Broken Girl escrita por Iris


Capítulo 25
Capítulo vinte e cinco: Por trás das máscaras.


Notas iniciais do capítulo

Hey o/ Como estão? Mais um capítulo saindo. Não muito a dizer sobre... Só espero muito que gostem e deixe seu comentário após ;)

Enjoy ^^



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Via o meu cabelo na superfície, flutuando como algas marinha. Não respirava, nem me mexia, e nem havia som. Era só minha mente chamando e chamando... Bolhas de ar subiam e eu sabia que tinha segundos até meus pulmões falharem.

Vamos, apareça. Eu vou morrer. Ele tinha as respostas, eu sabia. E eu não aguentava mais esperar por ele. Meu peito doía, meus pulmões doíam. Acho que não há nada pior que morrer afogado. Para falar a verdade, tentar suicídio se afogando. Cada célula do seu corpo grita para você levantar a cabeça, buscar o ar. Oxigênio. É disso que você precisa, não a morte. Diziam em uníssono. Era tudo muito tentador.

Para deixar que o corpo afundasse, que o instinto de sobrevivência não irrompesse a dor em seu peito teria de ter muita coragem. E quando meu corpo começava a entrar em falência eu buscava ele em mim. Eu finalmente via o mundo turvo acima da água se partindo como uma linha fina, se agitando e virando de cabeça para baixo e se fechando até que não tivesse mais oxigênio e sim a sua luz...

Tinha uma parede de vidro em volta de mim, ou uma lente de contato embaçada com vapor nos meus olhos. Eu sentia frio e vazio. Até que a cor começou a aparecer... Um pouco de branco e depois mais branco, uma janela pequena com grades.

Estava deitada numa cama macia. Eu mudava também. Sentia meu cabelo pesar, onda e ondas negras caiam até minha cintura envolta de mim, e eu era diferente, jovem de novo. Sentei na cama e me senti tonta. O corpo era meu, mas parecia que eu estava trancada nele. Membros emprestados de outra pessoa. Me levantei devagar. Andei hesitante sobre o piso de mármore, o frio dando choquinhos nas solas dos meus pés.

Aquele lugar era um quadrado branco. Tinha só a cama no canto e a janela, sem portas. Sem som, nem minha respiração. Não era perfeito, mas eu reconhecia o lugar.

_Isabel? – me virei. Rápido demais, sentia o rastro do meu corpo naquele mais jovem com retardo, como se fosse uma experiência quântica, como o rastro da luz numa foto, deixando tudo turvo, mas linear. Até que tudo se encaixou no lugar e eu o encarei. Não tinha feridas no seu rosto, ele também parecia mais jovem, o cabelo cor de areia um pouco maior e os olhos azuis gentis como nunca havia reparado. Também vestia branco. Lúcifer colocou as mãos no meus ombros. Só a senti segundos depois. Ele sorriu.

_É bom vê-la de novo. Finalmente me encontrou. – os lábios dele sorriram. Já eu não tinha muito controle sobre meu próprio corpo de quinze anos. _Mas não temos muito tempo. Ouça com atenção. Eles viram até você. Morda a isca, deixe que a levem. Resista e não se preocupe, irá ficar bem. Só quero que faça uma coisa por mim. Quando estiver lá, deixe-me entrar. Só precisa fazer isso. Me chame e eu irei até você. E aí seremos livres... Só você, eu e Sam.

Mas... Dean... Eu queria perguntar, queria falar, mas quando abri boca a sentir molhada, não molhava a sentir inundar e tudo ficou turvo de novo. Ele me soltou.

_Tenha cuidado criança, resista. – e tudo se perdeu.

Num redemoinho eu via tudo ser engolido pela escuridão. Até que não sobrou mais nada, a não ser um último segundo para mim...


Irrompi a calma superfície finalmente buscando o que meu corpo pedia. Num evento só as luzes piscaram e o espelho se espatifou me obrigando a me proteger dentro daquela banheira, jogando água para todo canto, para não ser atingida. Sentia o caos naquele pequeno banheiro de hotel e no meu corpo. Não sentia dor alguma, só certa eletricidade. E foi aí que vi os caminhos de veias negras começando no dorso da mão e subindo pelo pulso.

A porta estava sendo esmurrada e depois de duas pancadas ela cedeu e Dean seguido de Sam evadiram o espaço pequeno. Houve um pequeno momento em que os dois só olharam para mim, olhos saltados, expressões alarmada. Surpresos ou assustados. Me segurei na borda da banheira e aí Dean foi primeiro a agir. Ele se ajoelhou me pegou pelos braços e me tirando da água para seus braços. E eu via minha pele voltar a ser tão pálida como papel.

De uma vez só eu sentir tudo doer. Meus pulmões doíam, minha cabeça e eu me sentia cheia de... Curvei meu corpo. A água que invadiu minha garganta estava sendo expulsa na camisa de Dean. Tossi e sofri espasmos enquanto tentava tirar toda a água dos pulmões. Dean me segurou pela cintura enquanto virava meu corpo para o chão e eu expelia tudo.

Sam estava no chão também, senti algo ser colocado nas minhas costas. Apoiei as mãos no piso frio e tossi um pouco mais e enquanto uma toalha ia sendo envolvida no meu corpo nu e trêmulo. Ouvia os estímulos de Dean pedindo para eu respirar e colocar para fora e foi o que fiz. Solvi o ar com força e cuspi os últimos resquício de água.

