Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 93
A Joia mais Rara - parte 2


Notas iniciais do capítulo

O que esses dois vão aprontar?



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...

Niko o soltou com um sorriso sádico. Pegou na cômoda um bowl cheio de algo que cheirava muito doce.

— Você vai me trocar por esse caramelo, carneirinho? Eu achei que eu fosse mais gostoso!

Niko riu. – E você é. Mas, eu te enganei. Isso não é caramelo.

— Não?

Niko respondeu balançando a cabeça, indo até ele. Deixou o bowl de lado e foi tirar o resto da roupa de Félix ao mesmo tempo que o beijava e o empurrava para deitá-lo na cama. Em cima dele, Niko o hipnotizava com seus beijos e carícias. Félix, entretido, nem viu quando Niko começou a passar um pouquinho do tal caramelo na virilha dele. Só notou quando sentiu o loiro grudar algo como um pedaço de filme plástico.

— Ei! Que é isso, carneirinho?! – Assustou-se ao perceber que aquilo estava mais para cera de depilar que caramelo. Niko apenas mantinha um sorriso malicioso enquanto prendia Félix por entre suas pernas, ameaçando tirar aquela fita plástica a qualquer momento.

— C-Carneirinho!... Você não vai fazer isso, não é? Niko!...

Mas, o loiro se divertia puxando uma pontinha da fita, vendo seu amado aflito querendo fugir.

— Niko! Não faz assim, isso dói! Que invenção é essa, criatura? Me quer depilado agora?

Niko confirmou com a cabeça e puxou um pouco mais. A cada ameaça de puxar aquela fita, Félix apertava os olhos sentindo uma dor imaginária.

— Carneirinho, por favor... Para! Eu quase não tenho pelos. Pra que isso, criatura? Me solta! Parou a brincadeira!

— Não parou não. Essa é minha vingança por ficar me chamando de gordo. Agora você vai ficar todo depiladinho.

— Ah! É o apocalipse isso! Niko!

— Se prepara...

Félix fechou os olhos esperando a dor, mas o loiro se pôs a gargalhar.

— Ai, Félix... Você devia ter visto sua cara. Ah, ah... Meu amor, isso não é cera de depilar, é caramelo mesmo!

Félix respirou fundo e Niko não parava de rir.

— Muito boa piada, carneirinho. Parabéns. – Falou sarcástico batendo palmas. – Dessa vez você se superou.

— Ah, amor, foi só uma pequenina vingança, nada demais.

— Não, achei ótimo. Maravilhoso. Da próxima vez faz com cera de verdade pra a vingança ser completa. – Cruzou os braços, reclamando. – Onde já se viu fazer uma coisa dessas no aniversário de casamento!

— Foram só os primeiros minutos de nossas bodas, meu amor. A nossa noite está só começando.

— Hum... E posso saber o que o senhor vai fazer com esse caramelo?

— Vou te dar uma pequena demonstração.

Pegou uma das mãos de Félix e a levou até o bowl com o caramelo. Mergulhou dois dedos do amado no doce e ao tirar lambeu encarando Félix que já estava sorrindo. Niko lambeu e chupou primeiro o dedo indicador de Félix, depois o outro, e então os dois de uma só vez.

Agora, bem mais contente Félix mandou:

— Agora faz a mesma coisa onde você pôs o caramelo primeiro.

Niko sorriu mordendo os lábios já que era exatamente o que ele queria.

... ... ...

— Ah, carneirinho... Você e seus joguinhos...

— Sinceramente, eu te deixava louco com essas brincadeiras, não deixava?

— Você sabe que deixava sim. Aliás, me deixa. Quero que continuemos assim pra o resto de nossas vidas.

— Eu não pretendo perder o pique jamais. E você?

— Nem pensar, carneirinho! Imagina, você ainda cheio de fogo e eu como uma velinha de aniversário? Nem se fosse o apocalipse!

