Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 74
Learning How To Love -- X


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo.
(Desculpem a demora pra postar esse gente. Agradeço como sempre a todo mundo que acompanha Dias Inesquecíveis. Muito obrigada!)



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Félix havia contado toda sua história com Alonso para o seu carneirinho. Depois de tudo, ele se sentia mais calmo, mais leve e com mais vontade de viver, agora que havia feito uma descoberta que seu próprio coração já sabia há tempos: o quão grande é o amor que sente por Niko. Este, por sua vez, lhe deu uma notícia não tão agradável: não iria mais ao baile com ele.

Já que era assim, Félix não queria mais ir. Nem a melhor festa do mundo seria boa o bastante para ele se seu amado carneirinho não estivesse presente. Mas, mesmo dizendo que não, Niko insistia para que ele fosse...

– Mas, Niko...

– Mas, nada! Você vai, Félix! Ou eu vou ficar triste de novo! – Niko usou de todo seu charme para persuadi-lo.

– Não, não faz essa carinha de carneirinho pidão que eu não aguento! Ai... Tá bom, ok... Eu vou já que é isso que você quer! Mas, que fique claro que sem você esse baile vai ser uma monotonia só! Além de que... – Lhe fez um carinho no rosto. – Eu vou passar o tempo todo morrendo de saudade!

Niko sorriu e lhe beijou a mão. – Garanto que de saudade de mim você não morre, Félix Khoury!

Niko se reaproximou e Félix também chegou mais perto. Os dois se beijaram, num beijo cheio de paixão. Félix já ia levando a mão à cintura de Niko quando este lhe deu um tapinha e ambos riram.

– Ei! Vamos sair da cama agora, moço!

– Ah... Estava tão bom, carneirinho... – Falou Félix dengoso deitando a cabeça em seu colo.

– Estava ótimo, amor, mas já está tarde... – Dizia lhe fazendo um cafuné. – Vamos?! Vem tomar café da manhã comigo, vem!

Félix sorriu para ele e beijou sua mão. Ficou olhando para a mão dele e, entrelaçando seus dedos aos dele lembrou quando Niko, no shopping, entrelaçou suas mãos querendo que andassem assim, e então comentou:

– Quero ficar pra sempre assim com você, carneirinho! Pra sempre!

Aquilo emocionou Niko de uma maneira tão grande, que nada do que dissesse seria grande o suficiente para se equiparar, então, não disse nada. Apenas deu um longo beijo no rosto do seu amado, sussurrando:

– Pra sempre!

E deu-lhe um beijo na boca.

Os dois, então, levantaram, vestiram-se e saíram do quarto.

Tomaram café da manhã juntos até que Jayminho foi para a escola. Pouco tempo depois Niko foi trabalhar e Félix aproveitou alguns minutos da manhã para se divertir um pouquinho com as gracinhas do pequeno Fabrício. Depois deixou o bebê com Adriana e voltou para casa se sentindo imensamente feliz por tudo que aconteceu. Ele estava cada vez amando mais seu carneirinho, descobrindo um sentimento inexplicável pelos filhos dele; sem falar em ter reencontrado um antigo paquera que estava muito bem ao contrário do que ele achava. Agora, Félix precisava decidir se ia mesmo ao baile dos ex-alunos ou não, embora Niko insistisse que ele tinha que ir. Essa insistência, inclusive, foi o que deixou Félix com a pulga atrás da orelha.

Ao chegar em casa, no quarto Félix deitou na cama e abriu umas fotos de Niko no notebook. Admirando a beleza do seu amado, ele pensava:

– Por que o carneirinho quer tanto que eu vá a esse baile, poxa?! Se pelo menos ele pudesse ir... Só que não... Ele foi conseguir trabalho extra logo nessa noite... Ah... Logo agora que eu fiquei com vontade de ir com ele... – Suspirou e olhou uma foto de Niko no seu notebook. – Tão lindo... Seria o mais lindo no baile... Um verdadeiro príncipe! Meu príncipe carneirinho! – Acariciou a foto na tela como se a carícia fosse no próprio. – Ah Niko... Eu não sei se quero ir sem você... Pra quê? Sem você não é a mesma coisa... Nada é mais a mesma coisa na minha vida sem você! Sem você meu sonho do baile perfeito não fica completo!

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No dia seguinte...