Senti uma pontada na palma da mão e no piso escorregadio havia pequenos pontos vermelhos se desmanchando na água. Meu sangue. Tentei me afastar de Dean para procurar a fonte sentindo dificuldade de me acalmar, meus joelhos e mãos escorregaram e antes que caísse de cara no chão Dean me apertou contra si e me manteve. Pediu que eu ficasse calma e eu tentei, sentindo toda a força e energia evaporar de mim.

Sam pegou minha mão gentilmente e virou a palma para olhar. Nela havia enterrado um pequeno caco do espelho. Ele buscou meu olhar num pedido mudo para que ficasse calma e me preparasse. Assenti uma vez e ele arrancou o caco. Não doeu muito, foi só uma fisgada. O sangue brotou escorrendo rápido na minha mão molhada. Era um corte médio, a quantidade de sangue assustava, mas não parecia nada muito grave. Sam se levantou e foi só o tempo de ele pegar uma toalha de rosto e envolve-la na minha mão.

Dean virou meu rosto para o dele, afastou meu cabelo molhado com delicadeza.

_Você está bem? – seu rosto estava transtornado. Era estranho, mas aquilo foi quase como uma recompensa de quase morrer. Ele se preocupava. Se importava. E a equação eu, Lúcifer e Sam não fazia sentido algum.

_Eu... – pigarreei. _Estou bem. – me apoiei em Dean para ficar de pé e logo tive a ajuda de Sam.

_Isabel...

_Estou bem. – disse para ele enquanto mantinha a mão fechada na toalha e a outra na que envolvia meu corpo. Me dispersei dos dois e saí para o quarto. Respirei fundo naquele lugar amplo e seco.

_O que foi isso? – perguntou Dean. Não o respondi, nem eu sabia bem como descrever o que houve. _Eu achei que tinha alguma coisa lá dentro. As luzes piscaram, o barulho do espelho... Mas era só você tentando... estava tentando se afogar?

O encarei percebendo como aquilo tudo parecia para eles; Um tentativa de suicídio, e não a primeira.

_Não, eu não estava tentando me matar.... – respondi em tom controlado.

_Olha eu sei que ele era seu amigo, mas não vale...

_O quê? Espera, está pensando que isso foi por ele?

_Ele era seu amigo. – Dean usava um tom de voz manso, em falsa calma, como se estivesse diante de um animal selvagem, qualquer movimento brusco eu iria atacar.

_Se eu fosse cometer suicídio por algum amigo, seria o Adam. Não o idiota do meu ex namorado. – minha voz soava rouca e fanha. Sam e Dean continuava a me encarar. _Olha, não foi fácil para mim vê-lo com a garganta cortada e com símbolos enoquianos, que eu ainda não sei o que significam, talhados no peito. Mas fala sério, não me mataria por isso.

_Então oque foi isso? – a pergunta veio de Sam.

Por onde eu iria começar sem parecer louca. Não tinha como. Me virei de costas para eles e apanhei minha mochila, tirei de lá as primeiras peças que vi. Peguei um par que não combinavam de roupas de baixo, uma camiseta e calça jeans.

_Isabel! – disse Dean impaciente. Tirei a toalha sem constrangimento, os dois já tinham visto tudo ali, e tocado.

Me vesti apressadamente e peguei minha câmera. Me sentia sufocada ali, com Lúcifer na minha cabeça Sam, Dean me fazendo perguntas e minha mão latejando. Precisava colocar a cabeça em ordem.

_Aonde pensa que vai? – perguntou Dean se colocando entre mim e a porta.

_Me deixe sair Dean, eu preciso de um pouco de ar. – pedi não olhando em seus olhos, olhava para porta.

_Está brincando comigo? – perguntou confuso e começando a ficar furioso.

_Não, não estou brincando. Preciso sair um pouco. E não Dean, eu não posso explicar nada agora. Preciso que confie em mim. Nada do que eu disser para você agora faria algum sentido, nem para mim faz. Por favor me deixe passar. – ele me olhou por uns instantes, me obriguei a encará-lo para ele saber que eu falava sério.

_O que está acontecendo com você? – perguntou surpreendentemente calmo.

_Acho que o apocalipse. – respondi. Continuamos a nos olhar, um avaliando o outro, aquele contato tênue que ameaçava a espatifar e não saberíamos qual que seria a reação de um ou outro. _Por favor, não vou para longe, só quero respirar um pouco de ar puro. Eu conto tudo depois.

_Não posso...

_Deixe ela ir Dean. – interveio Sam. Dean olhou para ele como se o tivesse deixado na mão. _Nós todos podemos conversar depois. – com um longo olhar para Sam e outro curto para mim Dean abriu passagem, mas antes que chegasse a porta ele agarrou meu braço.

_Nunca mais faça isso de novo. – assenti sentindo o peso daquelas palavras. Dean soltou meu braço e eu saí do quarto sentindo como se tivesse respirando pela primeira vez.

....

O mar estava um pouco agitado, o que contrastava bastante com todo o resto. O cais estava quieto, só se ouvia ocasionalmente os grasnados das gaivotas acima e o sibilar do mar. Sentia tudo sentada na ponta do cais, as pernas balançando para o mar abaixo e o cabelo molhado esfriando a cabeça. Uma brisa úmida e gelada pinicava meu rosto e deixava gotículas de água na lente onde mirava o alvo mais à frente, a cidade.

Seattle estava ampliada diante dos meus olhos, era um conjunto de construções a beira do mar, onde a tarde começava a cair deixando a linha do horizonte com aquele brilho pálido de laranja junto as luzes a se acender, fazendo parecer que lá era um reino distante. Era bonito de se fotografar.

