– Bom dia, amor!

– Bom dia!

O casal deu um beijo ao acordar e levantou.

Ele chegou por trás e com um abraço apertado sussurrou ao seu ouvido:

– Parabéns para a mulher mais linda do mundo!

Pilar riu. – Ah Maciel! Você lembrou que hoje é meu aniversário?!

– Claro! Achou que eu esqueceria? Claro que não!

Beijaram-se de novo e desceram para tomar o café da manhã. Nem haviam acabado de comer quando um buquê de flores e uma caixa de bombons chegou para Pilar. Logo que ela leu o cartão, olhou para o marido.

– Maciel... Que romântico! Amei! As flores são lindas!

– Que bom que gostou! Sei que essas são as suas flores favoritas... Ah, e os bombons também!

– Hum... Que delícia! – Ela abriu a caixa e pegou um dos bombons. Mordeu um pedaço e deu a outra metade para o marido.

Pouco tempo depois, eles já haviam acabado o café quando Jonathan chegou em casa.

– Jonathan, onde estava a esta hora da manhã?

Ele estava com as mãos para trás escondendo algo.

– Eu saí bem cedo pra pegar isto... – Mostrou-lhe um buquê maravilhoso. – Para você, vó!

– Ah meu neto... Muito obrigada! Que lindo! – Abraçou-o e pegou o buquê.

Quase na mesma hora, Paloma chegou com os filhos e Bruno. A neta de Pilar levava um presente para a avó.

– Oi vó! Parabéns!

– Ah Paulinha... Obrigada!

– Parabéns mãe! – Paloma foi dar-lhe um abraço.

– Obrigada, minha filha! Que bom ver vocês tão cedo aqui... E esse meu netinho lindo, como está hein?!

– Está ótimo, mãe! Cada vez mais pesado!

– Vem com a vovó, Bernardinho! Vem! – Pegou-o nos braços e deu um beijinho no bebê.

– Como está fofo, meu netinho mais novo! – Entregou-o de novo para a mãe e foi então para o genro. – Bruno, meu querido, como vai?

– Tudo bem, Pilar! Muitas felicidades pelo seu aniversário!

– Obrigada, Bruno!

Paulinha pediu: - Abre o presente, vó!

Pilar abriu a caixa e viu que se tratava de um conjunto de joias lindo. Uma gargantilha, um anel, um par de brincos e uma pulseira.

A garota comentou: - Gostou? Nós quatro que escolhemos! É como se fosse cada coisa dada por um de nós!

– Adorei, Paulinha! Obrigada a todos, viu?!

– Vó, a senhora vai fazer festa de aniversário?

Bruno logo reclamou: - Paulinha, que é isso?! Só pensa em festa?

– Não, pai, mas... Ué! Que tem eu perguntar?

Pilar riu e disse: - Não, Paulinha, eu não estou com muita vontade... Sabe, depois de certa idade a gente não liga mais muito para os aniversários... – Antes que ela pudesse terminar de responder o telefone tocou. Eles pararam a conversa enquanto Maciel atendia.

– Alô... Sim... Ah... Tá... – Maciel riu, tirou o telefone do ouvido e apertou o botão da viva-voz. – Pilar, disseram pra você ouvir isso!

Do outro lado da linha, algumas vozes masculinas cantavam quase gritando:

– Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida! – Pilar logo reconheceu quem era, ainda mais quando começaram a gritar seu nome, mas cada um de um jeito, ainda mais uma voz que se sobressaía gritando: - Mami, mami, mami!

Todos na sala da casa de Pilar começaram a rir, ela logo foi para o lado do telefone.

– Oi, Félix! Oi, Niko!

– Oi! – Falaram os dois a uma só voz. – E Jayminho também! – Completou Niko.

– Oi, Jayminho! Tudo bem?

– Oi, vó Pilar! Parabéns!

– Obrigada, meu amor! E seu irmãozinho?

– Tá aqui no colo do papai Niko! Mas, como o Fabrício não sabe cantar ainda, ele ficou só batendo palmas!

Niko foi logo falando na frente: - Pilar, parabéns querida! Te desejo muitas felicidades e... – Pelo visto o telefone deles também estava na viva-voz, pois eles puderam ouvir Félix reclamando: - Carneirinho, eu ia falar primeiro, poxa!