Era por volta das nove da manhã. Félix já havia levantado, ajudado seu pai com o café da manhã, e voltado para seu quarto já que César não quis sua companhia. Ele estava outra vez vendo fotos de Niko no notebook e decidindo se ia ou não ao baile. Foi quando Pilar entrou no quarto.

– Félix! Posso entrar?

– Claro, mami poderosa! Entra!

– Filho... – Pilar viu as fotos que Félix tanto admirava e sorriu. – Ah meu filho... Você está muito apaixonado mesmo pelo Niko, não está?!

Félix também sorriu e suspirou. – Ah mami, eu... Eu amo esse loirinho! Estou apaixonado como nunca pensei que estaria!

Pilar pareceu emocionada. – Você... Ama o Niko?

Félix nem havia se dado conta do que dissera até a mãe perguntar. Foi quando pensou, sorrindo, em como essa verdade saíra de si: tão fácil quanto suas antigas mentiras, tão intensa quanto nenhuma outra verdade.

– Acho que... – Suspirou profundamente. – Amo sim, mami! – E também se emocionou. – Se eu for capaz de amar alguém nessa vida... Esse alguém é o Niko!

– Não sabe como me faz feliz ouvir algo assim de você, Félix!

– Lembra quando você me mandou contar toda a verdade pra todo mundo, mami?! É exatamente o que estou tentando fazer agora... Essa é a verdade que há dentro de mim... O que eu sinto pelo carneirinho!

– Que lindo, meu filho! É muito bom sentir isso...

– É bom demais!

Os dois sorriam emocionados, quando Félix deu um jeito de acabar com o sentimentalismo, perguntando:

– Ah... Posso saber onde a senhora estava até agora hein, mami poderosa?! Não te vi desde que acordei! Dormiu fora de casa por acaso?!

– Ai Félix... Não, claro que não! Eu saí bem cedo com o Maciel e o com Jonathan!

– Com o Jonathan também? Onde vocês foram?

– Digamos que... Temos uma surpresa pra você!

Félix logo levantou. – Surpresa pra mim, mami?! Que surpresa?

Pilar chamou: - Traz aqui, Jonathan!

Jonathan entrou com uma capa enorme de roupa nas mãos.

– Olha pai, a vó Pilar e eu saímos hoje e compramos isto pra você!

– Ai Jonathan! Mami! O que compraram pra mim?! Deixa eu ver... – Assim que abriu a capa viu que se tratava de um terno preto lindo com linhas brancas nas costuras que lhe dava um ar chiquérrimo. – Ah! Ah... Mami... Filho... Que lindo! Que chique! – Ele logo pegou a roupa e foi se olhar no espelho. – Olha... Que maravilhoso, que elegante... Gente, é minha cara! Não sei nem o que dizer...

– Só... Obrigado? – Comentou Pilar.

– Mami poderosa... – Félix foi abraça-la. – Muito, muito, muito obrigado! – Abraçou e beijou a mãe. – Mami linda! Poderosíssima! Adorei o presente! – Então, foi até Jonathan e também o abraçou. – Meu filho, muito obrigado! Adorei, viu?! Mas... Por quê? O que eu fiz pra merecer um terno tão lindo?!

– Ah pai, a vó quis comprar um terno novo pra você ir ao baile já que você estava reclamando dos seus...

– Mami! Já foi fazer fofoca ao Jonathan?! Olha, eu não estava reclamando, estava apenas comentando...

– Não, Félix, não precisei fazer fofoca... O Jonathan te conhece tá?! Eu só acho que faz tempo que você não compra roupas novas e achei que você estava merecendo um terno assim elegante como os que você gosta para esta ocasião especial! Aí, como você acha que eu não tenho tanto bom gosto para roupas né... Eu chamei o Jonathan para me ajudar a escolher!

– Ai mami, por essas e outras que você é poderosa! Jonathan, meu filho, você tem muito bom gosto, igualzinho a mim! Mas... – Suspirou meio triste. – Ai gente... Eu não sei mais se vou a esse baile...

– Por que, Félix?

– É que o carneirinho vai trabalhar como chef numa festa na mesma noite do baile... E não vai poder ir!

– Ah Félix, que pena... Quer dizer que você não vai mais?

– Não sei... Sabem... O Niko insistiu pra eu ir pra me divertir, mas, sinceramente, sem ele... Não vai ter graça!