Niko riu e após um instante deu um longo suspiro e falou saudoso:

— Nem parece que já faz vinte e quatro anos que comemoramos nossas bodas de açúcar...

— Ou de perfume. Por que tanto quanto o caramelo eu também lembro o cheiro delicioso do perfume que você passou. – Respirou fundo como se pudesse sentir o mesmo cheiro de suas lembranças. – Eu praticamente ordenei que você nunca parasse de usar...

— E eu obedeci. – Entregou-lhe o braço para que Félix sentisse em seu pulso o perfume que tanto gostava.

Félix sorriu e depositou um beijo na palma de sua mão colocando algo em seguida e fechando.

Quando Niko abriu a mão viu o que Félix havia lhe entregado.

— Ah, a pérola que eu te dei...

— Não. A pérola que eu te dei.

— Eu sei, Félix, lembro muito bem...

... ... ...

Pela manhã acordaram nos braços um do outro após uma noite repleta de paixão. Tomaram um banho juntos e foram passar o dia com os filhos. Félix, porém, não havia esquecido o presente que havia finalmente decidido dar a seu carneirinho.

— Uma pérola. A mais linda que tiverem. – Disse à vendedora na joalheria.

— Veja. Temos vários conjuntos com pérolas, claro, há poucos masculinos...

— Não, não é assim que quero. Eu não quero colar, pulseira, nada disso. Eu queria só uma pérola, grande, bonita, assim, não sei, numa embalagem especial...

— Ah, sei... Bom... Desculpe, senhor, mas acho que não temos nada assim...

— Tudo bem. Vou continuar procurando.

Félix foi a todas as joalherias da cidade e nada de encontrar a tal pérola como ele queria, como havia visto no livrinho do seu filho, uma ostra se abrindo com uma pérola dentro dela. Era isso que o havia inspirado e era isso que ele queria para surpreender seu carneirinho.

Estava quase desistindo e decidindo comprar algo mais simples para substituir.

— É o apocalipse essa cidade não ter uma joalheria que venda uma perolazinha sequer!

Só faltava uma joalheria, a mais cara e chique de todas. Porém, assim que Félix estacionou de frente, o dono da loja e sua esposa, grávida, saíam apressados.

— Calma, calma, meu amor! Já vamos chegar!

Félix ia descendo do carro, quando o homem o interceptou.

— Desculpe, mas a loja está fechada. Minha mulher vai dar à luz e precisamos correr para o hospital.

— Sim, entendo...

O homem estava tão desorientado que ao pegar a chave do carro do bolso deixou-a cair num bueiro.

— Não, não, não! Não pode ser! Espera, querida, deve ter outro jeito desse carro abrir!

Começou a forçar a porta do carro, mas só serviu para o alarme disparar. Nada estava dando certo.

— Espera, eu dou uma carona pra vocês. Venham. – Félix se ofereceu.

— Mesmo? Ah, obrigado. Muito obrigado. Vem, querida...

Os dois entraram no carro de Félix que partiu para o hospital que indicaram.

Ao chegar lá, o homem pediu: - O senhor se importa em esperar aqui só um instante? Preciso localizar o médico dela...

— Sim, não se preocupe, vá.

— Eu já volto, querida, já volto! – Disse a esposa antes de sair correndo para dentro do hospital.

— Perdoe-nos o transtorno. – Disse a mulher a Félix. – Meu marido está mais nervoso que eu. Esse é nosso primeiro filho e já tentamos ter um há muito tempo.

— Não faz mal, eu entendo. Se tivesse acontecido há uns anos atrás eu nunca ajudaria vocês, mas hoje... – Félix sorriu consigo. – Meus filhos mudaram minha vida.

A mulher respirava rápido no banco de trás para tentar amenizar as contrações. – O senhor tem quantos filhos?

— Três. Um mais velho, já é um homem; o outro é um adolescente e o outro ainda é pequeno.