– Ai Félix, desculpa, esqueci...

– Esqueceu... Sei! Pelas barbas do profeta, você sempre querendo sair na frente...

Pilar interrompeu: - É... Félix...

– Ah sim... – Parecia que ele havia lembrado que a mãe estava do outro lado da linha e logo gritou entusiasmado: - Mami poderosa! Parabéns!

Pilar riu. – Ai Félix... Você não tem jeito!

– Ai mami, eu liguei pra te dar os parabéns e você diz que não tenho jeito?! Magoei!

– Você não tem jeito mesmo! Não reclame com o Niko, eu quero ouvir o que ele queria me dizer!

– Ai nossa... Já vai defender o carneirinho...

– Viu só, Félix! – Falou Niko com ar vitorioso para ele e Félix o deixou continuar. – Pilar, querida, é que o Félix adora reclamar, você sabe... – Olhou para o companheiro que deu com os ombros, sussurrando: - Não tô nem aí! – Niko concluiu: - Eu só queria te desejar muitas felicidades nesse dia que é seu e em todos os dias da sua vida, mas que o dia de hoje seja mais que especial, seja um dia inesquecível!

– Oh Niko, obrigada!

Eles puderam ouvir outra vez Félix pegando o telefone.

– Pronto, né carneirinho?! Já falou, agora é minha vez! Mami!

Pilar ainda ria com o filho. – Oi Félix! Já disse pra não reclamar com o Niko!

– Ai mami, nunca vi sogra tão defensora do genro assim...

– Dos genros, meu filho! Eu também gosto muito do Bruno que está aqui por sinal...

– Bofe de ouro tá aí?! A Paloma está aí então?

– Está! Estão todos te ouvindo agora!

– Não me diga! Adoro ser ouvido! – Félix riu. – Paloma, meu doce, fala comigo!

Paloma se aproximou do telefone. – Oi Félix! Olha, primeiro eu já te pedi pra não me chamar mais assim...

– Ai, é mesmo! Desculpa!

– E segundo, eu concordo com a mamãe, vê se não reclama com o Niko que todos nós gostamos muito dele!

Puderam ouvir um: - Ah! – Com ar vitorioso de Niko.

Félix fez de conta que nem ligou. – Ai ai, vocês ficam falando isso, o carneirinho fica se achando aqui! Mas, olha, mudando de assunto... Mami! Parabéns! Beijos! Agora tirem do viva-voz que eu quero falar a sós com alguém, já que minha irmãzinha está aí, vai ser com ela mesmo!

Antes, porém, Paulinha interrompeu: - Não vai falar comigo, tio Félix?

– Paulinha, oi, minha querida sobrinha!

– Olha, você nunca havia me chamado assim!

– Como prefere que te chame? Pequeno hamster?

– Tio Félix!

– Brincadeirinha, ora! Mas, hamsters são fofinhos até...

– Tio!

– Tá bom, não falo mais! Só estava brincando...

– Tio, eu estava pensando... Você não acha que a vó Pilar merecia uma festa de aniversário? Ela disse que quando as pessoas chegam a certas idades não ligam mais, mas ela ainda é jovem...

– Olha, acabou de provar que é mesmo minha sobrinha! Inteligentíssima!

Puderam ouvir Niko interrompê-lo, falando: - Metido... Depois diz que eu que fico me achando...

– Carneirinho! Shh! – Voltou para o telefone. – Você tem toda razão, Paulinha! Aliás, já que você tocou nesse assunto, eu vou logo falar pra todos ouvirem! Mami...

– Diga, Félix!

– Nem pense em recusar o nosso convite!

– Que convite?

– O Niko, nossos filhos e eu estamos convidando a senhora para sua festa de aniversário aqui na praia!

– O quê?

– Isso mesmo que a senhora ouviu, mami poderosa! O presente meu e do carneirinho é sua festa de aniversário aqui em Angra! Por isso nós ligamos já agora cedo, a festa será à noite, mas vocês tem que vir já!

– Félix... Mas...

– Nem mas, nem meio mas, mami! Não me diga que vai recusar?! Olha, quem faz o convite não sou só eu tá?! Os meninos também, e o Niko... Deveria aceitar já que o defende tanto... – Falou com despeito para Niko que balançava a cabeça para ele.