– Pai, se o Niko gostaria que você fosse se divertir... Por que você não vai mesmo sem ele?

– Não sei, Jonathan... Não sei, mas vou decidir tá?!

Pilar, por fim, falou: - Félix, eu compreendo que você não queira ir sem o Niko... Mas, seria um desperdício não usar esse terno, meu filho! Vai ficar tão lindo em você...

– Ah mami... Qualquer coisa fica linda em mim! – Ajeitou a sobrancelha com seu humor de sempre. – Mas... Ai não sei... – Olhou para a mãe e para o filho e suspirou. – Tá bom... Querem saber?! Vocês tiveram o trabalho de escolher e me comprar esse terno... E... Eu vou! Pronto, decidi! Eu vou a esse bendito baile e vou usar esse terno que me deram! Vou ficar espetacular... Apesar da falta que vai fazer o carneirinho que não vai mais me acompanhar, mas... Eu vou já que todos insistem!

Pilar e Jonathan se olharam e sorriram.

– Que bom que decidiu assim, meu filho! Você não vai se arrepender!

– Tenho certeza que essa noite vai ser muito especial pra você, pai!

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Mais tarde...

Félix havia acabado de chegar em casa, mas não parecia muito contente.

– Onde estava, Félix? Por que não veio almoçar?

Ele suspirou nada satisfeito. – Primeiro eu fui fazer as unhas porque minhas cutículas estavam o ó! Depois, eu fui comer um sushi no Niko... E ele mal teve tempo pra sentar e ficar comigo! Estava pra lá e pra cá... E acabou saindo do restaurante antes de eu acabar, acredita?! Disse que tinha coisas urgentes pra resolver, nem me explicou o que era, onde ia...

– Meu filho, ele devia ter mesmo algo urgente pra fazer...

– Eu sei mami, mas ele pelo menos podia ter me dito né?! Eu poderia ajudar, sei lá... O pior é que não vou vê-lo o resto do dia! Ah não! Depois eu ligo pra ele e se ele não me der uma explicação eu vou atrás...

– Félix! Deixe o Niko em paz! Ele deve ter assuntos urgentes pra tratar, talvez...

– Que tipo de assuntos, mami?

– Filho... Ele é dono do próprio negócio, tem uma casa pra cuidar sozinho, dois filhos pra criar... Não acha que tem motivos de sobra para aparecer qualquer emergência de última hora?!

– É... Pode ser... Ai mami, será que foi alguma coisa com os meninos e ele não quis me dizer?

Pilar o confortou. – Não, meu filho, não se preocupe, não deve ser nada de ruim senão ele teria te contado o que tinha de tão urgente a fazer! Vem cá... Você está gostando muito desses meninos, os filhos do Niko, não está?!

Félix sorriu. – Estou, mami... Acho que desde que levei o carneirinho no resgate do Fabrício eu me apeguei muito àquele pinguinho de gente! Mami, ele é tão fofo... E a cara do pai né?! E o Jayminho... É um menino inteligente, carismático... Não sei o que é que sinto por eles, mami, só sei que gosto assim... Assim, quase como se fosse... Tanto quanto eu gosto do Jonathan, sabe?!

– Sei... – Pilar ficou emocionada. – Sei sim, meu filho... E me orgulho muito desses seus novos sentimentos, viu?! Me orgulho demais!

Félix beijou as mãos da mãe, mas logo depois comentou:

– Ok! Agora chega de sentimentalismo, eu vou subir e vou tentar ligar pra o carneirinho...

– Ei Félix, que foi que eu acabei de falar?! Deixe o Niko em paz! Se ele precisar de você, ele liga! Agora, não acha melhor descansar para esta noite? Você vai precisar...

Ele estranhou um pouco seu comentário. – Por que diz isso, mami?

– Por que... A festa deve ser agitada, não acha?!

– Não, não acho... Deve ser uma reuniãozinha sem graça...

– Hum... Vai que você tem uma surpresa...

Ele ficou novamente desconfiado.

– Mami... Tem algum motivo em especial pra você dizer isso, ou rola alguma coisa nessas reuniões que eu não estou sabendo?

– Não sei... Por quê?

– A senhora que falou que eu posso ter uma surpresa!

– Falei por falar, Félix! Mas... Vai que você se diverte mais do que você espera...