— Oh, que maravilha. O senhor e sua esposa devem ser muito felizes com eles.

— Não, eu não tenho esposa.

— Ah... Sinto muito...

— Não, não é isso. É que sou casado com um homem.

— Ah... Entendi. Então são adotados?

— Não, só um. O mais velho é meu filho mesmo, e o menor é filho biológico do meu parceiro.

— Ah... É... O senhor ia entrar na nossa loja quando o atrapalhamos... Ia comprar alguma coisa pra eles?

— Sim. Eu ia procurar, na verdade, porque tá difícil achar o que eu queria dar. Hoje meu companheiro e eu fazemos seis anos de casados.

— Ah, que coisa! E nós o atrapalhamos, desculpa!...

— Não tem problema, já disse.

— Bom, então, meus parabéns. E espero que encontre o que queria dar de presente. Ah! – A mulher gemeu alto.

— Sente-se mal?

— As contrações estão voltando, espero que meu marido volte logo com o médico. – Ela respirou fundo algumas vezes até parecer melhorar. – Diga... Que tipo de joia estava procurando para seu companheiro?

— Eu tive a ideia de lhe dar uma pérola. Acho que combina com ele. Mas, parece que foi uma péssima ideia. Eu devo ter feito uma peruca com os cabelos de Sansão para não achar uma mísera pérola em lugar nenhum... – Foi quando Félix reparou que a mulher usava um longo colar de pérolas que apertava quando sentia dor pelas contrações.

— Que interessante. Olha só, e eu tenho tantas. Tenho esse colar e mais meia dúzia... Ah! Ah!

— O que foi?

— As contrações... Aumentaram...

— Eu vou chamar seu marido.

— Não... Por favor... Não me deixa sozinha... Segura minha mão.

— Q-Quê?

— Por favor... Ah! – A mulher deu outro grito agudo segurando com tanta força o colar de pérolas que ele se quebrou. – Ah! Meu bebê vai nascer!

— A-ah, não! No meu carro não! – Se reclamou, mas o marido da mulher chegou na mesma hora com o médico que assim que a viu disse:

— Vamos levá-la! Já está em trabalho de parto!

Assim a levaram depressa. Félix estava tão sem saber o que fazer ou dizer que ficou ali dentro do carro mais uns minutos. Recolheu as pérolas que haviam caído do colar dela, pensando:

— Que ironia! Justo o que eu queria... E não posso ficar com nem umazinha. Mesmo que tenham ido sem nem dizer obrigado. Enfim...

Félix juntou tudo numa bolsa e saiu. Poucas horas depois voltou àquele hospital.

.

— É uma grande prova de honestidade sua vir devolver as pérolas de minha esposa.

— Imagina. E como está o bebê?

— Nasceu muito bem, obrigada. – Disse a mulher. – Se não fosse o senhor estar ali no lugar certo na hora certa, eu não sei o que teria acontecido.

— Bom, já vou.

— Espere!... – A mulher pegou uma das pérolas. – Tome. Não era isso que você disse que queria dar ao seu parceiro? Fique para você como agradecimento.

Félix se surpreendeu e aceitou a pérola.

.

Mais tarde, ele convidou Niko para um jantar romântico à beira-mar. Contratou um Buffet para fazer uma bela e farta mesa de jantar na praia, onde as ondas chagavam perto molhando os pés dos apaixonados.

— Está tão lindo, Félix. Estou adorando.

— Viu. Fiz isso tudo para você só para você ver que eu não te acho gordo, carneirinho. Te acho gostoso, como sempre digo.

Niko riu e Félix continuou: - Ah! E como estamos à beira-mar eu escolhi alguns frutos do mar, só coisa do tipo. Olha esse prato de ostras.

— Não sabia que você gostava de ostras.

— Não gosto. Mas, essas são diferentes. – Félix levou o prato até ele. Niko já tinha percebido que não eram ostras de verdade, então, logo imaginou que guardavam alguma surpresa.

