Broken Girl escrita por Iris


Capítulo 14
Capítulo quatorze: Shakespeare e assassinatos - Parte 2.


Notas iniciais do capítulo

Finalmenteee o/ Foi mal a demora gente, não tive muito tempo para escrever na última semana, sem contar na minha criatividade que resolveu tirar férias...
Mas antes tarde do que nunca haha

Espero que gostem!!

Enjoy^^



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Entramos no quarto do hotel alarmados e tremendo de frio. Depois que constamos que de fato a mulher estava morta o resgate chegaram e cuidaram do resto.

_Dean, acho que temos um caso. – falei assim que adentrei o quarto. Dean estava na cama agarrando um travesseiro ao peito encarando a tv ligada, se não me enganava o canal transmitia o filme Ghost.

Assim que notou nossa presença ele largou o travesseiro e desligou a tv. Sam e eu trocamos olhares. Dean saiu da cama, pigarreou, seus olhos brilhavam como se tivesse acabado de bocejar. Ele cruzou o quarto e de súbito me apertou num abraço forte, parecendo que eu tivesse acabado de voltar de uma guerra. Pega de surpresa não tive tempo imediato de corresponder. Ele me largou e olhou bem para mim.

_Tudo bem? – perguntou.

_Você está bêbado? – perguntei franzindo o cenho estranhando muito aquilo tudo. Dean sorriu.

_Não, eu não estou bêbado. – olhei para Sam em busca de auxílio, ele tinha estampado no rosto a mesma reação que a minha.

_Hã, Dean? – chamou Sam, Dean olhou para irmão como se ele tivesse acabado de surgir ali. _Hora de tirar o terno da mochila.

Dean ficou meio segundo congelado para só então tirar as mãos de meus ombros e se voltar para o irmão.

_Estou escutando.– respondeu Dean, voltando a si.

Ignorei esses últimos estranhos minutos e deixei que Sam contasse o que aconteceu. Entrei no banheiro levando comigo minha roupa estilo "assistente do FBI", quando eles iam me promover?

Minutos depois estávamos prontos, limpos e secos indo examinar um cadáver.

... - ...

_Isso foi um suicídio. Não entendo por que é do interesse do FBI. Acabaram os ataques terroristas? – falou o legista mal humorado, claramente queria está em casa á aquela hora.

_Eu agradeceria muito se o senhor preparasse para mim uma cópia do laudo. – pediu Sam, o homem suspirou em alto e bom som e arrastou os pés para a sala ao lado.

Assim que saiu Sam puxou a gaveta onde o corpo da pobre moça resfriava. Assim como eu Dean se curvou para olhar melhor o corpo.

_Kristal? – falou olhando mais atentamente a moça.

_Você conhece essa mulher? – perguntou Sam tirando as palavras da minha boca. A pergunta não foi respondida por que o legista voltou com a cópia que Sam pediu.

_Aqui. Se não se importam, estou fechando o escritório, podem ficar. – ele jogou as chaves para Dean e saiu. _Fechem as portas quando saírem e deixem as chaves com a Kimmy na recepção. Boa noite agentes e... assistente. – assim que ele desapareceu atrás depois da porta meu olhar e o de Sam se voltaram para Dean.

_O quê? – ele perguntou.

_De onde conhece essa moça? Aqui diz que ela, não tem família , foi emancipada aos 16 anos e aparentemente é uma... estou começando a mudar de ideia sobre saber como você conheceu essa mulher. – disse Sam com os olhos no relatório. Cheguei perto dele para ler o que estava escrito, me senti idiota por não ter notado antes o que Kristal era.

_Não é o que você está pensando. – respondeu para Sam, Dean olhou para mim, parecia desesperado para se defender. Na verdade o fato de Dean conhecer uma prostituta que cometeu suicídio não me abalava tanto quanto pensei. _Não é o que você está pensando. – repetiu para mim.

_Então o que é? – apesar da pergunta parecer cínica deixei o sarcasmo e a frieza na voz de lado, era quase casual.

_Quando vocês saíram eu fiquei entediado e fui a um bar, bebi um pouco e ela me ofereceu um programa, eu recusei, é claro, e foi isso, e teve... – parou de falar e fez uma expressão de quem está tentando resolver um quebra cabeça.

_Teve quê? – perguntou Sam. Dean se mostrou extremamente confuso, e até mesmo desorientado, afinal disse:

_Uma mulher, ela era linda, num vestido dourado, e... – ele se interrompeu quando olhou rapidamente para mim. Pigarreou e começou de novo. _Ela chegou até mim, sabia o meu nome, falou algumas coisas e depois eu lembro de sair atrás dela e encontrei Kristal, e tinha uma coisa, um brilho rosa nas pessoas... – Dean falava agitadamente como se pausasse para respirar a lembrança iria se apagar. _Aí eu sair do bar e ela tinha sumido.

_O que ela disse para você? – perguntou Sam intrigado.

_É, eu não sei, ela só falou umas coisas sobre humanos e whisky... cara, eu não sei, eu estava bêbado, acho que ainda estou. – se Dean estava certo sobre o que viu tínhamos mesmo um caso. Sam olhou atentamente para o irmão.

_Ela pegou você, não é? – Dean franziu o cenho.

_O quê? Não! ela não pegou ninguém. – se defendeu Dean.

_Como está se sentindo?

_Eu? – Dean pensou um pouco. _Eu estou cheio de fome e com dor de cabeça. – Sam suspirou exasperado.

_Eu quero dizer se sente alguma coisa diferente, não uma sensação física ou um vontade, como se sente? – olhei de Sam para Dean.

_Me sinto... bem. – lutou em afirmar.

_Ah, cara... – lamentou Sam.

_O quê? Não me olha assim.

_Por que você sempre acaba se sujando mais do que limpa? – Sam parecia irritado com o irmão, como se ele tivesse alguma coisa que não deveria ter feito.

_Como se você nunca tivesse sido pego uma vez. "Eu perdi meu sapato". – respondeu Dean fazendo uma péssima imitação cômica da voz de Sam.

_Eu tenho certeza que se você tivesse ficado com aquele troço mais tempo teria perdido também.

_Sammy, eu era o Batman.

_Claro, o Batman que grita como uma garotinha por causa de um gato. – antes que Dean rebatesse intervi com a cabeça começando a girar.

_Alguém quer me explicar o que está acontecendo? – os meninos olharam para mim como se de repente eu tivesse brotado do chão, Sam se prontificou a explicar.

_Parece que a coisa, essa mulher que Dean encontrou, acabou pegando ele, enfeitiçado ou sei lá, acho que vamos descobrir em alguma horas. – olhei para Dean com olhos arregalados.

_Relaxa, não é como se eu fosse impelido a fazer um mergulho na ponte mais próxima. – Dean tentou afastar minha preocupação. _Estou bem!

_O que a gente faz agora? – perguntei a Sam.

_Pesquisa.

...

Era quase uma da manhã e nenhum de nós estava com sono ou pronto para dormir sem tentar achar uma explicação para o suicídio de Kristal e o que era a tal luz rosa.

depois de deixarmos a chave com Kimmy compramos cafés e donuts na lanchonete perto do hotel e subimos para o quarto de Sam. Íamos pesquisar no velho notebook, vê se a imprensa local publicou alguma coisa.

