tem um coelho com meu nome! – E virou de novo para o garoto. – Olha, acho que esse nome não serve para seu coelhinho, porque... É uma coelha!

– Ah... Então vai se chamar... Hum... Já sei! Lola! Como a namorada do Pernalonga!

– Boa ideia!

– Senhor, muito obrigada! – A mãe do menino cumprimentou Félix. – Obrigada ao senhor e ao seu filho! – Pegou na mão de Jayme.

– Imagina, não é nada... Cuidem bem dela, e... Cuidado pra não deixá-la ir para trás dos carros... É um perigo!... Tchau! – Saiu e voltou para casa com Jayme.

.

Em casa...

– E aí? Como ele está? O Fabrício já me perguntou várias vezes e eu não sei mais o que dizer...

Eles contaram tudo que aconteceu a Niko.

– Dois?! Não acredito, Félix, você sai e eu fico pensando numa desculpa, achando que você vai voltar sem nenhum coelho, e você volta com dois! Já imaginou se eles... – Tapou os ouvidos de Jayme. – Se eles se reproduzem?!

– Criatura, tá tapando os ouvidos do menino por quê?! O Jayme tem onze anos, já teve aula de educação sexual, sabe muito bem como os coelhos se reproduzem, aos montes inclusive... Mas não se preocupe! O vendedor do pet-shop disse que só a coelhinha cinza era fêmea, esse aqui é macho! E o branquinho que vocês compraram também né?!

– É sim! Então tá!... Olha, achei muito digno o gesto de vocês dois de darem um dos coelhinhos àquela criança! Estou muito orgulhoso de vocês, meus amores! – Abraçou marido e filho juntos.

Logo depois Fabrício estava fazendo a festa brincando com seus coelhinhos junto com o irmão. Jayme deu uma ideia.

– Olha pai, já que aquele menino queria dar o nome de Félix à coelha se ela fosse um coelho, eu pensei em dar o nome de Félix a esse aqui! Aí fica combinando com os nomes de vocês, porque quem deu o nome de Nick ao outro foi o Fabrício!

Niko riu. – Achei bem legal a ideia, filho! E você, Félix?

Félix deu um sorriso amarelo e falou por entre os dentes: - E eu pensando que tinha me livrado de ter um coelho com meu nome! Já não bastava ser nome de gato, agora vai virar nome de coelho também?!

Niko e Jayme riram das suas reclamações e os nomes dos pets permaneceram assim: Félix e Nick.

.

Tarde da noite, os garotos dormiam e o casal aproveitou a paz e o silêncio da noite para passear pelo jardim. Passear por pouco tempo, pois começaram a trocar beijos e palavras de amor diante da lua cheia e logo estavam trocando carícias mais intensas.

– Vem, carneirinho... Vamos ficar aqui mesmo... Ou dar uma escapada para a praia?

– Hum... Onde... Você quiser, meu amor...

– Então vem... – Foi levando-o em direção à praia, mas Niko parou.

– Não, não Félix, é melhor não, senão os meninos vão ficar sozinhos!

– Mas eles estão no quinto sono, carneirinho!

– Sei, mas você sabe que o Fabrício acorda e vai bater no nosso quarto! Se a gente não estiver lá ele sai pela casa procurando!

– Ai, é nessas horas que eu não gosto do período de férias da Adriana! Tá bom, então vamos ficar aqui mesmo, mas vem... Eu tive uma ideia melhor do que a gente rolar nessa grama aqui!

– Que ideia? – Perguntou com um sorrisinho malicioso.

– Que tal a gente fazer aquela cena do Titanic dentro de um dos carros, hein?!

– Hum... Adoro...

Foram para a garagem já bem animadinhos. Ao ligarem a luz, porém, uma surpresa.

– Ah! Félix!... Você não disse que o coelhinho marrom era macho?!

– Disse... – Foi quando Félix viu. –... Ou não!

Ambos ficaram boquiabertos e Niko comentou:

– Gente... Se esse coelho marrom for fêmea... Teremos filhotes em breve!

Félix deu uma risada cínica. – E se for macho mesmo... Merecem os nomes que tem né?! Por que... Eles estão que estão...

Os dois deram uma gargalhada e decidiram sair da garagem para não atrapalhar a sessão amorosa dos coelhinhos. Mas, claro que Niko não perderia a chance de perguntar maliciosamente:

– Tá a fim de imitar os coelhos, Félix?! Eu tô...

– Ah! Ousado!... Você viu que o Nick é que estava pegando o Félix, não viu?!

– Do que acha que eu estou a fim?! – Piscou com um sorriso safado.

– Ousado... – Félix abriu um sorriso largo. – Adoro... Vem... Vamos para aquele nosso cantinho do jardim e você me ensina como os coelhinhos fazem!

Saiu puxando Niko que ia cantando no seu ouvido: - Coelhinho Félix... Que trazes pra mim?...

– Nem te conto...


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Notas finais do capítulo

Fim!!!

(Quero dizer que, apesar do tempo que estou sem atualizar esta fic, Dias Inesquecíveis vai continuar. Já cheguei ao capítulo 91, quero passar do 100 adiante. Só as coisas ficaram mais lentas porque estou tentando estudar além de estar focada na fic Too Much Love Will Kill You. A todo mundo que favoritou e acompanha Dias Inesquecíveis o meu muito obrigada e até o próximo capítulo).



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