Mas nada disso importava. Era tranquilo ali, tudo o que eu precisava. O peso da câmera na frente do rosto era só o que queria sentir, até que ouvi passos surdos na plataforma de madeira atrás de mim e minhas ideias mudaram.

_Dean mandou você me vigiar. – afirmei tirando meus olhos de Sam e os voltando para a cidade. A madeira estalou enquanto Sam se juntava à mim na beirada.

_Não. Ele... – o olhei com uma sobrancelha erguida. Sam cedeu rápido. _Ok, sim, ele me mandou atrás de você, para caso...

_Caso eu tentasse me afogar no mar, tem mais estilo do que a banheira suja de um hotel barato, não acha? – sabia que estava sendo maldosa, mas eu queria ser deixada sozinha por um minuto, ou achava que sim. Foi o que mudou quando vi Sam.

_...Caso você se metesse em problemas. – disse Sam paciente.

_ É, por que eu tenho 15 anos e o mundo aqui fora é perigoso demais para uma garotinha indefesa. – Sam olhou para mim me repreendendo, como fazia com Dean as vezes. Me rendi com um suspiro longo e profundo, deixei a câmera descer para o colo.

_Me desculpe. – murmurei.

_Tudo bem. – Sam se voltou para a cidade, só via seu perfil, meus dedos coçaram para não tirar uma fotografia dele.

Ficamos em silêncio por um bom tempo, a todo o tempo esperava que Sam puxasse o assunto, dissesse qualquer coisa. Mas talvez ele não queria levar uma patada minha. De qualquer forma queria que ele falasse comigo, sua quietude era... inquietante.

_Tudo bem, sei oque está tentando fazer, não vai funcionar. – disse dando cliques sem saber bem no que mirava.

_Não estou fazendo nada.

_Está aí, parado, quieto, deixando que eu me sinta segura no seu território até que eu me abra para você e conte tudo sem que precise dizer uma palavra.

_Você é boa. – respondeu Sam com um sorriso rápido, depois: _Então eu vou perguntar, o que diabos foi aquilo? – Sam falava sério agora, ele queria saber, estava preocupado e não muito paciente. Não consegui falar nada por um minuto. _Por que fez aquilo, Isabel? Estava tentando... – perguntou mais cauteloso.

_Não. Eu não tentava me matar. Eu juro Sam, não era o que eu queria. – baixei os olhos para plataforma, onde comecei a cutucar um prego enferrujado enterrado na madeira. Sam esperou que eu tomasse a iniciativa novamente, e antes que ele perguntasse eu disse: _Eu já tentei uma vez, há muito tempo. Não consegui ir mais fundo. E eu me envergonho daquilo agora, não fui forte o suficiente, deveria ter aguentado mais e não tentar... Eu não faria de novo.

Sam assentiu devagar. Não disse nada, nem me olhou com pena ou coisa parecido, ao invés disso ele pegou minha mão encaixando seus dedos entre os meus. Aquele gesto parecia cada vez mais uma coisa nossa. Tinha palavras e confiança ali, coragem, e principalmente a certeza que ele estava ali para mim, para oque viesse. Estávamos juntos.

_Então sobre o quê foi aquilo? – ele disse quase num sussurro. Como sempre fazia quando falava com alguma vítima fragilizada em um caso, quando queria saber de algo mais sem pressionar, um tom tranquilizador e confiável, e droga, funcionava.

_Por que precisava, Sam. Eu precisa falar com Ele, vê-lo. – esperava que ele entendesse.

_Quem? – replicou Sam com o cenho franzido.

_Eu precisava falar com Lúcifer. – a expressão de Sam foi de confusão a incredulidade.

_O quê?

_Eu sei que parece loucura, mas não é. Ele tem tentado falar comigo. A mensagem na janela do Bobby me pedindo para ter cuidado, depois no meu sonho. Era como se ele quisesse me alertar de alguma coisa. Eu... eu o sinto dentro de mim, eu só precisava alcançar... eu só... – Sam olhava para mim como muitos outros já olharam. Tirei minha mão da sua e olhei para o rio à frente.

_O que foi? – perguntou Sam se inclinando para olhar em meu rosto. Me virei para ele irritada.

_Está me olhando com aquele olhar.

_Que olhar?

_Aquele olhar, como se eu fosse louca. Eu já vi isso antes. As pessoas já disseram na minha cara e pelas costas, o cara do jornal fazia parte do primeiro grupo. – desabafei me sentindo agitada, nada com a paz interior que queria buscar. _E a essa altura eu deveria calar a boca antes que você me mande para outro hospital psiquiátrico.

_Não, por favor, continue. Eu quero entender. – pediu Sam.

_Não posso fazer você entender. – lamentei. Ninguém podia.

_Eu quero entender você. – estava ficando tarde, a noite começava a cair, de modo que as luzes do cais acederam uma a uma banhando nós dois com uma luz amarelada. E aí eu contei tudo.

Como aquilo pareceu uma viagem quase alucinógena. O quarto branco, ele aparecendo para mim e a sensação esquisita de estar presa no próprio corpo. E contei a ele principalmente o que sentia em mim. Como a essência de Lúcifer me afetava.

_Eu posso senti-lo em mim, Sam. Como se... como se fosse parte dele. As coisas que consigo fazer, o jeito como me transformo, é inexplicável e muito assustador, mas ao mesmo tempo eu me sinto tão... tão...

_Viva. – completou Sam.

_É. – disse inspirando o ar com cheiro marinho. Tinha falado demais. Deixado as palavras fluir e o mais surpreendente era que aquilo foi libertador. Não houve dificuldade. No momento em que Sam sentou ali eu soube que poderia lhe contar qualquer coisa. Talvez ele não entendesse tudo, mas eu sabia que poderia fazê-lo me ouvir. _Você entende agora?