– Hum... Não acredito! Sem o Niko eu não me divirto mais... Não tenho a mesma alegria, o mesmo entusiasmo, a mesma vontade... Mas, enfim, eu vou se ele me atende mesmo assim, depois descanso um pouco como a senhora disse!

Félix subiu ao quarto enquanto Pilar disfarçou o riso. Ela já sabia muito bem que surpresa aguardava seu filho.

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Horas antes, pela manhã...

– Alô, Pilar?!

– Oi, Niko! Tudo bem, querido?

– Tudo! O Félix ainda não chegou não, né?!

– Não... Achei que ele tivesse dormido na sua casa...

– Dormiu... – Deu uma risadinha tímida. – É que eu deixei ele com o Fabrício um tempinho enquanto a Adriana não chegava! Eu acabei de chegar ao shopping, ainda estou no carro e... Te liguei pra te contar uma coisa...

– Pela sua voz você está feliz... Fizeram as pazes, suponho!

– Claro que sim, Pilar! Brigamos por uma bobagem, mas já está tudo certo! Melhor do que eu esperava!

– Que bom, Niko! E o que você queria me contar?

– Então... Eu queria que você convencesse o Félix a ir ao baile de qualquer jeito! Digo, se ele chegar aí e não estiver muito disposto a ir, o convença, por favor! Ele não pode faltar!

– O Félix não quer mais ir?

– Não... Quem supostamente não vai mais sou eu!

– Mas, Niko, ele só queria ir mais por sua causa...

– Eu sei, Pilar... Mas, eu disse supostamente...

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No quarto, Félix tentava ligar para Niko diversas vezes até que o loiro atendeu.

– Alô Félix...

– Carneirinho! Criatura, pelas contas do rosário, eu já te liguei umas trinta vezes, porque você não me atendeu?! Eu estava morto de preocupação aqui...

– Calma, Félix, você só ligou três vezes que eu vi...

– Ah! Quer dizer que você viu que eu estava ligando e não quis me atender, é isso?!

– Não, amor, não é que eu não quis atender, é só que eu estava ocupado e não podia no momento...

– Ah é?! Ocupado com o quê, posso saber?! Por que o senhor saiu do restaurante às pressas antes que pudesse acabar de mastigar o peixe!

– Ai Félix, que exagero! Nós passamos a noite juntos, ontem nós passamos a tarde inteira juntos... Eu não posso te dar atenção vinte e quatro horas do dia, desculpa...

– Olha... Você... Eu... Ai, eu devo ter feito passado a navalha no cabelo de Sansão pra você me dizer uma coisa dessas! Pra sua informação, eu não quero sua atenção vinte e quatro horas por dia tá?! Só... Só vinte horas já tá bom...

Niko riu, pois viu que Félix tentou ficar sério, reclamar com ele, mas não conseguiu. Por parte de Félix, seu humor, seu jeito de ser e seu amor pelo carneirinho o fizeram relaxar e não reclamar com Niko.

– Ai Félix... Você não tem jeito...

– Não, não tenho! Tenho que admitir que depois de você talvez eu não tenha mais jeito mesmo...

– Como? Não entendi!

Félix riu. – Carneirinho bobinho... Não tenho mais jeito... Não consigo mais me livrar do que sinto por você! É impossível! Não posso nem fugir porque esses seus olhinhos verdes me puxam pra você de novo!

– Ah Félix... Que amor... E, por acaso, você tentaria fugir de mim?

– Não, meu amado carneirinho! – Suspirou profundamente. – Tentar fugir do amor que sinto por você é o mesmo que tentar suicídio! Que objetivo eu teria pra continuar vivendo sem o personagem principal da minha vida?

O próprio Félix se emocionou assim como Niko do outro lado.

– Amor... Que... Que lindo... Eu... Nem sei o que dizer agora...

– Não diz nada! Não precisa, carneirinho...

– Te amo!

– Eu também!

– Eu... Preciso desligar agora, Félix... Estou ocupado...

– Sim, tá... Mas, está tudo bem né?! Não aconteceu nada pra você sair daquele jeito do restaurante não né?!

– Não amor, não foi nada demais, eu só tinha pressa mesmo... Desculpa não ter te dado mais explicações, não queria te deixar preocupado...

– Tudo bem, carneirinho! O importante é que não aconteceu nada de ruim...