Estávamos os três confortavelmente acomodados, eu na cama com o note book que Dean comprou e Sam com dele na mesinha perto da janela, Dean dividia a mesa com ele. Enquanto eu e Sam pesquisávamos Dean, bem, estava sendo Dean, ou seja se empanturrando de donuts com os pés sobre a mesa.

_Ei, Sammy, quantas dessas você acha que cabe inteira na sua boca? – perguntou Dean com um sorriso jovial no rosto, ele olhava para anel grande que era o donut, com creme de baunilha por cima e granulado colorido. O diário do John estava aberto nas primeira páginas sobre a mesa próximo ao seus pés.

Sam levantou os olhos para o irmão, Dean sorriu para ele, Sam rolou os olhos e os voltou para a tela do computador. Dean deu de ombros e começou a devorar o donut.

_Acho que encontrei alguma coisa. – se pronunciou Sam, levantei os olhos da tela e olhei para ele ansiosa por alguma coisa útil já que minha pesquisas não levaram a nada de anormal. _Dê uma olhada. – deixei o computador de lado e me juntei a Sam.

Na tele mostrava um artigo sobre um assassinato seguido de um suicídio. A vítima era um homem chamado Rick Jones, aparentemente a cunhada Amanda Morgan o matou com um tiro no peito e em seguida atirou no próprio peito.

_Parece que esse é o nosso marco zero, isso foi a duas semanas, a partir daí o número de homicídio suicídio subiram assustadoramente. Seis assassinatos três suicídios, contando com Kristal. – ele foi mostrando para mim rapidamente os artigos sobre as mortes. Eram assassinatos a tiros, facas, e o clássicos suicídios com cordas e remédios. Sam passava a mão no pescoço, a princípio achei que fosse dor por conta dos minutos passados naquela cadeira desconfortável, só me dei de conta do que era quando ele pegou uma mecha do meu cabelo e colocou atrás da minha orelha, a ponta do cacho estava roçando no seu pescoço. Foi um gesto simples e nada calculado, porém foi impossível não deixar que sentisse o calor do rubor subindo as bochechas e se alastrasse para meu rosto.

Levantei a cabeça quase num pulo, o rosto ardendo enquanto pegava o copo de café na mesa e me dirigia para cama, sem olhar para Sam ou Dean. Não tinha motivo para ficar tão desconfortável, não foi nada demais. Depois de sair da minha nuvem de constrangimento foi que percebi que o copo estava vazio fazia tempo. O coloquei na mesinha de cabeceira, num pequeno lançar de olhos notei que Dean olhava para mim, era indescritível sua expressão, não era raiva ou nem algo mais intenso, ele só olhou para mim e eu senti como se ele me repreendesse por alguma coisa.

Ele limpou a boca com as mãos mesmo e se voltou para Sam, que permanecia com olhos fixos na tela do computador, era perceptível que ele também ficara incomodado com seu gesto impensável.

_O que mais achou Sam? – perguntou Dean, olhando para a janela.

_Hã, nada, era apenas isso, o que estou achando estranho é que não consigo encontrar nenhuma padrão. Aparentemente as vítimas não tem nada em comum. – me concentrei no que andava pesquisando no computador. Assim como Sam não tinha mesmo nenhuma ligação entre as vitimas.

Rolando um pouco a página passei os olhos para um dos anúncios chamativos no portal do jornal da cidade. Não tinha nada a ver com mortes ou coisa parecida, no link em questão anunciavam o décimo casamento em duas semanas em Beatrice. Algumas fotos dos casais foram postadas, eles pareciam radiar felicidade, dava para ver através das bela imagens. Por pura curiosidade continuei fuçando o post.

Embaixo das fotos tinham o depoimento dos casais sobre como se conheceram e como repentinamente se deram conta que estavam perdendo tempo, por que não oficializar a relação, alguns tinham apenas algumas semanas juntos, outros alegaram passar por muitas crises até que um dia acordaram e perceberam que eram o amor da vida um do outro, e muitos mencionavam um programa de tv chamado SOS do amor. As entrevistas vinham carregada de declarações de amor dignas de Nicholas Sparks. O me fez pensar ainda mais na condição de Dean, se eles estava mesmo "infectado" o que viria a seguir?

E bem no final uma foto me chamou a atenção, uma bela jovem abraçada ao futuro marido, os dois radiantes, mas o que foi a declaração abaixo, eram pêsames do escritor do post. Aparentemente o homem havia sido assassinado dois dias seguintes ao pedido. O nome dele era Rick Jones. Até aí nenhuma surpresa, só se ampliasse a foto encontraria os postos cor de rosa colorindo os olhos dele.

_Acho que deveríamos conversar com Julliete Morgan. – os meninos olharam para mim. Dei rapidamente uma explicação sobre os artigos. Não podia ser coincidência essa epidemia de amor com a ondas de surtos. Tinha que haver alguma conexão entre esses dois extremos.

_É vamos começar com a primeira viúva. Mas á questão é, quem estar causando isso? – Sam levantou a questão.

_A única pista são essas, luzes, faíscas cor de rosa, o que isso quer dizer? – lancei a pergunta para ninguém específico, Sam se recostou na cadeira, frustrado.

_Eu não tenho nada, Dean? – ele olhou para o irmão, Dean parecia está com a cabeça longe. _Dean? – ele finalmente olhou para Sam.

_O quê?

_Você está bem? – perguntou Sam.

_Eu já falei que estou ótimo, dá para parar de me fazer essa pergunta. Não vou me transformar no Norman Bates. – respondeu Dean, irritado. Aquilo não convenceria nem uma criança.

Nas horas seguintes largamos os notebooks de lado e começamos a vasculhar nos livros. Eram poucos, e sem resultados animadores. Nesse meio tempo eu já estava começando ficar com as vistas cansadas. Sam estava jogado na cadeira com um livro em mãos e Dean havia pedido pizza.

Joguei meu livro para o alto, frustrada, e só de castigo ele caiu no meu nariz. Esfreguei a ponta do nariz me sentindo irritada por estar completamente no escuro com tudo aquilo.

_Você pode por favor parar de se empanturrar de pizza e cerveja e ajudar aqui. – disse a Dean lhe lançando um olhar raivoso.

_A mente funciona melhor quando não estamos com fome. – ditou como se fosse um fato de que todos deveriam saber, depois mordiscou mais um pedaço da pizza.

_Quem disse isso?

_Sei de muitas coisas, mas nem tudo. – falou mesmo com a boca cheia.

_Você está sempre com fome, isso quer dizer que mesmo alimentado continua sendo um imbecil. – Sam deu uma risadinha, também tinha largado o livro. Dean semicerrou os olhos.

_Acabamos aqui? – perguntou mesmo que já tendo se levantado.

_Por hoje sim, amanhã eu fico com a primeira viúva e vocês podem ir visitar algum dos que piraram na prisão, vê se conseguem alguma coisa. Depois nos encontramos na delegacia, quero conversar com um dos assassinos. Tudo bem assim? – Sam deu as instruções.