_Eu entendo você. – sorri para ele.

_É o suficiente para mim. – ficamos ali olhando a cidade mergulhar na noite e as luzes brilharem mais intensamente, a brisa se torna mais gélida e o mar virar um manto negro.

_Precisa contar para ele. – Sam quebrou o silêncio.

_Eu sei. E não é só isso que tenho que contar a ele. – Sam não disse nada, ele sabia do que eu estava falando e não disse nada. _Mas eu não quero.

_Não confia no Dean? – Sam jogou uma lasca de madeira solta na água.

_Confio minha vida. Só não quero trazer ele para isso. Eu não confio essa... essa coisa dentro de mim à ele. Só queria ser a garota certa, legal e divertida para ele. – expliquei para Sam e depois numa voz mais baixa. _Eu o amo o suficiente para ainda me importar com a forma que ele me vê.

_Meu irmão ama você, não importa o quê, ele vai amar você. – disse Sam para as águas. Quanto daquilo o estava afetando? Não senti raiva ou ciúmes na sua voz, ele só soou resignado, estava me falando sobre um fato irreversível. Eu dizia para mim mesma que Sam não se importaria que eu falasse de como amava Dean. Mas aquela era a função de um amigo. Sam me amava, do jeito apaixonado de amar. Eu também o amava, mas ainda estava aprendendo a me apaixonar por ele. _Você quer protegê-lo. – disse por fim.

_Eu fui péssima para seu irmão, estou sendo. E Deus sabe que machuca-lo dói em mim dez vezes mais. Então eu não quero que aconteça de novo. Eu já perfurei seu peito com uma adaga, já disse coisas horríveis e fiz coisas piores ainda... e Dean é um cara legal, ele não merece. – os olhos de Sam brilhavam à meia luz enquanto ele olhava para mim prestando a atenção em cada palavra minha. _Lúcifer não vai machucar você e nem à mim. Miguel está morto, a proteção as cascas está quebrada, o que quer dizer que Dean só tem a mim e a você. Então sim, eu quero protegê-lo.

Sam a princípio não disse nada, havia um olhar pensativo e compreensivo em seu rosto. Tínhamos muito o que se pensar.

_Estamos atrasados. – foi o que disse.

_O quê? – perguntei confusa.

_O baile. – tinha esquecido completamente. E agora provavelmente teria quarenta minutos para me arrumar.

Em alguns segundos já estávamos de pé. Andávamos apressados pelo cais deserto e escuro, o hotel ficava logo no fim do quarteirão. Quando chegamos no fim da passarela Sam me pegou pelo pulso me fazendo parar.

_Eu também quero protegê-lo. Farei qualquer coisa para mantê-lo a salvo. – disse Sam. Eu sabia que ele faria, mas Sam parecia querer me dizer mais alguma coisa. Talvez estivesse pensado alto, ou simplesmente tinha algo velado naquela declaração. Como Bobby havia me dito, um estava disposto a tudo pelo o outro. Queria saber do quê Sam abriria a mão.

_Sam...

_Temos que ir, estamos atrasados lembra? – ele recomeçou a andar, mas eu ainda estava presa no que aquilo significava. _Isabel, vamos.

Corri para acompanha-lo tentando não pensar demais. Tentando relaxar da forma que podia.

... - ...

O vestido coube com perfeição– mesmo ainda não tendo fechado o zíper na parte de trás sabia que ia caber. Parecia feito sob medida. Era lindo. As aplicações de pequenas flores pretas no busto, que ia para cintura e até o começo da saia, eram delicadas e não arranhavam a pele.

A parte de baixo com o forro nude e as camadas de tule por cima eram tão macias ao toque e leve apesar das camadas que davam o volume. Estava encantada com toda aquela alta costura. O que restava resolver era o que fazer no rosto.

Com minha falta de prática, e criatividade, não ariscaria em algo muito elaborado, afinal iria usar uma máscara. A única coisa que fiz foi cobrir com um pouco de corretivo as olheiras, a evidência de que não dormir muito bem nas últimas semanas. Depois um pouco de rímel e batom vermelho. Tinha gostado da cor em meus lábios desde de que acordei maquiada na cama de um hotel com Steve ao lado e olhei no espelho.

E só, as sardas ainda estavam lá, nenhuma sombra ou delineado emoldurava meus olhos que brilhavam num azul escuro - dos quais não podia fazer nada sobre sua peculiaridade - e o cabelo rebelde tentava me desafiar. Duas batidas na porta me tirou a atenção dos meus traços.

Tínhamos combinado de eu pegar um quarto separado para me arrumar, seria mais confortável assim, então fiquei com o quarto da frente ao dos meninos.

_Entre. – gritei. A porta se abriu e não precisei me virar para ver quem era. Do espelho via Dean parado com as mãos no bolso próximo a porta. Abri um sorriso. _Pode me ajudar aqui?

Ele se aproximou e parou há alguns passos à minhas costas. Ele também estava arrumado, vestia o terno completo e a gravata borboleta - que estava torta por sinal - parecia um príncipe de tão lindo. Nunca me cansaria de admirar a beleza dos Winchester.

Ficamos ali nos admirando através do espelho até que peguei seu olhar com o meu. E ele sorriu. Um sorriso dele para mim já fazia valer o dia terrível.

_A não ser que tenha braços elásticos, não vai ser de muita ajuda à essa distância. – afastei o cabelo das costas dando-lhe a dica e esperando. Dean se aproximou devagar pegou o zíper, o subiu fazendo o vestido se ajustar adequadamente. Pelo cumprimento ele era bem comportado, abaixo dos joelhos, mas a parte de cima exibia um decote que modelava bem os seios.