– Obrigado por se preocupar, Félix!

– Faz tempo que eu me preocupo com você, criatura!

– Eu sei... E eu com você! E, olha, não se preocupa tá?! Descansa pra esta noite...

– Você tá falando parecendo a mami, Niko! Ela também me mandou descansar por que acha que eu vou me divertir muito hoje à noite...

– E não vai?

– Você vai ao baile?

– Não?

– Então não vou me divertir! É você quem me dá alegria, vontade de viver...

– Amor... Descansa... Por que só alegria te espera...

Félix não entendeu muito bem, mas quando ia perguntar Niko desligou, dizendo:

– Beijo, meu amor! Tenho muito que fazer ainda tá?! Tchau!

– Mas, carneirinho... Hã?! Carneirinho?! Niko?! Desligou... Não acreditou que ele desligou na minha cara! O que tanto ele tem pra fazer?! E eu me esqueci de perguntar onde diabos ele está! – Respirou e jogou o celular na cômoda, deitando na cama. – Já que ele e mami querem, eu vou descansar então... Pelo visto é o melhor que eu faço! Ah... Já vi que o dia vai ser longo... E a noite mais ainda!

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À noite...

– Olha que lindo! – Exclamou Pilar assim que Félix desceu as escadas todo arrumado para o baile.

– Estou mesmo, mami?

– Ainda pergunta?! Félix, você está maravilhoso, meu filho! Lindo e cheiroso! Sabia que esse terno ia ficar um espetáculo em você!

– Nossa, mami! Nem eu acho que mereço tantos elogios hoje...

– Ei... Que é que você tem, hein?! Ainda está chateado?

– Não, mami, só... Ah você sabe, não vai ter graça sem o Niko...

– Ai Félix... Olha, por que você não muda essa cara e vai logo?! Assim você aproveita mais a noite...

– Aproveitar sem o Niko?!

– Félix, chega tá?! Para de falar a mesma coisa! Eu sei que quando se está apaixonado assim, ainda mais quando se está vivendo o primeiro amor, parece que o mundo perde a cor quando se está longe da pessoa amada, mas, olha, bota uma coisa na sua cabeça, meu filho... Quando a gente ama alguém, esse alguém nos acompanha para onde quer que a gente vá... Bem aqui... – Tocou do lado esquerdo do seu peito.

Félix pegou na mão da mãe e a beijou e comentou:

– Tá bom, mami... Me contento com isso então! – Sorriu. – Já vou indo! Tchau!

– Tchau, meu filho, divirta-se!

Ele foi saindo, mas não sem antes testar a paciência da sua mami outra vez.

– Vou tentar me divertir já que estarei sem o Niko...

– Félix...

Ele riu. – Brincadeirinha, mami! Eu entendi...– Tocou no próprio peito do lado do coração. – Ele está aqui!

– Sei que está, meu filho...

– Até mais tarde, mami poderosa!

Félix, por fim, saiu e Pilar concluiu: - Hum... Mais tarde... Sei... Até amanhã, Félix! Até amanhã!

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No baile...

Félix chegou e entrou. Assim que pisou no salão sentiu por um segundo como se aquele medo da aceitação de antes tomasse conta dele e ele sentiu como se todo mundo o olhasse. De fato, muitas pessoas olharam para ele, mas por nenhum outro motivo que não fosse a sua beleza e elegância.

Ele respirou fundo e se lembrou de tudo que passara nos últimos dias; da ansiedade do seu carneirinho, da sua falta de confiança, da briga, da reconciliação, do que sua mãe lhe disse antes dele sair; então, entrou. Logo começou a ver alguns velhos rostos conhecidos, outros que já não reconhecia tanto. Alguns ex-colegas foram cumprimentá-lo. Não muitos, mas o suficiente para Félix começar a não se sentir tão sozinho e deslocado. Até que um amigo mais próximo surgiu.

– Félix!

– Alonso, oi!

Alonso o olhou de cima a baixo e com um sorriso cínico falou sem se importar com a altura da voz:

– Caramba! Você tá um gato!

Félix sentiu-se ruborizar.

– É... Nossa, Alonso, como você é discreto!

Ele riu e chegou mais perto para falar bem mais baixo:

– Nunca te vi vermelhinho assim... Quer dizer, só quando a gente...