_Perfeito. – disse com Dean já abrindo a porta para nós. _Boa noite.

_Boa Noite.

Foi apenas atravessar o corredor e já estávamos no nosso quarto. Liguei as luzes, Dean as apagou, comecei a desabotoar a camisa e me surpreendi com as mãos de Dean substituindo as minhas.

_Dean, agora não, precisamos dormir. – tentei dizer mesmo sorrindo involuntariamente com a sensação de seus lábios no meu pescoço.

_Preciso perguntar uma coisa. – sussurrou no meu ouvido depois me virou para que eu olhasse para ele. Dean estava sério de um jeito que me deixou preocupada.

_O que foi?

_Naquela noite, logo quando voltamos de Buford, você disse aquelas coisas, disse que precisa de mim, disse que me amava, preciso saber se é verdade. – simplesmente continuei o encarando com um nós começando a se formar na minha garganta. Não sabia o que dizer, apesar de saber o que deveria dizer.

_Por que está me perguntando isso?

_Por que eu preciso saber. – tinha certa urgência nos olhos de Dean.

_É claro que eu falava sério. – Dean parecia ter tirado um peso enorme das costas, sorriu e em seguida ele me puxou para um abraço apertado, logo beijou minha boca. O modo apaixonado como conduzia o beijo me surpreendeu.

Logo estávamos os dois debaixo do chuveiro, ignorando totalmente o que tinha dito sobre precisarmos dormir.



... - ...



_Eu sou o agente Cliff, eu sinto muito pela sua perda, mas gostaria de lhe fazer algumas perguntas. – disse Sam assim que mostrou o distintivo. A jovem moça o encarou por alguns instantes, os olhos variando entre Sam e o distintivo. Seus olhos castanhos estavam avermelhados e com olheiras.

_Eu já disse tudo a policia, e já faz duas semanas. Não sei o que mais eu posso dizer. – disse a moça a Sam se mantendo na soleira da porta aberta com passagem apenas para que ela falasse com ele.

_Eu sei, é que talvez deixamos algum detalhe passar, são só algumas perguntas. – tentou novamente, a jovem olhou para ele depois abriu passagem para que Sam entrasse, assim ele fez.

A casa era típica casa de subúrbio, modesta mais muito bem decorada e sofisticada. Julliete parecia desconfortável com a presença dele, ela passou as mãos pelos braços como se num auto abraço.

_Aceita alguma coisa, café, chá? – ofereceu. Sam não estava com sede ou fome, mas precisava olhar um pouco mais da casa, e de preferencia não queria ser visto fazendo isso.

_Um café, por favor. – ela assentiu e pediu que ele ficasse a vontade, depois se dirigiu para porta no fim do cômodo. Sam imediatamente tirou do bolso do casaco o aparelho que emitia ondas elétricas. O aparelho zumbiu e começou a varredura. Sam esquadrilhou a sala e nada de EMF. Nem mesmo enxofre, ele desligou o aparelho e recolou no bolso e se entretendo com as fotos de família acima do batente da lareira.

Amanda era a mais nova das irmãs, parecia feliz e cheia de vida na foto de um passeio em que ela Rick, Julliete, um homem que Sam julgava ser o pai das meninas, e mulher, a mãe, estavam todos juntos. Pareciam até posar para um comercial de margarina. E Sam achou estranho que Juliette estive só em casa.

_Açúcar ou leite? – perguntou Julliete o arrancando de seu devaneio.

_Açúcar. – ela então voltou para cozinha. O cheiro de café sendo fresco circulava a sala. Aparentemente eram uma família normal, nada de estranho, mas ainda faltava o quarto de Amanda, esse era o objetivo.

Juliette voltou com uma bandeja com café e alguns biscoitos a colocou numa mesinha de centro e indicou que Sam sentasse no sofá, ela assumiu um lugar na poltrona de frente. Sam tomou um gole do café, antes de perguntar:

_Desculpa a intromissão, mas onde estão seus pais? – Juliette uniu as mão no colo.

_Eles ficaram muito abalados com o que houve e resolveram viajar, eu fiquei para cuidar da casa. – Sam assentiu.

_Srtª. Morgan, sua irmã antes do que aconteceu se mostrava agressiva ou... diferente de alguma forma. – Sam mantinha um tom cauteloso e baixo na voz. Juliette olhou para as mãos no colo enquanto as torcia, levantou os olhos avermelhados para Sam e balançou a cabeça negativamente.

_Não, ela não parecia diferente, era a mesma Amanda de sempre. Ela era uma boa garota, uma boa irmã. – ela piscou algumas vezes, se esforçava para conter as lágrimas. _Eu nunca achei que ela fosse fazer alguma coisa assim, eu nem desconfiava que ela... gostava do Rick, ela sempre foi muito fechada, sabe, meiga e doce. Se não tivesse encontrado em seu diário o que ela sentia pelo Rick não teria acreditado.

_Diário? Eu posso ver esse diário? – pediu Sam tentando não parecer muito empolgado com a possibilidade de alguma pista.

_Está lá em cima, no quarto dela.

_Ótimo, quero dizer, seria ótimo também se eu desse uma olhada no quarto dela. – Julliete franziu o cenho. Ela então se levantou com Sam a acompanhando. Ela indicou o caminho e levou Sam ao quarto da irmã.

Quando entraram Sam soube o por que Amanda parecia meiga e doce a todos, o quarto cor de rosa deixava isso evidente. Em algumas prateleiras bichinhos de pelúcias descansavam, no lado oposto uma estante cobria toda a parede, repleta de livros, além de alguns pôsteres de filmes românticos e bandas na porta.

_Ela adorava poesia, escrevia até, vivia com a cara nos livros. – Julliete sorriu tristemente. Sam assentiu tentando passar pesar na expressão.

O quarto parecia o quarto de uma adolescente, não de uma garota de 22 anos. Julliete pegou da cabeceira da cama um pequeno caderninho vermelho. Ela entregou a Sam e ele começou a folheá-lo.

Nele havia muitas poesias, próprias e de poetas famosos como Shakespeare, além de algumas declarações sem remetente, apenas com a letra R no final de cada uma. No fim ela havia escrito o quanto doía amar alguém e não ser correspondida, e dizia claramente que amava a irmã, mas não podia deixar de esquecer que Rick a escolherá e não ela.

_Srtª. Morgan, quando a senhora começou a namorar O Sr. Jones?

_Foi á um mês, ele dava aula de piano para Amanda, nós nos conhecemos e começamos a sair juntos. – ela se alegrou parecendo se recordar de uma memória feliz. _Eu achei que ele não estava interessado, não falávamos em namoro nem nada, apenas saíamos juntos. Foi quando ele pareceu transformado da noite para o dia, ele veio até minha casa com um buquê de rosas disse que tinha conhecido uma mulher, no primeiro momento eu achei que ele tivesse me traído, mas ele disse que ela o fez perceber o quanto ele me amava e que queria passar o resto da vida ao meu lado. Daí ele pediu minha mão em casamento. – nesse ponto a voz dela começou a embargar. _Foi a coisa mais linda que alguém já havia feito para mim, eu é claro não podia dizer não, ele parecia tão... apaixonado.