_Você está... encantador. – Dean me ofereceu seu melhor sorriso convencido.

_Você também está... legalzinha. – revirei os olhos. Juntei o cabelo para tentar um penteado, joguei ele todo para só um lado e olhei para Dean.

_E agora?

_Melhor. – fiz um coque bem firme no topo da cabeça, uma coisa bem princesa.

_E agora?

_Hum. – ele fez um olhar crítico e começou a destruir meu coque, soltando mecha por mecha, até que meu cabelo voltou a estar solto como antes. Quando acabou ele sorriu aprovando.

_Perfeito. – então estava pronta.

_Uau, eu não sabia do seus dotes para Hair stylist.

_Hair o quê? – ri não me contendo.

E aos poucos minha risada foi sumindo, deixando só o eco dela no quarto e o espectro dela nos lábios de Dean.

_Posso te perguntar uma coisa?

_Vá em frente.

_Estamos bem? – Dean olhou para o lado e saiu de trás de mim para se sentar na beira cama. Me virei para olhá-lo, esperando tudo e ao mesmo tempo nada. _Eu nunca sei.

_Confia em mim? – ele me perguntou de forma direta.

_É claro. – Dean desfrouxou um pouco a gravata, deixando ela mais torta ainda.

_Então por que isso? Por que não quer me contar o que está acontecendo com você? Eu não sou o Sam, mas posso entender se você pelo menos falar comigo. – sentia a chateação em sua voz. _E ainda não me contou o que foi aquilo na cozinha do Bobby, toda aquela cena de novela, o beijo... Precisa me dar algumas explicações. E eu realmente não estou querendo uma briga. Estou cansado e velho demais para isso. Só pare de me enrolar e diz logo seja lá oque for, por que eu não sei se quero continuar a arrastar isso.

Me sentia cada vez com mais frequência à beira de um precipício. Sem saber se deveria ficar a borda ou dar mais um passo adiante. Sentia o medo da expectativa e da possível queda revirar meu estômago. Me lançava de vez ou ficava ali? Se fosse, seria como alçar um voou? Ou logo sentiria o fundo me encontrar com seu destino permanente e irreversível?

_Tudo bem, eu vou contar tudo o que quiser saber, só me dê essa noite, depois disso eu conto tudo, prometo. – pedi com uma voz chorosa. Ele me olhou por um instante, até que eu abaixei o olhar.

_Do que tem tanto medo? – perguntou Dean, o olhar entristecido realmente me atingia como um soco.

_Acho que... perder você. Pode não acreditar, eu posso até dizer mil vezes que não preciso de você, mas eu preciso. E eu estou tão confusa agora que... não quero... – começava a morder o lábio de tão angustiada, eu tinha vontade de chorar, por que minhas emoções se afloravam diante dele e eu não queria está naquele aposição. Não queria fazer uma escolha ou até mesmo ficar ali em pé como uma estátua enquanto ele olhava para mim com aqueles olhos que eu gostaria que lesse minha alma para eu não ter de dizer nada. O escolher nada. A resposta estava lá, eu sabia. Estava sendo covarde por prolongar ainda mais aquilo. _Só uma noite e eu conto tudo.

Dean foi poupado de responder, alguém batia na porta. Dean se levantou e foi atender. Engoli a seco o nó na garganta quando ouvi a voz de Sam.

_Prontos? – perguntou Sam. Não me atrevi a olhar para ele, sabia que poderia entregar tudo o que estava sentindo com apenas um contato.

_Só um minuto. – respondi, minha voz saiu estranha, esperava que nenhum dos dois tenham notado. Me agachei e peguei os sapatos sentando na cama para colocá-los.

Com uma última olhada no espelho tirei a mancha de batom nos dentes e fui para a cômoda. Nela estavam a máscara e a adaga dos anjos que peguei de Steve. Coloquei um pé na beira do colchão e levantei a saia do vestido. Preso na cintura a coxa estava o coldre para facas que encontrei no Impala. Depois de uns ajustes para caber na minha cintura e na coxa sem ficar largo ele servia perfeitamente. Encaixei a adaga ali e estava pronta.

Quando desci a perna e ajeitei o vestido foi que notei os olhares dos meninos.

_O que foi? – perguntei enquanto pegava a máscara e o casaco na cama. _Eu tenho certeza que nesses smokings deve ter um arsenal.

Estava tudo certo, chegaríamos atrasados, mas iriamos. Eu simplesmente não sabia o que esperar daquele baile e de Dean. Minhas mãos estavam geladas e meu coração apertado.

Segundo a lei de Murphy “Se alguma coisa tem a mais remota chance de dar errado, certamente dará”.


... - ...


Dean estacionou na frente dos portões da propriedade à sombra de uma árvore grande. Não haviam carros ali ou nenhuma comoção, estávamos só. Sabíamos que estávamos atrasados.

Descemos do carro e paramos ao portão lustroso e preto em ferro elaborado que se estendiam até um pouco além do grande muro coberto e hera. Estava entre aberto e dava para um caminho de pedras que cortava um jardim enorme, e de onde estávamos dava para ver a fachada da mansão.

Dos dois lados do murro no lado de entro haviam torres de vigilância e câmeras. Mas estava vazias também.

_Primeiro as damas. – disse Dean indicando a passagem. Primeiro eu depois ele seguido de Sam.