– Cala a boca! – Exclamou Félix por entre os dentes.

Alonso riu de novo e perguntou:

– Então... Ficou tudo bem entre você e o... Nicolas?

– Sim... Ficou tudo ótimo!

– Sério? Por que eu estou te achando meio desanimado... Que foi?

– Não, estou bem, imagina... É só que eu queria que ele tivesse vindo comigo!

– E por que ele não veio?

– Tinha trabalho essa noite...

– Ah tá... – Alonso olhou rapidamente para trás e então sugeriu: - Félix, por que você não dá uma passada no Buffet? Tem cada delícia de cair o queixo...

– Olha bem pra o meu corpinho, Alonso! Você acha que sou do tipo que me animo com comida?!

– Estou olhando bem... – Ele o olhou de novo de cima a baixo.

– Alonso, por favor... Eu falo sério!

Ele deu uma risada cínica. – Eu sei, desculpa, não resisti! Olha, pelo seu corpinho, que, aliás, continua muito bom, de verdade, dá pra ver que você não é de se animar com um Buffet, mas tenho certeza que você vai gostar das delícias que tem por lá!

– Vamos ver...

Eles foram até lá e assim que chegou, Félix logo avistou um homem que mesmo de costas já dava para ver que era incrivelmente lindo.

Os olhos do moreno brilharam ao reconhecer no mesmo instante o homem da sua vida.

– N-Niko?!

Alonso, que ainda estava perto dele, saiu, mas não sem antes sussurrar:

– Não disse que você ia gostar das delícias que tem por aqui?!

Félix fez de conta que não ouviu o que Alonso disse enquanto se afastava com seu sorriso cínico típico e chegou mais perto do loiro que permanecia de costas.

– Carneirinho... Você... Aqui?!

O belo loiro virou. Félix ficou primeiro extremamente surpreso, para depois abrir um largo sorriso de extrema felicidade.

Niko estava vestindo um terno tão elegante quanto o dele, só que todo branco. E estava divino. Mais lindo do que nunca. Félix nunca o havia visto assim. De barba feita e cabelo ondulado penteado para trás. Estava muito melhor que os mais encantados príncipes dos contos de fadas, não só pela sua beleza, mas pelo encanto daqueles olhos verdes cintilantes e seu meio sorriso que inspiram a mais pura paz e a mais cativante luxúria.

Félix estava rendido à tamanha realização. Realmente aquilo estava acontecendo? Sim. Niko estava ali a sua frente, mais lindo que nunca, mais maravilhoso que sempre. Fora a seu encontro? Fora para ser sua companhia? Era o que Félix queria saber, mas estava tão atônito que não foi capaz de pronunciar uma só palavra com sentido.

Com as mãos para trás e o mesmo meio sorriso, Niko se aproximou dele. Com a voz mais suave e até um tanto indiferente para com ele, o loiro falou:

– Boa noite, Félix!

– B-boa... Carneirinho, o que faz aqui? Não me diga que você foi convidado...

– Fui! Fui convidado para coordenar os chefs do Buffet! Agora você sabe porque era tão importante esse convite! Eu tenho o Edgar como assistente, que é um excelente chef, mas nunca havia coordenado outros chefs em outra cozinha...

– Sim, sim, entendo... Mas... Niko, você podia ter vindo comigo...

– Não, Félix, eu já disse, estou aqui trabalhando, não como convidado! Além do mais, vim desde mais cedo, antes de todos os convidados chegarem!

– Então... Por isso saiu aquela hora do restaurante, para preparar isso...

– Sim, e para me preparar também! Comprei este terno hoje, fiz uma pequena mudança no visual... Gostou?

– Se gostei?! Adorei! Você está lindo, carneirinho!

– Obrigado! Mas, Félix, não acho bom você ficar me chamando de carneirinho aqui...

– Por que não?

– Não acha que alguém pode ouvir? Você não sentia... Medo ou... Algo que não sabia explicar se...

– Niko! Não fala mais! – Félix engoliu seco e respirou profundamente. – Eu tinha sim um... Medo ou sei lá o quê, pelo que essas pessoas iam achar de mim...

– Tinha? Não tem mais?