Julliete começou a chorar silenciosamente. Sam não queria ser indelicado, mas tinha que ficar sozinho no quarto.

_Srtª. Morgan, por que não desce e toma um pouco de água, ficar aqui deve ser difícil. – ele colocou a mão solitariamente no ombro de Julliete, ela fungou e concordou com a cabeça. _Não vou demorar.

_Tudo bem. – disse entre outra fungada. Ela então se moveu para porta, parecia transtornada. Sam esperou até que ouvisse seus passos nos degraus da escada para começar a procurar. O que? Nem ele sabia.

Ele abriu o armário, e nada o surpreendeu ou pareceu estranho. Revirou algumas caixas, só bijuterias e outras tranqueiras. Foi até a estante, Sam reconheceu alguns sendo da serie em que os vampiros brilhavam no sol, alguns clássicos como Dickens que contava com o Um conto de duas cidades, tinha também Orgulho e preconceito, e muitas coletâneas de Shakespeare.

Nada anormal. Sam se sentia frustrado. Olhou em volta e nada lhe chamou a atenção. Depois de alguns minutos ele suspirou e sentou na cama. É claro, a cama. Sam se colocou de joelhos e abaixou a cabeça, tirou impacientemente o cabelo que lhe caía nos olhos e olhou para debaixo da cama. Bem no meio dela tinha uma caixa, ele esticou os braços com esforço pelo pouco espaço e conseguiu retirar a caixa.

Era uma caixa cor de rosa de papelão com estampa de coração, Sam sem se prender muito ao como era caixa voltou a sentar na cama e retirou a tampa. No primeiro momento ele ficou confuso, não tinha nada de ossos, toalha de altar ou objetos sinistro, o cheiro de flor invadiu seu nariz o fazendo quase espirar. Eram pétalas de rosas secas, jasmim, margaridas e outras que Sam não conhecia. Uma vela vermelha em forma de coração, um quartzo rosa, o mais estranho; uma taça, Sam a pegou e cheirou dentro, era cheiro de vinho, quase imperceptível.

Além, havia também incensos vermelhos, no fundo forrando a caixa um tecido de cetim vermelho, e um pequeno saque do mesmo tecido e cor que pelo volume parecia preenchido com alguma coisa. Ele ouviu passos vindos da escada, rapidamente ele colocou o saquê no bolso do terno e voltou a colocar a tampa na caixa a devolvendo para seu lugar.

Sam se levantou do chão no momento em que Julliete apareceu na porta.

_Achou alguma coisa? – perguntou ela, o nariz e olhos vermelhos.

_Hã, não, nada. Eu na verdade já estou de saída.

_Eu o levo até a porta.

Sam saiu de lá com a cabeça fervilhando em encontrar com as possíveis respostas para o que ele estava procurando.




... - ...



Pela primeira vez acordei sem sustos, sem gritos ressoando nos meus ouvidos a já familiar sensação de perda.

Lá fora poderia ser manhã ou tarde, era difícil com o céu cinzento e nem sinal do sol lançando seus raios através da janela entre aberta.

Aos poucos fui tomando consciência de mim, estava nua na cama, de braços com metade do corpo coberto pelo lençol enquanto a outra metade o tecido tentava cobrir sem sucesso.

Através da cortina de cabelo cobrindo me rosto discernir a silhueta de Dean. Ele estava de costas para mim sem camisa e descalça. Ao seu lado como se fazendo de companhia uma garrafa quase vazia de whisky.

Reuni o lençol junto ao corpo e me ajeitei para sentar na cama, passei os dedos entre os fios para desembaraça-los e apertei os olhos para ver algo em Dean.

_Dean? – chamei. Ele se virou na cadeira assim que ouviu. Seu perfil envolta a sombra pela falta d luz. Dean sorriu para mim, retribui num sorriso fraco. O que me intrigava o que o ele tinha em mãos, ou melhor o por que tinha em mão minha câmera.

_Por favor, me diz que não filmou o que fizemos ontem a noite. – a voz encrespada por conta do sono que insistia em ficar.

_Não, claro que não. – um sorriso sacana se precipitou em seu rosto. _Se bem que...

_Não, pode tirar essa ideia dessa sua mente depravada. – o cortei abrindo um sorriso maior. Enrolei o cobertor no corpo e me juntei a ele, tomando-o a câmera. De certa forma aquilo me incomodava, minhas fotos além da ideia de torná-las púbicas era algo muito pessoa, minha forma de arte e expressão. Arranquei a câmera da mão de Dean. Estampada na tela uma foto minha dormindo, tão serena e vulnerável. Percebi o quanto meu cabelo parecia negro com o contraste do branco do travesseiro ou em como eu parecia em paz. Por alguma razão lembrei do presente que Lúcifer havia me dado, esquecer tudo e apenas dormir.

Devolvi a câmera para ele sentindo a pele arrepiar só de pensar nele. O fitei e vi que Dean mostrava uma expressão distante e cansada, fora o cheiro de álcool no seu hálito.

_Você chegou a dormir? – minha pele se arrepiou com uma rajada de veto frio que vinha da janela e percorria o quarto. _Está tudo bem?

Dean sorriu amargo, um sorriso que não lhe caia muito bem. Senti uma agitação no estômago, ele estava me deixando preocupada. Ele parecia um tanto quanto desamparado e melancólico, duas palavras que não combinavam com o Dean que conhecia.

_Claro que estou, eu tenho meu amigo Johnnie Walker, ele nunca me falha, sou um cara de trinta anos dormindo com uma menina de vinte três...

_Dois. – o corrigi preocupada em onde aquilo daria.

_Oh meu Deus, você é tão nova. – lamentou Dean como se estivesse me conhecendo agora. _Toda minha vida se resumi a um irmão e um carro, até pouco tempo essas eram as duas coisa que mais importavam para mim. As coisas eram tão mais simples.

_Dean, oque aconteceu com você? – ele olhou para mim por longos segundos. Seus olhos verdes como grama fresca me olhando de um jeito quase puro e imaculado, não tinha toda aquela intensidade ou peso que costumavam ter. E como um borboleta um lampejo rosa pontuaram seus olhos, não ficou muito, foi só o suficiente para fazer eu questionar o quanto daquilo era real.

Ele estendeu as mãos para mim. A peguei e ele me puxou para si, envolvendo minha cintura e colando o rosto na minha barriga. Passei a mão pelo seu cabelo desgrenhado e tentei tirar mais informações sobre seu comportamento esquisito. _Dean, fala comigo, o que houve?

_Eu não sei, eu estou me sentindo estranho e... intensificado. – sua resposta veio abafada. Dean de repente me soltou largou a câmera comigo e se levantou, caminhando para o meio do quarto, parecia nervoso e... com raiva. _Aquela bruxa, ela fez alguma coisa comigo, eu... eu, me sinto esquisito, meu corpo doí, e tem essa coisa dentro de mim, é insuportável, eu quero... chorar, e ri, tudo ao mesmo tempo. – dizia andando de uma lado para outro do quarto. _Quando eu pegar aquela vadia...