– Meu filho, eu não esperava por isso! Mas... Como é isso... Vocês já arrumaram tudo aí?!

– Sim, claro mami! Já está tudo pronto, só falta a aniversariante!

– Ai... Nem sei o que dizer...

Niko se aproximou do telefone. – Vem Pilar! Não faz essa desfeita com a gente! Olha, eu preparei umas coisas deliciosas aqui! E... Não é pra me gabar... Mas tem até um bolo de aniversário te esperando!

Na sua casa, os outros começaram a incentivar.

– Por que não vai, mãe?! – Dizia Paloma. – Vai ser bom para a senhora... A viagem daqui a Angra é tranquila e conta com uma paisagem tão linda! Além disso, eles já prepararam tudo...

– É, Pilar, deveria ir... – Comentava Bruno.

Maciel chegou mais perto. – Vamos, meu amor!

E Paulinha: – Vai vó, o tio Félix e o Niko vão te dar uma festa surpresa!

Félix comentou do outro lado: - Bom, não é mais surpresa já que ela já sabe né?! Mas, enfim...

E, por fim, Jonathan propôs: - Por que não vamos todos?!

Todos pararam por um instante, até que Niko exclamou:

– Grande ideia, Jonathan! É mesmo! Você é genial!

– Obrigado, Niko!

– Ai que coisa... Ele puxou a mim, tá carneirinho?!

– Ai ai... – Niko suspirou e perguntou: - Vocês podem vir, Palominha?

Paloma olhou para o marido e respondeu:

– Não sei, Niko! O Bernardo ainda é muito novinho para uma viagem de tantas horas de carro e ele estava com um pouquinho de febre esta semana...

Félix logo se interpôs: - Paloma, minha flor, o Fabrício era tão novinho quanto o Bernardo quando foi e voltou de Angra, ainda andou de barco, e não teve nada, e olhe que o coitadinho veio raptado por aquela bruxa da Amarylis, sua ex-amiguinha! Agora, imagina se vai ter problema com o Bernardo que vem com vocês, e logo com você que é pediatra!

Paloma suspirou vendo que Félix tinha razão.

– É, pode ser... – Olhou de novo para Bruno que balançou a cabeça positivamente. – Ok, nós vamos resolver se vamos! Só preciso deixar umas coisas do hospital com o Lutero...

– Ah não! Pode mandar vovótrix e Lutero virem também! Senão não tem graça!

– Tá bom, Félix... Mas, não é assim, vamos ver se eles querem ir...

– Aqueles lá?! Irmãzinha, eu nunca vi par de velhinhos pra gostar mais de uma farra que nem aqueles! Não lembram o réveillon que vocês passaram aqui?!

Pilar, então, decidiu: - Ok, meu filho! Vamos todos! Pronto! Vamos avisar a mamãe e ao Lutero e enquanto isso a Paloma vê se o Bernardinho pode mesmo ir sem nenhum problema!

– Por isso que você é poderosa, mami!

– Filho... E o César?

– Ah, não se preocupe! O papi vai passar a tarde toda hoje na casa de repouso, fazendo a fisioterapia, todas as terapias lá que ele gosta, enquanto isso a gente arruma tudo aqui pra vocês virem! Mais tarde... Aí a gente vê...

– Mas, ele sabe que você quer fazer uma festa para mim aí?

– A-ah... Claro que sabe, mami! Já falei com ele desde ontem! Não se preocupa tá?! Hoje é dia de alegria! Quero você aqui mais tarde, maravilhosa, mami, esplendorosa... Nada de roupinhas bregas hein?!

– Félix... Eu repito... Você não tem jeito! – Ela riu. – Tá bom, meu filho, obrigada viu?! Obrigada também, Niko!

– De nada, Pilar! Vai ser um prazer fazer isso pra você! Nos vemos mais tarde!

– Até mais tarde, então! Tchau!

– Tchau, mami! Ah, quer que a gente cante de novo parabéns pra você?! Vamos lá... Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades... Mami?! Ei! Mami! – Félix pôs o telefone de volta no lugar. – Ela desligou, carneirinho! Vê se pode?! Desligou na minha cara justo quando eu estava cantando...