Caminhos em silêncio pelo caminho de pedras ladeado com pequenos refletores fincados no chão com a iluminação dourada das velas. Aliais, mansão seria eufemismo, aquilo parecia um castelo. Era no melhor estilo vitoriando pós moderno. A iluminação era de dentro contidas por cortinas, mas a lua no alto deixava as pedras e os pilares da entrada mergulhadas num brilho prateado. Ao lado o terreno gramado se estendia até se perderem atrás de árvores de jardim que deixava o ar ali com cheiro de folhas molhadas.

Paramos no começo de uma escadaria de mármore branco, as portas duplas de madeira escura e puxadores dourados estavam fechadas, não se ouvia nenhum som delas.

_Devemos bater? – perguntou Sam olhando a porta. Abria a boca para responder mas ouvi passos vindos da lateral da casa. Olhamos os três na mesma direção e esperamos, alertas sempre. Até que da quina surgiu alguém.

Ele se aproximou e pudemos ver que se tratava de um senhor. Seu cabelo branco reluzia à luz lunar e seu terno preto impecável também adquiriu o brilho perolado. Ele se aproximou mais e só então pareceu nos notar, parou, conferiu nós três e veio mais depressa a nossa direção.

_Oh, me desculpem. Devem ser retardatários. – disse ele, tinha uma voz firme apesar da aparência idosa, e também logo identifiquei seu sotaque britânico. _Ah, por favor, me sigam, o salão fica por aqui. – trocamos olhares e seguimos o senhor, ele continuou a falar. Para um senhor ele andava bem rápido.

_Deveria ter alguém esperando por vocês na entrada, onde aquele menino tolo se meteu. Ah, estou velho demais para isso... – Na lateral passamos por janelas, janelas que mediam mais que Sam em altura e mais ou menos dois metros de largura. Através das frestas das cortinas dava para ver movimento lá dentro.

Nos fundos o jardim continuava. Se via árvores estrategicamente colocadas para formar uma passagem para oque parecia um jardim mais elaborado, no final um chafariz, e flores, e sabia que havia mais, porém não dava para ver muita coisa através.

Arthur - o nome do mordomo - nos conduziu até outra escadaria. Chegando no topo ele abriu outras portas duplas, como a da entrada, do que parecia agora de perto ser mogno. Entramos num corredor iluminado.

A cada lado um cômodo com portas abertas, dava para ver araras e prateleiras. Do lado direito tinham casacos masculinos, numa paleta de cores ao marrom, preto e cinza, organizados em araras. No direito era o lado feminino onde as cores e texturas se variavam.

_Senhorita, e senhores, o convite por favor. – pediu Arthur cordialmente. Tirei do casaco e entreguei a ele. Ele abriu o envelope e dirigiu um sorriso educado para nós. _Muito bem senhorita Corand, posso guardar seu casaco ou algum pertence pessoal? Garanto que lá dentro a temperatura estará a seu gosto, mas poderá vir buscar quando quiser se sentir necessidade.

Estava tão embasbacada com tudo aquilo que demorei um pouco para entender oque ele queria. Era tudo muito surreal, algo tirado direto de romances de épocas. Mas me recuperei começando a tirar o trench colt preto. Peguei a máscara no bolso interno e lhe entreguei o casaco.

_Recomendaria que colocassem as máscaras. Se quiser usar o espelho, é logo aqui. – ele indicou a sala atrás de si. Olhei para o meninos, Sam parecia curioso e Dean, bem, curioso também mais um pouco entediado.

Entrei no cômodo. Era um quarto simples, com papel de parede vermelho e dourado, um pequeno lustre preto pendia no teto e no fundo havia uma penteadeira que ocupava todo o cumprimento do cômodo. Era alias um móvel vintage, madeira escura, gavetas com puxadores em ouro velho e cadeiras acolchoadas fazendo conjuntos. Parecia o camarim de um cabaré luxuoso.

Me olhei no espelho e tratei de colocar a máscara. Passei a fita por trás da cabeça de modo que não amasse o cabelo e ficasse escondida. E pronto, me sentia pronta ao mesmo tempo nervosa. Um pouco preocupada se meu cabelo não estava bom, ou o vestido não era chique o suficiente para a ocasião. Que besteira, não está aqui para se divertir, e sim colher informações ou qualquer coisa útil. Foco.

Arthur nos levou para o fim do corredor onde acabava numa escadaria para o salão. Mais portas duplas e pronto, estávamos dentro. Aquela onda de informação pareceu nos atingir se uma vez só. Era sons, cores, vozes, uma maré de coisas para se olhar.

O salão era enorme. Uma iluminação tênue como a luz de uma lareira gigantesca. No teto pendia um lustre com velas reais e arranjos de contas que achava ser pérolas negras. Dos dois lados se viam fileiras de janelas grandes com cortinas de veludo azul marinho. Também havia mesas num canto direito cercada por um cordão dourado; como um pequeno clube para homens entediado fazerem seus jogos de cartas ou fichas. No outro lado uma mesa com comidinhas. Na outra ponta um grupo de instrumentistas vestindo ternos azuis brilhantes ditavam a música. Um jazz animado.

E as pessoas estavam todas vestidas elegantemente - fiquei feliz por Sebastian ter mandado o vestido - e mascaradas. Tudo estava envolto a um certo mistério que era divertido. Senti uma mão no meio da minha costas e percebi que era Dean, me encorajando a descer as escadas e adentrar o baile da Cinderela.

Dean se recusou a colocar a máscara, mas consegui convencer Sam a colocar, ele parecia um tanto animado, pelo menos mais do que Dean. Então simplesmente ficamos ali, parados no meio do salão sem saber bem o que fazer em seguida.