_Dean, calma, nós vamos resolver isso, só por favor não surta agora. – tentei acalma-lo, estava me atrapalhando mais com o lençol enrolado no corpo do que ajudando.

_Calma? Calma? Eu vou matar aquela vadia! – esbravejou.

_Dean...

_Você pode por favor colocar uma roupa. Isso está me deixando louco! – ele parecia mesmo meio paranoico. Me encolhi no lençol até me certificar de que estava tudo coberto.

_Ok, tudo bem, é... eu não estou conseguindo entender, o que está acontecendo com você? – eu também começava a ficar nervosa, tentei me aproximar dele, mas ele recuou como se estivesse com medo de mim. _Dean, o que diabos você tem?

_Eu sinto tudo tão... profundamente. É como se minhas emoções fossem elevadas, entende? – concordei mesmo não entendo o que ele dizia. _Então eu tentei ficar bêbado para que isso sumisse, ou diminuísse, mas está pior...

_Olha, tenta me explicar, o que você sente? – ele olhou para mim, os olhos revelando um mix de emoções. Ele abriu a boca para falar, fechou de novo, mesmo com a temperatura baixa ele suava,

_Eu... – tentou de novo. Era como se tivesse se engasgando com as palavras que nem conseguia pronunciar. _Eu sinto... medo.

_Medo de que?

_Medo de perder tudo. Medo do que aconteceria comigo se você morresse. – senti que as palavras estavam fugindo da minha mente confusa e nervosa. Um longo silêncio se estendeu, eu sabia que deveria dizer alguma coisa, e também sabia que poderia ser a voz do que seja lá Dean tivesse contraído da tal mulher do bar. _Sério, ponha uma roupa, é difícil pensar direito sabendo que você está completamente nua debaixo desse lençol.

_Certo, isso eu posso fazer. – disse débil. Um celular tocou, Dean o tirou do bolso da calça e atendeu. Enquanto isso começava a arranjar uma roupa. Por um momento tinha até esquecido que deveríamos encontrar Sam na delegacia.

_Ok, estamos a caminho. – Dean deligou o celular e tudo voltou a ser como era á algumas horas atrás.



... - ...



A delegacia estava agitada, e o motivo não era uma celebração, quem nós íamos interrogar passava agora por mim, em saco preto. Ele teria se enforcado com um lençol, mas sem antes escrever na parede usando o próprio sangue dos dedos agora destruídos; Fiz por amor. O sangue ainda escorria das letras feitas grosseiramente no concreto..

O que estava acontecendo com essa cidade? Era essa a pergunta que vi estampada no rosto de Sam. Assim que chegamos Dean se afastou para falar com o delegado e aproveitei o momento para fazer um rápido resumo sobre o comportamento de Dean mais cedo. Sam tomou aquilo como mais uma pista, e manteve alguns pensamentos para si me assegurando de que deveríamos achar de uma vez o culpado por tudo aquilo, na verdade culpada.

O crime do morto em questão fora assassinato, ele surtou quando a mulher confessou que vinha o traindo com o jardineiro, então ele matou o cara com uma tesoura de jardineira. A mulher ficara arrasada com a morte do amante e nem ligara para saber do marido na cadeia.

_Encontrou alguma coisa na casa da Julliete? – perguntei desviando o olhar do corpo ensacado que seguia para o necrotério.

_Na verdade sim, e já sei onde começar a procurar. – disse Sam se mostrando empolgado.

_Onde? – perguntou Dean.

_Incrível, adoraria passar minha tarde sentindo cheiro de livro velho. – Sam não se abalou ao sarcasmo do irmão, isso me fez lembrar que ele não sabia que Dean estava enfeitiçado.

_O que achou? – intervi.

_É melhor eu mostrar em outro lugar.

...

Sam colocou o sachê sobre a mesa da biblioteca, á aquela hora praticamente vazia. Peguei o pequeno saquinho de cetim, eu Dean começamos a tentar vasculhar o que tinha dentro, estava costurado, tivemos que usar um canivete para rasgar.

Olhamos aquilo com certa decepção, não tinha nada demais além de pétalas de rosas secas, algumas ervas, uma moeda de cobre e um pequeno búzio.

_O que é todas essas coisas? – questionei não conseguindo ver sentido naquilo.

_Isso são ingredientes para invocação. – respondeu Sam.

_Invocar quem? – Dean também parecia tão confuso quanto eu.

Sam simplesmente empurrou para gente um livro que havia pegado a poucos minutos. Virei o livro para pudesse ler. Dean lia por cima do meu ombro. Olhei para Sam para ter confirmação do que ele tentava dizer para nós.

_Isso é sério? – perguntei arqueando uma sobrancelha.

_Faz sentido, não acha? De acordo com o que Dean viu, era uma mulher muito bonita e sedutora, a discrição bate.

_Estamos caçando a deusa do amor, Afrodite. – estava impressionada, ainda não tinha topado com um Deus tão famoso na mitologia, Fenrir não contava. Continuei a ler sobre ela; Afrodite era a deusa grega da beleza, do amor e da procriação. Originário de Chipre, o seu culto estendeu-se a Esparta, Corinto e Atenas. Foi identificada como Vênus pelos romanos.

Possuía um cinturão, onde estavam todos os seus atrativos, que, certa vez, a deusa Hera, durante a Guerra de Tróia, pediu emprestado para encantar Zeus e favorecer os gregos.

Afrodite sempre amou a alegria e o glamour, e nunca se satisfez em ser a esposa caseira do trabalhador Hefesto. Afrodite amou e foi amada por muitos deuses e mortais.

O interessante era que a deusa do amor não admitia que nenhuma outra mulher tivesse uma beleza comparável com a sua, punindo (somente) mortais que se atrevessem comparar a beleza com a sua, ou, em certos casos, quem possuísse tal beleza.

Com certeza conhece-la seria um encanto.

_A questão é, como matamos a vadia? – perguntou Dean.

_Na verdade é questão é, quem é essa mulher, como vamos acha-la? – Sam tinha razão, como íamos acha-la se só Dean vira como ela era. Só se...

_Ela é a deusa do amor, ela é uma espécie de cupido, é isso que tem feito com as pessoas daqui, algumas delas estão felizes com seus respectivos pares, outras surtaram. Pense numa versão de Dr. Phil, seria um ótimo jeito de proclamar o amor. – esperei até que eles sacassem, nenhum dos dois pareciam inclinado a concluir meu pensamento. _S.O.S do amor, o programa de tv. Começou a duas semanas e juntou a maioria dos casais relâmpago nessa cidade, é um programa local, podemos assistir as gravações e ver se o Romeu aqui a reconhece.

_Parece um plano para mim, Dean? – Dean se voltou para Sam dando de ombros, mas claramente algo o incomodava.