— Hum... Diferentes por quê? Posso ver?

— Pode.

Niko pegou a ostra maior logo em cima das outras e quando abriu... Páh! Todas as outras pularam em cima dele.

— Ah! – Niko gritou. – Félix! Que brincadeira é essa?!

Félix caiu na gargalhada até conseguir dizer: - Vingança pelo que você me fez essa madrugada, carneirinho.

— Não teve graça!

— Ai, ai... Teve sim. Agora vem cá... – Deu um abraço em Niko para ele se acalmar. – Pronto, passou. Ei... Agora eu vou buscar seu presente de verdade, tá?

Niko estranhou quando Félix saiu correndo em direção ao mar e se jogou de roupa e tudo.

— Mas o que ele foi fazer? – Se perguntava o loiro quando o moreno saiu da água com algo nas mãos.

— Carneirinho... – Félix colocou algo em sua mão. – Fui ao fundo do mar buscar o que de mais precioso eu poderia trazer para minha joia mais rara.

Niko abriu a mão e lá estava uma linda e delicada pérola.

— Félix!...

E Félix falou baixinho: - As pérolas nascem quando uma coisinha irritante cai dentro da ostra. A ostra, compreensiva, a cobre com carinho e produz uma joia. – Pegou em seu queixo fazendo-o olhar em seus olhos. – Carneirinho... Eu sei que sou irritante às vezes, e já fui mil vezes mais... Mas, você é minha ostra que me molda cada dia.

— Oh, Félix!... – Abraçou-o forte. – Que lindo! Obrigado!

... ... ...

— Lembro como você pulou no mar e de repente saiu com essa pérola.

— Não, carneirinho, acho que você não entendeu. Aquela pérola que eu te dei no nosso aniversário de seis anos é esta. – Tirou a pérola do bolso. – Foi esta que você acabou de trazer.

— Ué! E essa outra que você pôs na minha mão agora?

— É a que estou te dando agora. Carneirinho... Depois de tantos anos eu aprendi que você adora comemorar as bodas com cada significado que elas têm. Amanhã fazemos trinta anos de casados.

Niko sorriu. – Bodas de pérola. – Levantou. – Oh, Félix, amei. – E sentou junto ao amado, abraçando-o e cobrindo-o de beijos.

— Você é minha joia. Eu te amo. Nunca vou cansar de dizer isso. – Falou o loiro já emocionado.

— E eu nunca vou cansar de dizer que você mudou a minha vida. – Pegou as pérolas. – E enquanto durarem essas pérolas, durará nosso amor. Por que é tão bonito quanto.

Ambos já com os olhos cheios de lágrimas de felicidade, Niko falou:

— Nosso amor é uma joia ainda mais rara, Félix... É diamante. Inquebrável, inigualável, e eterno.

Beijaram-se e Félix desejou:

— Quem dera a gente viver mais trinta anos de amor para comemorar nossas bodas de diamante.

— Quem dera... – Olharam-se nos olhos e Niko completou: - Mas, até lá, não haverá diamante nem joia nenhuma no mundo capaz de valer tanto quanto um amor verdadeiro.

Félix deixou uma lágrima escorrer em seu rosto, e enquanto Niko a enxugava, Félix pegou em sua mão sem tirá-la de seu rosto, e disse:

— Eu encontrei das joias a mais rara... Foi há pouco mais de trinta anos.

Niko abriu um belo sorriso em seus lábios que logo se juntaram aos de Félix, numa união de almas amantes mais raras que a joia mais rara.

 


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Notas finais do capítulo

FIM

—--

Espero que tenham gostado desse capítulo que eu fiz depois de tanto tempo sem escrever. Foi com muito carinho porque amo essa fanfic e ainda há muitos dias inesquecíveis para serem contados.
Obrigada por lerem. E até um próximo. :)