– Nem um pouco! – Félix respondeu tão convicto que Niko se surpreendeu. – Niko, tudo que eu senti quando recebi o convite desse baile foi por causa do que meu pai me ensinou... Mas, agora... – Ele chegou mais perto e acariciou o rosto do loiro. – Agora, eu tenho você... E você está me ensinando uma coisa que ninguém nunca me ensinou, nem em casa, nem na faculdade, em lugar nenhum... Você, carneirinho... – Enfatizou ao chamá-lo assim. – Está me ensinando a amar! – Sem soltar o rosto dele, o olhava profundamente nos olhos. – E eu te prometo, Niko... Essa lição eu nunca vou esquecer... Pelo contrário, eu quero continuar aprendendo com você!

Niko sorriu e tentou segurar as lágrimas emocionadas. Félix enxugou as que teimaram em escorrer. Segurou em seu rosto com ambas as mãos sem se importar para os que já olhavam e disse em alto e bom tom:

– Estou tão feliz que você veio!

E o abraçou. Niko também, emocionado e feliz pela sua reação, o abraçou forte.

Ainda abraçando-o, Félix pensou:

– Então, era sobre isso que mami me deu dicas o tempo inteiro! Desde quando ela sabe que o carneirinho vinha? Com certeza esse loirinho avisou... Ah meu carneirinho lindo... Criatura mais linda do mundo...

Então, Félix perguntou:

– Você tem mesmo que ficar aqui o tempo todo?

– Bom, na verdade, não... Eu já acabei meu trabalho, já está tudo pronto, agora fica por conta dos garçons...

– Se é assim e já que está aqui... – Félix estendeu uma mão para ele. – Ainda aceita ser meu acompanhante desta noite?

Niko sorriu e pegou em sua mão. – Claro que aceito!

Uma música tocava no momento. Logo acabou e ao começar a próxima, os dois foram por entre os outros casais que dançavam no salão. Bem juntinhos, dançaram ao som de The Moment, um hino instrumental romântico do Kenny G. Parecia ser feita para eles. Estavam vivendo o momento perfeito, um dos momentos mais sublimes de suas vidas. Ao embalo da melodia, davam seus passos no mesmo compasso, aproximavam mais os corpos até em um momento encostarem as testas. Não se via naquele salão casal mais apaixonado. E para eles, parecia já não haver mais ninguém ali.

Logo que está música acabou, continuaram no mesmo lugar para dançar a próxima que já começava. Outra instrumental com um título que lhes traduzia perfeitamente: Forever in Love.

Após essa, foram pegar duas taças de vinho branco para brindar. A noite estava mágica. Félix estava irreconhecivelmente feliz. Niko, mais radiante que sempre; principalmente quando alguns ex-colegas de Félix, mais despojados e que pareciam pouco se importar com o que viram no salão, aproximaram-se para conversar com o moreno e, ele, tomou a coragem que emocionou o loiro.

– Deixem-me apresentar... Este é Nicolas Corona! Meu namorado!

Um dos colegas de Félix o cumprimentou. – Oi, tudo bem?! Você não é o chef responsável pelo Buffet?

– Sim... Sou!

– Parabéns! Ficou tudo muito bom!

– Muito obrigado!

Outro também o elogiou. – Olha, toda a comida estava deliciosa, de verdade! Parabéns!

Alonso, entre os colegas, comentou: - Parabéns pra você também, Félix! Você tem um grande chef ao seu lado!

Félix passou o braço em volta de Niko.

– O melhor! Meu grande chef... E meu grande amor!

Niko percebeu que Félix repetiu suas palavras quando brigaram e ele o beijou em frente ao shopping e sorriu feliz.

Um deles perguntou: - E você, Félix? Administrando o hospital da família?

– Não, eu não trabalho mais lá! Estou... – Olhou rapidamente para Niko. – Visando outro tipo de negócios...

– Negócios de que tipo?

– Talvez eu vire o gerente de... Uma coisa totalmente diferente... Um restaurante, quem sabe... – Olhou de lado para Niko. – Mas, ainda tenho que decidir bem algumas coisas para fazer meus planos darem certo!

Niko na hora lembrou sobre o que eles conversaram desde os tais planos que Félix mencionou no casamento de Paloma até então. Félix já havia lhe falado sobre a casa de praia, sobre a possibilidade de abrir outro restaurante, sobre irem morar juntos. Caso tudo isso acontecesse, seria o maior sonho de Niko virando realidade: Félix finalmente fazendo parte de sua família. Por outro lado, esse também já era o maior sonho de Félix.