Peguei o celular do bolso e tentei encontrar algum vídeo do tal programa. Achando um coloquei no centro da mesa para nós três víssemos. Depois de uma vinheta piegas apareceu uma mulher sentada numa poltrona, ela era realmente muito bonita. Procurei em Dean o reconhecimento. Ele parecia fascinado com ela, acho que já tinha minha resposta.

_Essa é a mulher? – perguntou Sam.

_É ela, a mulher do bar. – balbuciou Dean.

Peguei o celular e fechei o vídeo quebrando o encanto de Dean.

_Acho que é hora de ligar para o Bobby. – pronunciou Sam.




... - ...




Faltavam cinco minutos para irmos encontrar Afrodite. De acordo com Bobby, a deusa perderia seus poderes quando seu cinto ou corrente dourada fosse destruída a tornando mortal. O que me preocupava era como íamos roubar o cinto de Afrodite, já que este é seu bem mais precioso.

Dean estava na cama conferindo a arma, parecia pensativo. Ele não tinha falado muito desde que voltamos para o hotel, desde de então estava absorto em pensamentos. Sam bateu a porta, gritei para que ele entrasse.

_Prontos?

_Vamos nessa. – Dean se levantou e quando eu ia passar pela porta sentir ele pegar meu braço.

_Dean, vamos logo. – olhando para ele meu coração deu um salto, tudo em Dean sugeria que alguma coisa o estava perturbando.

_Não posso deixar você ir. – disse me segurando com mais força, tinha certeza que deixaria marca.

_Do que você está falando? Temos que ir. – tentei me soltar, mas os dedos de Dean pareciam soldados ali.

_Dean, solta ela. – pediu Sam.

_Não, não posso, você não entende. Isso é muito perigoso, se alguma coisa acontecer a ela o que será de mim, não posso me arriscar. – dizia rapidamente.

_Dean, para com isso, está me machucando, por favor me solta.

_Não. – ele me arrastou mais para o meio do quarto, segurou meu outro braço e me forçou a encarar seus olhos enlouquecidos. _Olha, podemos ficar aqui, podemos largar tudo. Eu adoraria conhecer Londres com você, vamos para lá, não gosto de aviões, mas por você eu iria. Eu só quero que isso acabe. Nós podemos ser felizes juntos, você estaria segura e eu não sentiria como se pudesse te perder a qualquer momento, como agora. – ele olhou para Sam. _Foi mal cara, não posso mais fazer isso, não posso perder de novo.

_Tudo bem, tudo bem, ela fica. – olhei para Sam esperava dele um apoio para que eu pudesse ir, não ficar. _Só solta a arma. – até então não tinha percebido que Dean ainda segurava a arma. Sam se aproximou do irmão e colocou a mão no braço onde Dean segurava a arma, ele deixou a mão no punho de Dean e devagar a arma foi para as mãos do Winchester mais novo. _Ótimo, agora solta ela. Ela não vai a lugar nenhum.

Dean olhou para mim, os olhos assustados e temerosos, devagar sentir o aperto no meu braço suavizar, até que ele o soltou por completo. Como previa seus dedos deixaram uma marca no meu braço. Sam relaxou um pouco, assim como Dean, o que não esperava que ele fizesse fosse acertar o punho cerrado no rosto de Dean o fazendo desmaiar na hora. Olhei para ele horrorizada enquanto Dean se estabacava no chão.

_Desculpe, mas tinha que fazer isso, ele não ia deixar você sair e eu não posso fazer isso sozinho. – olhei para Dean nocauteado no chão, ele não ia gostar disso quando acordasse.

_Ok, tudo bem, vamos.




... - ...




Depois de esperar uma hora finalmente conseguimos segui-la até em casa. A ruiva entrava em casa no momento em que Sam estacionava o Impala do outro lado da rua.

_Ok, talvez Dean tenha razão, não deveria ter trago você, vai saber do que ela é capaz. – olhei para ele com os olhos estreitados. Peguei a arma no porta luva e a destravei.

_Acabou? Podemos ir agora? – já descia do carro sem esperar por ele. Sam saiu, abriu o porta malas e começou retirar de lá o que precisaria. A rua era ladeada de casas grandes parecidas e de aparência caro. O pequeno jardim em frente cada uma também não era muito diferente, tudo seguiu um padrão. Uma espécie de condomínio de luxo.

Parecíamos os únicos ali, o silêncio pairava, das casas não se via uma luz acesa, exceto uma delas, a de Afrodite, que tinha paredes num tom de rosa claro. Comecei a buscar qualquer sinal de alguém vindo, ou vigiando. Nada, a não ser um carro parado a uma distância segura entre o Impala. Parecia simplesmente estacionado, era impossível ver se tinha motorista ou qualquer pessoa dentro.

Como se para provar que estava errada o carro tomou vida, os faróis lançando um pouco de luz a alameda escura. Ele começou a manobrar e logo vinha em nossa direção na rua. Sam o notou e disfarçou o máximo o que fazia no porta malas, escondendo toda a tranqueira e o facão que tinha tirado de lá. O sedã preto passou por nós indiferente, mas tinha outra coisa, algo no homem no passageiro.

Se pudesse desacelerar a cena eu tinha certeza de que ele olhava para mim, o rosto sem sinal de qualquer expressão, exceto os olhos que pareciam se infiltrar nos meus. Sentir algo se agitar no peito, uma sensação de reconhecimento, mesmo que aquele homem de cabelos escuros e pele pálida trajando o que parecia ser um terno, não era nem um pouco familiar para mim.

Acompanhei o movimento do carro até que ele desapareceu no fim da rua.

_Ok, vamos. – anunciou Sam me tirando da onda de devaneio e desconfiança. Coloquei a mão no peito, o sentia batendo forte. Uma sensação cálida e ao mesmo tempo fria varreu meu corpo. _Tudo bem? – voltei minha atenção para Sam e para o que iriamos fazer, eu provavelmente estava nervosa e começava a imaginar coisas.

_Tudo. Vamos.

Sam tomou a dianteira e seguimos para casa, atravessamos o gramado a procura de uma porta dos fundos. Conseguimos encontrar uma porta, e claro tinha um alarme. Com todo o cuidado Sam remexeu nos fios da caixa de luz e conseguiu desarmar o alarme. O próximo passo era abrir a porta. Também não teve problemas. O Winchester mais novo era habilidoso.

Com cuidado entramos na casa, fazendo o menos barulho possível. Estava escuro lá dentro, mas quente, um cheiro de flor no ar. Tínhamos entrado na cozinha. Sam abriu caminho para um corredor longo e também mal iluminado. Logo estávamos numa sala de estar e sem sinal de...

Uma dor forte explodiu na minha cabeça, e a próxima coisa foi minha visão ficando turva, enquanto Sam caia e eu também, mas num último fiapo de consciência vi um vestido dourado e uma mulher o trajando...

...

Vozes me fizeram acordar.

_...Matando pessoas, é isso que chama de ajudar?

_O problema não sou eu Sam, é sua espécie assassina. Nem todos suportam o minha dádiva. Imagina um mundo sem amor. Todos deveriam ter o direito de amar por pelo menos uma vez, e é isso que eu fiz. Não obriguei ninguém a amar alguém, só mostrei o sentimento puro que tinha no coração de cada um. Não é minha culpa se quem você ama ama outra pessoa. – sua vez era melódica e aveludada.