_Quem bom que veio, já estava com saudades. – disse uma voz no meu ouvido, eu sabia quem era antes mesmo de me virar.

Steve tinha um sorriso ensaiado nos lábios, uma máscara cinza cobria metade do seu rosto um estranho complemento para a cor de mel de seus olhos. Ele estava elegante num conjunto de calças sócias pretas, camisa também preta e um blazer azul marinho. Não havia notado, mas seu cabelo tinha crescido um pouco, de modo que agora eles estavam presos atrás com o que achava ser um rabo de cavalo na nuca. No melhor estilo príncipe da Bela e a Fera. Estava lindo, mas não daria a ele o gostinho de me ver o admirando, então desviei o olhar.

_Está linda, princesa. – agora ele usava seu sorriso galanteador.

_O que está fazendo aqui? – era uma pergunta estúpida. Mas não tinha muito o que dizer e começava a ficar oprimida por tudo aquilo. Steve se virou e pegou de uma bandeja, equilibrada na mão de um garçom bem vestido, duas taças de champanhe. Ele ficou com uma e a outra estendeu para mim, fiz menção a pegar mas Dean foi mais rápido, tomando a taça de Steve e entornando na boca com dois grandes goles.

_Preciso de mais cinco desses. – comentou. Uma rápida olhada para Sam e já podia perceber o quanto ele desejava enfiar a faca que mata demônios na garganta de Steve. A tolerância passou a ser ódio contido. Isso era preocupante.

_Acho que o mesmo que você, relaxando antes de tocarem os sinos. – respondeu, ele desviou o olhar para banda. Estava ignorando totalmente a presença de Sam e Dean ao meu lado. _Aliais você tem algo meu. – demorei alguns segundos para perceber do que ele estava falando.

_Não é sua, roubou de alguém ou algum pobre anjo. – ele pareceu ofendido por debaixo da máscara.

_Roubo? – ele fez um até biquinho de desapontamento. _É uma palavra muito forte.

_Nós acabamos aqui? – perguntou Dean impaciente.

_Sim. – eu respondia começando a me virar.

_Sebastian tem o anel. – disse Steve alto o suficiente para ser ouvido acima da música e das pessoas.

_O que disse? – perguntei.

_Sebastian tem o anel de Peste.

_Como você sabe? – Steve fez um floreio com a mão como quem diz "não é importante".

_Eu só sei. – ergui uma sobrancelha.

_Só sabe? Como você descobriu? – ele deu de ombros. O peguei pelo braço e o arrastando para um canto perto da janela. Estava mais vazio ali. _Como?

_Ele deixou escapar, para o Crowley. É uma apólice de seguro, ele pretendia entregar quando tivesse alguma garantia em algum plano de vocês. – ele deu de ombros mais uma vez. _Faria o mesmo.

Não sabia bem o que pensar, não adiantaria colocar Sebastian contra parede, e não tínhamos exatamente um plano excepcional e sem falhas para apresentar a ele. Aquele anel era parte do nosso medíocre plano.

_Poderíamos procurar aqui. – sugeri, mas sabia que aquilo soava.

_Não acho que ele deixaria o anel em um lugar. Não aqui pelo menos. – apontou Sam, ele parecia pensar alto, podia imaginar sua mente trabalhando.

_Então podemos fazer ele entregar o anel. – sugeriu Dean. Ele adoraria essa opção.

_Sem chance, pode ir guardando a faquinha Winchester. Isso só iria irritá-lo. – advertiu Steve. Concordava com ele. _Não sei o por que do estresse, ele vai entregar, precisa. Eu só contei por que achei que seria algo que quisessem saber.

_Estamos na reta final, Steve. Não podemos nos dar o luxo de ter alguém como Sebastian trabalhando para ambos os lados, sabe se lá oque ele está planejando. Já basta você e Crowley. – disse direcionando minha raiva contida nele. Ele pareceu surpreso.

_Está brincando né? – perguntou em assombro. Era estranho olhar para ele e não enxergar muito bem suas intenções atrás daquela máscara, não podia dizer se estava fingindo ou coisa do tipo. Eu nunca sabia com Steve. Ali com todo aquele barulho e pessoas em volta ele só mostrava para mim aqueles olhos dourados, brilhando como velas no escuro.

_Não, não estou. – eu estava tentando uma coisa ali. Queria fazer isso quando os meninos não tivessem por perto, mas aquilo servia bem, de uma forma ou de outra eles intimidavam, éramos três. E estávamos desconfiados. E eu precisava de Steve.

_O que mais você quer que eu faça, um juramento de sangue? Passe pela máquina da verdade? – perguntou claramente irritado. Bom.

_Não precisa fazer nada. Podemos cuidar de tudo sozinhos, estamos perto Steve e não quero um traidor no meu time. Sabe eu ainda não engoli o que aconteceu no nosso último encontro. Seu timing foi conveniente, me tirar do hotel e logo em seguida demônios aparecem. – me virei para ir embora. Antes de seguir me virei de novo. _Mas você tem razão, não há motivo para estresse. Aproveite a noite, Steve.

Sam e Dean pareciam bem satisfeito. Andei rápido para a parte tumultuada do salão, para que Steve não tivesse chance de nos alcançar.

... - ...


O clima do baile estava caloroso e contagiante, a música era boa, o champanhe deslizando das badejas eram delicioso. Fui tirada para dançar, um homem gentil e parecia bonito por debaixo da máscara. E tinha cheiro de perfume importado. Tinha me perdido de Sam e Dean. E nada de Sebastian.