Um dos colegas dele disse: - Se precisar de alguma assistência para seus planos, Félix, na parte financeira, lembre-se de mim! Estou trabalhando como contador agora!

– Ah que bom! Vou lembrar sim!

Félix estava impressionando a todos pela simpatia de agora e, claro, pelo seu par.

Depois de algum tempo, os dois saíram a passear pelo jardim de onde ocorria a festa. No fundo do jardim, havia um coreto. O vento da noite estava frio e os dois foram para lá. O jardim não estava tão iluminado quanto o salão, a luz que mais brilhava lá era a da lua.

Niko chegou num canto do coreto e olhou para o céu.

– Olha como o céu está lindo hoje, Félix! Tão estrelado...

Félix chegou por trás dele e respondeu:

– Não mais lindo que você, meu carneirinho!

Niko virou para ele e os dois ficaram bem juntos. O loiro ainda abraçou seu amado pela cintura puxando-o para ainda mais perto, para colarem seus corpos.

– Você está tão lindo e tão charmoso hoje, sabia?!

– Sabia! – Ambos riram. – Mas, você... Carneirinho... Nunca imaginei que você conseguisse ficar mais bonito, mais gostoso, mais... Mais tudo que você já é! E você me aparece assim...

Niko deu seu sorriso tímido. – Félix... O que você sentiu quando me viu aqui... Assim...

Félix deu um suspiro. – Carneirinho, eu estou aqui coladinho em você e você ainda não sentiu como eu estou me sentindo desde que te vi assim? Quer que eu chegue mais perto pra você descobrir?

Félix o abraçou pela cintura e o apertou mais contra ele. Niko deu uma risada e ficou com as bochechas rosadas.

– Não precisa... Já senti... É... Como você está... Se sentindo!

– E olha que eu estou me controlando, carneirinho! Mas, só por que sei que a noite está longe de acabar!

– É, é? – Niko deixou de lado seu jeitinho fofo e se tornou sedutor como deixava Félix louco. – Por que se controlar tanto? Sabe... Adorei tudo que você fez e tudo que disse esta noite, até agora você tem sido outro Félix, o Félix que me surpreendeu a cada minuto... Mas, daqui a pouco, quando formos para outro lugar... Eu quero que você seja o Félix de sempre, o que eu conheci, o homem por quem me apaixonei!

– Você gosta mesmo daquele Félix? Mais do que esse de agora? Controlado, quietinho, gentil... Você gosta menos desse do que do explosivo, calculista, que faz piada de tudo?

– Eu gosto dos dois! Por que os dois são a mesma pessoa... A mesma maravilhosa pessoa que eu amo de todo meu coração!

– Eu... – Félix engoliu, respirou, respirou outra vez, e tentou falar algo, mas Niko chamou sua atenção, falando baixinho, olhando-o nos olhos.

– Ei... Eu... Te... Amo!

– Eu... Eu... – Félix o abraçou e repousou a cabeça em seu ombro e então conseguiu falar as palavras mágicas. – Te... Amo! Eu te amo, meu carneirinho!

Niko engoliu o choro, pois queria que aquele momento fosse só de alegria, embora qualquer lágrima que molhasse seu rosto naquele instante fosse apenas de pura felicidade.

Já Félix, deixou uma lágrima rolar, emocionadíssimo por como havia acabado de deixar falar a voz do seu coração. Mas, logo enxugou outra lágrima que minava em seus olhos castanhos para que estas não molhassem o terno do seu carneirinho, pois queria que aquele momento fosse só de alegrias. E, de fato, ele estava abraçado a sua fonte de alegria.

Os dois ficaram abraçados por uns minutos até que ouviram outra música instrumental romântica que embalava os corações dos apaixonados no salão e embalou os corações dos amantes ali também. Os dois começaram a dançar juntinhos, ao som de Sentimental, na escuridão da noite, sentindo o perfume um do outro e das flores naquele jardim que rodeavam o coreto.

A lua prata crescente iluminava o céu como se fosse um gigantesco sorriso. O infinito sorria para aquele lindo amor naquela noite. Sorria para duas almas que estavam aprendendo cada vez mais a se amarem uma a outra. E, quando aprendessem, uma sem a outra não poderia mais viver.

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Notas finais do capítulo

FIM!
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