As coisas começavam a entrar em foco, assim como meus sentidos. Primeiro o calor e a luz alaranjada numa lareira próxima, o cheiro impregnado de rosas que me deixava nauseada. A pancada que levei na cabeça ainda doía, e estava amarrada a uma cadeira, Sam em outra de costas para mim. E lá estava ela, sentada graciosamente na ponta de uma mesa frente a nós.

Era impossível desmentir as histórias e lendas sobre sua beleza. Cabelos longos da cor mais viva de um rubi, uma pele de porcelana e os olhos verdes não passando despercebidos. Sua beleza tinha um quê simplório mas que chamava a atenção.

_Olha só quem acordou. – ela sorriu, dentes perfeitos numa boca perfeita.

_Tudo bem? – perguntou Sam.

_Um pouco tonta, mas viva. – respondi me surpreendendo com minha voz firme.

Afrodite se aproximou se curvando sobra minha cadeira, nossos rostos tão perto que podia ver que sua pele não existia uma marca sequer.

_O que faz de você tão especial? – ela sussurrou as palavras para mim, não sabia se deveria responder ou se era uma pergunta retorica, pelo sim ou não continuei calada.

Afrodite afastou o rosto para me examinar minuciosamente. Sam respirava forte atrás de mim, pelo menos ele estava bem.

_Bem, você não é tão ruim, tem belos olhos, um pouco sardenta, e esse cabelo... O amor e a paixão são algo complicado de se compreender, sentimentos tão fortes e diferentes. É evidente que Sam sente alguma atração por você, não precisa ser eu para notar. Ele nutre um... apreço especial pela garota do irmão. E tem o Dean, ele te ama, é claro. É tão complexo os sentimentos reprimidos que tem no coração daquele caçador que não resistir. – ela sorriu mais uma vez. Como se estivesse se divertindo. Sentia os dedos de Sam se movimentando, ele parecia querer alcançar alguma coisa, não forçar as cordas para se soltar. _Vamos deixar as coisas mais interessantes, quero que me mostre por quem seu coração bate mais forte.

Ela se aproximou de novo e seus dedos prenderam meu queixo, e enrolada no seu braço uma corrente dourada se mexia sinuosamente em volta de seu pulso, enquanto de seus dedos eu via subir uma estranha luzes rosas.

Podia sentir o poder dela em mim, aquilo me deixou um pouco enjoada, era algo tão... desconhecido. Meu coração palpitava. Não sabia se era efeito dela ou do que ela iria mostrar para mim. Por quem meu coração batia mais forte?Eu tinha certeza do meu amor por Dean e tinha certeza do meu carinho por Sam. Não existia um triângulo amoroso ou algo do tipo, mas ultimamente tendo a me surpreender com o que eu revelava sobre mim mesma. E como disse Shakespeare, "O amor não se vê com os olhos mas com o coração."

Uma ruga quase imperceptível apareceu no centro da sua testa, ele apertou meu queixo com mais força, a corrente ficando mais agitada. E eu não sentia nada muito diferente, a mesma sensação enjoativa e era como se meu corpo a rejeitasse. Então ela me soltou. As linhas de seu rosto mudando para surpresa.

_Você não é humana. – declarou com certo fascínio. _Que tipo de criatura você é? Tem tanta... dor em você, como é capaz de amar? – ela falava com tanta afirmação em cada palavra que era impossível questionar sua veridicidade.

Ela virou a cabeça como um gato faz quando percebe algo que não percebemos. Um sorriso apareceu no seu rosto.

_Não seja tímido Dean, junte-se a nós. – olhei para o outro lado da sala, onde Dean surgia das sombras brandindo um facão. _O que pretende fazer com isso, amor?

_Saí de perto deles. – vociferou Dean.

_Amor, se eu quisesse machucar seu irmãozinho e essa criatura que você ama eu já teria feito, não acha?

_Desfaça o que fez comigo. – ela levou a mão o peito, não sabia se fingia está magoado ou era sincera. Tudo em Afrodite parecia ser um tanto teatral.

_Eu esperava que me agradecesse. Eu dei a você o que queria.

_Eu não pedi por isso. – rebateu Dean furioso.

_Não seja tão literal. Eu vi você Dean, eu sentir o que tem dentro de você. – ela se aproximou dele, nas mãos fios rosas translúcidos se movia entre seus dedos. Dean continuou parado enquanto ela avançava, um brilho rosado apareceu nos seus olhos e sua expressão mudava de raiva a fascinação. _Largue a arma Dean. – Dean pensou um pouco e largou, a faca não fez barulho quando atingiu o carpete.

_Sabe o que eu vi em você Dean? Vazio, está desesperado, gritando para que esse buraco em sua alma seja preenchido, por que no fundo, você quer o que todos querem, amor. Uma coisa rara que nem todos tem. O que tem de errado em amar? Fiz com que você pudesse sentir, que tivesse esperança, um propósito. Você está tão afundado em sangue que é a única coisa que vê. Está assustado por que se sente vivo.

Fez-se um silêncio Dean continuava fitando-a a poucos centímetros de distância. Eu só vi um leve brilho da lâmina antes de ela desaparecer no coração de Afrodite. Ela abriu a boca um filete de sangue escorreu pelo seu queixo, parecia chocada, não com dor. Devagar ela levou a mão ao cabo desenterrando a lâmina aos poucos, quando terminou a jogou para lado.

_Como ousa? – uma expressão furiosa se desenhou em seu rosto. Num movimento rápido demais para sequer acompanhar a corrente dourada de electrom enrolada no seu ante braço saltou para o pescoço de Dean o envolvendo como faria uma cobra faria.

Meu coração deu salto, tentei desesperadamente me soltar, Sam fazia o mesmo, mas já estava mais adiantado que eu. Enquanto Dean caía de joelhos Sam soltava da cadeira e corria para socorrer o irmão. A ação foi um tanto inesperada para a deusa pois quando Sam pegou sua faca do chão ela não viu, nem mesmo quando Sam levantou a lâmina e com um movimento decisivo cortou o pulso de Afrodite. A faca afiada passou pelo membro e sua mão que segurava a corrente caiu inerte no chão.

Um grito reverberou as paredes da sala. Ela caia no chão olhando horrorizada para o lugar onde antes havia sua mão, agora era só um cotoco sangrento. Sam ajudou Dean a tentar tirar o objeto em volta do pescoço. Senti as cordas afrouxarem e tratei de me soltar.

Quando consegui sair me juntei aos meninos na luta para tirar a corrente que sufocava Dean, aquilo parecia ter vida própria. Tanto quanto Sam e Dean puxavam com força e aquilo cedia pouco. Dean começava ficar vermelho e puxar o ar que não conseguia entrar. Com mais um puxão e o máximo de força que conseguimos aplicar a corrente se desenrolou. Sam a pegou e a atirou para o fogo.