O rapaz me conduzia pacientemente, o nome dele era Julian, ele era dono de alguma rede de empresas que produziam papelaria, ou algo assim. Eu era só uma humilde fotografa de um jornal local. Ele me oferecera um contato com uma revista de moda bem famosa, disse que agradecia mas que não precisava, moda não era bem o meu ramo.

Das vezes que eu errava o passo ele não se importava em me ensinar corretamente, tinha até o q de um professor. Um passo para trás, isso, desse jeito e gira. Mão direita para cima, não muito alto, assim, perfeito. Agora chegue um pouco mais perto e tente me acompanhar.

Me senti sendo jogada para outro século. Aquela música ensaiada, passos combinados, tudo muito respeitoso, nada de movimentos vulgares ou alguém tentando tirar proveito de você. Era clássico. Era como um baile real. E eu era a Cinderela.

No meio daquela dança eu comecei a pensar se poderia ser aquela garota que Julian estava interessado. A Isabel ligada a arte, divertida, sarcástica na medida certa para velar seu flerte. Ele não sabia das minhas cicatrizes, ou da adaga escondida de baixo do tule, nem das minhas perdas, e apesar de dizer no meu ouvido que eu tinha olhos lindos ele não via nada de errado com eles.

Mas me deixei levar pela fantasia. O jovem e gentil Julian poderia me levar para velejar no seu barco em algum lugar exótico. Brasil? Havaí? Ou que tal Veneza? Depois de conhecer sua família, sua mansão, seu cachorro, Douguie, seria oficial o namoro. Poderíamos passar férias em Londres, eu iria mostrar a ele os pontos que mais gostava de lá. Seríamos felizes, sairíamos em colunas de fofocas de jornais locais. Seriamos um casal "Adorável" diria as revistas. Ele me apoiaria em minha primeira exposição. Posaríamos para as fotos, sorriso no rosto, ele com o bronzeado do campo de golfe, e eu me equilibrando elegantemente em um salto Louboutin, ajeitando o cabelo liso com um corte caro.

Mas era fácil encontrar o erro; Não seria eu, não seria real, e não tinha Sam e Dean. E certamente eu não veria coisa estranhas lá fora através da janela. Havia pisado no pé de Julian desconcertada pela surpresa - choque - e não me desculpei. Não dava para ver direito e talvez fosse nada, mas tinha certeza que vi alguma coisa lá fora no gramado entre as árvores. Foi só um vulto escuro e talvez, bem talvez, um par de olhos brilhantes. E assim que registrei isso tudo sumiu, como se não tivesse mais nada lá. Mas eu sabia e podia sentir que não estava vendo coisas.

Julian falava alguma coisa comigo, ia me desvencilhar dele quando a música acabou e todos irromperam em aplausos, e eu tinha perdido a pouca visão da janela pelos corpos animados esperado por outra música. Olhei para Julian, ele me devolvia o olhar confuso para o ponto em que ficava a janela. Era claro que ele não viu nada.

_Julian, foi ótimo conhecer você, dançar com você, mas... – ele me interrompeu com um muxoxo e outra música começou a tocar, uma mais lenta.

_Ah, você vai me dispensar, não é? Fique só mais essa música...

_Eu não posso, me desculpe, preciso encontrar meus amigos. – não esperei que ele dissesse mais alguma coisa soltei minha da sua e comecei a serpentear os casais a procura de Sam e Dean.

Tinha alguma coisa errada.

... - ...

O medo fazia com que Tessa tivesse tremores e se encolhesse ainda mais contra a madeira do celeiro. A palha pinicava sua pele, e ela sentia seu corpo enfraquecer aos poucos. Só recebia água, nada de comida.

Não fazia ideia do que estava acontecendo e do que aconteceu. Ela lembrava-se de está na rua, voltando para casa. Depois sentiu uma mão em seu ombro e um puxão. E estava em outro lugar. Naquele lugar vazio e escuro como breu.

Seu sequestrador a princípio não pareceu ameaçador, não havia amarras, ela só apareceu ali e ele a encarou. Um homem de terno com um olhar frio a fitou. Ela estava tão chocada que apenas o encarou de volta por longos segundos. Daí começaram as perguntas. Quem era ele? O que estava fazendo ali? Como foi parar ali?

Ela não foi respondida. Então teve a atitude que qualquer um teria, ela correu, chegou até a porta do celeiro. E alguma coisa, alguma força a fez parar. Como se ele tivesse posto uma parede de vidro bem ali. Era caiu para trás. Seus gritos e punhos de nada adiantava na parede invisível. Ele se aproximou, fez um movimento com a mão e ela havia perdido a voz. Tentava gritar, mas não saia som, na boca ela só sentia o gosto salgado da lágrimas. Ela estava com medo.

_Eu só tenho algumas perguntas. Não grite, isso é irritante. – ele disse. Ela concordou ou achou que sim. Ele se agachou. Colocou a mão dentro do blazer e tirou de lá um papel. O desdobrou e mostrou para ela. _Conhece essa menina?

Ela conhecia. Era uma imagem um pouco granulada, talvez tirada de uma câmera de segurança, mas ela sabia quem era. Ela de novo. Tessa concordou com a cabeça. O homem recolheu a foto e se levantou.

_Então não se preocupe. Ela virá salvar você. – disse ele antes de deixar o celeiro.

A voz dela havia voltado. Mas o que saia dela foram soluços. Tessa não entedia o que estava acontecendo, mas pela primeira vez gostaria de ver Isabel.


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Notas finais do capítulo

Eawww? O que acharam? Pleaseeeee deixei seu comentário. É bem importante para mim!!

Até o ano que vem Anjos ;)


XOXO



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