Niko batia o pé no chão. – Sua mãe tem razão, Félix! Você não tem jeito!

O loiro levantou levando os filhos e Félix ficou lá sentado. Mas, não passou nem dois minutos, foi atrás dele no quarto.

– Do que você estava falando, posso saber, Niko?

– Eu sei muito bem que você não disse pra o seu pai que você pretendia fazer uma festa pra sua mãe aqui! Até porque a festa nem seria aqui, seria lá no restaurante!

– Eu sei, claro que sei... Mas, eu não ia falar pra mami, para ela não se preocupar com o papi logo no dia do aniversário dela, né?! Mas, isso não é problema... Mais tarde eu convenço o papi a me deixar fazer a festa aqui, afinal, será só uma festinha pequena, nada demais...

– Hum! Vamos ver... Não acho difícil já que você tem tanto poder de convencimento...

– Olha aqui, Niko, se você se refere a... – O loiro saiu deixando o companheiro falando sozinho. – Mas... Niko, volta aqui! Niko! Geniosa!

Algum tempo depois, Niko acabava de preparar a cobertura do bolo na cozinha com a ajuda de Adriana. Félix chegou e pediu para Adriana sair sem que Niko visse. Então, chegou por trás do loiro e o agarrou, surpreendendo-o, fazendo com que ele derrubasse a espátula com que passava o chantilly no bolo de aniversário.

– Félix!

– Oi carneirinho...

– Olha o que você fez! – O loiro se soltou dele. – Será possível que eu não posso ficar quieto numa cozinha que você já vem... Me agarrando, me... Enfim... Você tem fetiche por cozinhas por acaso?!

Félix deu um sorriso malicioso. – Por cozinhas não! Já por cozinheiros...

– Ah ah... – Niko deu um sorriso claramente sem graça, enquanto apanhava a espátula do chão jogando-a na pia.

– Oh carneirinho... Posso saber por que está tão arisco comigo?!

– Como se você não soubesse...

O loiro foi para o outro lado. Félix levou as mãos à cintura, reclamando:

– Ah, não banca a geniosa! Eu sei muito bem por que é que você está assim, mas já passou, não foi nada...

– Talvez para você não, mas eu fiquei morrendo de vergonha!

– Vergonha de quê?! Nós somos casados...

– Eu sei... Mas não era pra acontecer isso...

– Ora, vai dizer que você não gostou?

– Eu... Eu... Gostei! Gostei sim, tá?!

– Ah, menos mal... Por que se você dissesse que não gostou, seria uma grande mentira! Eu senti o quanto você gostou daquela minha iniciativa...

– Eu gostei, tá bem?! Adorei! Mas... Tínhamos que arrumar as coisas e você estragou tudo! Agora temos que preparar tudo às pressas aqui em casa!

– Niko, criatura, se você ainda quer fazer a festa da mami lá no restaurante nós fazemos e pronto!

– Não! Não dá mais tempo! O restaurante está aberto, meu assistente está lá trabalhando... Como iríamos preparar uma festa lá?!

– Então fazemos aqui! Esta casa é tão grande, tão bonita... Tá bravo com o quê?!

– Por que eu queria fazer uma festa maravilhosa para a minha sogrinha e você que é o filho dela deveria ter me ajudado e não me atrapalhado!

– Ai carneirinho, será que eu fiz cachinhos na peruca de Cleópatra pra você estar me culpando por aquilo? Meu querido... Quando um não quer, dois não fazem, tá bem?!

Niko tentou reclamar, mas o moreno estava com a razão mais uma vez.

– O-oh... Eu sei... Mas... Ai Félix, você me tira do sério! – Ele virou de costas e Félix chegou perto mais uma vez, com um sorriso vitorioso.

– Você também me tira do sério, meu carneirinho! E eu adoro! – Félix começou a dar-lhe uns beijinho no pescoço, no ombro e a juntar mais seu corpo ao dele. Niko se entregou num primeiro momento, mas logo se soltou.

– Para, Félix! Tá vendo?! Foi assim que tudo começou!

– É, e... Olha só, estamos outra vez na cozinha... – Piscou para ele.

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No dia anterior...

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