Afrodite soltou mais um grito e seu corpo começou a se convulsionar no chão enquanto a corrente ruía no fogo. Uma pequena explosão de luz rosa emanou de Afrodite enquanto a vida deixava seu corpo, com um último brilho intenso ela se apagou e o silêncio veio.

Dean sugava o ar com força, eu e Sam respirávamos aliviados.

_Dean, tudo bem? – perguntei agachada perto dele. Ele parecia bem, respirava com mais regularidade agora. Dean olhou para mim, balançou a cabeça afirmativo.

_Posso te falar uma coisa.

_O quê?

_O que diabos estava pensando quando cortou o cabelo? – mesmo com o insulto não conseguir ficar sem sorrir.

_Cala a boca. – dei um soco fraco no ombro de Dean. Ele riu parecia o Dean outra vez, mas o efeito das palavras de Afrodite ainda estavam refletidas nos olhos de Dean. Também sentia meu coração apertado por ele.O quanto do que ela disse era verdade?

_Como conseguiu achar a gente? – perguntou Sam.

_Existe uma coisinha chamado GPS gênio, rastreei seu celular. E você bate como uma menina.

_Cala a boca. – foi a vez de Sam dizer.



... - ...




O bar do Joe era uma sinfonia de sons diferentes, risadas altas, conversas animadas, muito rock e muita fumaça. Tudo parecia vibrar a volta em despreocupação, apesar dos rostos duros e tatuagens cobrindo a pele, as pessoas eram muito gentis e animadas. Estávamos ali a mais ou menos duas horas e tínhamos esquecido completamente que acabamos de matar uma deusa Grega, ou questões como; todas as pessoas influenciada pelo seu poder voltaram ao normal? Não sabíamos e nem queríamos uma resposta. Para mim o que importava era que Dean parecia ter voltado a ser o que era e Sam, depois de algumas cervejas, estava mais relaxado e alegre.

Os dois estávamos na mesa de sinuca, Sam era quem jogava e ganhava quase todas a partida e Dean parecia feliz da vida em administrar os lucros.

_Esse é meu garoto! – gritou quando Sam ganhou mais uma partida. O grupo de motoqueiros pareciam chateados com a derrota mais levavam tudo no bom humor.

_Com o dinheiro que você roubou da gente deveria pagar a próxima rodada. – falou um deles rindo. Sam olhou para Dean sorrindo, os dois pareciam mais unidos que nunca. Toda aquela distância de quando voltaram a trabalhar juntos fora abandonada. E só de vê-los assim ficava feliz.

Dean se afastou do grupo e veio até mim. Estava sentada no bar assistindo aos dois e tomando minha segunda garrafa de cerveja, pouco antes tinha depenado três no pôquer.

_Tudo bem? – perguntou ele quando se aproximou. Concordei com a cabeça sorrindo.

_Estou me divertindo aqui, e... – levantei para ele o maço de dinheiro que faturei jogando. Dean riu.

_E essa é minha garota. – disse orgulhoso.

_Não, o Sam que é demais. – Dean observou o irmão. O mesmo orgulho estampado nos olhos.

_Sim, o cara é monstro.

_E você, tudo bem? – tinha ficado uma ponta solta. Dean apenas sorriu apesar de ver nele uma hesitação, a comprovação de que de certa forma ele tinha sido ferido com os acontecimentos da noite, mas se esforçava para deixar para lá e eu entendia aquilo como um recado para que eu não entrasse no assunto. Ele se virou para gritar:

_A próxima é por minha conta! – a reação foi imediata, os homens e mulheres urraram em concordância levantando seus copos. Dean se voltou para mim, me deu um beijo rápido e voltou para mesa e foi o suficiente para me deixar feito boba apaixonada sorrindo atou.

Girei no banco para pedir outra cerveja, a última por que já estava me sentindo um pouco alta, não tinha nem de longe a tolerância de Dean para bebidas.

_Então, o lance de vocês é meio Dona flor e seus dois maridos ou o grandão está disponível? – disparou Jenny. Apesar de Dean não dizer nada, desconfiava que Jenny fora seu flerte quando ele esteve ali pela primeira vez.

Dei uma risadinha e balancei a cabeça, olhei para Sam, nossos olhares se cruzaram e ele sorriu abertamente para mim, curvado sobre a mesa, mechas do cabelo escapando da orelha e caindo nas têmporas, a covinha aparecendo na bochecha. Pensei no que Afrodite havia dito sobre Sam se sentir atraído por mim, por algum motivo o pensamento não me incomodou, estava apenas intrigada. Devolvi o sorriso na mesma intensidade e me voltei para Jenny.

_Não, Sam é... – as palavras desapareceram da minha mente quando reconheci um rosto dentre os demais. Talvez um pouco diferente, os cabelos um pouco crescido e o nariz torto, mas eu sabia que era ele.

Meu coração martelou e o sangue parecia parar de circular me deixando com frio, mesmo suando. Era ele, era Antony. Ignorei a pergunta de Jenny sobre meu estado, para ela perecia que tinha visto um fantasma, e realmente estava vendo um fantasma, ou melhor dois deles. Logo atrás vinha Jhonny.

Mal tive tempo de me esconder ou me mexer, os olhos de Antony estavam mirados no meu. Ele sorriu para mim e um arrepio me subiu a espinha. Jhonny também olhava para mim, não sorriu, mas o jeito que me fitava dizia tudo, ele não esqueceu a assassina da filha.

Antony levou a mão as costas e vi que ele sacava uma arma, não tive muito tempo de reagir, ele já levantava o revolver para o alto e disparou em seguida. Assim que o tiro soou a confusão foi geral, foram pessoas correndo para saída, outras gritando e algumas até sacando suas armas. Foi aí que percebi que Antony e Jhonny não estavam sozinhos, um grupo de quatro homens mascarados pontavam armas para aqueles que tentaram se defender de um possível ataque e os obrigavam a seguirem o fluxo e saírem do bar, em menos números os homens obedeceram e se juntaram a massa. Um tiro vindo do fundo do bar chamou a atenção, o homem tinha saído de uma salinha nos fundos, provavelmente Joe. O tiro não acertou nem Antony, Jhonny ou os outros, fez apenas com que um o acertasse.

Tentei passar pelas pessoas que corriam para saída.

Queria chegar a Dean, queria fazer alguma coisa, mas parei, vi que o caminho já estava mais livre, mas parei por que vi Antony apontando a arma para frente, e vi que ele apontava ela para Sam. Também vi quando ele apertou o gatilho.

O meu grito acompanhou o de Dean. Minha visão ficou turva, mas nítida o suficiente para ver o sangue brotando no peito de Sam e ele caindo com o irmão correndo para alcança-lo.

E uma dor - não física - forte acertou meu peito.



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Notas finais do capítulo

Reviewwwsss Eu quero Reviews!!! Comentem, gostaram ou não? Ficou confuso, corrido, chato? Eu quero saber. Sei que é chato ficar pedindo reviews, mas é assim que meço o interesse de vocês pela história, e como for isso me dá gás para continuar escrever e postar os capítulos mais rápidos.
Deixem um pequeno comentário, não faz mal a ninguém e é rapidinho ;)

É isso por hoje anjos, até breve.


XOXO



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